Escrita por: Filipaafccf
Depois de uma tarde bem passada, eis que pudemos apreciar um óptimo pôr do sol na companhia uns dos outros. Como é óbvio não podiam faltar as selfies, as fotografias e os vídeos, para mais tarde recordarmos.
Seguidamente, começámos a pensar o que iríamos jantar, uns diziam para se abrir umas latas de atum e pôr-se no pão, outros queriam abrir latas de salsicha e comer com batatas fritas e eu só pensava, não me apetece comer nada disso.
- Bem, enquanto vocês decidem o que vão jantar, nós os adultos vamos a um restaurante. E vocês crianças, vão portar-se bem. – disse o Blaise a fazer-nos inveja.
- Então, se somos crianças, não podemos ficar aqui sozinhos, não é verdade?! O melhor é levarem-nos convosco. – disse o Ron com o objectivo de picar o Blaise.
- Não, eu disse crianças na brincadeira, porque sei que vocês são responsáveis.
- Ainda bem que sabes, vão lá divertir-se, porque nós vamos fazer a festa e com vocês aqui muitas coisas não poderiam ser feitas. – disse o Harry com um sorriso matreiro.
- Mau, já não estou a gostar da brincadeira! O que é que vocês vão fazer na nossa ausência? – perguntou o Blaise num tom mais sério.
- Oh Xuxu da minha vida, vai lá descansado que nós portamo-nos bem. – disse, abraçando-o de lado e fazendo-lhe um carinho na cara.
- Bem, eu confio em ti para pores ordem no grupo. Nós não voltamos tarde, mas se precisarem de alguma coisa liguem. – disse o Blaise mais calmo.
- Hermione, nada de bebidas alcoólicas, amanhã de manhã vamos ver outro jogo e eu não te quero de ressaca, até porque não é bom para a tua performance e nem para a tua imagem. E já agora, não te deites tarde. – sussurrou a Pansy para que apenas eu ouvisse.
- Está descansada, eu sei as regras! – respondi, piscando-lhe o olho. Vi-os afastarem-se de nós para se dirigirem ao carro.
- Bem, agora que eles se foram embora, o que me dizem de encomendarmos umas pizzas? Se eles podem comer fora, nós também podemos mandar vir comida. – disse o Ron.
- E que morada damos? – perguntou a Ginny.
- Dizemos onde estamos acampados e esperamos no parque de estacionamento. – explicou o ruivo.
- Acho uma excelente ideia, porque não me está a apetecer nenhuma das hipóteses que vocês falaram há pouco. – disse bastante satisfeita com a sugestão.
Pedimos quatro pizzas familiares, duas tropicais, uma marguerita e outra camponesa. Os rapazes, não satisfeitos, ainda pediram pães de alho. Para beber, todos pediram coca-cola e eu pedi um ice tea de manga.
Saboreámos a refeição num ambiente calmo e descontraído, e até a Ginny estava mais comunicativa.
- Bem, e que tal jogarmos ao “verdade ou consequência”? – perguntou o Harry levantando-se.
- Já estava a ver que se tinham esquecido, tenho ali uma garrafa de whiskey no carro para quem não quiser responder ou fazer a consequência. – disse o Theo, pondo-se também de pé. – Vou buscá-la!
Enquanto o Theo foi buscar a garrafa, nós juntámos as caixas vazias das pizzas e os guardanapos utilizados e pusemo-los num saco, bem como as latas de coca-cola e de ice tea.
O Harry foi buscar uma garrafa de água vazia para ser rodada durante o jogo e, também trouxe uma lata de coca-cola que deduzo que seja para mim caso não queira responder ou fazer alguma consequência. E o Ron trouxe os copos.
- Bem, agora que já estamos todos vamos jogar, e posso ser já eu a rodar a garrafa. – disse o Ron, girando-a. A tampa ficou virada para o Theo. – Verdade ou consequência?
- Verdade! – respondeu o Theo.
- Estás apaixonado? – perguntou o Ron.
- Sim! – respondeu o moreno que notei ter ficado um pouco corado.
- Devia ter feito a pergunta de outra maneira, devia ter perguntado quem era a rapariga, assim fiquei na mesma. - disse o Ron e desatámo-nos todos a rir.
