História Lição de Casa - Me Preparando - Dividas de uma Costureira

Eu e Tomás ficamos apenas nos olhando por alguns segundos, igual quando o Alex conhece o Eliott e ficam deitados na cama apenas conversando olhando um nos olhos do outro, no filme Alex Strangelove, filmes de romances gays tinha um lugarzinho especial no meu coração! Mas eu comecei a me perguntar o por que dele não ter me convidado para a festa em nenhum momento que estivemos juntos, será que ele só não me queria junto com ele quando Olivia estava presente no mesmo local? Ele não me deu certeza da sua resposta ainda, ele tinha dito ainda um "acho", eu trabalho apenas com certezas!

- Então... - Ele desvia seu olhar, mas logo volta - Já que estamos colocando certas cartas na mesa.

Ele ri.

- Por que nunca foi puxar assunto comigo quando a Olivia ia? - Ele me olha curioso.

- Pelo simples fato de eu não saber que ela ia! - Damos risadas juntos.

- Pelo jeito eu não fui o único que ela escondia as coisas! - Pode ter certeza que não, Tomás. Minha consciência pesou ao ouvi-lo falar sobre esconder algo, já estava claro que ele odiava mentiras mais que tudo nesse mundo.

- É... - Dou um longo suspiro e volto a olhar para o teto ainda com o peso na consciência. - Eu queria ficar mais tempo aqui com você.

Olho para o meu celular e vejo que é 18:20. Merda, eu queria viver naquele quarto junto a ele!

- E por que não fica? - Ele não conseguia esconder sua tristeza no olhar. Eu sei que Tomás não estava apaixonado, mas eu me tornei uma amiga para ele e era tudo que bastava naquele momento.

- Preciso ajudar meus pais a separar uns matérias do trabalho deles... - Estou ficando profissional nisso!

- Entendo, eu curto o trabalho dos seus pais, mesmo eu odiando ir a sessões de modelo - Nós dois rimos.

Já em casa. Vejo que meus pais dormiam na sala com os seus notebooks na mesa de centro, hoje pelo jeito o dia foi cansativo demais para eles. Eu fiquei olhando para os dois dormindo sentados e sorria boba, como Eu amava esse casalzinho, minha mãe e meu pai era um exemplo de casal para mim, menos de pais até por que nem dar atenção para mim dão direito, mas como casal eram lindos, os dois se apoiavam em absolutamente tudo, meu pai que tinha o sonho se abrir uma agência de fotografias e o da minha mãe que era fotografar pessoas famosas, juntaram o útil com o agradável e deram nisso, os dois são sócios e trabalham muito bem juntos, eu em trabalho em dupla sou um desastre, eu não puxei isso deles, infelizmente! Depois de ter deixado meu material no meu quarto e ter trocado de roupa, para algo mais confortável como por exemplo meus pijaminhas curtos com estampa do ursinho Pooh junto com um roupão que servia como cobertor por cima, não me julgue! Eu adoro pijamas com desenhos animados, principalmente os que são desenhos em 2D, bom, eu fui para a cozinha para pegar um copo de suco e procurar algo para comer, até que eu vejo no balcão um caixa de papelão embrulhada do Mercado Livre.

Minha máscara junto com minha arma de plástico tinha chegado!

Eu fiquei tão entusiasmada em abrir a caixa que deixei de lado o minha comida e meu suco e corri com a caixa abraçada em meu peito até o meu quarto. Eu estava tão animada e ansiosa quanto a Rapunzel, de Enrolados, ficou quando pisou pela primeira vez na grama! Eu abria a caixa com a tesoura que encontrei jogada na minha mesa de estudos, a máscara estava dentro de um plástico bolhas igual a arma, a máscara enquanto eu desembrulhei e percebia o quanto era parecida com a do filme mesmo, quando eu fosse colocar ela tenho certeza que eu me sentiria no próprio purgatório, referências do filme!, eu não vivo só de romance também, eu adoro esses filmes com pitadas de mistério e suspense. A arma ela não era tão realista quanta a máscara, parecia o tipo de brinquedo que eu encontraria na 25 de março completamente mal feita com a pintura de qualquer jeito mas dava para o gasto, o que importava era a máscara tapar completamente o meu rosto e com isso eu não precisava me preocupar mesmo, ela mostrava apenas os meus olhos, Tomás iria identificar somente a cor do meu olho se dependesse dessa máscara, e ainda tinha a iluminação da festa então eu já estava tudo ganho!

"Universo, é loucura tudo que esteja acontecendo comigo, Lucas e Nick estão mais próximos de mim e isso é bom, não querendo ser interesseira, mas é ótimo saber mais assuntos vindo dos meninos, principalmente do Lucas que é fofoqueiro! Domingo agora era o dia da festa, dia que eu fugiria de casa e me sentiria finalmente em um filme americano adolescente, me sinto na pele da personagem Julie de "Dormindo fora de Casa", não sei se já citei elas nesse caderno mas essa garota é um dos meus maiores exemplos adolescentes! Ela é corajosa, tímida e completamente doida, queria eu ter uma festa do pijama e no meio dela tivesse que invadir a casa do Tomás para pegar a cueca dele (Ops, Spoiler do filme!). Mas voltando ao assunto principal, eu pretendo pedir ajuda amanhã para a Dona Denise com que roupa eu deva ir, tinha que ser algo fora do meu normal, ou seja, sem MOLETONS!!, eu queria algo sexy, mas não muito chamativo, algo que desse um gostosinho a mais em quem me visse. O apartamento do Tomás vai estar cheio, espero não esbarrar com a Olivia e suas capangas! Me deseje sorte, querido Universo!"

