— Não eu não sei onde estão suas chaves, eu não quero jantar com a sua mãe, caralho qual seu problema, Mads? Eu quero passar a noite apenas com você. Tô no treino agora, dá um tempo! — um de seus colegas do hóquei, Jack, estava no telefone com a namorada, da qual ele conhecia, Madison, ela já havia frequentado a casa dele em diversas festas ao longo dos anos em que estava na Briar. — Desculpa amor, não queria ser grosso com você, certo, também te amo. — e desligou.
Justin ficou o encarando por alguns segundos, depois dele, Jack era um dos melhores jogadores do time, rápido, concentrado, e com sede de fazer o melhor no gelo. Mas claro que o treinador implicava muito com ele estar desperdiçando seus anos de faculdade namorando, ao invés de estar solteiro curtindo a vida. Aquilo se tornou uma implicância contínua, que nem mesmo o loiro suportava.
Em sua cabeça, era possível ter um relacionamento e aproveitar a vida. Você vai ter que fazer esforços pela pessoa que está dividindo a vida, como festas e confraternizações com muita bebida. Mas mesmo assim, ele via Jack e Madison serem felizes mas festas que iam — era raro eles não estalarem presentes — o que o mostrava que era possível conciliar os dois ao mesmo tempo, e às vezes era até melhor ter alguém que você ama como companhia, para sair junto, e aproveitar cada segundo agarrado.
Em todas as festas, ele ficava sozinho por conta dos amigos estarem bêbados demais para sequer entender duas palavras. E então, arrumar uma foda para a noite, e depois tudo se repetia, era algo que estava enjoado e cansado de fazer, queria espairecer sobre o assunto, ver as vantagens de um relacionamento, e se realmente valia a pena.
Durante o treino inteiro, ele ficou pensando naquilo, em alguém nas arquibancadas comemorando por um gol feito por ele, ter companhia para sair á qualquer ligar, apresentar para a família e todas as datas comemorativas que teria alguém ao seu lado. E claro, isso não passou despercebido por Jack, que veio falar com o mesmo no vestiário enquanto vestia sua camisa preta.
O moreno alto se aproximou, vendo que Justin ainda estava com uma expressão neutra, colos e estivesse pensando demais em um único assunto, o que era realmente o caso dele.
— E aí cara? — esticou o braço em um toque masculino que apenas eles entendiam. E após a retribuição de Justin, ele desabafou. — Reparei que enquanto a gente passava o disco você estava meio perdido. Tá tudo bem?
Justin apenas o encarou por alguns segundos antes de soltar um suspiro exagerado. — Tava com a cabeça em um assunto aí… — ele passou a mão pela cabeça raspada, sentindo os poucos fios em seus dedos. Em sua cabeça apenas uma coisa se passava; Hailey Baldwin. Sejam coisas boas ou coisas ruins, parecia que sua mente estava lhe traindo ao passar a imagem dela vestida na roupa de academia doada e irritada com o mesmo. Ele tentava apenas esquecer que um dia ela esteve presente em sua vida, mas era difícil quando via o pai dela todos os dias, e lembrava de que a qualquer momento ela podia chegar ali e assistir o treino para depois conversar com o treinador Baldwin.
— Que seria…? — Jack indagou, queria se aprofundar no mistério que era Justin, eram colegas de time, mas poderiam ser mais que aquilo, e essa conversa era o pontapé inicial para as portas da amizade se abrirem para eles.
— Observei você no telefone hoje com a Madison. — Justin quebrou o silêncio, e sentou-se no banco que havia ali. — Mesmo puto com ela, depois você se desculpou e tudo voltou ao normal. Não era essa a questão que eu quis dizer, foi apenas, ter alguém sabe? — o moreno que estava sentado ao lado dele apenas concordou, deixando que Justin prosseguisse com o assunto. — Vocês são carne e unha, mesmo com a faculdade e toda a carga horária dela, vocês ainda tentam estar juntos e aproveitar a companhia um do outro, fazem um ao outro e felizes, e melhor, vocês amam. E mesmo que você tenha sido grosso com ela no telefone, o sentimento continua ali. Eu só fico pensando em como vocês conseguem manter esse relacionamento vivo?
