História Lilies - I sent you a message, didnt you see?

    Louis ajeitava o terno azul em frente ao espelho do quarto, tamanho ideal para visualizar seu corpo inteiro. Optou por não usar gravata, apenas uma camisa branca impecavelmente passada e o terno bem cortado parecia ter sido feito sob medida para seu corpo. Passou uma das mãos pelas bochechas alisando até o queixo, como se quisesse checar a barba bem feita. Pegou um dos perfumes em cima da cômoda e não usou muito, apenas o suficiente. Encarou seu próprio reflexo na frente do espalho e era como se tivesse acabado de se dar conta que não estava simplesmente se arrumando para um evento social sofisticado, mas aquilo estava mesmo lhe parecendo um encontro com Harry.

    Não era a intenção, ele não tinha aquele tipo de índole, ele era um homem sério e fiel. O problema é que, além de tudo isso, ele também era um homem extremamente honesto com seus sentimentos e consigo mesmo. Era uma política que ele tinha assumido desde sempre: ele não mentiria pra si mesmo.

    Olhou para a aliança dourada em seu dedo e, em uma fração de segundo, lhe ocorreu que ele deveria tirar. Mas ao mesmo tempo que aquela ideia veio, ela foi embora. Besteira. Não iria mudar nada e, se tirasse, correria o risco de pegar costume de fazer aquilo. Tirar a aliança não o faria magicamente solteiro – até porque ele nem tinha tanta certeza se era aquilo mesmo que ele queria. Mesmo que seus sentimentos por Harry fossem inegáveis e óbvios, ele não o conhecia direito, não era somente o gênero, mas ele ainda era um mistério para ele.

    Pegou o telefone e ligou para Liam, ele sentiu um nervosismo incomum e naquelas horas, ele sempre corria para seu melhor amigo. Alguns poucos toques, ele olhou o relógio digital no criado-mudo do quarto como se quisesse se certificar que não estava atrasando para buscar Harry.

    - E aí, Lou! – Liam atendeu animado do outro lado da linha.

    - Como está? – Louis sentia-se melhor se de ouvir a voz do amigo.

    - Estou ótimo, e aí? Achei que iria ao teatro.

    - Sim, está tudo bem. – Louis respondeu respirando fundo. – Estou indo buscar Harry para ir comigo. – Ele disse incerto sobre o que Liam pensaria sobre aquilo.

    - Harry? – Payne estranhou. – E a Eleanor?

    - Teve que viajar a trabalho, está na Holanda. – Louis disse sentando-se na cama.

    - E aí você vai levar o Harry? – Liam perguntou mas já afirmando. – Achei que eu era pelo menos sua segunda opção! – Estava quase indignado, Louis apenas riu.

    - Liam, você odeia museus, teatros, óperas... – Louis dizia despreocupado. – Não há motivos pra te fazer passar por essa tortura! – Louis riu ao fim da frase.

    - É, realmente nisso eu tenho que concordar... – Payne deu-se por vencido.

    - Além do mais, foi ideia de Eleanor. – Tomlinson explicou. – Harry apareceu no escritório e Eleanor estava lá também, ela sugeriu que eu fosse com ele já que ela não poderia...

    - Ah é mesmo? – Payne assumiu um tom de voz curioso. – Harry foi ao escritório? Fazer o que? – Assim que Liam concluiu a pergunta, Louis percebeu que era a primeira vez que estava escondendo a verdade completa de seu melhor amigo.

    - Foi só... Fazer uma visita. – Louis tentou soar casual.

    - Visita? – Payne estranhou. – E por que ele não passou na minha sala?

    - Liam, sei lá... – “Porque estava ocupado demais me beijando”, foi o que Louis pensou. – De certo ele não gosta de você... – Tomlinson brincou, rindo em seguida.

    - Do jeito que ele é amigo da Alice, é bem possível que ela tenha me envenenado pra ele. – Payne tinha um tom de voz engraçado e fez Louis rir ainda mais.

    - Certo, ouça... – Louis começou, sentindo-se um pouco mais calmo e até criando um pouco mais se coragem para se abrir com o amigo. – Eu estava pensando se você quer jogar golfe amanhã à tarde.

    - Claro, vamos sim. – Liam disse parecendo gostar da ideia. – Te encontro do clube pra almoçar?

