Me levanto da cama rapidamente. Bex faz o mesmo.
- meu deus, aonde ela tá? - digo já colocando uma saia, que é mais prático no momento.
- ela tá no hospital Santa Mônica, aqui mesmo em Los Angeles. Eu estou aqui, e já fui vê-la. É grave. - ele diz a última frase tão baixo que quase não ouço. Olho pra Bex desesperada. Minha minha melhor amiga. Não!
- eu tô indo aí, já chego.
- Ok..
- até mais, sr. John.
Desligo e Bex já desceu. Corro e fecho a casa, e nós vamos, a pé mesmo, já que o hospital é à 5 quarteirões. Mal chego no hospital e já estou chorando, Bex tentando me acalmar.
- vim aqui ver Carlson Young. - digo pra enfermeira.
- você é alguma coisa dela? Parente próxima? - é uma loira sonsa, com cara de falsa. Ela ergue uma sobrancelha, e ao olhar para Bex, dá um sorriso sedutor.
- eu sou a melhor amiga dela, e juro que se você não parar de olhar pra minha namorada desse jeito, eu vou sentar a mão na sua cara! - digo furiosa, e Bex exprime uma risada. A enfermeira, que pelo o que vejo no crachá se chama Rosie, me olha com uma cara de indignada. - e então, meu amor? Vai me dizer ou eu vou ter que chamar o seu superior?
- ela está no quarto 324. Corredor 3. No 4° andar.
Saio sem agradecer, Bex correndo para me acompanhar. O elevador demora chegar, então subo pelas escadas. Chego lá desesperada, cansada. E ao ver o Sr. John, vejo que é realmente grave. Ele ainda está chorando, e encostado na parede, com seu terno todo amassado, e a sra. Amélia aos prantos.
- querida, que bom que você veio! - ela me abraça quando me aproximo. - ela está mal, querida. - e chora mais.
- vai ficar tudo bem. - digo afagando o cabelo dela, tentando convencer a ela e a mim.
- você devia entrar. - John diz. - nós já demos uma olhada no Tyler, que estava junto com ela na hora de acidente. Ele também não está nada bem.
Olho para Bex e nós duas entramos. É um choque pra mim, porque Carlson está irreconhecível. Seu rosto está cheio de ataduras, cortes, assim como seu braço está engessado e suas duas pernas. Então é isso que John quis dizer com "é grave." As lágrimas começam a descer rapidamente, aos montes, enquanto me sento ao lado direito de Carlson e pego sua mão livre, que está com a aliança que Tyler lhe deu. Eles estavam noivos, fazia umas 3 semanas. Dou um beijo e procuro as palavras certas, mas nada me vem a mente. Nada. Ainda segurando sua mão, lhe digo baixinho.
- Carlson, se você ainda pode me ouvir... - tento parar de chorar um pouco. - eu amo você amiga. Eu te amo do fundo do meu coração, e agradeço todo dia pela sua existência. Pela pessoa que você é. Por favor, se você quiser ficar, saiba que estamos aqui com você, te esperando e prontos para te ajudar em tudo o que for preciso, amiga. Mas se você não estiver pronta para voltar... - dessa vez é impossível controlar o choro. Bex chora baixinho ao meu lado, tentando se controlar também. - eu, nós vamos te entender. Eu só quero que saiba disso. Eu amo você. - digo a última frase mais alto, esperando que ela possa ouvir. É quando ela aperta meus dedos, de maneira fraca, mas aperta. Eu sinto. Mas pelo barulho do computador, vejo que ela escolheu a segunda opção...
● Bex On ●
A correria é enorme! Enfermeiras e médicos entram no quarto perguntando o que aconteceu, e os pais de Carl ficam desesperados. Hey quase desmaia, e eu a pego no colo para levá-la na sala de espera. Minha visão está embaçada por causa das lágrimas, Carlson tinha sido minha amiga durante essas últimas semanas. Hey não para de chorar, e eu choro junto, nossas dores se misturando, ambas chorando por perder alguém especial, e eu chorando por causa dela. Ela grita, esperneia querendo ver a Carlson, e quando os pais de Carl vem até nós, mais nervosos do que nunca, Hailey imediatamente entende a mensagem, e grita tão alto que preciso tampar os ouvidos e tirá-la dali. Quando chegamos no estacionamento, encostamos num carro qualquer e ficamos abraçadas, em silêncio. Suas lágrimas encharcando minha camiseta, mas não ligo. Não falo que vai ficar tudo bem, nem que vai passar. E quando ela para de chorar, dizendo que quer Ir para casa, eu vejo que daquele dia em diante, Hey nunca mais será a mesma. Porque ela acabou de perder a sua alma gêmea.
● Hailey On ●
2 dias depois
- você está pronta, querida? - minha mãe aparece na porta. Por causa do que aconteceu, ela voltou para casa antes, enquanto meu pai cuidava dos negócios em Chicago. - sua amiga, a Bex já tá te esperando.
Concordo com a cabeça e ela sai, me deixando ali. Dou uma última olhada no espelho. Se Carl estivesse aqui agora, ela diria que estou parecendo a noiva do Chuck, olhos inchados e cheios de olheiras, pelos 2 dias que não durmo. Eu estou pálida, totalmente sem vida. Perdi meu sol, e agora estou num planeta sem vida. Bex aparece na porta e eu não consigo me conter, corro para os seus braços e choro mais.
- hey, nós estamos atrasadas. - ela beija a minha testa e nós descemos de mãos dadas. Minha mãe está tão distraída que não vê. E mesmo que visse, eu não ligaria.
Chegamos no enterro, e vejo tantas pessoas que nunca gostaram de Carl ou até mesmo aquelas que nunca falaram com ela, lá. Tyler, também está, arrasado, com os mesmos efeitos que eu, olhos inchados e olheiras. O padre começa a falar algo, e eu fico olhando para algumas das fotos em que há ali. Algumas minhas com ela, outras dela sozinha, umas com o Tyler e com os pais. Choro muito. Bex continua segurando minha mão todo momento, e minha mãe me abraça. Minhas pernas já estão cedendo, e a qualquer momento posso cair. Mas tento me manter firme, não por mim, ou pela Bex, ou pela minha mãe. Mas por Carlson. Me lembro que ela sempre dizia "Se um vaso não for forte, a planta dentro dele não vai poder florescer. Porque a estrutura do vaso é fraca, e isso vai impedir a planta. Ela não vai ter confiança o suficiente para querer crescer." E nesse caso, eu sou o vaso. E Carlson foi corajosa o suficiente para florescer. Então tenho que ser forte o suficiente para igualar me a ela.
Olho para perto dos arbustos e vejo uma figura estranha, alta, magra. Bella? O que essa vagaranha tá fazendo aqui? Enxugo minhas lágrimas na esperança de ver melhor, mas quando olho novamente, a figura já não está mais lá.
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