- Acho que a partir de agora só vou pedir consequências. – disse o Theo, girando a garrafa que ficou virada na direcção do Harry. – Verdade ou consequência?
- Consequência!
- Liga para o teu 7º contacto da tua lista e faz-lhe uma declaração de amor. – disse o Theo a rir-se.
- Deixa-me cá ver quem vai ser a vítima... não acredito, é o Fred, o vosso irmão. – disse o Harry a rir-se e a apontar para o Ron e a Ginny. – Fred, ouve-me com atenção e não me interrompas, porque o que eu tenho para te dizer vai mudar a minha ou as nossas vidas se quiseres... - afastou o telemóvel da orelha para se rir. - Eu pensei muito nisto antes de falar contigo, mas já não aguento mais, eu...eu estou apaixonado, Fred... - mais uma pausa para se rir antes de continuar. O Theo veio sentar-se ao meu lado e sussurrou ao meu ouvido que o Harry estava a ir muito bem e que talvez estivesse a ser verdadeiro, porque estava a ser muito credível. Eu ainda me ri mais e disse-lhe que isso era impossível. - Não, tu não estás a perceber, ouve-me até ao fim... eu estou apaixonado por ti... - outra pausa por parte do nosso suposto apaixonado e que nos levou ao rubro de tanto rir, a Ginny era a mais entusiasta, sendo que até se agarrava à barriga. - Eu sei que é difícil de acreditar, mas cansei-me de fingir, eu só comecei a namorar com a Ginny para estar mais perto de ti meu amor... - mais outra pausa para se rir e aqui o Ron já rebolava no chão a rir-se que nem um perdido. - E o pior é que a Ginny já anda desconfiada e eu nunca quis magoá-la, mas és tu quem eu amo, Fred. Dá uma oportunidade a este pobre coração, eu prometo terminar tudo com a tua irmã e se quiseres fugimos para bem longe. Pensa com carinho. Pronto, já disse tudo o que tinha a dizer. - mal disse esta frase as nossas gargalhadas ecoaram de tal modo que até os nossos vizinhos devem ter ouvido. - Calma, Fred, eu vou explicar-te, nós estamos a jogar ao "verdade e consequência" e a minha consequência era ligar para o 7º número da minha lista, e tu foste a vítima. Eu gosto muito de ti, mas amo muito a tua irmã. - disse o Harry antes de desligar o telemóvel.
- Bem, tu davas um bom actor, olha que cheguei a acreditar que estavas a sair do armário. – disse o Theo ainda a gargalhar.
- Muito bem, agora é a minha vez! – disse o Harry, girando a garrafa que apontou para o Ron. – Verdade ou consequência?
- Consequência!
- Penso que a Luna está desejosa que lhe dês um beijo... na boca, claro! – disse o Harry levando-nos a mais uma onda de gargalhadas.
- Mas... mas assim, sem mais nem menos?! Pessoal, eu sou um cavalheiro e só a vou beijar se ela quiser. Luna, se preferires eu bebo whiskey, eu vou entender! – disse o Ron todo atrapalhado. Acredito que ele quisesse fazer as coisas de outra maneira, mas a Luna não se importou nada, pois agarrou-o pelos colarinhos e beijou-o. Nós para além de surpresos ainda nos rimos e batemos palmas.
- Bem, parece que eu tinha razão! – disse o Harry, fazendo com que o ruivo ainda ficasse mais vermelho. Este rapidamente girou a garrafa que foi parar na Luna, o que originou muitos risinhos.
- Verdade ou consequência? – perguntou o Ron, encarando a loira.
- Verdade!
- Qual foi a coisa mais embaraçosa que já fizeste bêbada? – perguntou o meu amigo.
- Passo, vou ser a primeira a fazer as honras ao nosso querido whiskey. – disse a Luna, abrindo a garrafa. Após dar um gole na bebida, girou a garrafa que foi parar à Ginny. – Verdade ou consequência?
- Consequência!
- Tu que gostas tanto de histórias de terror, vou pedir-te que nos contes um conto... erótico. – disse a Luna com uma voz sedutora. Inicialmente assustei-me, pois pensei que ela fosse pedir à Ginny para contar uma lenda horripilante. – Tens 5 minutos a partir de agora!