    - Ótimo. – Louis levantou-se de onde estava e já passava a atravessar o apartamento a fim de sair de casa. – Até amanhã.

    - Até... Divirta-se. – Liam disse logo antes de ambos desligarem.

    Louis saiu de casa com certa pressa, tanto porque não queria se atrasar quanto porque queria ver Harry. Decidiu aproveitar a noite, curtir o momento, não era hora para ficar filosofando sobre o que fazer, ele precisava também aproveitar o tempo ao lado de Styles, já que, querendo ou não, era uma maneira de ele poder mostrar a si próprio como iria moldar a própria vida dali em diante.

    Louis entrou no carro e começou a dirigir até o pequeno apartamento de Harry, em cima da floricultura. Caminho esse que já conhecia bem demais e, apesar de não ser muito longe, ele estava tão ansioso, que parecia não chegar nunca. Pensou que deveria ter comprado alguma coisa pra levar, algum presente, até para retribuir o lírio azul que ele tinha ganhado, mas agora já era tarde demais – ele nem saberia o que comprar, não fazia ideia do que aquele homem gostava. E, sim, aquilo o despertava uma curiosidade maior do que o normal, era como se ele simplesmente quisesse sentar e conversar com Harry sobre qualquer coisa, descobrir tudo que ele pensava, gostava e queria.

    Styles era agora, oficialmente, um homem extremamente interessante para Louis.

    Estacionou o carro numa vaga um pouco longe do apartamento, já era por volta de sete e meia da noite. Todas as vezes que Louis havia ido até ali, tinha entrado por dentro da floricultura, mas àquela hora, já estava fechada. Viu uma escada lateral no prédio e imaginou que aquela deveria ser a entrada separada da casa. Ele subiu as escadas e deu duas batidas na porta de metal, haviam algumas flores bem cuidadas no pequeno espaço entre a porta e a escada.

    - Louis! – Anne atendeu a porta oferecendo seu melhor sorriso, retribuído por Tomlinson. – Entre, por favor.

    - Obrigado. – Ele disse quando ela fechou a porta após ele entrar. – Como está?

    - Muito bem, querido. – Ela respondeu olhando discretamente o quanto aquele homem estava bem vestido. – E você?

    - Estou ótimo também. – Ele respondeu discretamente olhando ao redor procurando por Harry, mas tudo que viu foi uma moça se aproximando sem disfarçar a curiosidade.

    - Olá, Louis. – Ela disse estendendo a mão para o homem de olhos azuis. – Sou Gemma, irmã de Harry.

    - Oh. – Louis estava surpreso, mas olhando Gemma mais de perto, percebeu uma leve semelhança. – Eu não sabia que Harry tinha uma irmã. Muito prazer, Gemma.

    - O prazer é meu. – Ela respondeu ficando ao lado da mãe, as duas olhavam para Louis como se ele fosse algum tipo de celebridade.

    - Então... – Tomlinson voltou a sorrir um pouco sem graça. – Harry está? – Ele perguntou achando que as duas talvez não soubessem o que ele estava fazendo ali.

    - Oh sim! É claro! – Anne disse percebendo que realmente tinha se distraído com o quanto aquele homem era bonito. – Ele está sim, está no quarto brincando com a sobrinha.

    - Pode deixar que eu vou chamá-lo. – Gemma se ofereceu e Louis sorriu agradecendo.

    - Grace, quando está aqui, só quer ficar com o tio. – Anne comentou referindo-se à menina filha de Gemma. – Ela é muito apegada com Harry.

    - Que bom, tenho certeza que ele é uma ótima referência. – Louis comentou casualmente e, logo em seguida, uma menina de mais ou menos 4 anos apareceu correndo pela sala, ficando de frente para Louis, estudando-o curiosa.

    Anne pegou a menina no colo e então Louis percebeu que ela tinha os olhos verdes de Harry e os cachos escuros também. Louis não segurou o sorriso e achou aquela menina uma das criaturas mais adoráveis que já tinha visto em sua vida.

    - Grace, diga oi para Louis. – Anne disse falando com a menininha.

    - Oi. – Ela disse tímida, olhando para o sorriso de Tomlinson.

    - Olá, Grace. – Ele respondeu acariciando de leve os cabelos dela.

