- Porque não nos contou antes, Lydia - repreendia Scott na sala da casa da ruiva - Fazem três semanas que você sabe onde ela está e não nos falou nada! E onde diabos o Stiles está?!
Lydia olhava para eles com um olhar de culpa. Ela deveria ter dito assim que teve a visão. Mas ainda queria confirmar se era de fato um sinal ou apenas uma alucinação. E em três semanas ela sonhou cinco vezes com o mesmo garotinho. Que ficava repetindo o nome de Malia até Lydia acordar com a agonia da voz aguda da criança aumentando de volume.
- Olha, eu só queria fazer uma pesquisa por fora - disse ela - Verificar a possibilidade de ter sido um sinal sério. E eu liguei pra ele cinco vezes, ele deve estar no trabalho...
- Tudo com você é um sinal sério - disse Mason.
Theo tentava a todo custo, fazer Cora olhar para ele. Mas nada. Ele a olhava e ela virava o rosto. A cada momento, aquilo ia o corroendo mais. Não entendia o motivo da garota se fechar, e ignorá-lo.
- Tudo bem, me desculpem - disse ela - Mas eu pesquisei tudo que pode e não achei nada que ligasse Corine e Monroe ao Brasil...
- É porque não tem a ver com nenhuma das duas - disse uma voz ofegante.
Todos se voltaram e se depararam com Kira ensaguentada nos braços de Stiles parado na porta da sala de estar. Todos ficaram apavorados.
- Oh meu Deus - disse Cora indo até uma mesa no canto da sala e jogando tudo no chão - Coloca ela aqui!
Stiles obedeceu e colocou Kira delicadamente sobre a mesa. Ela fazia caretas de dor, e pressionava um corte profundo na perna. Suas roupas sujas e ensanguentadas sugeriam que faziam dias que havia se ferido. Stiles olhava para todos com um olhar de preocupação e as mãos tremendo. Sua camisa branca, não teria salvação, o sangue de Kira a havia manchado por inteiro.
- Eu..achei ela assim - disse Stiles.
- Onde?!- perguntou Scott olhando para a garota.
- Na estrada - disse ele - Ela saiu da floresta toda suja e ensaguentada...parecia fraca e quase bati o jipe para não atropelar ela. Quando sai e corri até ela...ela só ficava repetindo um nome em estado de choque... peguei ela no colo e trouxe pra cá.
- Que nome, Stiles?- perguntou Lydia analisando o ferimento em seguida olhando para ele aflita.
Stiles apertou os olhos e respirou fundo. Colocou as mãos na cintura e disse:
- Liam - ele abriu os olhos.
Scott sentiu seu coração disparar. Primeiro Malia, agora Liam. A lista de pessoas que se feriam era crescente. Sua responsabilidade como alfa, era lutar por sua alcatéia. Mas estava ficando sem forças pra isso.
- Kira - chamou Scott se aproximando e segurando a mão dela. Ela o olhou ainda com uma expressão de dor - O que aconteceu?
- Não é a hora certa pra isso Scott- disse Lydia - O ferimento não está se curando e infeccionou, precisamos levá-la a um hospital...
- Precisamos achar o Liam e a Malia - disse Scott rígido.
- ELA VAI AJUDAR MAIS SE ESTIVER VIVA! - gritou Lydia perdendo o controle.
Então Scott se deu conta do que estava acontecendo. Kira precisava de ajuda, e ele apenas ligava para Liam e Malia. Se sentiu mal pela ação egoísta e em seguida se desculpou.
- Me...me desculpe - disse ele - Levem ela pro hospital, vou ligar pro Deaton nos encontrar lá. Entrem pelo necrotério, vou avisar minha mãe para esperar vocês lá...
Em seguida Scott saiu.
Todos ali se olharam.
- Pega ela Stiles - disse Lydia - Vamos no meu carro.
****
Malia havia acabado de comer sua refeição diária. Era só o que ela tinha. Arroz e salada com um pedaço de frango minúsculo. Ela estava agora sentada no chão da cela acariciando a barriga volumosa. Ela não sabia ao certo quanto tempo tinha de gestação, mas sabia que já deveria poder saber se é um menino ou menina.
