Era cedo de manhã, o sol havia acabado de nascer. Mas no mar de areia o surgimento do sol já fez a temperatura aumentar drasticamente.
As tribos serpentine estão reunidas em Ouroboros para um evento de duelo. Os guerreiros mais jovens da tribo irão batalhar entre si para provar sua honra e dignidade. Os generais das tribos devem assistir a todo o evento como a tradição manda, então Skales e os outros generais estão reunidos.
A atual batalha é entre um jovem fangpyre contra um jovem venomari. Ambos os guerreiros estão armados com espadas e escudos. A luta é violenta, mas o objetivo é incapacitar o outro, e qualquer ataque com o objetivo de matar será repreendido e o guerreiro automaticamente desqualificado, trazendo vergonha e desonra para sua família. O combate estava acirrado, mas, finalmente, o fangpyre conseguiu explorar uma abertura e chutar o venomari, que tentou defender com seu escudo, mas ainda assim foi lançado para trás, caindo de costas e perdendo sua arma.
Já era óbvio quem havia ganhado e os generais já iam declarar a vitória do fangpyre, mas então escutou-se o barulho de hélices e um helicóptero fangpyre sobrevoou o campo de batalha antes de pousar nele. A porta do helicóptero abriu e um constrictai apressado saiu de lá de dentro carregando um sombreiro e uma espreguiçadeira dobrável. Ele fincou o sombreiro aberto na areia e desdobrou a espreguiçadeira sob a sombra. O constrictai ainda tirou um copo cheio com um refresco gelado com um enfeite de guarda chuva.
Garmadon saiu do helicóptero encarando as serpentes com um ar de superioridade. Ele caminhou até o sombreiro onde sentou-se na espreguiçadeira, tomando o refresco das mãos do constrictai.
Após tomar alguns goles da bebida gelada, o lorde sombrio disse: — Tanta luz… Como sua espécie vive neste calor?
— Lorde Garmadon, o que o traz ao nosso humilde lar? — Skalidor o recebeu.
— Os ninjas podem ter destruído minha mega-arma, mas eu tenho um novo plano engenhoso.
Faz uma semana desde o último plano de Garmadon no qual ele perdeu sua tão preciosa mega-arma. No início era um ótimo plano e Garmadon acreditava que não haveria falhas, e teria sido assim se ele tivesse pensado melhor em suas ações. Garmadon usou sua mega-arma para voltar no tempo e impedir que Kai, o ninja vermelho, se juntasse aos outros ninjas. Tudo estava dando certo no início, mas ele não contava que os ninjas o seguissem para o passado e impedissem seu plano. Mas quando ele conseguiu contornar os problemas e parecia que a vitória estava em suas mãos, os ninjas novamente surgiram, mas com as armas douradas em mãos. Eles usaram as próprias armas do qual a mega-arma era feita para destruí-la. Com a destruição da mega-arma o poder dourado dentro dela se dispersou e começou a agir para restaurar o equilíbrio natural de Ninjago, enviando Garmadon e os ninjas para antes de o lorde maligno voltar no tempo.
— Ainda vamos permitir que ele nos comande? — Skales sussurrou para os outros generais, tentando convencê-los a desistir de Garmadon definitivamente.
— Quando os piratas fizeram motim no navio e nos prenderam, o diário do capitão Sato mencionou que buscavam um local chamado Ilha Sombria, criado do próprio mal — Garmadon prosseguiu sem ouvir a rebelião de Skales — Se a encontrarmos, o poder oculto que deve existir naquele local vai me ajudar, ahh… digo, nos ajudar. Poderíamos governar Ninjago juntos!
— Ahh! Por favor! Quer procurar por contos de fadas agora? — Skales desdenhou.
— Não é um conto, é um lugar real que existia bem antes de nós. Um lugar de poder imensurável!
— Poder imensurável? Conte comigo — disse Skalidor convencido pelo discurso de Garmadon.
Depois disso foi fácil para Garmadon convencer os outros generais serpentine a apoiá-lo, apenas Skales parecia relutante e descrente nesse novo plano.
A confiança do general hypnobrai para com Garmadon já era pouca no início e só foi se desgastando a cada falha do homem sombrio. Ele já quer a muito tempo se desvincular do lorde maligno, mas sabia que se não tivesse o apoio dos outros generais, sua tribo seria isolada, e isso é o que ele menos quer depois de tanto trabalho para chegar a relação atual entre as tribos.
Resignado, Skales seguiu Garmadon e os outros para dentro do helicóptero, que partiu para as últimas coordenadas descritas no diário do capitão Sato. Mas o hypnobrai continuou a pensar em uma forma de convencer os outros generais a abandonar Garmadon. É só uma questão de tempo até que ele encontre uma resposta.