    Realmente achou que não era mesmo difícil se apegar a uma menina que parecia tão calma e agradável, quase distraiu-se de seu objetivo ali, não fosse pelo fato de um Harry Styles aparecer do corredor até a sala, vestindo um terno preto com uma camisa cinza escuro por baixo. Ele tinha os cabelos soltos nos ombros, ainda um pouco molhados, provavelmente tinha acabado de tomar banho. Louis, ao colocar os olhos dele, perdeu a respiração por um momento. Acostumado a vê-lo sempre de maneira muito simples, não deixou de se surpreender ao notar o quanto ele estava bem vestido, aquele sorriso charmoso de canto, um pouco sem graça pela forma como Louis olhava pra ele – quase devorando-o com os olhos – Harry se aproximou devagar acompanhado de Gemma, que vinha logo atrás dele.

    - Desculpe... – Harry disse chegando mais perto de Louis. – Estava brincando com Grace enquanto te esperava e ela acabou amassando um pouco minha camisa. – Styles comentou alisando o próprio peito para ajeitar a roupa. O primeiro e o segundo botão da camisa estava abertos, relevando o início de uma tatuagem que Louis sentiu uma curiosidade imensa pra saber do que se tratava.

    - Não há problemas, acabei de chegar. – Louis respondeu saindo daquele transe de olhar para Harry como se nada mais existisse naquela sala. – Estava aqui conversando com Grace.

    - É, ela queria muito conhecê-lo. – Harry brincou olhando para a sobrinha, que estendeu os braços para voltar ao colo dele.

    - Querida, seu tio precisa ir. – Anne disse ao ver a insistência da menina em sair de seu colo para alcançar Harry, que a segurou mesmo assim por mais alguns segundos.

    - O titio promete que não vai demorar, meu amor. – Ele explicou enquanto a menina simplesmente o abraçava pelo pescoço.

    Louis achou a cena simplesmente encantadora, especialmente porque Harry era um homem grande e conseguia aninhar a menina em seus braços e ombros com facilidade. Quase a segurava com um dos braços apenas. A contragosto, a menina aceitou ir para os braços da mãe quando Gemma a tirou do colo de Harry, que apenas fez um carinho em seu rosto, beijando-a na ponta do nariz.

    - Vamos? – Harry disse voltando a dar sua atenção a Louis.

    - Claro, vamos sim. – Louis olhou no relógio e pensou que estariam um pouco atrasados provavelmente. – Boa noite. – Ele disse a Gemma e Anne antes de voltar a alcançar a porta que Harry tinha acabado de abrir, dando espaço para ele passar primeiro.

    - Boa noite. – Anne e Gemma responderam em coro, olharam para Harry sorrindo com caretas insinuadoras e rindo, Styles corou de leve ao ler nos lábios delas coisas como “que gato!” ou ainda “vai lá, tigrão!”

    - Até mais tarde. – Harry disse segurando o riso e negando com a cabeça enquanto as duas apenas riam, Gemma fingia abanar-se dizendo que Louis era muito gostoso e Anne só disse baixinho para que o filho tivesse cuidado.

    Ele descia as escadas atrás de Louis e ria, com o rosto quente, um pouco vermelho. Sentia-se um adolescente indo para seu baile de formatura enquanto seus pais queriam tirar fotos e filmavam.

    - O que foi? – Louis perguntou ao ver o outro rindo atrás de si.

    - Não é nada, está tudo bem. – Harry disse simpático, mostrando o sorriso e os dentes bonitos.

    Louis apenas retribuiu enquanto atravessavam a rua até o carro de Louis, andando pela calçada levemente molhada pelas clássicas garoas de Londres. Louis dirigia um sedan preto simples, nada de muita ostentação, mas era um carro luxuoso. Harry apenas olhou para a fechadura da porta pensando que teria cuidado para abrir, mas nesse momento, ele viu a mão de Louis majestosamente abrindo a porta do carona. Harry olhou pra ele como se perguntasse “é sério que você está abrindo a porta pra mim?”, Louis apenas arqueou as sobrancelhas como se tivesse lido mentalmente a pergunta do outro e quisesse responder que sim.

