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História Lifeline - Audacioso.


Escrita por: gcaroliny

Capítulo 4 - Audacioso.


Fanfic / Fanfiction Lifeline - Audacioso.

Aurora Grace.

Northwestern Memorial Hospital, Chicago - Illinois.

01:12 a.m, 17/08/2015.

 

Levantei minhas sobrancelhas após a notícia recém chegada e franzi o cenho durante alguns segundos apertando a mão de Jeffrey. Ri mentalmente porque minutos atrás ter pensado que ele não aparentava ser algum tipo de médico e agora ter sido nomeado o mais novo cirurgião-chefe do Memorial. Aquilo era engraçado, pois rapidamente lembrei da frase do meu mais novo paciente problemático “as aparências enganam, minha cara.”. É, ele realmente usou uma frase verídica.

— Aurora? - Jeffrey chamou-me retirando todos meus devaneios.

— Pois não? - sorri o olhando.

— Você ainda está balançando nossas mãos. - riu brincalhão, enquanto eu ainda as balançava, me fazendo puxar minha mão envergonhada.

— Oh… Me Desculpe… Eu… Perdão… - gaguejei enquanto me desculpava e ele ria balançando a cabeça baixo.

— Ei, relaxe. - interviu tocando meus ombros inquietos. - Está tudo bem. - relaxou-me e ri sem graça.

— Ignore esses comportamentos estúpidos de Grace, Jeffrey. - Kristen começou me fazendo arregalar os olhos com tamanha audácia. - Venha, preciso lhe apresentar o resto do hospital. - o chamou enquanto dava meia volta no balcão e andava em sua frente.

— Te vejo depois, morena. - sorriu me lançando uma piscadela, logo depois foi atrás de Kristen. Oh, ele era uma versão mais velha de Martin.

Era visível o quanto Kristen balançava seu quadril enquanto andava na expectativa de chamar a atenção de Jeffrey, aquilo era tão estúpido. Ri mentalmente pela falta de pudor vindo dela e revirei os olhos sozinha, fazendo com o que uma mulher que acabava de passar do meu lado me olhasse torto. Logo, uma fila com três camas de hospital estavam sendo arrastadas uma atrás da outra, cada uma com apenas uma criança deitada, e do lado de uma delas estava Martin.

— O que aconteceu? - silabei apenas para ele.

— Problemas na ala da pediatria. - entortou a boca me respondendo da mesma forma. Uma enfermeira acabava de passar ao seu lado e com isso ele aproveitou para puxá-la, a deixando em seu lugar, enquanto ele vinha em minha direção.

— Que tipo de problema? - perguntei.

— Edgar não fez a manutenção dos aparelhos das salas cirúrgicas e de alguns quartos. - respondeu e eu assenti. - Por isso estamos transferindo algumas crianças para o andar de baixo.

— Ultimamente ele anda vacilando muito em relação ao hospital, huh?

— Verdade. - bufou. - Não sei como já não chamaram a atenção dele. - assenti.

— Viu a Celeste? - perguntei rolando os olhos por todo o corredor.

— Comendo. - riu nasalado. - A única coisa que ela sabe fazer.

— Cale a boca. - soquei seu ombro brincando e sai andando.

Andei em passos razoáveis indo em direção a pequena praça de alimentação no andar debaixo que ali tinha e fui procurar Celeste. Quando ela não estava atendendo alguém sem dúvidas ela estava comendo, era basicamente ações automáticas. Examinar, comer. Comer, examinar. Examinar, comer e chorar. Ah, esqueci de acrescentar o “chorar”, ela sempre chorava por conta de algum paciente, nem que fosse apenas uma vez na semana. Cocei minha nuca e logo avistei-a sentada em uma das mesas de concreto ao ar livre, tendo a sua volta mais pessoas da mesma forma. Ao perceber minha presença ela franziu o cenho surpresa e riu enfiando um pedaço de pão na boca, talvez pelo fato de eu quase nunca fazer companhia a ela enquanto comia.

— O que manda? - disse assim que me sentei a sua frente com a boca cheia.

— Nada. - dei de ombros e ela semicerrou os olhos curiosa.

— Tu tá querendo me falar alguma coisa, Grace. - rebateu tomando o leite da caixinha branca.

— Não é como se eu apenas me aproximasse de você para pedir ou falar alguma coisa. - debochei revirando os olhos.

— Aurora…

— É sério!

— Te conheço mais que você mesma. - ironizou descascando uma tangerina que ali tinha.

— Fique quieta, James.

— Me chame de James novamente e eu arranco seus seios. - ameaçou-me e enruguei meu nariz, enquanto segurava meus seios discretamente desaprovando tal ato.

— O que há, James? - ri alto atiçando-a.