- Edward e Helen estavam a ensaiar para uma competição de danças de salão. O belo rapaz moreno num dos movimentos coreográficos puxou de forma possessiva a mulher. Os seus olhares cruzaram-se de forma intensa fazendo com que os dois se esquecessem do propósito que os tinha juntado naquela sala. Edward baixou lentamente a alça do vestido dela e dois dos seus dedos roçaram a sua pele macia. Helen sentiu um arrepio na espinha e uma onda de excitação provocou calor no meio das suas pernas.
Há anos que Edward era o seu par e talvez por isso conhecesse tão bem o seu corpo, indo aos pontos estratégicos, por isso passava logo à acção.
Ela de forma lenta e sensual baixou a outra alça de maneira a que o vestido caísse aos seus pés. Edward sorriu ao perceber que ela não tinha roupa interior e avançou para o seu pescoço e ela inclinou a cabeça para o lado, dando acesso livre àquela zona e começou a desabotoar a camisa dele com urgência... – relatou a ruiva toda envolvida no conto que estava a inventar à pressão.
- Ei, ei Ginny, já chega! – disse o Harry embaraçado.
- Calma, ainda só vou nos preliminares. – disse a Ginny de forma sedutora. - Ela ao ver o seu peito tonificado passou os dedos pelo mesmo, deixando um ligeiro rasto até chegar às calças e desapertá-las. Ele deslizou as suas mãos pelo traseiro dela e deu-lhe uma palmada, arrancando-lhe um gemido. Por essa altura, ela já acariciava a ponta do pénis...
- Ginny, já chega, isto está a ser demasiado constrangedor para mim, porque és minha irmã.
- Oh Ron, não sejas desmancha prazeres, eu disse 5 minutos e ainda só passaram 4. – disse a Luna aborrecida com a interrupção do Ron.
Ginny não se mostrou minimamente afectada pela repreensão do irmão e prosseguiu:
- Edward guiou-a até um dos espelhos e posicionou-se atrás dela de forma a que vissem o reflexo das suas silhuetas. Ele levou a sua mão até à intimidade de Helen e com destreza usou os dedos para a estimular. E... o resto deixo à vossa imaginação. – finalizou a Ginny.
- Estou extasiada com o que acabei de ouvir, não era capaz de fazer melhor. Parabéns! – admiti entre risos e palmas.
- Claro, não podias fazer tudo melhor do que eu. – disse a ruiva com sarcasmo, aniquilando o meu entusiasmo. Ela nunca perde uma oportunidade para me atacar. – Agora é a minha vez e eu não vou ser branda. – a irmã do Ron girou a garrafa e para mal dos meus pecados, a vítima sou eu.
XXX
Depois do jantar com o Blaise e a Pansy vim-me embora mais cedo para lhes dar alguma privacidade e, ao mesmo tempo tranquilizar o moreno que estava preocupado com o que o grupo pudesse estar a fazer.
Ao chegar ao acampamento reparei que eles estavam bastante envolvidos num jogo, pois só se riam e faziam barulho. Para não os perturbar, contornei as nossas tendas e escondi-me atrás da minha de forma a poder ouvir e ver o jogo que estavam a fazer.
- Hermione, parece que estás nas minhas mãos! – disse a Ginny que as esfregava para enfatizar o seu entusiasmo. – Verdade ou Consequência?
- Consequência!
- Até vou ser simpática contigo, deixo-te escolher o rapaz que vais beijar. – disse a ruiva com ironia na voz.
- Eu... beijar... um rapaz?! – notei que a Granger não estava à vontade com aquela consequência. Da outra vez pude salvá-la das garras da irmã do Ron, mas desta vez não posso fazer nada, pois denuncio-me.
- Tão inteligente para umas coisas, mas para outras... nunca te disseram que não é com um beijo que se engravida?! Estou chocada! Devias perguntar ao Malfoy, porque pelo que percebi ele é Professor de Anatomia, sempre te pode dar umas luzes. – disse a Ginny, pondo teatralmente a mão no peito para simular a sua admiração.
- Tens toda a razão, é Professor de Anatomia e não de Reprodução. Tão inteligente para umas coisas, mas para outras... – disse a Granger num tom cortante. – E é claro que eu sei como se engravida, e como não corro riscos... – vi a morena de olhos castanhos aproximar-se do Nott e depositar-lhe um beijo suave nos lábios dele, afastando-se rapidamente e voltando para o seu lugar. Fechei os olhos e respirei fundo com o que tinha acabado de ver, não queria acreditar que ela tivesse beijado o Nott, mas por outro lado gostei da maneira como desarmou a Ginny, mas aquele beijo, de certa forma, feriu o meu coração.
