História Lightning In The Dark - I miss you, Candy

POV. Lucy

Todo mundo que já foi capaz de presenciar toda a minha história com o Justin, ou, pelo menos um pouco dela, acredito que seja capaz de entender tudo o que eu passei até chegar aqui. Ter conseguido o emprego pra trabalhar com o Justin, todo o sacrifício de viver em uma turnê que eu entendo que tem seus privilégios, é claro, toda a situação por mais estressante e complicada que seja tem lá suas sortes ou vantagens. Quem não aceitaria conhecer o mundo em uma turnê? Viver culturas diferentes? Conhecer pessoas e lugares? A minha experiência de vida mudou completamente desde quando recebi aquela ligação de Scooter, eu nunca serei tão grata por isso, apesar de Scooter ter trazido uma quantidade dolorosa de problemas, mas isso não vem ao caso até porque faz anos e apesar de tudo que ele fez pra me separar do Justin, ele enxergou o quanto estava errado, e claro... Hoje eu tenho o Justin ao meu lado, nada do que Scooter fez pra nos separar valeu a pena, foi tudo pra água a baixo.

Mas então, no meio de todas essas recordações me vem como imagens na minha mente momentos em que Candy viveu cada minuto comigo. Ela não pegou a turnê desde o começo, digo desde o primeiro dia, mas ela viveu o suficiente ao nosso lado pra ter uma boa história pra contar, pra me fazer gravar de certos momentos e relembrar todas as pessoas que estiveram ao meu lado e sorrir ao lembrar que ela esteve presente.

A minha faculdade, toda aquela época de estar me formando em Psicologia, de ter que colocar as caras no livro, antes mesmo de eu ser chamada pra trabalhar com o Justin, era algo que ocupava o meu tempo, eu ainda assim era uma pessoa ocupada, mesmo estando dentro de Nova York, não viajando o mundo ou tendo um sério compromisso para o meu futuro. Não que a faculdade não tenha sido, mas trabalhando de psicóloga para o Justin Bieber era algo que eu dava realmente o valor pelo meu diploma que eu ainda não tinha em mãos e por já ter um emprego. E por conta de tudo isso eu mal tinha tempo de conviver com a Candy, ela ainda era tão baby e eu perdi uma grande fase da sua vida, digamos, cinco anos.

Não é que eu agradeça pelo acidente que causou o falecimento dos meus pais, Deus que me livre, eu estou realmente longe disso, mas há males que vem para o bem e se não fosse toda aquela tragédia, eu não teria a chance de viver uma vida maravilhosa, doce e risonha ao lado de Candy. Sempre tão inocente, lembro-me como se fosse hoje quando ela me perguntou se transar era brincar de boneca e se amigos transam. Das vezes que viajamos de um lado para o outro e ela dormia no meu colo no avião, mesmo tendo várias poltronas desocupadas, ela preferia estar ao meu lado dormindo em cima de mim. De quando ela ficava feliz quando tinha a Jazzy e o Jaxon por perto, eu realmente sentia pena dela por conviver tanto com adultos diariamente e estar perdendo uma fase tão bonita da sua infância. Da sua amizade com o Za que prevalece até hoje, e eles parecem mais irmãos do que eu e a própria Candy. De quando ela ficava brava com o Logan por não suportar ele e querer de todos os jeitos e maneiras existentes que eu voltasse com o Justin. De quando eu a vi chorando pela primeira vez depois de um tempo e ela disse que sentia saudades dos nossos pais, céus, eu nunca me esqueço de como aquilo realmente me doeu, eu simplesmente não podia fazer nada quanto a isso. De quando ela viu o quarto todo reformado que o Justin havia feito só pra ela na mansão, ela havia ficado tão feliz. Ela me cobrava diariamente pra que eu lhe desse um beijo de boa noite, sendo em um avião, em um quarto de hotel ou em qualquer local que fossemos dormir, ela sempre me cobrava pelo menos um simples ‘’boa noite’’ e um beijo caloroso. E céus, eu queria ter feito tanta coisa por ela. Queria ter salvado ela das dores do mundo, queria prende-la ao meu braço por toda a eternidade, queria poder lhe beijar antes de dormir, deitar a minha cabeça no travesseiro e saber que ela continuaria na mesma casa que eu, talvez não no mesmo cômodo, mas ainda estaria aos meus braços como todos esses anos.