— Se não for para falar algo relevante se manda. - rebateu irritada. - Tenho coisa melhor para fazer.

— Comer? - zombei.

— Sem dúvida, Bunny. - afirmou rindo.

— Faz tempos que não me chama de Bunny. - lembrei.

— Tipo, três dias atrás? - fez uns gestos com as mãos e eu ri, lembrando que realmente não fazia muito tempo.

— Mas me parece muito tempo.

Celeste me chamava de Bunny em momentos aleatórios, assim como me chamava de Aurora ou Grace. Ela e eu amávamos apelidos, tanto é que desde que nos conhecemos arranjamos diversos apelidos uma para a outra. Bunny surgiu, pois em uma das nossas conversas relembrando o passado, Celeste havia descoberto que eu tinha tido dois coelhinhos, que na época eu deveria ter sei lá, uns dez anos de idade. Era um casal, a fêmea, de acordo com meu magnífico dom de escolher nomes, chamava-se Shine, e o macho Boo. Celeste tinha rido da minha cara, mas realmente? Não eram nomes tão ruins assim. Eu, verdadeiramente, amava coelhinhos, eram tão fofos e não faziam praticamente nada. Olhando bem tinham até semelhanças com Celeste, apenas comiam e faziam suas necessidades. A coelhinha aqui não deveria ser eu e sim ela. Acordei dos meus pensamentos assim que ouvi o engasgo da pessoa a minha frente e eu a olhei preocupada.

— Está bem? - perguntei retoricamente ao perceber sua face avermelhada.

— Pareço bem para você? - ironizou ao se recompor. Por Deus, até engasgada essa garota é mal agradecida!

— Travis não está dando conta, pequena Cê? - debochei rindo e retribuiu da mesma forma, entrando na brincadeira.

— Sabe como é, né? Sou muita areia para o caminhãozinho dele. - jogou os braços no ar exibindo-se.

— Qual o motivo? - perguntei.

— De que?

— “De que?” - imitei-a com a voz fina. - Do engasgo, ora!

— Ah, sim. - disse para si mesma. - Vi um homem ao lado da rabugenta, mas acho que é mais um amante de Kristen, vi eles caminhando juntos. - deu de ombros. - Se bem que ele é o maior bonitão para ela.

Amante? Kristen e um hom… Oh, ela estava falando de Jeffrey.

— Eles não estão juntos. Ele se chama Jeffrey, nosso novo cirurgião-chefe.

— Novo cirurgião?! - gritou e eu cobri meu rosto ao notar que todos ali nos olhavam. - Deus ouviu minhas preces e finalmente retirou aquele velho babão! - disse ainda alto olhando para o céu escuro, ela referia-se ao antigo cirurgião.

— Pelo amor de Deus, Celeste. Pare de me fazer passar vergonha. - falei baixo e ela revirou os olhos.

— Você que me f… Espera, espera, espera! - interrompeu a si mesma toda agoniada e eu a olhei curiosa. - Como diabos você sabe o nome dele? - levantou a sobrancelhas enfiando um pedaço da tangerina na boca.

— Eu estava andando por lá e os encontrei, então Kristen nos apresentou e foi mostrá-lo o resto do Memorial. - expliquei. - Ah, e ele é bem mais bonito de perto. - pisquei e ela deu um suspiro.

— Acho que quero fazer uma cirurgia. - disse e eu ri.

— Fique quieta, você já é comprometida. - reviro os olhos.

— Se bem que entre ele e Travis, prefiro Travis. - fez pouco caso e eu fiquei calada esperando algo mais. - Ou talvez não. - completou baixo mordendo mais uma parte da tangerina.

— Inacreditável. - neguei rindo enquanto me levantava do banco de concreto.

— E teu novo pacientezinho? - referiu-se à Justin.

— O que tem?

— Está bem?

— Até agora sim. - respirei fundo cansada. - Dei um analgésico para aliviar a dor e mais tarde ele fará exames de sangue e uma tomografia.

— Ah… - murmurou.

— Vou indo. - avisei saindo.

 

❖❖❖

 

— Sim senhor. - bufei respondendo mais uma vez aos avisos de Scooter através da ligação telefônica.

Eu havia sido chamada a sala de Edgar e ao chegar na mesma fui avisada que alguém me ligava, e esse alguém era ninguém mais ninguém menos que Scooter Braun. Ele havia me avisado diversas vezes para não deixar ninguém estranho perto de Justin e que se precisasse seus seguranças iriam fazer escolta fora do quarto. Se fosse para não chamar atenção, certamente dois gigantes de preto em frente ao quarto dele não iria ajudar. A solução mais viável era deixá-los na entrada do hospital e quanto ao quarto de Justin sua porta iria permanecer fechada. Algumas outras informações já faladas eram retomadas por ele e eu apenas escutava, fazendo pouco caso. Ele me pedia que nenhuma informação antecipada fosse vendida a imprensa, e óbvio, sem a sua permissão. Dizia também para que nós pudéssemos agilizar todo o processo de exames o mais rápido possível, e mais outras coisas.

