"Sail in this theatrical ocean
that hides us."
Ele abriu os olhos lentamente, sentindo um peso leve sobre seu peito.
Quando ergueu a cabeça, Percy sorriu ao ver que Annabeth dormia abraçada a ele. O capitão afagou os cachos loiros da pirata e deixou um beijo sobre a testa dela, suspirando.
Perseu apreciou a sensação de ter o corpo nu de Annabeth tão perto do seu. As pernas dela se entrelaçavam com as suas. Os braços dela se entrelaçavam com os seus.
E havia tatuagens por toda parte. Desenhos lindos, que o moreno ficou observando por um longo tempo, tentando memorizá-los.
Annabeth se mexeu e a pilha de lençóis que estava na borda do colchão quase caiu da cama. Um dos travesseiros já estava no chão.
Percy olhou para o rosto dela. A expressão serena da loira enquanto ela dormia. Sua respiração lenta, calma.
O capitão sorriu e achou que estava sonhando.
Ele não podia acreditar no que havia feito. No que eles fizeram.
Havia compartilhado sua cama com uma pirata.
Havia tocado uma pirata como nunca havia tocado alguém na vida. Havia deixado que ela o tocasse também, de um jeito que ele nunca quis ou deixou que outra pessoa o fizesse.
Mas Annabeth havia conseguido.
Percy saiu de seus devaneios quando notou que Annabeth já abria seus olhos.
— Bom dia, capitão. — Ela disse, com a voz rouca e arrastada.
A pele do capitão se arrepiou.
— Bom dia, pirata.
Annabeth sorriu para ele e se deitou de bruços.
— Como foi a sua noite?
— Melhor impossível. — Percy respondeu, colocando um cacho loiro atrás da orelha de Annabeth. — Nada mal para uma primeira vez.
A loira arqueou as sobrancelhas.
— Primeira vez? Perseu... — Annabeth inclinou a cabeça para o lado. — Você era virgem?
O moreno sentiu suas bochechas corarem.
— Era. — Respondeu ele. — Por que, há problema?
A pirata negou, sorrindo mais uma vez.
— Não há problema nenhum, mas pelos céus...você podia ter me avisado. — Ela limpou uma lágrima falsa dos olhos. — Eu sinto que desvirtuei você. O pobre capitão Jackson, desvirtuado por uma pirata.
O moreno revirou os olhos. Engraçadinha.
— Isso não é completamente mentira. — Murmurou. — Se estivéssemos em Londres agora, com certeza isso não teria acontecido.
Annabeth riu.
— Não? E o que teria acontecido, então?
— Bem... — Percy pigarreou. — No nosso primeiro encontro, eu começaria a cortejar você. Ficaríamos em casa, sozinhos por meia-hora...
— Muitas coisas podem ser feitas em meia-hora.
— Conversando. — Ele riu. — Apenas conversando. Depois, no nosso segundo encontro, nós iríamos entrelaçar nossas mãos e comer doces em uma confeitaria local.
— A parte dos doces eu aceito.
— E depois, o tempo passaria e eu a pediria em casamento. A cerimônia seria feita em uma igreja, e eu me vestiria de terno. Enquanto você iria se vestir com um belo vestido branco, simbolizando pureza e castidade...
— No meu caso, esse vestido poderia ser de qualquer cor, exceto branco. — A loira riu.
— E nós daríamos nosso primeiro beijo após a oficialização do matrimônio. Depois, seríamos escoltados para nossa nova casa e só então teríamos nossa noite de núpcias.
— Acho que nós já adiantamos essa parte.
— Existiam regras a ser seguidas. — Percy disse, suspirando.
— Sim, de fato. — A pirata voltou a sorrir. Seu olhar estava mais apaixonante do que costumava ser. O moreno podia jurar que sentia o calor que as íris acinzentadas dela pareciam emanar. — E você quebrou todas elas por mim.
O capitão corou.
— Quebrei. — Ele sussurrou, baixinho. Annabeth beijou seus lábios.
— Você baba enquanto dorme.
— Eu não babo. — Percy respondeu logo depois.
— Um rastro de saliva está literalmente seco entre a sua boca e o travesseiro. — Annabeth comentou.
O moreno tocou o canto dos lábios com a ponta dos dedos, e fez uma careta quando sentiu a pele levemente úmida.
— Você baba sim. — Annabeth riu.
Percy revirou os olhos e limpou sua boca, fazendo a pirata rir baixo com a ação.
— Agora eu estou do seu agrado, senhorita Chase? — Ele ironizou.