Ele estava com os cotovelos nos joelhos, enquanto encarava o armário a sua frente, enquanto refletia em sua vida e em como as coisas estavam ruins para o lado dele.
— Exatamente isso que você disse, a gente se ama, e é pelo bem de amor que ainda estou com ela e vice-versa. — Jack início a resposta para sua pergunta. — Pelo que estou percebendo, você quer um relacionamento?
— Quase isso cara. — Justin respondeu.
— Quer ter alguém em sua vida que fique para sempre? — ele assentiu. — Bom, meu caro amigo, posso te dizer que não vai ser fácil. Você vai levar muitos foras, muitas ilusões, ansiedade, tudo demora e tem seu tempo. A única coisa que posso te dizer é, tenha paciência, e cuide dela.
O loiro franziu o cenho, perguntando-se á quem Jack estava se referindo. — Ela quem?
— Você sabe bem de quem eu estou falando, Drew. Mas o ponto é, se quer uma mudança em sua vida, apenas mude, pode parecer clichê e uma frase que todo mundo fala, mas escuta só; sua vida só depende de você, se quer alguém para ser sua parceira na vida, deve mudar, não apenas por ela, mas que você mesmo veja que suas intenções são as melhores. Foi difícil convencer Madison de que eu não estava com outras garotas enquanto saía com ela, ou que quando eu ia para festas encontrava com as marias patins e me sentia em um clube. Isso só vai fazer a situação piorar.
Ele entendeu o que Jack quis dizer, seria desgastante ter uma namorada que desconfiava dele o tempo todo por conta de seu passado na faculdade. E mesmo que pareça, e seja ridículo, era compreensível com a má fama que ele possuía. Ele queria ser um cara melhor, não apenas o jogador de hóquei que enche a cara e come todas, mas o jogador de hóquei que faz bem para a sua companheira.
— Valeu, cara! — Justin agradeceu Jack com um abraço de homem, enquanto o outro se retirava do vestiário, e ele ficava ali refletindo em que rumo deveria tomar para ajeitar sua vida e ser uma pessoa decente.
———
Mas que porra era aquela?
Ele sentiu os olhos arderem com a água que fora espirrada em seu rosto, iria matar a pessoa que estava fazendo aquilo assim que conseguisse se recompor.
— É melhor correr, Chaz, porque eu vou te matar. — Justin exclamou ao empurrar as cobertas de seu corpo, e levantar o tronco para tentar limpar seus olhos. E quando os abriu, não era bem o seu melhor amigo do ensino fundamental que estava ali com um borrifador.
E sim Stephen Baldwin, seu treinador do time de hóquei, e pai de Hailey, a demônia que não saía de sua mente.
— Como pode ver, não é o Charles. — a voz dele arrepiou seus sentidos, e tudo que conseguia fazer era pensar em o que ele estava fazendo de pé em seu quarto com a feição assustadora de sempre.
O medo subiu por todo seu corpo, não queria imaginar por que ele estaria ali. Não havia feito nada de errado, ao seu ver. Às vezes o que ele considera fora de risco, é algo que o treinador repudia, e só esperava que fosse isso. Mesmo sendo fanfarrão e fora das regras, Justin nunca fez nada demais que fosse prejudicar o time, estava sempre no horário, sempre bem disposto mesmo que de ressaca nos treinos. E apenas uma coisa passava por sua mente, a única razão pela qual o treinador iria acordar ele, ou qualquer um dos outros jogadores; o exame do anti-doping. O diagnóstico que dizia qual fim tomaria sua carreira na universidade.