    Harry riu e Tomlinson insistiu, apontando com a mão para dentro do carro para que o outro entrasse.  Após titubear por um momento e apenas trocarem sorrisos sem graça sem dizer nada, Harry entrou no carro e Louis bateu a porta sem seguida. Circulou o veículo e entrou em seu lugar atrás do volante. Harry simplesmente não conseguia tirar o sorriso do rosto, aquilo estava parecendo um encontro e não era o que ele tinha pensado.

    - Você está... – Louis queria encontrar um elogio em sua mente mas não sabia o que dizer. “Absolutamente maravilhoso” era o que ele tinha pensado, mas não achava que deveria dizer aquilo. – Muito bonito esta noite. – Ele optou por algo menos constrangedor, mas ainda assim descobriu que não estava nenhum pouco acostumado a elogiar um homem.

    - Obrigado, Louis, você também está incrível. – Harry respondeu olhando para o outro enquanto ele manobrava o carro pelas ruas de Londres.

    - Obrigado. – Louis respondeu ligeiramente sem graça, mas sorrindo. Ele respirou fundo como se tivesse que se concentrar em olhar a estrada e não Harry ao seu lado, pois sua vontade era olhar para aquele homem para sempre.

    Harry apoiou-se na janela e, durante o trajeto, olhava de canto para Louis vez ou outra, mas também com o mesmo sentimento de que simplesmente queria olhar pra ele, mal acreditando que estava vivendo aquilo. Sentia seu coração aquecer quando seus olhos repousavam sobre Tomlinson, pensando que não queria ser racional aquela noite, iria se permitir esquecer que, no fundo, não deveria estar alimentando nada daquilo. O fato de pensar que obviamente era correspondido, deixava as coisas quando irresistível para Styles, ele sabia que Louis estava interessado nele e era só naquilo que conseguia pensar.

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    Liam estava sentado no sofá surfando por canais na televisão sem prestar atenção em nenhum. Nada o interessava. A verdade é que era mesmo raro que ele estivesse em casa em plena sexta a noite e começou a perceber que todos os seus amigos de farra estavam casados, menos ele. Não tinha mais ninguém que pudesse exatamente ligar para convidar pra sair ou ir numa loucura de final de semana para qualquer cidade da Inglaterra apenas para fazer alguma festa que fosse.

    Payne, sentindo o peso dos trinta anos cada vez se aproximando mais, pensou que realmente sua vida precisava de uma mudança. Ele não poderia ser um garotão solteiro para o resto da vida. Costumava dizer que não cederia às pressões sociais de casar-se aos trinta, ter filho aos 35 e extremamente bem sucedido aos 40. Mas o tempo estava passando e ele percebeu que sentia-se um tanto encurralado naquela vida um tanto solitária.

    Desligou a televisão e levantou-se de onde estava. Seu apartamento vazio não parecia-se em nada com a sensação de liberdade que ele sempre pensou que teria quando dizia aos amigos que gostava de morar sozinho e ter sua própria vida. Aquela solidão estava começando a incomodá-lo a ponto de ele não conseguir mais se enganar e dizer que estava sim vivendo a vida que sempre quis.

    Olhou para seu celular, buscando na agenda os números dos amigos que poderia ligar nem que fosse para ir a um bar e sentar para beber. A cada letra que se passava, ele percebia que realmente não tinha mais ninguém para ligar. Se precisasse de ajuda, se precisasse de qualquer outra coisa, provavelmente conseguiria encontrar com poucos que eram seus amigos de verdade, mas para aquilo – beber todas e flertar por aí – ele não tinha mesmo ninguém.

    Seus olhos pararam na última pessoa que ele tinha na agenda de contatos de seu telefone, logo a letra Z. Zayn Malik.

    Payne pensou por um momento e, apesar de não ter lá muita intimidade com seu supervisor, achou que não seria mau ligar pra ele convidando-o para ir a algum lugar. Afinal, Liam não estava procurando uma pessoa para falar da vida, mas sim para passar momentos de diversão, talvez até mesmo Malik servisse para aquela tarefa. Sem pensar muito e usar mais o impulso para fazer aquilo, ele clicou na tela de seu celular para chamar pelo outro.

    - Liam? – Um Zayn Malik um pouco confuso atendeu após vários toques. Ao fundo, Liam podia ouvir uma música eletrônica e percebeu que Zayn estava quase gritando para falar com ele.

    - E aí, Zayn! – Liam disse animado, como se tentasse forçar de leve um pouco da intimidade que não tinha com o outro. – Onde você está?