Ela às vezes parava e pensava nas palavras de sua mãe. "Não vou machucar seu precioso bebê, você fará isso por mim". Malia temia que ela estivesse certa. Que ela se tornasse um monstro sanguinário como Corine ao sentir a falta que seus poderes fariam. Ao sentir parte dos seus poderes sendo arrancados dela. Malia sentia um amor imenso por seu filho... Mas e se Corine também a amasse antes de se sentir fraca e impotente? E se Malia passasse a querer tirar a vida do seu propróprio bebê assim que ele nascesse? Era essa a pergunta que rondava sua mente: e seu eu for como ela?
Seus devaneios foram interrompidos pelo barulho das infinitas trancas de metal sendo abertas. Em seguida, por uma réstia de luz, Malia pode ver a pessoa ensaguentada, fraca e ferida que era arrastada até ali. Assim que abriram sua cela e começaram a acorrentar o outro prisioneiro, Malia ergueu os olhos em um misto de preocupação e alegria por ver alguém conhecido
- Liam?! - susurrou ela chamando o garoto. Ele ergueu os olhos distantes e exaustose fez uma expressão confusa ao vê-la.
- Malia?! - ele disse assim que fecharam a cela e os deixaram ali a sós - O que faz aqui?!
- Me pegaram em Beacon, não ficou sabendo?!- perguntou ela.
- Eu...Sai de Beacon logo após o ataque - disse Liam com voz de culpa - A culpa é minha...pegaram a Kira por minha causa.
- Kira também está aqui?- perguntou Malia.
- Estava...ela pode até estar...mo..
- Ela não está morta Liam - encorajou Malia - Conheço ela o suficiente para saber que ela é forte o suficiente pra sair dessa...e você também vai.
- Nós vamos - disse Liam - Temos que sair daqui...pelo que percebi somos três aqui nessa cela.
Liam sinalizou para a barriga avantajada de Malia. Ela sorriu ao acariciá-la. Já podia sentir o bebê se mexendo dentro dela. O que a fazia sorrir cada vez que sentia. Era a confirmação de que ele ainda estava ali. Era como se ele dissesse: não se preocupe, estou aqui, estou bem.
- Quero que assim que ele nascer - disse Malia - Dê um jeito de fugir com ele.
- Não saio daqui sem vocês dois.
- Não é uma sugestão Liam, minha mãe me fez perceber que...talvez eu possa ser como ela, meu filho não precisa de uma psicopata egoísta... Não acho que eu possa ser uma boa mãe.
- Olha eu não faço a mínima idéia do que ela está fazendo com você - disse Liam com ternura - Mas eu sei, que você é gentil, bondosa e que sempre coloca amigos e família acima de si mesma... Você não é como ela, sei que será uma boa mãe.
Malia sorriu e Liam retribuiu. Em seguida ela se escorou na parede e ele também.
- Já escolheu o nome?- Liam quebrou o silêncio.
- Essa decisão não é só minha - disse ela de olhos fechados - E nem sei se é menino ou menina.
- Mas deve ter pensado em um nome - disse ele.
Malia suspirou.
- Quando eu era criança - disse ela - Eu tinha um caderninho. Lá eu colocava os nomes que mais achava bonitos, eu escrevia cada um que eu ouvia e achava lindo... Dizia que quando fosse mãe, olharia em meu caderno pra saber o nome da minha filha ou do meu filho. Por incrível que pareça achei ele esses dias, mais ou menos dois meses antes do ataque. E eu li ele inteiro, e tinham dois nomes que estavam escritos mais de quarenta vezes... Sei que Scott deve opinar também, mas eu acho que se ele me deixar escolher...serão esses.
- E quais são? - perguntou Liam.
- Josie e Érick - disse ela com um sorriso acariciando a barriga.
- Você tem um palpite de qual o sexo do bebê? - perguntou Liam.
- Dizem que uma mãe sempre sabe, e eu não sei...acho que é um sinal de que, talvez eu não vá ser uma boa mãe.
****
- Eí! Cora espera - chamou Theo enquanto a garota se afastava do hospital pelo caminho mais longo.
Ela ainda estava desconfortável, por conta do que aconteceu entre eles. Cora sempre quis manter sua pose impenetrável, e não gostou nada quando Theo conseguiu fazê-la baixar a guarda. Se sentia fraca por isso, impotente. Para ela, amor era fraqueza.
- Porque está me evitando?- perguntou ele segurando o braço dela ao ver que ela não pararia.
Cora se virou e fechou os olhos buscando as palavras.