...
Lloyd e Kai estavam no convés superior do Bounty. Desde que o loiro revelou para o ninja vermelho sobre a escuridão em seu ser, eles vinham treinando em segredo nesse horário, já que os outros geralmente ainda dormiam a essa hora, para que o ninja verde aprendesse a manter a vontade sombria sob controle.
Lloyd rosnou raivosamente. Os olhos piscando entre verde e vermelho.
— Vamos lá, Lloyd! Eu sei que você pode fazer isso. Lute contra isso — incentivou Kai.
Lloyd ofegou profundamente e com um último empurrão com sua vontade, ele forçou as sombras para o fundo de seu ser novamente. O loiro deixou-se cair de costas. Ele encarou o céu ainda escuro enquanto tentava recuperar o fôlego. Ainda faltava pelo menos mais uma hora até que o sol nascesse na Cidade de Ninjago. Lloyd mal percebeu quando Kai se juntou a ele, deitando-se no chão do convés bem ao seu lado.
— Você está bem? Hoje parece que você estava tendo mais problemas do que nos outros dias — Kai disse. Ele virou a cabeça para encarar Lloyd.
O ninja verde confirmou e disse: — Wu me disse que é natural que essa escuridão se torne mais forte com o passar do tempo, mas ele está otimista. De acordo com ele, isso não está afetando meus ideais e pensamentos, ao menos não diretamente. Ele acredita que o veneno do Grande Devorador está afetando principalmente minhas emoções, e são esses sentimentos que acabam distorcendo minha mentalidade.
Kai grunhiu em confirmação e falou: — Lloyd, você pensou sobre… você sabe… contar para os outros?
Não foi a primeira vez que Kai levantou a questão. E Lloyd entendia a preocupação dele, mas ainda assim…
— Eu acho que ainda não é o momento…
— Mas em algum momento eles vão descobrir o que está acontecendo e é melhor que seja por você. Você não pensa no que pode acontecer se você perder o controle em meio a um combate e eles te virem daquela forma? — insistiu o ninja vermelho.
— Sim, claro que sim! Mas, Kai, meu pai ainda está lá fora e não sabemos o que ele está planejando. Eu não quero jogar mais esse problema em cima dos outros — o loiro declarou.
— Tudo bem. Eu confio em você. Mas pense sobre isso — Lloyd fez um gesto indicando que levaria o pedido em consideração, apesar de não muito contente, Kai aceitou.
Kai se levantou e ofereceu a mão para ajudar Lloyd a se levantar também.
— É melhor irmos fazer o café da manhã — disse Kai, percebendo o quão faminto estava.
Eles foram até a cozinha. A cozinha do Bounty era o sonho de qualquer dona(o) de casa. Ela é equipada com um fogão elétrico, exaustor e até uma chapa para lanches, panelas antiaderentes e todo tipo de eletrodoméstico para culinária. Há uma despensa, geladeira e um freezer com ingredientes e suprimentos para todo um mês. Há armários suficientes para guardar todos os eletrodomésticos e a louça. Por último, mas não menos importante, a pia.
Lloyd foi até a geladeira e depois a despensa para pegar todos os ingredientes necessários para fazer omeletes. Enquanto Lloyd se ocupava com a separação dos ingredientes, Kai foi fazer uma vitamina de frutas vermelhas. Com tudo pronto eles foram para a cabine de jantar.
— Uhh! Isso está muito bom! — Kai elogiou a culinária de Lloyd.
— O-obrigado — Lloyd corou com o elogio. O loiro cavou sua pilha de 5 omeletes e começou a comer rapidamente, como se estivesse passando fome por vários dias.
Desde que Lloyd envelheceu subitamente, o metabolismo dele disparou, para compensar isso o loiro começou a devorar uma grande quantidade de comida. A princípio, Lloyd ficou envergonhado e preocupado com a quantidade de comida que ele estava ingerindo, mas Cole, que comia quase tanto quanto ele, o tranquilizou e ainda disse que isso o ajudaria a ganhar uma boa massa corporal e então adquirir uma massa muscular mais definida a partir de uma rotina de treino regular.
Um tempo depois, Zane chegou a cozinha, cumprimentando os dois. Antigamente, o nindroid era o primeiro do grupo a acordar, mas desde que começaram a treinar de manhã bem cedo, Lloyd e Kai passaram a levantar antes dele. Zane estranhou nos primeiros dias, mas logo se acostumou, aceitando aquilo como um ato de seus companheiros tentarem uma rotina mais matinal. Logo depois de Zane veio Nya, depois Cole e por fim Jay.
Assim que terminou de comer, Nya saiu para conferir os computadores do navio, despedindo-se de Jay com um selinho nos lábios, que fez o ruivo corar e rir abobado. Os ninjas continuaram na sala de jantar jogando conversa fora ou ainda comendo. Foi quando Wu apareceu.
