História Liberdade Condicional - Dramione - 31 - Proposta Indecente

Draco

A semana foi bem melhor do que eu esperava. Scorpius já estava se adaptando à sua nova vida e estava muito feliz. Por sorte, o Weasley ofereceu que Scor ficasse na casa de sua mãe para que eu pudesse ir trabalhar, o que me ajudou muito. E quando a sexta-feira chegou, eu estava ansioso para passar o fim de semana com o meu filho e os filhos da Hermione. 

Ela ainda estava dormindo ao meu lado, toda enrolada no lençol que ela roubou todo pra si durante a madrugada. Seu corpo e seu rosto estavam virados para mim e seu cabelo estava espalhado pelo travesseiro. Um leve sorriso surgiu em seus lábios alguns segundos depois. 

— Pare de me olhar, Malfoy, isso é perturbador. – Ela resmungou, sonolenta, ainda de olhos fechados, o que me fez sorrir. 

— Quem disse que eu estou te olhando? – Contestei e ela abriu seus olhos, me pegando no flagra. 

— Você está olhando. 

— Certo, certo… E daí? Eu posso mesmo ter dado uma olhadinha, o que tem demais nisso? Um homem não pode olhar a própria namorada dormir? 

Ela abriu um sorrisão e se aproximou de mim, deitando sua cabeça em meu peito e dando um gemido preguiçoso ao me abraçar e se enroscar em mim. 

— “Namorada”. – Ela repetiu, deslizando sua mão para baixo em minha barriga e me provocando um leve arrepio. – Eu gosto muito de como isso soa… Quanto tempo a gente tem até a hora de levantar? 

— Uma hora. – Respondi após olhar no relógio e, como em um passe de mágica ela subiu sobre mim, sentando-se em minha barriga. – Ei, mocinha, onde você pensa que vai? 

— Uma hora é bastante tempo, Draco. – Ela deu um sorriso malicioso, deixando o seu lençol cair, exibindo todo o seu corpo nu para mim. – Podemos fazer um monte de coisas… 

— A proposta é realmente tentadora, mas eu quero conversar com você. – Disse, rolando para o lado, para que ela se deitasse na cama e eu conseguisse o mínimo de foco para falar. Ainda assim, ela continuou me abraçando com as pernas, o que era uma delícia. – Uma coisa importante… 

— Pode falar, então. – Ela respondeu, deslizando a mão pelas minhas costas em um carinho gostoso. 

— Eu estive pensando sobre nós essa semana… – Comecei e ela assentiu, me incentivando a continuar. – Acho que deu tudo certo, não é? Quero dizer… Dormimos juntos todas as noites, Scorpius se adaptou à nova casa e à você, tivemos uma infinidade de momentos bons… 

— Sim, amor, nossa semana foi ótima. – Respondeu, mordendo o lábio inferior. – Acho que estamos conseguindo ser a família que o Scor queria e isso me deixa feliz. Estou feliz porque a Rose e o Hugo vêm amanhã também. Eu falo com eles por telefone todos os dias, mas estou morrendo de saudades. 

— Você não sente falta de ter uma família? Com isso, eu quero dizer uma casa com os seus filhos, ter uma cama quentinha pra deitar à noite, não ter que ficar indo e vindo de um apartamento para o outro, não ter que decidir onde vai dormir, saber que sempre vai ter alguém em casa pra te acolher se você precisar…

— Eu confesso que tudo isso facilitaria a minha vida. – Ela franziu o cenho. – Por que você está falando isso? 

— Porque eu sinto falta. – Respondi, envergonhado. – Eu não te falaria isso em circunstâncias normais, mas eu jurei não mentir. Eu nunca tive isso e eu quero ter isso ao menos uma vez. – Acariciei seu rosto curioso e ela deu um sorrisinho. – Eu não estou te pressionando a nada, mas é que pra mim não faz sentido. Nós já moramos no mesmo prédio, já estamos dormindo juntos todas as noites, esse apartamento é imenso, nossos filhos se deram bem… Não tem porque você ficar pagando aluguel e ficar se locomovendo daqui pro seu apartamento para buscar coisas se você pode ficar direto aqui e oficialmente fazer parte da minha família.  