    - Estou em uma boate, no centro de Londres.  – Zayn disse sem dar maiores explicações.

    - Ah é? – Liam já ficou empolgado ao ouvir aquilo. – Eu estou pensando em sair de casa agora, posso encontrar com você aí? – Liam já estava indo a caminho do chuveiro para se arrumar para sair. Finalmente tinha encontrado algo pra fazer.

    - Você quer vir pra cá? – Zayn não entendeu muito bem devido ao barulho. – Certo, mas...

    - Me fala o nome do lugar. – Liam disse interrompendo o outro enquanto tirava a roupa.

    - O nome? – Zayn estava com dificuldades de ouvir, mas não conseguia sair de onde estava para ir a um lugar mais calmo, o local estava lotado. – Shadow Lounge. – Ele gritou. – Mas, Liam, ouça... Aqui é...

    - Tudo bem, eu procuro o endereço e estou indo praí. – Liam respondeu não deixando o outro terminar.

    - Liam, ouça, eu não consigo ouvir direito, mas me escuta... – Zayn dizia querendo avisar do que aquela boate se tratava.

    - Tudo bem! – Liam foi quem gritou agora. – Eu olho o endereço na internet, eu aviso por mensagem quando eu chegar já que não estamos conseguindo nos ouvir... – Payne já havia ligado o chuveiro. – Até daqui a pouco!

    - Liam... Espera...  – Zayn dizia do outro lado da linha, mas Payne já tinha desligado.

    Estava tão animado que pensou que, mesmo que boates não fossem muito seu tipo, ainda aquilo era melhor do que ficar mofando no sofá sem fazer nada. Entrou no chuveiro e caprichou no banho apesar de não ter demorado muito, achou que não teria mesmo tempo de fazer a barba completamente, então apenas aparou deixando-a por fazer.

    Demorou cerca de meia hora para ficar pronto, vestiu um terno cinza jogando o sobretudo preto por cima de tudo caso voltasse muito tarde e o frio aumentasse. Ele pegou as chaves do carro e de casa, fechou a porta do apartamento com pressa e rapidamente mandou uma mensagem para Zayn avisando que estava saindo de casa e, rapidamente, checou o endereço na internet da tal boate que iria encontrar Malik. Colocou o celular dentro do bolso assim que entrou no carro calculando o caminho da rua da boate Shadow Lounge.

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    Após uma hora e meia de apresentação do musical Wicked, no Apollo Victoria Theatre, Harry e Louis deixavam a famosa e sofisticada casa de espetáculos após um dos musicais mais incríveis que Harry já havia assistido. Pensou no quanto precisava fazer mais aquilo, essas coisas que tinha há muito deixado de fazer, especialmente na companhia de alguém tão inteligente e agradável como Louis.

    - Gostou da peça? – Harry perguntou enquanto os dois caminhavam em meio à multidão para fora do teatro.

     - Achei incrível! – Louis respondeu sincero. – E você?

    - Realmente maravilhoso. – Os dois chegaram ao pé da escadaria assim que Styles respondeu. O ar de Londres estava úmido e as calçadas continuavam molhadas.

    - Fico feliz que tenha se divertido. – Louis disse enquanto os dois caminhavam até o carro. – Eu também me diverti.

    Harry apenas sorriu encostando-se no veículo do lado do carona. Louis parou de frente pra ele imitando seu movimento, era como se todas as vezes que estivesse perto daquele homem, só pensava em beijá-lo mais uma vez.

    - Janta comigo? – Louis convidou com um sorriso de canto.

    - Jantar? – Harry perguntou rindo ao mesmo tempo que suspirava. – Isso está parecendo um encontro... – Styles viu Louis corar, baixando os olhos.

    - Não... Não é. – Tomlinson respondeu e voltou a olhar Harry, que sentiu-se mal por um momento por ter dito aquilo. Desconcertado, ele encarou os próprios pés, mas tudo que Louis fez foi se aproximar mais dele, levantando seu rosto pelo queixo. – Porque quando eu te levar para um encontro, vai ser muito melhor do que isso. – Não que Louis soubesse de onde aquela coragem pra dizer aquilo tinha vindo, mas ele viu Harry morder o lábio inferior ao ouvir aquilo.

    - Louis, eu realmente acho que...