— Olha só, sei que você está aqui porque pensa que eu vou testar positivo, mas saiba que houve um engano e eu jamais faria isso com você ou o time. — um Justin de boxer branca estava em pé e de mãos juntas enquanto tentava convencer o treinador de que era inocente.
— Mas do que você tá falando? Não é sobre isso que eu vim até aqui, garoto! Vá escovar esses dentes e vestir uma roupa, estarei te esperando lá embaixo para uma conversa. — o treinador disse, e se retirou do quarto, enquanto Justin estava boquiaberto, e curioso sobre o que fez o homem vir até sua casa lhe acordar e importunar às sete da manhã de uma sexta-feira.
E a única pessoa que poderia responder aquilo era Hailey. Por isso, pegou seu telefone que estava carregando no bidê ao lado de sua cama, e lhe mandou uma mensagem.
Por que seu pai está na minha casa?
Demônia: Explique?
Por que seu pai veio até a minha casa, me acordou, e está querendo conversar sobre algo sério? Se for alguma brincadeira eu vou te matar, Hailey.
Demônia: PQP
Demônia: 1: eu não sabia que ele iria até a sua casa. 2: Não estava entendendo nada até receber uma mensagem. E 3: Aparentemente estamos namorando, e é por isso que meu pai está aí.
Isso não tem graça.
Demônia: Não estou brincando, alguém espalhou que estamos namorando, e de alguma forma meu pai descobriu.
Que porra eu faço?
Caralho, por que alguém mentiria dessa forma?
Demônia: Diz que é verdade.
Demônia: Se você mentir, ele vai te quebrar por descobrir que dormimos juntos, então se ele nos ver a longo prazo, a raiva pela sua fuça vai ser menor, e também porque ele vai ficar uma fera comigo, e eu não quero isso, então apenas minta.
Você só pode ter bebido não é possível.
Mas ok, você vai ter que me recompensar por livrar sua barra do papai perfeito.
Estou indo escovar os dentes para enfrentar o treinador… Quer dizer, meu sogro.
Demônia: Justin… Apenas pareça verdadeiro e livra a minha barra da fúria do treinador.
Ele sorriu contra o telefone, mesmo que estivesse furioso com o falso boato feito por alguém que não estava em suas faculdades mentais boas, iria se divertir em usar aquilo contra Hailey. Não se importava de dizer ao treinador que havia dormido com a filha dele, era a verdade, e mesmo que ele sofresse nas mãos do homem por uns dias, depois tudo voltaria ao normal, não tinha dúvidas daquilo. Mas como Hailey estava tão amedrontada sobre o que o pai faria com ela, iria mentir e dizer que estavam em um relacionamento recente.
Justin rapidamente se levantou da cama e separou uma roupa decente para o frio que fazia, e se encaminhou ao banheiro para toar um banho rápido e escovar os dentes.
Assim que chegou ao primeiro andar, todos os meninos estavam com expressões curiosas sobre o que o homem fazia ali, e o loiro revirou os olhos os lembrar que teria de explicar tudo a eles, mas iria mentir para os amigos também, do contrário, uma hora eles iriam dar com a língua nos dentes e revelar a mentira que iria criar para Stephen, e todos os outros.
Mas antes, teria de lidar com o treinador com cara de bravo e tudo que ele queria saber.
— Vamos conversar lá fora. — fora o que o homem disse. E ele apenas seguiu o mais velho que estava indo até o deck nos fundos da casa.
Uma vez que já estavam acomodados nos assentos, fora a vez do homem indagar sobre o rumor que chegou ao seus ouvidos por meio de um colega que estava na academia quando viu Hailey e Justin próximos na esteira. Internamente, ele estava rindo, pois fora o dia em que discutiram, não sabia que seus corpos estavam tão próximos a pontos de as pessoas iniciarem a fazer fofocas daquele feitio. E também, aparentemente essa pessoa não assistiu os dois até o fim, pois não observou a hora em que Justin mostrou o dedo do meio para a loira.
— É verdade. Sua filha e eu estamos em um relacionamento.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.