— Já estão todos levantados. Maravilhoso. Antes de iniciarmos nosso treinamento matinal, notei que o dragão fez sujeira lá fora. Parece trabalho para duas pessoas — os ninjas reclamaram, desanimados. Wu apenas os ignorou, roubou o prato de omelete e o copo de vitamina de Jay, que protestou inutilmente, e foi embora.
Rapidamente, Zane, Cole, Jay e Kai começaram a buscar alguma desculpa para deixar o local e se ocuparem com alguma outra tarefa menos nojenta.
— Lloyd, você dá conta disso sozinho — disse Jay, dando tapinhas amigáveis nas costas do loiro antes de correr para a porta junto com os outros.
— Vocês jogaram muitas tarefas em cima de mim quando eu era pequeno. Mas agora eu cresci, isso não é justo! — protestou.
Kai olhou para o Lloyd, lembrando-se de mais cedo. Ele ainda deve estar muito cansado da sessão de treino desse dia. Realmente não era justo empurrar essa tarefa para ele, por mais que Kai quisesse evitar a tarefa também.
— Tem razão, Lloyd. Vamos resolver isso como homens. Com uma rodada de pedra-papel-tesoura. — disse Kai animado — Mas como o Sensei disse que é um trabalho para duas pessoas então eu vou fazer dupla com o Lloyd. Se vencermos de vocês três ficamos livres e depois vocês resolvem entre si quem vai limpar a merda.
Cole, Zane e Jay olharam entre si e confirmaram com sorrisos confiantes. Rapidamente, Lloyd e Kai combinaram qual opção irão jogar enquanto os outros faziam a mesma coisa. Assim que tudo estava certo, eles se reuniram em um círculo.
— Certo, no três — Kai disse e então começou a contagem. Assim que chegou no três, todos jogaram o movimento escolhido, para azar do ninja vermelho e verde, eles jogaram pedra enquanto os outros foram com papel.
— De acordo com meu conhecimento sobre esse jogo, papel ganha da pedra — informou Zane.
— Como papel ganha da pedra? — reclamou o loiro, fazendo biquinho.
...
Lloyd abriu a boca do saco e Kai despejou as últimas fezes com a ajuda de uma pá. Ambos estavam usando óculos de proteção pois os gases liberados pelas reações químicas nas fezes faziam os olhos arderem e lacrimejarem.
— Bem, podia ter sido pior — falou Kai, com um sorriso aliviado.
— Ainda me incomoda sempre ficar com o trabalho sujo — protestou o loiro enquanto fechava o saco e desviava o rosto para evitar o cheiro rançoso.
— Lloyd, ter um dragão de estimação exige muita responsabilidade — afirmou Cole.
— Sua mãe proibia animais? — Jay perguntou curioso.
— Eu… não lembro da minha mãe, — Lloyd disse, olhando para o chão com melancolia — ela me abandonou quando eu era bem jovem.
— Ela simplesmente foi embora? — Kai perguntou, surpreso — Quem tomou conta de você?
— Passei boa parte da minha infância no Internato Darkley.
Os ninjas escutaram o alarme de emergência vindo do Bounty e pouco tempo depois Nya surgiu, escorregando pela corrente da âncora até o telhado do prédio onde eles estavam com o dragão.
— Tenho uma missão para vocês — ela declarou emergente — O Museu de História está chamando a ajuda dos ninjas. Algo muito estranho aconteceu.
— O que está acontecendo? — questionou Kai, preocupado.
— Vocês vão precisar ver para acreditar — foi tudo que Nya disse.
Os ninjas correram para ir se prepararem. Quando Kai e Lloyd passaram por Nya, o loiro estendeu o saco de fezes e os óculos.
— Segura isso, Nya. Obrigado — disse Lloyd antes de correr atrás dos outros. Kai deu de ombros para a irmã, com um sorriso meio sem graça, e foi atrás do loiro.
— Espera aí. O que eu faço com isso? — a garota tentou ir atrás deles, inutilmente.
…
O diretor do museu já estava esperando na entrada pelos ninjas. Assim que os viu entrar, foi recebê-los com alegria e alívio.
— Graças aos céus vocês estão aqui.
— Soubemos que houve uma emergência — falou Wu, que decidiu acompanhar seus alunos nesta missão.
— Sim, venham rápido, por aqui — o velho diretor os instruiu pelo caminho. — A exposição do Guerreiro de Pedra abre hoje e isso veio na pior hora.
— O que veio na pior hora? — Kai perguntou, apreensivo.