Naquela foto ela sorria e eu podia avistar um brilho no seu olhar. O Justin do nosso lado, segurando ela no colo. Fazia alguns bons anos que ela foi tirada, mas eu me lembrava daquele dia como se fosse hoje. Era no Backstage de um dos shows da turnê, se eu não me engano era em Guatemala, mas isso realmente não importava. Naquela foto éramos uma família, ela estava ao meu lado, a minha mão segurava a sua e eu também sorria, apesar das inseguranças do mundo eu tinha uma das pessoas mais importantes ao meu lado.

Uma lágrima caiu na foto e eu limpei, passando meu dedo indicador nos rastros molhados que as lágrimas começavam a deixar no meu rosto, fungando em seguida.

Uma semana sem a Candy e só Deus sabia o que eu estava passando. Justin tentava na maneira do possível me tirar do quarto e me fazer distrair, eu me sentia culpada a todos os instantes por não conseguir mais brincar com Austin e Dylan como eu sempre fazia quando eles chegavam do colégio. Desmarquei todas as consultas que eu tinha que atender pelo resto dos 30 dias. Eu não iria suportar ouvir o que os outros tinham pra desabafar, eu não iria conseguir ouvir problemas de outras pessoas e esquecer o quão partido o meu coração estava, eu corria perigo de chorar na frente do meu paciente e desabafar com ele mesmo.

A minha vida estava uma bela merda. Nada fazia muito sentido, nada parecia justo. Soava piada ouvir os telejornais, as tragédias que se passavam na TV. Já passei por muitas coisas injustas, mas nada me parece tão injusto do que uma Justiça de Los Angeles, tendo toda a sua competência pra baixar a lista da vida de uma pessoa, seja capaz de tirar a Candy de mim.

Eu ainda conseguia ouvir a sua voz tremula que dizia a juíza que o lugar dela era ao nosso lado. Eu podia ouvir seus batimentos cardíacos mais acelerados de medo de ir embora. Cada lágrima que ousava a cair no seu rostinho naquele dia e as suplicas que ela fazia dizendo que não iria pra lugar algum, que ela nunca se quer foi maltratada e que ela nos amava. Deus, como o Senhor pode ter sido capaz de deixar ela partir? De fazer não só contra a minha vontade, mas contra a vontade dela?

- Lucy, amor... – Justin murmurou quando me viu chorando pela milésima vez naquela cama, segurando o porta retrato que continha as nossas fotos.

Ele se aproximou da cama e se sentou ao meu lado, erguendo a minha cabeça pra que eu pudesse lhe fitar.

- Calma amor. – Ele disse em um sussurro. – O advogado já entrou na justiça pra conseguirmos a guarda da Candy.

- Mas e quando isso não acontece, Nemo? E quando ela não voltar, o que eu vou fazer? A minha mente não para de rodar sobre como ela deve estar agora, se eles estão lhe alimentando direito, colocando-a pra dormir na hora certa, se ela está tomando banho e se a sua roupa está sendo bem lavada. O que ela está fazendo agora? – Perguntei, deixando as lágrimas caírem. – Ela poderia estar brincando com o Austin e com o Dylan, ou ajudando a Holly a colocar roupa na boneca, quem sabe fazendo cupcakes com a Maria? Mas ela está tão distante, na casa de pessoas desconhecidas, em um ar completamente... diferente. – Eu o fitava e podia notar que ele estava sofrendo um tanto quanto eu. - Ela sentia medo de dormir sozinha de vez em quando, ou acordava após ter um pesadelo e a primeira coisa que ela pedia era eu. E agora? Como ela vai implorar por mim naquela casa? Ninguém vai lhe dar atenção, Justin.