- Creio que a minha consequência está terminada. – dito isto, girou a garrafa e esta foi parar na Lovegood. – Verdade ou consequência?
- Verdade!
- Estás apaixonada pelo Ron? – perguntou a Granger e pude notar que estava a picar a amiga.
- Preciso de uma bebida forte. – disse a Lovegood, colocando whiskey num copo. Pude reparar que o ruivo não ficou muito contente com o facto de ela não ter respondido. Logo a seguir vi a loira girar a garrafa e esta foi calhar novamente na Granger.
- Verdade ou consequência?
- Verdade!
- Hermione, já alguma vez tiveste um amor platónico? – perguntou a Lovegood muito curiosa.
- Amor platónico por um actor, cantor...? – perguntou a morena, sendo interrompida pela loira.
- Não, por alguém que conheças, mas que aches inalcançável.
- Eu não vou responder, por isso preciso de uma consequência. – respondeu a Hermione decidida.
- Nesse caso tens de beber coca-cola. – disse o Ron entregando-lhe uma lata.
- Coca-cola?! Tu sabes que eu detesto isso sem safari ou whiskey, ainda por cima tem cafeína, vou ter dificuldade em adormecer. – respondeu a Granger, torcendo o nariz.
- Se fosse uma coisa que gostasses não seria uma consequência, e tu não podes beber álcool. Quanto ao resto, conta carneirinhos. – continuou o ruivo e pude ouvir o seu riso.
- Que horror, não sei como é que vocês gostam disto. Bem, vamos avançar! – disse a morena, recompondo-se da bebida. – Theo, és a minha vítima! Verdade ou consequência?
- Verdade!
- Já tiveste sonhos eróticos com alguém da Faculdade? – até eu fiquei surpreendido com esta pergunta da Granger e só consigo questionar o porquê de ela querer saber tal coisa. Para infelicidade dela, ele pegou na garrafa e nem se dignou a colocar o líquido num copo, simplesmente bebeu directo, e não foi um gole, foi mais do que isso, o que me faz concluir que já teve sonhos eróticos e de certeza que foi com ela. Mas será que todos têm esses sonhos com ela?! Logo a seguir, o Nott girou a garrafa e esta foi parar no Harry.
- Verdade ou consequência?
- Verdade!
- Qual é o teu maior fetiche? – perguntou o Nott mostrando o seu sorriso sacana.
- Theo, passa-me a garrafa! – respondeu o cabeça de cicatriz. Depois de ter bebido whiskey girou a garrafa e esta foi parar novamente à Granger.
- Verdade ou consequência?
- Consequência!
- Que corajosa! Ainda bem que gostas de desafios, porque este não vai ser fácil. Viste o carro que acabou de chegar?! É do Blaise! E eu quero que finjas que estás bêbeda e que eles acreditem nisso. – disse o Harry a rir-se, levando os outros a fazer o mesmo.
Esta cena é que eu não perco por nada deste mundo, vai ser bonito, será que a Granger vai conseguir ser bem-sucedida?! Nem quero pensar na reacção da Pansy, sim, porque o Blaise das duas uma, ou fica preocupado ou vai tentar acalmar os ânimos.
Como tal saí detrás da minha tenda e vi a morena de cabelos cacheados precipitar-se para agarrar na garrafa de whiskey antes da Pansy e do Blaise se aproximarem. Logo a seguir, ela virou-se na minha direcção e os nossos olhares cruzaram-se, um meio sorriso sacana brotou nos seus lábios e ela meio a cambalear veio ter comigo. Tive de me conter para não me rir da sua actuação.
- Prof...Professor...nãooo, agora é Malf...Malfoy! – disse com uma voz arrastada.
- Hermione?! Sentes-te bem? – perguntou a Pansy. A Granger ao aproximar-se mais de mim tropeçou nos próprios pés, mas não percebi se foi uma simulação por parte do espectáculo ou se tropeçou mesmo. A sua mão embateu no meu peito e eu amparei-a para não a deixar cair.