— Sim, Scooter. Entendi. - repeti novamente.

— Certo. Até mais. - e desligou.

O número de ligações para o hospital havia aumentado drasticamente após o acontecido, e por isso Edgar recusava atender todos os telefonemas. Ela apenas atendeu o de Scooter, pois o mesmo havia ligado para seu celular particular.

— Aqui. - estendi o celular para Edgar sentado em sua poltrona.

— O que ele disse? - pegou-o da minha mão.

— Nada demais. - dei de ombros e saí da sala.

Ficar sendo cobrada por responsáveis dos seus pacientes era um saco, mas ficar sendo cobrada pelo responsável de Justin Bieber era um inferno. Scooter, antes de ir embora, já havia me dito tudo aquilo, não tinha necessidade de me ligar novamente para falar coisas que eu já sabia. Andei para checar a saúde de Bieber e de repente o barulho do botão de alarme de algum quarto era acionado junto com o barulho do desfibrilador sendo arrastado sob o chão. Gritos de alguma médica eram ouvidos e entre eles o meu nome foi ouvido, corri para ver o que estava acontecendo e logo notei que o paciente com parada cardíaca era o meu. Justin estava tendo uma parada cardíaca.

— Grace! - gritaram e eu me aproximei rápido ao notar Justin deitado sob a cama sem batimentos.

— Minha nossa. - resmunguei baixo. - Desfibrilador! - as placas foram estendidas para mim. - Carregar em trezentos. - falei assim que o gel era passado nas placas.

— Não deixe ele morrer, Aurora. - alguém atrás do novo amontoado de pessoas havia dito.

Respirei fundo e após o grito de que já estava carregada em trezentos me prontifiquei para apertá-las sob seu toráx. Fui impedida, pois de repente seus olhos se abriram e um sorriso sacana era revelado, me fazendo arregalar os olhos e lançar um olhar curioso.

— Eu ainda não morri, Doutorinha. - riu passando as mãos por trás da cabeça.

Alguns cochichos curiosos começaram a se revelar e agora pessoas ao nosso redor tentavam entender o que havia acabado de acontecer. Semicerrei os olhos e rapidamente puxei o cobertor que cobria seu peitoral coberto por Justin segundos atrás, e acabei notando que ele havia desconectado os fios do seu corpo que faziam com o que a máquina de batimentos apitasse. Formei um “o” com a boca e ele riu rouco, ainda olhando para minha feição estranha.

Não acredito que ele teve a audácia de fazer isso!

— Saiam daqui! Voltem a cuidar de suas vidas! - mandei embora todos aqueles enfermeiros curiosos. - Levem de volta a máquina e me deixem sozinha com ele. - pedi as enfermeiras que sobraram e assim elas fizeram, fechando a porta logo em seguida.

— O que foi? - disse rindo de lado e eu passei as mãos no cabelo impaciente.

— Fique calado. Só isso que eu peço. - pedi ao me aproximar e voltei a grudar brutalmente todos os fios ao seu corpo. - Brincadeira ridícula. - murmuro.

— Por que está bravinha, Aurora? - debochou não cedendo ao meu pedido. - Não fiz nada demais.

— Quem estava tendo um ataque cardíaco aqui era eu. - soltei e ele riu.

— Dá para ir devagar com isso? - referiu-se ao fios que eu grudava sem cuidado.

— Aposto que em menos de vinte minutos Scooter vai ligar para saber o que aconteceu, até porque é meio impossível nenhum dos enfermeiros ter aberto a boca para a imprensa. - respondi. - Ah, e também eles vão começar a publicar notas falsas sobre você.

— Não é como se eles nunca tivessem feito algo do tipo. - revirou os olhos pegando o controle e ligando a televisão.

— Ah… - murmurei e ele atraiu seu olhar descarado para mim, que prendia meus cabelos curtos em um penteado improvisado. - Justin, pelo amor de Deus, nunca mais faça algo do tipo.

— Eu só estava com fome. - riu dando de ombros e voltando a olhar para a televisão.

— E precisava fazer tudo isso? - fiz um gesto abrangente com as mãos. - Eu falei que você só precisava apertar a merda do botão. - respondi irritada.

— Justin Bieber sem causar, não é Justin Bieber. - piscou me fazendo revirar os olhos.

Bieber ainda me traria longas e fortes dores de cabeça.


Notas Finais




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