- Amor, se acalma. – Ele sussurrava e começaram a cair algumas lágrimas. – A gente conversou com ela pelo telefone hoje e ela disse que estava comendo bem e que tudo corria bem na medida do possível. Ela está sentindo a sua falta também, é claro, mas nada disso é pra sempre, ela vai voltar.

- E enquanto ela não voltar, o que eu vou ficar fazendo? Eu não posso cruzar os braços, Justin. Eu sinto vontade de... matar aquela bruxa.

Justin passou seu dedo indicador em algumas lágrimas que continuavam a cair e aproximou os seus lábios da minha bochecha, selando o local que estava molhado.

- Hum, salgado! – Ele comentou, passando a língua em seus lábios e sentindo o gosto dos vestígios das minhas lágrimas. Ri fraco, balançando a cabeça negativamente. – A gente só precisa de um tempo, amor. Eu já disse isso pra você, as coisas infelizmente não acontecem da noite para o dia.

- Mas da noite para o dia tiraram a Candy de mim. – Falei, nervosa.

- Sim, mas não há muito o que ser feito contra a justiça. Entramos com requerimento pra reverem o nosso pedido e assim que eles obtiverem resposta, irão ligar para o advogado ou pra mim, tudo bem?

Eu apenas assenti, mesmo tudo estando uma merda.

- Eu prometo Lucy, tudo vai ficar bem. – Ele disse. – Eu prometo. – Repetiu, beijando a minha testa em seguida.

                                                                     [...]

O relógio do lado da nossa cama marcavam 02h24 da madrugada. Não havia um pio dentro daquela mansão, o que me dava à certeza que todos estavam dormindo. Eu podia ouvir a respiração leve de Justin bater contra o meu pescoço e a sua mão envolvida na minha cintura. A minha boca estava seca, tão seca que nem se eu passasse a minha língua em meus lábios eu conseguia molhar-los.

Devagar, me virei e pude nota-lo que Justin dormia em um sono profundo. Tirei com delicadeza o seu braço que me envolvia e me levantei da cama em seguida.

Há uma semana que eu apenas rolava na cama e não conseguia dormir. Toda vez que eu fechava os meus olhos vinha a imagem de Candy na minha cabeça. 02h24 da manhã e ela deveria estar dormindo. Fechei os meus olhos por um instante e torci que ela estivesse tendo um sonho maravilhoso. Eu estava sentada na cama e pela ultima vez olhei para o Justin que continuava dormindo, soltei um suspiro e me levantei, andando em passos leves até a porta e abrindo a mesma devagar, saindo do quarto.

Acendi as luzes da escadaria da mansão e desci, seguindo em direção a cozinha. Acendi a luz da mesma e fui até a prateleira de copos, pegando um e indo até a geladeira, abrindo a mesma e pegando uma jarra de água. Enchi o copo e bebi uma quantia, colocando a jarra de volta dentro da geladeira e fechando a mesma. Coloquei o copo dentro da pia e andei até a saída da cozinha, apagando as luzes e seguindo em direção a escadaria, pronta pra voltar para o quarto. Assim que eu coloquei um dos meus pés no primeiro degrau da escada, levei um susto quando o toque ensurdecedor do telefone invadiu a mansão. Fiquei em choque nos primeiros instantes, mas se eu o deixasse tocar mais um pouco eu correria o risco de acordar as crianças ou o Justin.

Corri em direção a sala, pegando o telefone em seguida. O meu coração batia tão forte que eu podia sentir cada movimento que ele fazia no meu peito.

- Alô? – Atendi, engolindo seco.

- Lucy? – Um sussurro se deu do outro lado da linha.

Meu Deus.

Não!

- Candy? – Perguntei, sentindo a minha voz falhar. – O que aconteceu? Você está bem?

- Lucy, por favor, vem me buscar. – Ela disse com a voz tremula e em seguida, ouvi seus soluços do outro lado da linha. – Me promete que vem me buscar agora, por favor.