- Ops... acho que tropecei, mas tem aqui uns belos amortecedores. – disse, ousando apalpar o meu peitoral. Como resposta apenas lhe sorri.
Observei que o grupo cúmplice da Granger assistia em silêncio, controlando-se para não a comprometer. Por essa altura, a Pansy já estava perto de nós com um semblante furioso, encarando-nos aos dois com um olhar fulminante, não sei se inconscientemente ou não, mas a Granger continuou a procurar contacto e enlaçou-me pela cintura e eu não me importei minimamente.
- Hermione Jean Granger, tu andaste a beber?! – perguntou a Pansy, tirando-lhe a garrafa da mão.
- Ai, obrigada! – disse aproveitando que já tinha a mão disponível para a colocar no meu peito.
- Calma Pan, isto deve ter alguma explicação...
- E então, divertiram-se?! A vossa ausência foi óptima para mim, não vêem como me estou a divertir?! – perguntou a Granger, interrompendo o Blaise.
- Draco o que é que se passou? – perguntou a minha melhor amiga transtornada.
- Eu não sei, acabei de chegar! – respondi atabalhoadamente.
- Meninos, o que é que vocês puseram na bebida da Hermione? – perguntou o Blaise virado para o grupo. Não deu para perceber o que estavam a dizer, visto que falaram todos ao mesmo tempo.
- BLAISE, pára de tentar arranjar culpados, a única culpada é a TUA XUXU, que passas a vida a defender, quando neste caso, não há defesa possível, foi pura irresponsabilidade. – disse a Pansy de forma dura como eu já não me lembrava de a ouvir.
Vi a Granger virar-se para mim, com o olhar pregado nos seus ténis, deduzo que aquilo a tenha afectado, mas não podia demonstrar.
- Estás sempre a dizer que eu nunca me divirto, que estou sempre agarrada aos livros ou focada no treino, e agora estás a criticar-me por ter bebido um copo?
- Um copo?! Tu estás neste estado e tens a lata de me dizer que só bebeste um copo?! Já viste bem quem estás a agarrar?! É o teu Professor, como é que o vais encarar depois?! – a Pansy estava intransigente.
- Professor... Se bem me lembro ele não queria ser tratado dessa forma, por isso faz do Malfoy... meu amigo?! – o rosto da Granger procurou o meu, fazendo com que ela estivesse a respirar para cima do meu pescoço. Não aguentei continuar a fingir que não sabia de nada, por isso sussurrei ao ouvido dela:
- Granger, eu sei que está a fingir! – com a minha confissão, ela tentou desconectar os nossos corpos, o que me levou a puxá-la pela cintura de forma firme. Senti que ela prendeu a respiração, talvez por se ter sentido embaraçada.
- Olha sabes que mais, o acampamento termina aqui e agora! Vai arrumar as tuas coisas e vamos embora. – disse a Pansy decidida.
- M...mas...
- Não há mas nem meio mas, está decidido, tu vais para casa e é já, podes dizer adeus ao torneio.
- Pan, estás a ser muito dura, amanhã falas melhor com ela. – disse o Blaise, agarrando-a pelos ombros.
- Cala-te! Isto ultrapassou todos os limites, sabes tão bem quanto eu como este torneio era importante para ela, o que sacrificou durante meses, deixou de ter uma vida social mais activa para deitar tudo a perder por causa de uma bebedeira e tu ainda vais continuar a defendê-la?! – disse a Pansy visivelmente perturbada. Só agora percebi o quão grandioso é este torneio.
- Pansy, eu percebo a tua frustração, mas a Hermione nunca fez nada do género, hoje errou como qualquer outro ser humano e, para além disso, ela não vai jogar amanhã. – rematou o Blaise, tentando amenizar a situação que a meu ver já estava fora de controlo. Esta brincadeira ainda vai sair cara tanto para uma como para a outra.
- Hermione! – chamou o Harry, o verdadeiro responsável pela discussão.
- Vou ter de acabar com esta brincadeira! – sussurrou-me a morena. Embora concordasse com a Granger, tinha de admitir que só o facto de ela se afastar de mim me deixava desiludido, pois estava a gostar do contacto dos nossos corpos, sentir como nos encaixamos na perfeição, mas neste momento não posso dar prioridade a esse sentimento.