- Não estou te evitando - disse ela tentando parecer natural - Estou apenas...tentando me concentrar no que importa agora.
- Sabe que isso não é uma boa desculpa, pra falar a verdade é péssima.
Cora assumiu uma expressão irritada.
- O que espera que eu diga? - disse ela - Que estou te evitando porque tenho medo de me apaixonar por você?
- É talvez seja isso mesmo - disse ele decidido - Olha, você quase me beijou no dia do ataque, acha mesmo que eu penso que não significou nada?
- Não significou nada, Theo - disse ela.
- Então me FALA - disse ele alterado - FALA QUE NÃO SENTE NADA POR MIM, É SÓ DIZER....e te deixo ir.
Ela pensou bem. Ela não era de mentir. Mas Theo era uma distração que poderia deixá-la morta. Ela não podia dar brecha para que usassem ele contra ela algum dia. Sua mãe sempre lhe dizia "Quem ama deixa ir se for o melhor para a outra pessoa".
- Eu, não sinto nada por você - disse ela se dando vários passos para trás de costas. A dor na sua voz foi mais aparente do que ela desejava que fosse.
Theo sentiu aquilo como um soco na boca do estômago. Ele jamais havia sentido dor como aquela. Mas ele ouviu o coração dela ao pronunciar aquelas palavras. Era mentira. E Theo iria provar que estava certo.
- Então isso não vai significar nada - disse ele enquanto andava em passos firmes e decididos até ela.
Ao chegar próximo a ela, ele a puxou para junto de si preenchendo cada espaço entre eles. Em seguida juntou seus lábios aos dela com urgência. Cora levou alguns segundos para raciocinar sobre o que acontecia. Então ela não lutou. Se entregou e fechou os olhos beijando ele de volta com paixão, não se importaram com as pessoas que passavam nas ruas, naquele momento só haviam os dois. Cora deslizou suas mãos para a nuca dele e o puxou para mais perto. Ela precisava de mais. Ficaram ali até não aguentarem mais. Então se afastaram apenas o suficiente para respirar. Com seus narizes se tocando, podiam sentir a respiraração um do outro. Theo sorriu vitorioso. Cora levou a mão aos lábios dele acariciando lentamente.
- Amor é fraqueza, e eu não queria ser fraca - confessou ela num susurro.
- Acredite - disse ele mechendo nos cabelos dela - Pra me amar, tem que ser muito forte.
Ela sorriu e selou seus lábios novamente. Pela primeira vez na vida, Theo sentia que estava provando um amor de verdade.
****
Kira abriu os olhos e viu Scott a encarando. Ela fez uma careta de dor e desistiu de sentar na cama.
- Como você está?- perguntou ele.
- Como se importasse pra você - respondeu ela fria.
- Olha, Kira eu sinto muito...Só estou desesperado. O Liam e a Malia foram levados e eu...esgotei todas as minhas alternativas de achá-los. O FBI não pode nos ajudar, sem uma pista concreta.
- Felizmente, tenho essa pista.
- Sério?! - perguntou Scott animado.
- Sim, mas só te dou se... Me aceitar de volta na alcatéia.
Scott sorriu e ela retribuiu.
- O que te fez mudar de idéia? - perguntou ele.
- Um beta bem teimoso - disse ela com um sorriso bobo, que logo sumiu ao se lembrar de Liam - Temos que achar ele, por favor. Prometa que vai achar ele.
- Claro que vou. Mas precisa me dizer onde está.
- Nós fomos pro Brasil, atrás de uma pista. Um galpão abandonado, estavamos lá observando de longe a mais ou menos três semanas atrás. Quando nos acharam, nós lutamos e Liam segurou eles pra mim fugir - ela fechou os olhos com a dor que a memória trazia - Ele se sacrificou pra mim escapar. Corri, mas como estava ferida, não podia ir num avião comercial, peguei um clandestino e ele me trouxe pra Beacon. Agora levaram ele, e eu suspeito que pro mesmo lugar que Malia.
- E onde é isso?- perguntou Scott.
- Amazônia, no Brasil - disse Kira - Mas aquele lugar é mais seguro que a NASA, é impossível invadir.
- O pessoal do FBI - disse Stiles aparecendo no quarto - Já invadiu a NASA, esse galpão vai ser moleza.
- Chame os outros - disse Scott - Vamos pro Brasil...Vamos salvar nossa alcatéia.
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