História Life (Taehyung) - Você não fez isso!

Th — Por que tanta pressa? — Questiona ao me soltar e se afastar.

Respiro fundo e me contenho, abaixando a cabeça esperando que o mesmo me deixasse ir sem esperar uma resposta.

Th — Qual o problema? Tem medo de mim? — Perguntou dessa vez claramente curioso.

Não sabia o que fazer, e a sorte bateu quando uma das empregadas que cuidava das hortas se aproximou daquele corredor em busca de ajuda.

Nianna— Poderia me acompanhar, tenho que levar todos os legumes para a cozinha, mas a senhora Keller não veio por causa do casamento da filha. — Revelou e assenti.

Esbarrar com o mesmo se tornou rotina. E me esquivar, uma forma de permanecer naquela casa.

P.O.V. Taehyung

Th — O que uma simples empregada tem que as belas damas da corte não tem? — Questionou olhando o livro de contas. Os lucros eram bem visíveis até aos menos estudados.

Th — Pareço tão ruim assim? — Voltou a falar até ser incomodado pelo barulho na porta.

NJ — Como está? — Falou sem jeito se aproximando, após ouvir o outro mandar entrar. — Soube que tem estado melhor esses dias.

Num suspiro longo encara o antigo amigo. O mesmo que ele tinha afastado.

Th — E por que diz isso?

NJ — Os empregados refletem o humor do patrão. E todos parecem de bom humor.

Th — Todos? — Franziu o cenho. — Não acho que todos estejam satisfeitos.

NJ — E porque não?

Apenas desviou a atenção ao jardim, mas precisamente para a jovem que cuidava dele. A moça para alguns segundos e retorna ao trabalho, dessa vez mais rapidamente. Era como se soubesse que o homem a observava. Namjoon sorri ao notar o intersse que o amigo tinha pela jovem.

NJ — Porque não a corteja?

Th — Do que está falando? — Limpa a garganta e desvia os olhos ao livro em mãos. — Só estava me perguntando como o jardim tem ficado mais vivo.

NJ — Talvez pela donzela nele. — Brincou. — Admita e corra atrás, o medo não vai te levar a lugar nenhum. Precisa ir atrás da felicidade Taehyung.

Sabia que o amigo tinha razão, mas o medo lhe consumia. Não queria perder mais ninguém.

Suspirou alto e ruidoso fechando o livro, depositando sobre a mesa cheia de papéis. Olhou para a janela, em busca da jovem, mas tudo que encontrou foi o jardim bem cuidado.

Th — Acha que ela vai querer alguém como eu?

NJ — Seja você mesmo e tenho certeza que ela vai se apaixonar.

Assentindo se voltou para o moreno que mantinha um sorriso bonito, com as covinhas à mostra.

Th — Obrigado e sinto muito por antes.

NJ — Sei que não foi fácil. Que tal sair qualquer dia e colocar isso de lado. Os outros vão ficar felizes em saber que você retornou. — Lhe deu um breve abraço. — Tenho que ir, os negócios me chamam. Só vim ver como estava. Sorte com a moça e não a assuste. — Ri.

***

A moça aparece no jardim e sem demora me aproximo. Como sempre ela tenta se afastar como um bicho acuardo. Estava tão fissurado naquela donzela que me sentia por vezes um tolo.

Th — Porque sempre foges de mim?

A jovem se encolhe.

Th — Me diga o motivo, apenas desejo saber por que motivo tens tal atitude para comigo.

O som ruidoso e o tempo fechando os faz se voltar para a casa. A sensação estranha arrepia cada pedaço de carne. Era a morte lhe fazendo uma visita.

Th — Venha. — Segura o pulso da jovem que mantinha a cabeça baixa. — Não se afaste de mim. Entendeu? — A moça apenas balança a cabeça confirmando. Acompanhou o homem a passos largos até a casa nos fundos local onde alguns empregados moravam, encontrando quase todos reunidos na pequena sala.

Não houve tempo para proferir instruções, logo a porta daquela casa foi aberta e a deusa adentra. Sem pressa vai até um dos quartos colhendo aquela alma.

Sentiu seu sangue ferver uma vez que as lembranças brincavam mais uma vez consigo.

Sn — Se apresse! — Falou alto atraindo o olhar assustado de todos. A deusa da morte parou e olhou a jovem com certo carinho. — Fiquem todos quietos. — Disse olhando finalmente para Taehyung que olhava a mulher ainda sem acreditar. Aquilo era mesmo possível? Era mesma Sn?

Assim que Death se retira daquela lugar todos se mantém em confusão. Taehyung se afasta brusco.

Th — C-como? Você não devia estar aqui? Quer dizer... — Se embaralhou nas palavras transtornado.

SN — Você podia ter olhando pra outro lugar, mas prefirou buscar algo semelhante. Você que eu tanto amo, devia ter esquecido, mas manteve em seu coração. Taehyung eu nunca fui herdeira dela.

Th — Que? Isso não faz sentido. Era tudo fingimento não era? Pessoas mortas sagram não é? — Disse indo para a porta, só queria espaço. Respirar e então pensar com calma. 

