- Encomenda? – Minghao perguntou. – Que encomenda?
Todos olhavam para o envelope como se fosse o mais novo mistério. Minghao talvez abriria o envelope por sua curiosidade crônica, talvez Chan e Junhui o impediriam de faze-lo pois tinham noções de privacidade, mas não se sabe, pois Soonyoung entrou na sala no exato momento. Chan rapidamente pegou o envelope da mão de Minghao o deixando bastante frustrado.
- Olá gente, desculpem a demora, mas parece que o inteligente do meu pai assinou o documento no lugar errado, aí a coordenadora teve que ligar pra ele, mas ele não atendia, ah, uma bagunça. – Falou e então olhou para os três parados em roda e fez uma cara de estranhamento. – Estão fazendo o que?
- Nada, estávamos nos alongando. – Chan disse andando em direção ao outro. – O Jihoon veio deixar isso aqui para você.
Entregou o envelope para o outro.
- Ah, obrigada. – Respondeu.
- Não sabia que você e Jihoon eram amigos.- Chan disse.
- E não somos. – Mais estranho.
- O que é esse envelope? – Minghao perguntou nada discreto sem nem tentar disfarçar a sua curiosidade. Soonyoung então sorriu de lado, guardando o envelope na sua mochila.
- É segredo.
Soonyoung só podia estar de brincadeira, se com aquilo até Chan e Junhui não puderam evitar de ficarem curiosos, Minghao estava quase se corroendo por dentro.
- Então, Junhui. – Ele disse desviando do assunto. – Você não é de falar muito, não é? Não tem problema, nós não estamos aqui para falar e sim para dançar.
Soonyoung foi andando até o som e colocou uma música para então começar o ensaio. Eles começaram, Soonyoung pegou mais leve do que o normal e, apesar de fazer alguns anos que Junhui não dançava, ele estava pegando rápido os movimentos. O chinês tinha o estilo que combinava com o grupo, com movimentos limpos e precisos. Mas realmente Junhui se cansou muito mais rápido que os outros. A sensação, no entanto, foi boa, ele tinha que admitir. Dançar em grupo era completamente diferente de dançar sozinho.
Chan, por outro lado, demonstrou a sua preocupação com a questão anterior de maneira evidente durante o ensaio, esquecendo alguns movimentos, o que não era de seu feitio. Quando escureceu, Soonyoung percebeu que já era hora de ir para casa, não devia forçar demais e acabar espantando o chinês.
- Então, Junhui, você se saiu muito bem e eu realmente gostaria muito que participasse do grupo. Mas pense com calma sobre isso. – O coreógrafo disse e antes que alguém pudesse dizer qualquer coisa, pegou sua mochila e colocou nas costas. – Agora eu preciso ir.
Saiu da sala de dança fugido.
- Ah, Soonyoung, o que você está inventando agora? – Chan suspirou colocando a mão no rosto e enxugando o suor.
- Só espero que não seja nada ilegal, o Jihoon não tem boa fama e o Soonyoung-hyung é meio do doido. – Minghao disse.
- Olha o respeito com o seu hyung. – Chan disse puxando fraco a orelha de Minghao. Depois o soltou e pensou em silêncio por alguns segundos. – Vamos confiar nele. Ele parece que vai contar para a gente quando for a hora certa.
Dito isso o mais novo pegou sua bolsa e foi embora também.
- Até parece que eu vou esperar. Vou descobrir isso o quanto antes. – Minghao disse sorrindo diabolicamente.
Junhui preferiu não se pronunciar. Ele não sabia se ficava feliz da obsessão de Minghao ter sido transferida, o que significava que ele poderia decidir sobre o clube de dança sem pressão ou se ficava preocupado do próximo a ser atacado ser Soonyoung. Em meio a esse conflito interior ele foi para casa. Ao entrar em casa, a mãe lhe esperava sentada na sala com cara de preocupada.
- Ah, eu me esqueci de avisar. – Ele disse colocando a mão na cabeça. – Minghao me deixa tonto.