Eu estava quase virando a Tara Adams, personagem do filme Rádio Rebel da Disney, pois eu me imagino me soltando completamente ao ficar totalmente anônima na frente das pessoas, quero dançar, beber (sem ficar mais bêbada, é claro) e conversar! Fazer coisas que eu nunca tive coragem de fazer em festas onde eu mostro meu real rosto, a Tara na rádio é completamente diferente da Tara da escola, e eu iria ser a mesma coisa no Domingo.

 13º Dia, Sábado.

Logo no sábado acabei acordando mais cedo do que eu deveria, normalmente eu durmo até as 11 horas, mas a ansiedade em contar absolutamente tudo para a Dona Denise. Como eu já tinha dito, o clima brasileiro é uma total bagunça, estava calor hoje, então ao sair do meu banho morno de sempre resolvi usar um vestido para a alegria da Dona Denise que adorava me vestida assim, ela sempre me elogiava de “bonequinha” pois dizia que meus vestidos sempre parecia os que ela costurava para as bonecas dela quando era criança, agora se isso é um elogio bom ou ruim não sei muito bem, então peguei um vestido vermelho mangas em formato de regata e de botões brancos, ele batia no meu joelho mas deixei dois botões de baixo solto para parecer uma fenda, mesmo eu parecendo uma criança de oito anos usando esse vestido eu gostava de usá-lo, na minha cabeça combinava totalmente comigo, era como se fosse uma outra Liz fora do moletons e só pessoas muito intimas conhecia a Liz versão vestidos! (Imagem nas Notas finais)

Já no Asilo, eu estava contando para a Dona Denise sobre nosso momento de ontem na cama, estávamos sentadas naquelas mesas de jogos, onde idosos ficam jogando domino, xadrez e outras coisas, mas por sorte a nossa mesa estava vazia podíamos conversar com privacidade.

- E você acha que ele superou? – Ela estava com um braço apoiado na mesa enquanto o outro só estava com o cotovelo então sua mão estava em baixo do queixo apoiada.

- Não faço a menor ideia, ele falou “Acho que não” quando eu perguntei se ainda estava apaixonado – Ele suspiro preocupada e aliso minha testa pensativa.

- Você se preocupa tanto com os sentimentos dele mas nem pensa em contar a verdade – Ela fala séria comigo, por que ela custa em ficar lembrando disso?

- Eu sei, eu sei! – Digo insistente. Eu não gostava que ela ficava me lembrando disso, eu sei que era um grande detalhe dessa situação toda, mas o meu objetivo no momento é conseguir saber se o Tomás está aberto para o amor novamente. – O Lucas e a mãe dele disseram que ficam felizes em ver que ele está fazendo novas amizades femininas…

Disse tentando mudar de assunto.

- Mas ele é simpático, não é? – Ela fala neutra. – Então não deve ser difícil ganhar a amizade dele, difícil vai ser ganhar o coração.

Ela ri e eu começo a ficar com mais e mais pensamento, só a Denise conseguia botar mais pilha nas minhas paranoias, por que tudo que ela falava era verdade e isso me torturava!

- Bom, só sei que preciso de uma roupa para domingo!! – Digo manhosa.

- E o seu guarda roupa? – Ela pergunta.

- Nada que me agrada – Falo bufando. Como se nada no meu guarda roupa ficasse bom em mim, mas na verdade eu só queria algo diferente do que normalmente eu uso!!

- Hum… - Ela olha para os lados pensativas e depois levanta a mão como se quisesse chamar alguém – Valéria, vem cá, querida!

Ela chama uma senhora baixinha com os cabelos quase grisalhos misturado com alguns fios pretos, lembrava aquela atriz da Globo Betty Faria, que eu sempre via nas novelas que passava na TV daqui do asilo, e ela andava com uma fita métrica no pescoço. O que a Dona Denise estava fazendo?

- Diga, Denise – Fala a senhora já próxima da nossa mesa.

- Lembra que você tá me devendo um favor? – Diz Dona Denise com um sorriso nos lábios. – que eu te emprestei aquele dinheiro pra você comprar tecido?

A mulher então fecha a cara ao ser lembrada disso.

- Aham… - Ela cruza os braços – O que que tem?

- Então, queria que você costurasse uma roupinha pra minha amiga aqui – Ela aponta delicadamente pra mim, eu deveria estar vermelha igual um tomate de vergonha, eu nunca tinha falado com mais ninguém, além da Denise naquele Asilo.

- Oi… - Eu aceno levemente para ela.

- Pode ser, Valeria? – Diz Dona Denise já demonstrando animação em sua voz.