— Ninjago agradece a destruição do Grande Devorador, mas parece que seu veneno tóxico vazou para o esgoto e teve um efeito muito incomum — informou o diretor, apontando para uma região onde dois faxineiros limpavam uma poça de um líquido verde meio brilhante. Lloyd sentiu seu estômago revirar com a visão do veneno.
O diretor foi até uma porta. Assim que ele a abriu, os ninjas se assustaram com a visão do outro lado. Na sala há alguns vasos, esculturas e tapeçarias, mas tudo não passava de mercadoria para o público do museu. Mas o que realmente surpreendeu os ninjas foi a horda de bonecos do Guerreiro de Pedra. As criaturinhas estão vivas! Os olhos dos bonecos brilhavam com uma cor verde tóxica. Eles corriam pela sala, pulando de um lado pro outro e quebrando as outras mercadorias.
— O veneno tóxico fez nossa mercadoria ganhar vida — o diretor informou o óbvio. — Estão incontroláveis. Não sabia mais a quem chamar.
Os bonequinhos gritaram animados com a visão de novas pessoas para atormentar. Um deles saltou na direção de Zane, mas o ninja branco conseguiu segurá-lo a tempo, mas não pode impedi-lo de acertar seu rosto com as minúsculas armas de plástico. A criaturinha era mais forte do que aparentava e o golpe realmente doeu. Irritado, o nindroid apertou o bonequinho em suas mãos, e por conta de sua força robótica acabou o destruindo. Zane, então, jogou o boneco no chão, onde ele ficou sem mais se mover.
— Pode deixar com a gente. Podemos cuidar de alguns brinquedinhos — disse Jay, meio arrogante.
— A mais alguns deles na lojinha de presentes, então eu vocês podem cuidar de lã por favor? A nova exposição começará logo. obrigado — dizia o diretor enquanto fechava a porta.
Foi como se o som da porta se fechando fosse o sinal para os demoniozinhos iniciarem o caos. Eles avançaram para cima dos ninjas e Wu, atacando com suas armas minúsculas ou jogando decorações de ceramica. Os ninjas pensaram que tinham a vantagem por serem maiores e mais fortes, mas logo viram que era totalmente o contrário. Apesar de pequenas, os bonequinhos são mais números e astutos. Eles utilizam bem os objetos disponíveis para machucar e atrapalhar os ninjas.
— Agora já chega, a brincadeira acabou! — rugiu Kai, irritadiço. — Ninja go!
Kai usou seu spinjitzu para dar um fim àquilo. Jay, Zane e Cole seguiram o exemplo dele e usaram seu próprio spinjitzu. Os bonequinhos acabaram sendo pegos pelos tornados de spinjitzu de cada um dos ninjas e destruídos, mas o que eles não esperavam era que a sala também acabou extremamente danificada. Assim que pararam o spinjitzu e viram a destruição que causaram, os ninjas se encolheram envergonhados.
Um dos bonequinhos sobreviveu. Ele foi arremessado para perto da porta, mas saiu quase que completamente ileso. Vendo que estava em desvantagem ele rapidamente deu um jeito de abri-la e fugir, mas para seu azar, não passou despercebido. Wu conseguiu avistá-lo bem quando ele saiu da sala e rapidamente correu em seu encalço.
— Venha cá, seu… — Wu ordenou, sem parar de correr atrás da criaturinha. Ele finalmente alcançou o monstrinho e sem mais delongas o esmagou com um pisão.
Wu escutou uma porta se abrindo atrás de si. No momento em que ele se virou, se deparou com uma pessoa que jamais esperava encontrar naquele momento.
— Misako?
— Wu — respondeu a mulher.
Ela é uma mulher de idade relativamente avançada, usa um par de óculos e tem o cabelo cinza, com uma mecha branca, amarrado em um rabo de cavalo frouxo. Apesar da idade, Misako tinha poucas rugas, na verdade as únicas rugas em seu rosto eram os pés de galinha nos cantos dos olhos. Ela usava um lenço verde no pescoço e estava vestida com roupas comuns de uma arqueologa.
— Eu… — Wu se viu sem palavras, sem saber como iniciar uma conversa com sua velha amiga.
— Já faz muito tempo — disse ela, percebendo a hesitação de Wu.
Os ninjas chegaram e viram a forma como seu sensei estava agindo perto de Misako. Eles não precisaram pensar muito para chegar a conclusão de que os dois já se conheciam.
— Então, você não vai nos apresentar? — falou Jay, tirando Wu de seu estado apatico.
O ancião tossiu para limpar a garganta e disfarçar o constrangimento e então disse: — Bom. Essa aqui, pessoal, é a Misako. A mãe do Lloyd.
Os ninjas exclamaram em surpresa, mal percebendo Lloyd, que chegou bem no momento em que Wu fez a revelação.
— A minha… minha mãe?
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