- Pansy, desculpa esta confusão, eu não estou bêbada, simplesmente estava a cumprir uma consequência de um jogo, mas nunca pensei que tomasse estas proporções. – admitiu a Granger, virando-se lentamente para encarar a minha amiga de frente.
- Como assim?! Tu estavas com uma garrafa de whiskey na mão, e estava a meio.
- Não fui eu que bebi, foram eles durante as consequências que lhes foram atribuídas. Eu bebi coca-cola, porque sou responsável e nunca poria em causa todo o trabalho que fizemos juntas. – defendeu-se a morena de cabelos cacheados, enquanto que o Harry mostrava com um sorriso amarelo a lata de coca-cola. Senti que a Pansy respirou de alívio e como a conhecia demasiado bem percebi que estava com um sentimento de culpa por ter sido tão rígida com ela. Eram perceptíveis as lágrimas nos seus olhos e até eu me senti culpado por não ter feito nada.
- Pessoal, o jogo acabou, vão todos para as vossas tendas e não quero contestações! – disse num tom autoritário. Mesmo assim ainda vi o Harry a vir ter com a Granger, dar-lhe um beijo na testa e pedir-lhe desculpa.
Todos cumpriram com o que pedi e recolheram-se, ficando apenas eu, a Granger, a Pansy e o Blaise.
- Vês Pan, era só uma brincadeira! – disse o Blaise, tentando descomprimir o ambiente pesado que se tinha formado em torno delas.
- Não sabia que a Granger tinha uma veia para o teatro. – disse indo ao encontro do que o meu amigo estava a tentar fazer.
- Antes de mais peço desculpa, mas sinceramente nunca pensei que fosses acreditar numa coisa destas, eu nunca te dei motivos e não seria agora a meio de um torneio que iria cometer um deslize, porque como referiste e muito bem, eu deixei muitas coisas para trás, com isto não me arrependo de nada. – disse a Granger num tom sério.
- Eu fui apanhada desprevenida, tu tens muito potencial e tens tudo para ganhar, sei que andas tensa e ansiosa, mas não és a única, eu também me dediquei bastante para chegarmos juntas até aqui e não quero que tenha sido em vão. Eu sei que agora tens estado mais descontraída porque estás com os teus amigos, e ainda bem, porque há muito tempo que não te via assim, mas por momentos pensei que te tivesses deixado levar pelo sabor do momento e depois estavas agarrada ao Draco e isso para mim não é normal, porque ele para todos os efeitos é teu Professor. – justificou-se a Pansy. E para mim foi escusado o último argumento que usou.
- Eu precisava de ser credível!
- Bem, vamos pôr uma pedra no assunto e vamos dormir, que estou cheio de sono. – disse o Blaise, fingindo um bocejo.
Os meus amigos foram deitar-se e ficámos só eu e a Granger.
- Obrigada por me ter ajudado no início e desculpe por tê-lo usado e posto numa posição constrangedora.
- Granger, não tem de se desculpar, como disse tinha de ser credível! – disse com ironia na voz, que não lhe passou despercebida. Esboçou um sorriso fraco e murmurou “boa noite” quase inaudível antes de ir para a tenda.
XXX
Quando entrei na tenda fiz o que reprimi durante aquela confusão com a Pansy, por isso, deixei que as lágrimas grossas caíssem pelo meu rosto, tentando abafá-las para não acordar a Luna. Seguidamente, sentei-me no meu saco-cama e puxei os meus joelhos até ao meu peito abraçando-os, como se fossem o meu porto seguro. E foi quando me assustei ao sentir uma mão nos meus cabelos, olhei para cima e vi a loira de olhos azuis a encarar-me de forma preocupada.
- Estás assim por causa do que se passou há pouco? – perguntou a Luna, sentando-se ao meu lado e abraçando-me.
- O jogo estava a correr tão bem, estava a divertir-me bastante e agora sinto um peso como se tivesse estragado tudo ao ter aceitado aquela consequência. – disse aos soluços.
- Olha para mim! – pediu-me a Luna, segurando a minha cara nas suas mãos quentes e macias. - O jogo foi muito divertido, pode não ter terminado como gostaríamos, mas não deixou de ter a sua graça, principalmente quando te fizeste passar por bêbada, fizeste uma boa actuação e nós tivemos de nos controlar para não nos rirmos.