    - Eu não quero falar sobre isso, Harry. – Louis sabia que Styles provavelmente iria entrar no assunto óbvio entre os dois: que estava errado, que as coisas não deveriam ser daquele jeito. – Não hoje, não esta noite... – Tomlinson continuou puxando Harry mais pra perto pela cintura. – Você está lindo, passamos um tempo agradável juntos agora a pouco... Quero te levar pra jantar num dos restaurantes que eu mais gosto e quero apenas falar de você... – Louis continuava naturalmente e Harry sentia seu coração acelerar. Aquilo não estava parecendo uma atração física passageira.

    - Também tenho muitas perguntas a seu respeito. – Harry disse com um sorriso de canto, passando de leve uma das mãos pelos cabelos castanhos claros do outro.

    - Então você aceita jantar comigo? – Louis perguntou sorrindo ao ver Harry mostrar as covinhas fazendo o mesmo.

    - É claro... – Harry respondeu recebendo surpreso um selinho demorado de Louis em seus lábios. Ele achava simplesmente incrível a espontaneidade do outro quanto àquilo. Sabia como era se sentir daquele jeito, como se tivesse descoberto uma coisa nova e não quisesse mais largar.

    - Desculpe, eu realmente precisava fazer isso. – Louis disse sem graça, mas Harry o puxou de volta sorrindo e voltou a beijá-lo demoradamente, colando seus lábios por vários segundos.

    - Eu sei... – Harry respondeu assim que o soltou. – Eu também.

    Os dois apenas trocaram olhares por um longo tempo como se não houvesse ninguém ao redor, não se incomodando com as pessoas passando e algumas até olhando, nada aquilo realmente importava. Louis então se afastou abrindo novamente a porta para Harry, que acharia que nunca se acostumaria com aquilo, continuava rindo sem graça, pois realmente nunca tinha passado por uma situação como aquela. Era irresistivelmente delicioso ficar perto de Louis sob qualquer situação.

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    Chegando ao local indicado pelo site na internet, Liam percebeu que estava absurdamente lotado. Ele demorou para estacionar o carro, não havia vagas por perto, então teve que andar cerca de uma quadra depois de achar um espaço. Havia fila na porta como toda boate badalada de Londres, mas ainda assim ele fez cara feia para a espera. Os dois seguranças na porta pareciam selecionar as pessoas que deixavam entrar e, uma olhada com um pouco mais de cuidado, fez Liam perceber que só haviam homens querendo entrar.

    Ele franziu o cenho e tirou o celular do bolso, tinha uma notificação de mensagem de Zayn que ele não tinha visto por estar dirigindo.

“Liam, não conseguir te dizer isso ao telefone, mas a boate em que estou, é uma boate gay. Se estiver tudo bem pra você, fico feliz que queira me encontrar aqui. Mas se não vier, vou entender. Desculpe não dizer isso ao telefone, não deu tempo e a ligação estava ruim pelo barulho. Zayn”

    Liam ainda releu a mensagem três vezes parado no meio da calçada, queria ter certeza que tinha entendido certo. Passou uma das mãos pelo rosto e olhou novamente a fila, lotada de homens realmente bonitos, parecendo verdadeiros modelos de revista. Certo, Payne estava oficialmente no desespero para não ficar em casa sexta a noite porque realmente decidiu ir para a fila.

    O que ele tinha a perder afinal de contas? Reconhecia que aquele era seu desespero materializado em forma de final de semana, mas agora que já estava ali, não via mal nenhum em ao menos beber e se divertir um pouco. Entrou no final da fila, percebeu superficialmente que deveria haver mais ou menos umas 20 pessoas na frente dele. Muitos dos homens olharam pra ele quando ele chegou, foi a primeira vez que se sentiu intimidado com alguma situação, não sabia como agir. Alguns sorrisos, alguns chegavam mais perto esperando uma reação dele, mas Liam estava tão paralisado que não sabia o que fazer.

    Pegou seu celular e mandou uma mensagem para Zayn avisando que estava ali fora na fila esperando para entrar. Assim que colocou o celular de volta no bolso, ele fechou os olhos pensando que realmente seu raciocínio não era mais tão rápido quanto costumava ser: se Zayn estava ali, só poderia significar uma coisa.

    - Meu Deus, como sou estúpido. – Liam sussurrou para si mesmo.