- Onde você estava? – A mãe perguntou ainda um pouco brava e quando viu que o filho estava todo suado, se levantou e se aproximou. – O que aconteceu com você?
- Meu amigo me carregou para o clube de dança. – Ele disse, sem realmente pensar em como aquilo poderia afetar a sua mãe. Essa o abraçou de repente.
- Mãe! Eu estou todo sujo!
- Filho! – Ela disse segurando seus ombros com os olhos marejados. – É a primeira vez que você dança desde que o seu pai morreu! Eu preciso conhecer esse seu amigo! Eu mesma devia ter te arrastado antes!
Junhui então caiu na gargalhada, sua mãe se juntando a ele em seguida. Depois, Junhui foi então tomar um bom banho, o cansaço corporal entrando em contraste com a sensação de leveza de sua alma.
No dia seguinte, outra figura curiosa e determinada acordou cedo pronta para desvendar um mistério. Wonwoo foi cedo para a escola para ficar na secretaria até a coordenadora falar com ele, dessa forma, ela não teria como fugir. Assim que ela chegou, Wonwoo se aproximou dela.
- Eu preciso conversar sobre a biblioteca.
A mulher pensou um pouco e suspirou chamando o aluno para sua sala. Mal se sentou na cadeira, foi bombardeada.
- Porque a biblioteca está fechada se não está ocorrendo reforma ainda?
- Como você entrou lá? A entrada está proibida.
- Eu abri no modo automático e, por acaso, ela estava aberta.
A coordenadora então fez uma cara feia e Wonwoo achou que ela estivesse pensando em alguém para culpar e demitir.
- A empresa que ficou de fazer a reforma confundiu os dias, era para ela começar essa semana, mas agendou somente para semana que vem.
- Como assim? – Wonwoo se revoltou. – Que falta de organização! Eu acho que vocês deviam cancelar essa reforma. Essa empresa não tem compromisso.
A coordenadora então sorriu docilmente, Wonwoo não conseguindo esconder a sua intenção de acabar com aquela história de reforma o quanto antes e voltar para a sua biblioteca.
- Wonwoo. – Ela disse de maneira soprada. – Eu entendo que você gosta da biblioteca e de ler e não estou tentando retirar a importância disso, inclusive tenho certeza de certos alunos que nem sabem da existência da biblioteca. Porém, porque você não aproveita essa oportunidade para ganhar outros tipos de experiências?
Ela fez seu discurso motivacional enquanto Wonwoo só a encarava nada feliz.
- Quer saber? Deixa para lá. – Ele disse se levantando.
Pode ouvir o sinal tocar do lado de fora e aproveitou a deixa para sair da sala. Revoltado, não conseguiu uma reposta nem perto da que desejava e se sentia mais distante de sua paz, com o mau humor de volta com força e mais um dia de aula e um refeitório cheio de gente e barulho pela frente para aguentar. Aquele seria um longo dia.
Na sala de Joshua, Seokmin ainda parecia estar com a cabeça em outro lugar. Seungkwan que já havia começado a desconfiar de seu comportamento no dia anterior, o observou toda aula, podendo ter certeza de seu estado incomum, quieto e desnorteado. Na hora do intervalo, Seungkwan saiu puxando o amigo de maneira brusca para fora da sala para o corredor, assustando Joshua e alguns alunos que estavam por perto.
- Seokmin! Porque você está tão quieto? – Seungkwan falou de forma direta. - Ontem você também estava assim.
Seokmin olhou para Seungkwan com um olhar desesperado.
- Seungkwan, eu acho que estou morrendo! – Ele gritou chamando atenção de algumas pessoas no corredor.
- Depois eu que sou o dramático. – Seungkwan disse puxando o amigo para um corredor que tinha menos pessoas, onde finalmente soltou seu braço. – O que foi? Está doente?