- Eu sei e no início até estava a gostar, mas custou-me ouvir a Pansy ser tão dura comigo, principalmente porque ela nunca me falou daquela maneira. – disse, limpando as lágrimas com as costas das mãos.
- Vais ver que amanhã já vai estar tudo bem, embora ache que a Pansy exagerou no modo como te falou.
- É que de certa forma, apesar de saber que aquilo era tudo a fingir, senti-me humilhada à vossa frente e agora estou triste, porque não sei como vai ser amanhã, será que o ambiente vai estar pesado ou será que quando a vir vai ser como se não tivesse acontecido nada?! – questionei visivelmente mais calma.
- Eu percebo que te tenhas sentido humilhada, só que neste momento tens de pensar que foi apenas uma brincadeira que não correu bem, mas a verdade é que todos nós somos seres humanos e não somos perfeitos, erramos e não temos o controlo de tudo. Amanhã quando saíres da tenda, sai de cabeça erguida como se nada tivesse acontecido, afinal vocês estiveram a falar quando o Malfoy pediu para nos retirarmos, portanto, vais pôr uma pedra no assunto. – disse a Luna, dando-me um beijo na cabeça.
- Obrigada pelas tuas palavras, Luna. Ainda não me sinto a 100%, mas sinto-me um pouco melhor. – disse abraçando-a. – Amanhã tenho de falar com o Harry, porque conhecendo-o bem está com um enorme sentimento de culpa.
- Agora, eu quero saber uma coisa muuuito importante. – disse a loira com a mão no queixo e de ar pensativo. – Adorei o teu atrevimento em teres colocado a mão no peito do Malfoy, mas eu quero saber se é forte, musculado, basicamente se faz jus à alcunha de “jeitoso”? E depois, eu também reparei que ele te pôs o braço à volta da cintura. – continuou a minha amiga com um sorriso travesso.
- Luna?! Eu logo vi que aquela conversa séria era sol de pouca dura... Hum, tem uns peitorais bem definidos, rijos, um aperto firme e sim, é bem jeitoso...
- Ui, que olhar sonhador é esse Miss Granger?! – interrompeu-me a Luna enquanto eu divagava.
- Eu respondi ao que tu perguntaste. – disse, dando de ombros.
- Pois, pois, o melhor é irmos dormir!
- Sim, que amanhã temos de nos levantar cedo para aproveitarmos bem o dia. – usufruí da sua deixa para não falar mais no assunto, porque começo a achar que tenho de ter mais cuidado, não só com os meus actos como também com o que digo.
No dia seguinte, percebi que a Pansy estava tranquila e falava comigo como sempre fez, durante o jogo que fomos assistir ela comentava sobre a performance das duas jogadoras, reparávamos juntas nos seus pontos fracos e a nossa cumplicidade estava patente para quem nos visse a falar, por isso, deduzi que tinha posto o assunto para trás das costas e eu fiquei aliviada.
Antes do almoço o Harry veio ter comigo e afastámo-nos um pouco do grupo, começou por me pedir desculpa pelo sucedido, que nunca pensou que a Pansy fosse tão inflexível e que se soubesse que iria ter problemas, ele nunca teria dado aquela consequência. Apenas lhe disse para não se preocupar, porque eu também tive a minha quota parte de culpa, visto que poderia ter recusado aquele desafio e não o fiz, também nunca pensei que aquilo tomasse aquelas proporções. Posto isto, demos um abraço e fomos ter com o grupo.
Por volta das 15h fomos para o riacho, onde pudemos aproveitar aquela água cristalina, banhando-nos e atirando água uns para os outros. Também foram feitas corridas, para ver quem nadava mais depressa e o Malfoy superou-se, conseguiu ganhar-nos a todos.
Pouco tempo depois saí do riacho e fui para perto de uma árvore onde me sequei com a toalha e aproveitei para fazer duas coisas, bronzear-me e estudar. Os outros continuavam dentro de água e, por um lado gostava de estar com eles, mas por outro sei que tenho de avançar com a matéria para que nada fique atrasado, não vá acontecer algum imprevisto devido aos treinos e assim estou mais à vontade e com margem de manobra.
