"Uma revolta militar? Muito interessante."
— Irmãos. Irmãs. Por hoje encerramos nossa reunião.
— Tens a certeza de que o rei não descobrirá?
— Tenho, irmão. Não te preocupes, há magos lá dentro nos protegendo.
"Ou talvez eu devesse ficar um pouco mais..."
— O que? Ah... Oh. Sim. Entendo.—
General Patrícia disse, quase que sussurrando, enquanto olhava para o chão.
Steve olhou para ela e então para todos na sala. Todos entenderam o olhar.
— Bom. Abra mais uma cerveja. Hoje nós apenas beberemos!
A voz novamente ecoou na cabeça de Finn, o misterioso que tem seguido eles.
"Algo está errado. Volte imediatamente e certifique-se de que não está sendo seguido."
— Beba conosco, estranho!
Todos se viraram para a porta.
— Sua magia não funciona comigo. Tudo que foi dito aqui, cada palavra foi escolhida exatamente para você.
— Ah não fode.
Saiu de sua boca mais rápido do que se podia notar.
Rapidamente saiu correndo, subindo de dois em dois degraus.
Steve fez um comando com a mão esquerda e Tullius correu atrás dele.
Passou pelo porão e logo estava na porta do bar.
Já era madrugada e a chuva havia engrossado. Trovejava e relâmpagos apareciam no céu. Não havia ninguém nas ruas, nem ás habituais cortesãs estavam nas esquinas.
Saiu, bateu a porta e virou à direita.
Foi em frente, correndo como se não houvesse amanhã, até chegar em um beco. Continuou correndo até se deparar com um muro.
— Sem saída, rato.
Tullius disse logo atrás.
Não tinha nele a expressão de cansaço que havia na de Finn.
— Como diabos?!— soltou ele quando virou para trás e o viu.
Tullius abriu um sorriso e puxou sua adaga da bota.
— Não acho uma boa ideia. Não é sábio me atacar.
— Isso nós veremos.
Tullius disparou na direção de Finn. Sua velocidade era incrível. Tanto quanto os reflexos do oponente.
Com a lâmina apontada para frente, cobrindo seu pescoço, um pouco abaixo do nariz e o outro braço em baixo como defesa do abdômen.
Finn esperou ele se aproximar mais.
Quando perto o suficiente, se abaixou e deu-lhe uma rasteira.
Caiu, porém, ainda deitado, soltou um chute na altura do joelho de Finn.
Seu pé passou direto, como se tivesse atravessado.
Finn saltou o suficiente para desviar do chute, na hora de voltar ao chão, com seus dois pés e todo seu peso, aterrissou na perna direita, a que errou o chute, quebrando o joelho do general.
O grito agudo de dor ecoou pelo beco.
— Não faria muito movimento— ele disse olhando para o general que se contorcia de dor. — Fratura exposta. Talvez ainda dê pra colocar no lugar. Ou não. Não me importa.
Abaixou-se e pegou a adaga que estava no chão.
Era uma adaga linda. Personalizada.
A lâmina era de cristal e no cabo havia uma joia cravada e lixada.
"Um verdadeiro prêmio por quebrar a perna de um general." Pensou Finn.
— Eu lhe avisei.— Respondeu ele, já saindo do beco. Andando lentamente, fitando a adaga.
***
— Steve. Tudo aquilo que falamos aqui foi... mentira? — Vavik perguntou com uma leve expressão de decepção.
— Não. Apenas tentei dar ao espião a semente da duvida. Tudo ocorrerá como o planejado. Não há revolucionários o suficiente para nos parar.
Patricia e Vavik assentiram com a cabeça.
— Tullius está demorando. Será que...
— É possivel.— Vavik interrompeu a mulher. —Ele fala demais e faz de menos. Tirando o dom de liderança, ele é fraco e quase que um peso morto. Se ele não fosse um estrategista genial, já teria sido morto á tempos.
Patricia riu, com uma expressão de satisfação. Claramente não ligava para o general Tullius. Tem a certeza que conseguiriam fazer o que quisessem sem ele.
— Com sorte ele faleceu enquanto perseguia aquele espião.
Steve mostrou sua decepção com ela através de sua expressão e então, após soltar o ar que não sabia que estava prendendo, falou.
— Ele pode ser tudo de ruim. Mas precisamos dele, no momento. Vamos ver até quando ele se mostrará útil.
— Não há mais ninguém para assumir o controle das unidades dele?
— Ninguém tão fiel quanto ele. Não sei se vocês lembram, mas, estamos fazendo isso á anos sem ninguém descobrir. Quero que continue assim. Até hoje ninguém havia descoberto nosso plano, e considero esse pequeno "sucesso" graças á nós quatro. Com apenas nós, as chances do rei descobrir são ínfimas.
— Você não parece muito preocupado com o espião.
— É porque ele faz parte daquela rebelião insignificante. O máximo que pode acontecer é ele morrer tentando contar para alguém da realeza.
Vavik levantou o dedo.
— Seria como um ladrão chamar os guardas porque foi roubado. Certo?
— Se tal exemplo simples faz sentido para você, então sim.
***
Finn andava pela cidade como se nada tivesse acontecido. O rosto inexpressivo, a roupa molhada e a adaga em sua mão.
Olhava para as casas e se perguntava o que aquelas pessoas estavam fazendo lá dentro.
Será que elas sequer tinham ideia do que estava acontecendo?
Se a resposta for "não", então o governo estava fazendo seu trabalho corretamente.
Enquanto passava na rua, avistou um bordel. Exatamente o que procurava.
Bateu na porta uma vez. Duas e depois três. Cada batida cronometrada.
Uma mulher jovem, na casa dos 20 anos, abriu a porta.
— Olá senhor.
— Olá, sei que está tarde mas gostaria de uma morena peituda, por favor.
***
— Esse é o código mais estranho que eu já tive que decorar.
Disse olhando para a porta do banheiro, já dentro do bordel, em um dos quartos.
— Não tinha coisa mais discreta?
Finn se sentia envergonhado por estar dentro de um bordel, por mais que ele não fosse "consumir" nada, era estranhamente tímido em certas situações.
— Oh querido.— uma voz feminina disse por trás da porta. — Esse tipo de coisa é mais comum do que se pensa. Não é melhor se passar como cliente comum?
"Hunf." Ele bufou.
A porta do banheiro se abriu e de lá saiu Dianna.
Finn estava sentado na ponta da cama e não planejava ficar muito tempo naquele quarto.
— Quando vamos libertar Cítrus?
Perguntou Finn.
— Depende. O que você conseguiu?
— Parece que atacamos bem. Vai demorar alguns meses pra eles reagruparem novamente.
— Não podemos deixá-lo muito tempo preso, mas resgata-lo agora é pedir para morrer.
Finn estava mais estressado do que o habitual. Ouvir tais palavras da namorada de Cítrus não o acalmou.
— Ele já está lá a quatro meses!
Dianna perdeu sua postura e o interrompeu, falando furiosamente
— E você vai fazer o que? Vai entrar lá sozinho? Não me importo se você morrer, temos outros tão competentes quanto você. Não podemos arriscar mais recursos e pessoal apenas para liberta-lo. Isto seria um ataque direto ao rei e para isso ainda não estamos preparados.
Ela estava certa. Por mais que Finn detestasse admitir. Ainda assim não conseguia aceitar, simplesmente não dava. Algo estava errado.
— Até parece que você não quer salvá-lo. Parece que não quer vê-lo livre.
Disse ele olhando para baixo, encarando o chão. Quando levantou seu olha, mal viu a tapa que Dianna deu em seu rosto.
— Está dispensado.— ela concluiu.
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