    - Mesmo assim continua sexy. – Um dos homens que estavam na frente de Payne na fila disse virando-se de frente pra ele.

    Liam arregalou os olhos ao encarar o homem loiro, um pouco mais alto que ele e com braços gigantescos. Ele passou a língua pelos lábios olhando para Liam, que sentia-se incrivelmente constrangido. Sorriu um pouco forçado e um pouco por estar desconcertado, não sabia se agradeceria, ficou pensando se gays tinham códigos ou algo que desse a entender que se reconheceriam, ele sentia-se como se fosse alguém tentando entrar em algum clube que não era sócio.

    - Obrigado. – Ele disse simpático e o homem se aproximou ainda mais dele.

    - Como você se chama, gato? – O homem perguntou e Liam viu-se cercado de olhos, outras pessoas observavam a conversa.

    - Liam. – Ele respondeu tímido. Não sabia se ficava por aquilo mesmo, se deveria corresponder à pergunta, se deveria estender a mão. Ele realmente não tinha ideia de como se comportar.

    - Liam! – Para sua surpresa, Zayn apareceu gritando seu nome antes que o homem com quem estava falando continuasse o assunto. – Aqui! – Ele sinalizou com a mão perto da porta da boate.

    Liam deu graças a Deus por ver um rosto conhecido por ali e andou rapidamente na direção de Zayn, que comentava algo com os seguranças dizendo que Payne estava com ele. Os seguranças deram uma boa olhada em Liam, dos pés a cabeça, já que aquela boate tinha fama de deixar apenas homens bonitos entrarem. Payne não entendeu os olhares, mas quase sentia-se como se estivesse despido na frente de alguém e as pessoas apenas o julgando se ele era bom o suficiente.

    - Vem comigo. – Zayn disse puxando-o pra dentro assim que um segurança sinalizou com a cabeça que ele poderia entrar.

    Malik o segurou pela mão, passando pelo hall de entrada lotado de pessoas, Payne tentava conversar, tentava fazer perguntas, mas Zayn não o escutava por causa da música alta. Eles atravessaram o salão de dança, Liam estava um pouco apavorado por ver tantos homens dando beijos triplos e quase transando na frente de todo mundo. As luzes piscando o estavam quase cegando e corpos suados e sem camisa passavam esfregando-se dele. Nesse pequeno caminho que ele fazia com Malik, perdeu a conta de quantas vezes sentiu beliscões na bunda e mãos apertando seu membro e alisando seu peito.

    Zayn o puxou para dentro do banheiro, alguns casais também trocavam beijos e amassos dentro do ambiente e nos corredores perto dali. Zayn arrastou Liam para dentro de uma cabine, trancando a porta em seguida. O espaço apertado fez os dois ficarem extremamente próximos, mas era o único lugar longe da música alta que conseguiam ouvir um ao outro.

    - Olá! – Liam disse assim que viu os olhos de Zayn um tanto apavorados com a presença do outro por ali. Zayn soltou um riso ao ouvir Liam naquele tom de voz engraçado, preso dentro de uma cabine de banheiro de uma boate gay e tudo que ele tinha a dizer era “olá”.

    - Oi, Payne. – Zayn disse ainda entre risos. – O que está fazendo aqui? – O moreno bonito perguntou realmente curioso, mas achando adorável a postura assustada de um Liam que queria maquiar que sabia o que estava fazendo.

    - Eu estava muito entediado em casa e você foi a única pessoa que imaginei que quisesse sair. – Ele respondeu honesto.

    - Eu mandei mensagem pra você dizendo onde estava. – Zayn disse um pouco sem graça. – Você não viu?

    - Vi. – Liam respondeu sentindo que estava começando a suar por baixo daquele sobretudo pesado.

    - E veio mesmo assim? – Zayn perguntou e, lembrando uma criança que pensava que sabia o que estava fazendo, Payne concordou com a cabeça, olhando Zayn com um certa expectativa. Malik não conseguia fazer outra coisa que não fosse rir do jeito amador do colega de trabalho. – Vem, vamos dançar então e pegar um drinque pra você. – Zayn disse vendo o sorriso de Liam se abrir.

    - Tá bem. – Payne respondeu segurando a mão de Zayn ainda quando saíram do banheiro para não se perderem no meio da multidão.