Enquanto estudava, um pardal pousou na minha toalha. Piava muito, mas era diferente do que estava habituada a ouvir, toquei-lhe e percebi que se afastou quando lhe toquei na asa, provavelmente estava magoada. Observei-o enquanto tentava subir para a árvore e não conseguia. Então, calcei os ténis, peguei no pardal e trepei a árvore deixando-o no ninho.
- Granger, o que está aí a fazer? – perguntou o Malfoy de toalha na mão. Devo dizer que o meu coração perdeu uma batida ao vê-lo em tronco nu, aqueles peitorais que outrora foram tocados por mim, estavam bem tonificados e só me apetecia tocar-lhes novamente, poder sentir a sua pele na minha... Hermione, pára com esses pensamentos, podes agora tratá-lo por Malfoy, mas ele continua a ser teu Professor.
- Eu vim pôr um pardal no ninho, acho que tinha a asa partida, porque não conseguia voar. – disse sentindo-me ruborizar, mais até pelos pensamentos nada inocentes que estava a ter. De repente, vi-o subir e sentar-se num ramo perto do meu. – Pensei que não gostasse de trepar às árvores. – disse admirada por vê-lo tão próximo de mim.
- Há muitas coisas a meu respeito que a Granger não sabe! – disse com um sorriso travesso.
- Este acampamento serviu para o conhecer um pouco melhor. – o riso dele nasalado fez-me pensar que se calhar tinha exagerado nas palavras que proferi. – Desculpe, talvez não me tenha expressado bem.
- Nada disso! Eu também acabei por conhecê-la melhor, percebi que o torneio é algo muito importante para si, que não é apenas um jogo e que depois pode cometer todos os exageros que quiser, percebi que é necessário muita disciplina e sacrifício. – disse o Malfoy, encarando-me de forma penetrante.
- Calculo que deva ter percebido isso depois da discussão de ontem.
- Também, mas vi a maneira como jogou, é precisa nas suas jogadas, é bastante competitiva, no bom sentido, é esforçada e isso só se consegue com trabalho. – disse o loiro, piscando-me o olho.
- Ainda sobre ontem, desculpe a confusão em que o meti, calculo que para si tenha sido constrangedor, afinal acabei por ultrapassar todos os limites consigo. Por muito que tenha dito que estamos em lazer e que o podemos tratar pelo apelido, continuamos a ser aluna e professor. – disse, baixando o olhar. Senti tristeza em pronunciar tais palavras, porque elas remeteram-me para a realidade, é como se fôssemos de mundos diferentes e que não se podem juntar.
- Pense desta forma, estava a fazer um jogo e brincou com a situação, por acaso eu sabia que estava a fingir e até a ajudei, mas podia tê-la denunciado e a afastado de mim, só que optei por entrar na brincadeira. – disse-me sorrindo.
- Eu sei, mas é meu Professor, até a própria Pansy não achou correcto.
- Granger, eu aqui não sou seu Professor e a Pansy exagerou quando disse isso, aliás, eu disse-vos, a si e aos seus colegas, que me podiam tratar por tu e pelo apelido visto que, provavelmente, é mais fácil para vocês.
- Sim, mas se a Pansy pensa isso, as outras pessoas também devem pensar e...
- Granger, eu não sou superior só porque sou vosso Professor, dentro da Faculdade exerço um cargo, cá fora sou igual a vocês, como vê gosto de subir às árvores, gosto de estar com os amigos, sou uma pessoa normal, que no meu horário de trabalho dou-lhe aulas, fora dele...
- Podemos falar como se não fôssemos aluna e professor. – interrompi-o, completando o seu raciocínio.
- Vê como sabe?! – disse-me, descendo a árvore. Segui-lhe o exemplo e fiz o mesmo, mas ao fazê-lo desequilibrei-me e caí... nos braços dele. - Está bem?
- Agora sim! – a nossa batalha de olhares era intensa, os nossos corpos tocavam-se e podíamos sentir as nossas peles roçar uma na outra, visto que eu continuava de biquíni e ele com os calções de banho. Os meus braços estavam enlaçados no seu pescoço e eu podia sentir a sua respiração no meu pescoço. A minha vontade era poder beijar os seus lábios bem desenhados e apetecíveis, mas não podia. Por outro lado, podia jurar que ele sentiu o mesmo, porque o seu olhar recaiu sobre os meus lábios. Lentamente colocou-me no chão sem que quebrássemos o contacto visual.
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