- Eu não sei. – Ele disse e Seungkwan levantou a sobrancelha. – Meu coração tá meio estranho, batendo rápido e quase parando ás vezes e eu fico suando frio e até com dificuldade de respirar.
- Menino! – Seungkwan disse chocado. – Desde quando isso?
- Desde quando eu fui estudar na casa do Joshua. – Seokmin disse e explicou todo o acontecido. Enquanto ele falava o rosto de Seugkwan deixou de demonstrar preocupação e um sorriso apareceu em seus lábios, ao saber o que aquilo tudo significava. Teve que se segurar para não gritar.
- Meus deus, Seokmin! – Gritou mesmo. – Você não é completamente errado!
- O que isso significa?! – Seokmin exclamou irritado.
- Isso é completamente normal, amigo. – Seungkwan disse ignorando sua chateação e apoiando a mão no ombro do outro.
- Você sabe o que é?
- Sim, é amor. – Disse simplista.
- Ah, amor. – Seokmin fez cara de alivio. – AMOR?! – Voltou ao desespero. Parecia mais perdido que antes.
- Sim, amor, Seokmin. Você está claramente apaixonado pelo Joshua.
Seokmin ficou paralisado igual uma estátua tentando processar o que acabara de ouvir. De repente como um choque seu coração disparou e o rosto ruborizou e Seungkwan começou a rir.
- Mas que coisa fofa. – Ele disse apertando sua bochecha. Seokmin chateado retirou a mão do amigo e então o olhou curioso.
- Será? – Seokmin pensou alto e Seungkwan queria gritar que SIM, mas foi sensato talvez pela primeira vez.
- Você vai descobrir isso sozinho se realmente estiver. – Disse, mesmo que estivesse na cara.
Aquilo estava tão na cara que Seugkwan só fez com que Seokmin parecesse um pouco mais tonto. O garoto passou o intervalo inteiro encarando o americano. Creio que todos os interessados em casos românticos na mesa, vulgo Jeonghan o novo cupido, Junhui o não tão besta assim e quem mais passasse por perto, perceberiam que Seokmin estava quase babando em cima do outro. Wonwoo não se encontrava ali, mas seu interesse por questões românticas dos outros era zero de qualquer forma. Seokmin parecia pensativo, como se olhar para o outro o daria uma resposta sobre seus sentimentos, o que não foi exatamente útil. Encarou tanto que até Joshua virou umas duas vezes para perguntar a Seokmin se ele queria dizer alguma coisa, afinal todos já tinham se acostumado com seu falatório constante. Seokmin então ficava vermelho e se entregava mais ainda. E assim foi todo o intervalo, até os outros integrantes da mesa não falaram muito, se divertindo com a cena em sua frente.
No fim da aula, aconteceu exatamente o que Junhui imaginava. Foi tocar o sinal, Minghao surgiu como um furação novamente. Porém, dessa vez carregava Chan consigo com uma cara não muito agradável, provavelmente já cansado dos ataques de Minghao. Parecia que ele havia roubado o título de chinês irritante de Junhui.
- Eu e Chan vamos falar com o Jihoon.
- “Eu na verdade vou arrastar o Chan para fala com o Jihoon” – Chan imitou sua voz fofa em tom irônico.
- Vamos perguntar sobre a tal encomenda. – Minghao continuou, ignorando o comentário do outro. – E você vem junto.
- Sabia que ia sobrar para mim. – Junhui sussurrou, já sendo puxando pelo garoto fofo de força descomunal.
Não foi difícil achar o garoto dos computadores. Por coincidência ele passava perto da sala de Junhui numa velocidade rápida para se desvencilhar do congestionamento de estudante, indo na direção contrária da saída. Minghao já imaginava para onde ele ia e o seguiu carregando seus amigos, pronto para realizar um interrogatório.
Minghao, contudo, parou de repente, assustando os outros dois. Eles então perceberam o motivo do seu espanto. A sala que ele entrou não foi exatamente o que imaginavam. A placa era clara, ele havia entrado na “SALA DE DANÇA”.
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