— Eu também estive pensando, Draco. – Ela se sentou, voltando a cobrir o seu corpo com o lençol, como se tivesse necessidade. – Eu queria que os meus filhos viessem passar mais tempo comigo durante a semana. 

— Ótimo! – Eu me empolguei. – O quarto do Scor é grande, podemos colocar uma beliche e uma cama extra, eles vão se dar bem e o Scor vai adorar ter companhia. É importante para ele estar com outras crianças.

Hermione sorriu, colocando uma mecha de seu próprio cabelo atrás de sua orelha. 

— É sério que você quer mesmo fazer isso? 

— É. – Eu assenti. Depois daquela noite em que eu fiquei cheio de dúvidas sobre tudo e depois do dia em que Hermione trouxe o meu filho de volta pra mim, tudo pareceu ficar cristalino como água em minha mente. A forma como ela olhava para Scorpius e a forma como ela me olhava me fizeram perceber que ela era a mulher perfeita. Meu coração quase explodiu naquele dia e eu percebi que aquilo tudo era muito maior do que o que um dia eu pensei que o amor poderia ser e então tudo fez sentido. Eu queria fazer parte da vida dela e queria que ela fizesse parte da minha. Depois de alguns segundos de silêncio, ela voltou a falar. 

— Você tem certeza, Draco? – Ela perguntou, parecendo insegura. – Não é meio precipitado? Aqui é sua casa… E se não dermos certo? 

— Então nós vamos sentar e conversar como dois adultos e resolver o que fazer. – Respondi e ela sorriu. 

— Isso é quase um pedido de casamento… 

— Você merece um pedido de casamento melhor do que isso. – Eu sorri e ela encolheu os ombros, abraçando os próprios joelhos, com uma expressão pensativa em seu rosto. Eu me sentei na cama para poder ter um contato visual melhor com ela, que deu um sorrisinho quando eu peguei sua mão. – Eu acho que o que eu estou tentando dizer com tudo isso é que nunca ninguém me fez tão feliz como você me faz e que eu amo acordar e te ver dormindo ao meu lado e que eu quero isso todos os dias. Se você sentir isso também, por favor, venha morar com a gente. Não precisa ser difícil. Seremos uma família diferente e esquisita, mas eu juro que seremos felizes. Nós todos. 

— Draco… Eu… Eu acho que estou apaixonada por você. – Ela disparou, olhando para o lado e eu ergui as sobrancelhas, digerindo aquela frase por alguns segundos antes de praticamente voar para cima dela, derrubando-a na cama e beijando-a apaixonadamente, mas as nossas próprias gargalhadas atrapalharam o beijo e então nós nos abraçamos fortemente e eu aproveitei disso para beijar o seu pescoço várias vezes. 

— E então, você aceita a minha proposta, namorada? – Perguntei e ela suspirou, com um sorrisinho. – Não faz essa cara. Se você balançar a sua varinha todas as coisas vêm pra cá voando e se organizam, não vai dar trabalho nenhum. 

— Você vai me deixar comer na cama? 

— Coma onde você quiser. – Eu fiz uma careta e ela riu. 

— Vai deixar eu comprar eletrodomésticos trouxas e dividir as contas? 

— Vou. – Rolei os olhos. 

— E jura que não vai ficar bravo se eu precisar trabalhar até tarde? 

— Linda, eu sou um médico. Posso não executar a função no momento, mas pretendo voltar o mais rápido possível. Eu dava plantões… Sei como é precisar trabalhar em horários extras. Nós vamos lidar com isso, ok? Eu prometo. 

— Promete que não vai brigar comigo se eu quebrar alguma coisa por ser distraída demais? 

— Destrua a casa inteira, se quiser, eu não me importo. 

— Quando eu posso me mudar? 