- Pode sim – Ela olha para mim e sorri. Ufa, pensei que ela seria aquelas idosas mal humoradas. – Vamos pro meu quarto, minha maquina de costura e os outros matérias estão lá.

O quarto dela era em outro diferente do da Denise, ela tinha um cantinho perto da cama dela com uma mesinha com máquina de costura e na parede vários rolos de tecidos pendurados e alguns cabides pendurados em parafusos.

- Bem vindas ao meu cafofo – Ela da uma risadinha bem baixinha. Eu adorava isso das pessoas, que cada uma tinha uma risada diferente a apresentar, eu acredito que isso que torna as pessoas únicas.

- O que você tem em mente? – Ela senta em sua cadeira vermelha que fica de frente da mesa, Dona Denise na cama dela e eu fico de pé só passando olhar para sua mesa de trabalho.

- Eu queria algo com renda e preto, bem…sexy.

Denise e Valeria me olham com os olhos arregalados, as vezes eu esqueço que são idosas e que algumas coisas minhas elas não estão tão acostumadas.

- Sei… - Ela olha para os tecidos que tem na parede e abre uma pequena gaveta em sua gaveta.

- Ela é estilista – Diz Dona Denise. E quando eu olho para Valeria com atenção ela estava desenhando uma folha sulfite com lápis de cor preto e azul claro o que parecia ser um rascunho de alguma roupa.

- Nossa… - Eu me aproximo mais para tentar entender seu desenho – que legal!!

- Fazia muito tempo que eu não costurava para uma jovem – Ela diz animada.

- EI! – Diz Dona Denise fingindo estar ofendida e nós três rimos.

- Eu estou me sentindo em um filme, tudo bem eu colocar uma musiquinha? – Sorrio pegando meu celular na minha bolsinha de ombro, elas concordaram com a cabeça.

E então eu vou na minha playlist de sempre e coloco no aleatório, eu a deixo no comando.

E a primeira música acaba sendo Rain On Me, da Lady Gaga, e até que combinava! Era animada e tinha uma letra muito bonita.

Quando a música começou eu me senti no filme “Programa de Proteção para Princesas” da Selena Gomez e da Demi Lovato, quando elas vão em um brechó cheio de senhorinhas e elas provando varias roupas!

I didn't ask for a free ride

(Eu não pedi carona)

I only asked you to show me a real good time

(Eu só peço que você me mostre uma diversão)

I never asked for the rainfall

(Eu nunca pedi que a chuva caísse)

At least I showed up, you showed me nothing at all

(Pelo menos eu apareci, você não me mostrou nada)

- Até que é divertida essa música – Diz Valeria sorrindo ao se levantar e indo até o seu guarda roupa, ao abrir ela tira uma caixa enorme de plástico cheia de linhas de tecidos, tecidos e outras coisas que eu não estava entendendo bem o que era. – Vem até aqui…é…

- Ana Liz – Eu me aproximo com um sorriso ansioso nos lábios, aquilo estava muito divertido.

- Eu vou te medir o busto e o quadril, ta bom, Ana? – Eu apenas aceno com a cabeça e com a fita que ela estava nos ombros começa a passar pelo meu corpo, eu olho para a Denise e ela sorria, parecia estar orgulhosa de algo.

It's coming down on me

(Está caindo em mim)

Water like misery

(Água como miséria)

It's coming down on me

(Está caindo em mim)

(I'm ready, rain on me)

((Estou pronta, chova em mim))

Depois da Valeria anotar as minhas medidas do lado do desenho ela voltou a se sentar na cadeiras e começou a ligar sua maquina de costura, era aquelas maquinas meio antigas, estilo vintage,  com alguns desenhos de folhas e linhas circulares dourado e a marca  “SINGER” no meio dela.

Ela então inicia a sua mágica, começa a passar um pano preto por de baixo daquela agulha e a música de filme eu me sentia mais ainda em uma série da Netflix!

I'd rather be dry but at least I'm alive

(Prefiro estar seca, mas pelo menos estou viva)

Rain on me, rain, rain

(Chova em mim chova, chova)

Rain on me, rain, rain

(Chova em mim chova, chova)

I'd rather be dry but at least I'm alive

(Prefiro estar seca, mas pelo menos estou viva)

Rain on me, rain, rain

(Chova em mim chova, chova)

Rain on me

(Chova em mim)

Já era 14 horas da tarde e não tínhamos saído daquele quarto. Dona Denise tinha feito até café para nós três e estávamos rindo e conversando das vergonhas que já passamos nessa vida, e elas riam muito de mim! Do meu jeito mega atrapalhado do lado do Tomás.

- Você é muito fofa! – Diz Valeria sem tirar o olho da agulha.

- Obrigada – Falo jogando uma mecha de cabelo para trás da orelha.

- Quer ver como está ficando a parte do busto? – Olho para ela curiosa, meus olhinhos estavam brilhando de alegria, eu apenas concordo com a cabeça e ela tira a agulha de cima do tecido e levanta ele para mim.

Eu estava completamente apaixonada!

Estava perfeito!