— Oh... — Annabeth colocou sua língua entre os dentes. — Você sempre está.
Perseu riu e abraçou a cintura da pirata, a beijando em seguida. Quando se separaram, ele soltou um longo suspiro.
Estava apaixonado.
E aquela cabine parecia um paraíso.
Mas ainda havia a realidade do outro lado daquele cômodo.
Ainda haviam coisas que eles precisariam enfrentar.
— O que faremos agora? — Percy questionou, baixinho.
Annabeth piscou os olhos.
— Bem... — Ela pigarreou. — Eu tenho planos.
Percy engoliu em seco, apreensivo.
— Eu não quero me separar de você. — Confessou.
A piara sorriu.
— E não vai. Não se preocupe.
O moreno a abraçou mais forte.
— Eu não pretendo me separar de você, Perseu. — A loira afirmou. – Quando chegarmos a Londres, quero resgatar uma pessoa. Apenas isso.
— Quem?
— Uma amiga. — Ela respondeu. Perseu prestou atenção. — Se você ainda quiser ficar comigo depois que tudo isso estiver terminado...
— Você diz ficar com os piratas.
— Sim. — Annabeth deu de ombros.
Percy piscou várias vezes.
Iria trocar toda a sua vida, que se resumia a ser um capitão da Marinha, para ficar junto com piratas?
Parecia loucura. Mas então por que aquela opção o atraiu mais do que deveria?
— Preciso pensar mais sobre isso. — Respondeu ele.
Annabeth apenas assentiu, como se compreendesse a confusão do caítão.
Percy suspirou.
— E agora? Como vamos resolver a questão de Octavian? — Perguntou. — Já criamos um problema porque passei a noite aqui. Ele pode pensar que...
— Fale que eu prendi você dentro do armário. — A loira riu. — Essa será uma excelente desculpa.
Perseu riu junto com ela.
— Se Octavian comprar essa história do armário, podemos continuar fingindo até chegarmos em Londres. — Percy propôs, rindo. — Assim ele não desconfiaria de nada.
A loira assentiu.
— Pode ser. Ou eu posso jogar todos os seus oficiais no mar e pronto, temos um navio só de piratas. — Murmurou ela. — Brincadeirinha. Ainda preciso dos seus homens idiotas.
— Não sou mais o líder deles. — Percy retrucou, prontamente. Não se sentia mais como o capitão daquele navio há tempos.
— Não é?
— Não.
— É o líder de quem agora?
— De ninguém. Só de mim.
— Que clichê. — Annabeth fez uma careta.
— Eu sei.
— Você... — A pirata sorriu. — Pode dividir a capitania comigo.
— Liderar os piratas?
— Exatamente. — Annabeth assentiu. — Não vejo porque não. Você deve liderar comigo. Ou pelo menos ser o meu imediato. Tenho certeza que Luke não vai se importar em ceder o cargo, ele nunca gostou mesmo.
— Luke é o seu imediato?
— Sim. Quem é o seu?
— Jason. — Percy respondeu. — Mas ele também nunca gostou do cargo.
Annabeth riu.
O moreno comprimiu os lábios.
— Não sei se estou pronto para isso. — Ele admitiu. — Eu quero ficar com você. Mas a pirataria...é mais difícil de aceitar.
Perseu sabia que Annabeth personificava a pirataria. Caso ficasse com ela, se tornaria um pirata. Era inevitável.
— Ninguém nunca está pronto para mudar de vida. — A loira comentou. — É difícil, mas essa é uma decisão que você precisa tomar, Percy. Eu admito que quero muito influênciá-lo, mas você precisa chegar a uma conclusão sozinho.
— Eu sei. — O capitão disse. — Independentemente de qualquer destino que nós tenhamos, quero que você saiba que eu nunca vou me esquecer de você.
Annabeth suspirou e deixou um beijo no ombro dele, perto da clavícula.
— Eu também não, capitão. Nunca. — Segredou ela.
Perseu sorriu.
— Então...recapitulando o plano. — Annabeth piscou os olhos. — Eu e você continuamos fingindo que nos odiamos até chegarmos a Londres.
— Isso.
— Apenas lembre que, se você me desrespeitar novamente eu juro que te jogo desse navio.
O moreno riu e assentiu.
— Não vou, prometo.
Annabeth o deu um último beijo e saiu da cama, começando a juntar todas as suas roupas perdidas pelo chão.
— Vamos, capitão que agora não é mais virgem, levante-se. — Ela prendeu os cabelos, sorrindo. — Temos que nos odiar hoje.
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