SN — Após tanto pedir ao céus para me trazerem de volta, agora que estou aqui, vai fugir?

Th — Eu devo estar alucinando, não tenho dormindo direito.

SN — Espere e veja! — Entrei no quarto onde a deusa da morte havia entrado anteriormente e avistei um corpo coberto por um lençol esbranquiçado. Me aproximo e puxo o mesmo. As pessoas que estavam na porta se chocaram com a falta de empatia para com o falecido.

Ignorei todos e coloquei o destra sobre o tórax e lhe dei o sobro da vida. Chamando a alma que havia partido de volta. No instante seguindo o homem dá um salto ofegante. Seus olhos castanhos escuros me olham a procura de respostas.

Garen — Minha senhora.

Life (SN) — Perdão minha criança, fique mais um pouco e termine o que precisa. — Lhe disse amigável sorrindo e sendo retribuída. Solto a mão que fora segurada por ele e me afasto.

Houve um alvoroço falando sobre milagres e coisas semelhantes. Senti um alívio na alma, e ao me virar para a porta e contro os olhos bem abertos do Taehyung.

Th — Você... O que diabos você é? — Questionou de forma elevada.

SN — Me dê 1 ano. Me permita ficar esse tempo ao seu lado. Pense com cuidado, volto em três dias.

*Cabana da floresta*

O lugar continuava o mesmo. Era calmo e seguro. Olho pela janela e vejo a fumaça negra avançar em direção a casa. A porta foi aberta e uma deusa entrou pisando duro.

Death — O que foi que eu disse sobre interferir na vida humana? — Questionou irritada.

Sorri tristemente e a olhei com carinho.

***

Life (Sn) — Não se preocupe eu já decidi o que quero fazer da minha vida. — Levei a mão ao meu ventre e acariciei a mesma.

A deusa finalmente me olhou em pura descrença. Sua face que nunca se alterava tinha grandes rugas e os lábios levemente abertos.

Death — Você não fez isso! — Esbravejou exaltada vindo em minha direção, porém me afastei rapidamente dela. Aquilo não nós faria bem.

Life (SN) — Eu salvei uma vida e percebi que ao perder o bebê ele não foi removido do meu útero por causa que meu corpo foi fechado. Sendo assim você congelou meu útero. E sim, eu resolvi salvar meu bebê. — Falei olhando a minha barriga.

Death — Você realmente enlouqueceu! Sabe que suas decisões possuem consequências não é?

Ao invés de ficar preocupada sorri ainda mais para ela.

Life (Sn) — Eu sei e sei como funciona não se preocupe. Acho que apreendi tudo sobre ser uma deusa e suas obrigações, até às punições.

Death — Boa sorte. — Falou saindo da cabana.

Life (SN) — Ah, bebê. — Acaricio a barriga com um carinho exagerado. — Sua mamãe fez a escolha certa não é? O seu pai vai te dar muita dor de cabeça mais tente ser forte. Ele é um bobo, tenha paciência, sim.. — Conversei com meu bebê. Uma menina.

*3 dias depois*

Os olhares dos empregados eram de admiração, fascínio e alguns intrigantes. Sentia como se fosse ser a qualquer momento trancafiada e mantida como um ser para uso de milagres.

Senti no sofá a espera do rapaz que logo apareceu.

SN — Pensou na minha proposta?

Th — Pensei! — Se sentou na poltrona a minha esquerda.

SN — E então?

Th — Tudo bem, quero superar isso e nada melhor que conviver com você.

SN — Então posso voltar a trabalhar na casa? — Falei um pouco animada e ele me olhou de lado, descontente.

Th — Faça o que quiser, apenas tenha em mente que não fará parte da minha vida como fez antigamente.

Assenti olhando firmemente para o rapaz.

SN — Fico grata com isso. E não se preocupe com isso, sei meu lugar.

Th — Bom, tenho que ir. — Se levantou arrumando o terno de alfaiataria cinza, andou até o corredor que levava ao escritório e sumiu.

Respirei fundo e me direcionei a cozinha. Voltaria ao trabalho.

* 5 meses depois*

Rita — Você engordou demais Sn. — Falou vendo meu corpo mais avantajado. As roupas mais largas davam essa impressão, já que eu queria esconder a gravidez.

SN — Eu devia fazer regime certo?

Rita — Sim, desse jeito não vai casar nunca.

Fellicia — E quem vai quer alguém que falou com a morte e continuou viva? Ela é amaldiçoada, você devia tomar cuidado Rita. — Uma das empregadas fala ao passar por mim.

Rita — Se fosse amaldiçoada tudo que tocasse morreria, eu e você estaríamos fadadas ao fracasso e nessa casa já teria acontecido um monte de infortúnios. Mas até agora só vi coisas boas acontecendo.

Fellicia — Antes da tempestade vem a calmaria. — Falou indo embora.

Suspirei e sorri minimamente para Rita que olhava a outra com certo rancor.

SN — Não se preocupe com isso. Eu tenho que cuidar dos jardins.