— Depois que eu te beijar. – Respondi, segurando seu rosto e selando nossos lábios com calma, para então aprofundar o nosso beijo até que estivéssemos completamente envolvidos em um abraço tão forte que quase fazia os nossos corpos virarem um só. Quando nos afastamos, ela rolou para cima de mim e me deu mais um beijo antes de vestir o seu pijama e correr para a porta. – Ei, onde você vai? 

— Buscar as minhas coisas, oras! – Ela respondeu, sorrindo feito uma criança. – Acorde o Scorpius e faça as panquecas, eu estou morrendo de fome. 

Eu assenti em concordância e ela saiu do quarto, mas voltou logo em seguida. Quando eu ergui as sobrancelhas, questionando o que ela queria ela respondeu, com as bochechas vermelhas. 

— Eu te amo. 

Meu coração quase saiu pela boca e eu achei que ia vomitar de nervoso quando lembrei do dia em que a surpreendi em sua sala com o meu filho no colo. Naquele momento eu soube que eu a amava e que ela era a melhor pessoa de toda a galáxia. Engoli a seco e me sentei. 

— Volte já aqui. – Mandei, apontando para a cama, mas antes que ela pudesse chegar, eu já agarrei-a e beijei seus lábios demoradamente. – Eu também te amo. Vá buscar as suas coisas e venha logo ser minha mulher. 

Ela me deu mais um beijo e saiu correndo, me fazendo rir, enquanto ia para o quarto de Scor, que já estava acordado e vestido para passar o dia na casa da Sra. Weasley. 

— Bom dia, filho. – Sorri, me abaixando para pegá-lo em meus braços e beijar o seu rosto. 

— Bom dia. – Ele deu um sorriso sonolento. – Hoje tem panqueca? 

— Tem! E eu tenho novidades. – Disse, levando-o para a cozinha e sentando-o sobre o balcão. – Eu conversei com a Hermione hoje de manhã, sobre ela vir morar com a gente de vez. 

— E aí? – Ele perguntou, enquanto eu pegava os ingredientes para o café da manhã. – Ela vai vir? 

— Vai. – Respondi, sorrindo e ele arregalou os olhos. 

— E a Rose e o Hugo?

— Eles vêm também, se der tudo certo. – Respondi e Scorpius deu um grito, erguendo as mãos para o alto, o que me fez rir ao começar a preparar a massa. 

— Pai, você vai contar o meu segredo para a minha nova mãe? – Ele perguntou, baixinho e eu suspirei, abandonando a massa na vasilha para segurar suas mãozinhas. 

— O que você acha? – Perguntei e ele encolheu os ombros. 

— Se ela vai mesmo ser a minha mãe, ela tem que saber pra cuidar de mim. – Ele disse, chateado. – Mas você pode contar? Eu tenho medo… 

— Medo de que, cara? Ela te adora. 

— Tenho medo dela deixar de me amar por causa disso. 

— Ela não vai deixar de te amar. – Disse, incerto. Eu suspeitava que Hermione iria acolhê-lo de qualquer jeito, mas não tinha certeza de nada, ainda assim, precisava encorajá-lo a não se esconder do mundo só porque ele era diferente. – Eu vou te contar uma história, filho. Quando eu era menor, fui muito malvado com ela, muito mesmo. E mesmo assim, ela aceitou vir morar com a gente hoje e disse que me ama. É por isso que nós gostamos dela, ela sempre vê o melhor das pessoas e é sempre legal com todo mundo. Tenho certeza que nada vai mudar entre vocês por causa do nosso segredo. 

— Será? – Ele perguntou e eu assenti.

— É claro, campeão. Ela é a melhor, lembra? – Eu o puxei para um abraço protetor, beijando o seu rosto. – O papai vai falar com ela e ela com certeza vai te amar da forma como eu te amo. 

— Tá. – Ele encolheu os ombrinhos e passou o dedo pela cobertura de chocolate, provando-a. – A gente pode fazer uma panqueca com desenho de coração pra mamãe? É que eu amo muito ela… 

— Vamos fazer isso, filho, ela vai adorar e vai encher a gente de beijos. – Sorri com isso e comecei a cozinhar com o meu garoto, algo que eu estava mais do que feliz por voltar a fazer.