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História Linha Tênue - O início - Emma


Escrita por: moniquetayahh

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 20 - O início - Emma


Fanfic / Fanfiction Linha Tênue - O início - Emma

Meu peito estava doendo. Minha cabeça latejava e mesmo de olhos fechados eu estava sentindo tudo rodar. Estava frio também e um enjoo fazia com que eu sentisse que fosse vomitar a qualquer momento.

Abri os olhos com dificuldade, apenas a claridade eu conseguia enxergar, tudo era embaçado e com muita luz, o que fazia minha dor de cabeça ficar ainda maior. Fechei e abri os olhos varias vezes tentando me acostumar com a iluminação natural que vinha das grandes janelas daquele quarto... Quarto do qual eu consegui reconhecer depois de um tempo, ainda com a vista um pouco embaçada.

Eu estava de volta ao castelo de meus pais. Como eu havia ido parar ali, eu não fazia ideia. Porque em minha mente tudo era muito confuso e a última coisa da qual eu me lembrava vagamente, era de ter despertado Regina com um...

— Beijo... – Eu disse assustada ao me sentar quase num pulo.

— Que?... - Mary Margaret disse meio assustada e sonolenta. - Está... está tudo bem querida... – Ela estava sentada em uma cadeira próxima a cama, como se tivesse cochilado sem querer. – Está tudo bem... – Ela sorriu ao pegar em minha mão.

— Meu... meu filho... – Eu perguntei confusa olhando ao redor. Minha cabeça latejava sem parar. Porque tudo que eu conseguia me lembrar era de todos eles querendo nos pegar e agora eu estava de volta naquele quarto. E Henry não estava comigo... Só de pensar na possibilidade de Henry estar preso em algum lugar, fez meu desespero surgir. – Onde está eu filho? – Eu disse em tom alto, retirando as coberta de cima de mim, determinada em ir atrás dele.

— Emma... Se acalme... – Mary Margaret se levantou com pressa me impedindo que me levantasse também.

— Me acalmar? – Eu me levantei já procurado minhas coisas pelo quarto. Mas confesso que estava difícil ver alguma coisa com quase tudo rodando. - Como quer que eu me acalme quando... – Eu parei de falar e de andar quando percebi que ela havia me chamado de Emma e não de Anna.

Eu me virei para ela que me olhava maternalmente com os olhos um pouco assustados. Era aquele olhar de proteção que ela sempre me dava. Era como se ela soubesse quem eu realmente era... Ou será que sabia? As coisas começaram a rodar ainda mais, mas eu ainda conseguia me manter em pé.

— Você... – Eu disse com minha respiração ainda mais alterada, eu tinha que ser forte, não podia desmaiar. – Você sabe quem eu sou? – Eu perguntei com todo o folego que me restava. Mas as coisas ficaram escuras novamente e eu não tive tempo de ouvir sua resposta.

Eu estava em um corredor sem fim, com espelhos por todas as partes, teto, chão, paredes, o que fazia parecer ser ainda mais infinito. Henry e Regina chamavam por meu nome de um lugar que parecia não existir. Eu corria e corria e nunca parecia ficar mais perto de suas vozes, aquilo era agonizante, fazia-me perder o ar e ter vontade de chorar. O jeito com que suplicaram por mim, era como se tivessem sofrendo, em perigo e eu não conseguia fazer nada, eu só podia correr e correr, chegando sempre em lugar nenhum.

Depois de tanto correr e perder o ar inúmeras vezes, ainda ouvindo Regina e Henry chamando por mim, eu vi uma maçaneta na parede espelhada. Sem pensar duas vezes eu a abri, tendo toda a certeza que estava finalmente livre daquele corredor sem fim. Mas ao entrar no local completamente escuro eu cai, cai em um vazio ainda mais infinito de onde eu estava.

Fechei os olhos esperando o impacto e quando eu finalmente senti meu corpo tocar a superfície eu abri os olhos assustada. E lá estava eu, completamente ofegante e suada, sentada a cama no castelo dos meus pais.

— Tudo bem Emma... – David disse ao se aproximar e sentar a beira da cama. – Foi só um pesadelo... – Ele disse ao pegar em minha mão.

Eu não disse nada, nem mesmo retirei a mão dele da minha. Mas eu ainda estava muito assustada com o pesadelo e ainda sentia meu coração apertado pelo socorro que Regina e Henry pediam. Minha cabeça girava confusa com tudo, o sonho e as coisas que haviam acontecido no campo aberto estavam sem ordem, embaralhadas... Era horrível não conseguir ver as coisas com clareza.

— Emma querida... – Mary Margaret disse ao sentar-se também a beira da cama, mas do outro lado. – Está tudo bem ok? Foi só um pesadelo, mas já passou... – Eu não estava mesmo entendo e apenas balançava a cabeça negativamente. – Deite-se querida... deite-se... – Ela disse amorosamente fazendo-me deitar de novo. Tudo estava tão desalinhado. Onde Henry e Regina estavam, porque eu tinha que deitar?

— Não! – Eu disse ao me sentar com pressa. Eles estavam me chamando de Emma, mas será que sabiam quem eu era? – Onde está meu filho? – Eu quis tirar as cobertas de cima de mim, mas David não deixou.

— Ele está com Regina. – David disse calmo, como se quisesse me acalmar, mas quilo me deixou ainda mais assustada. Ele estava com ela onde? Em alguma prisão?

— Onde? – Eu tentei retirar as coberta de novo, mas David ainda estava me impedindo. - Eu quero meu filho, me deixa sair daqui. – Eu tentei empurra-lo, mas eu estava fraca, o que havia acontecido comigo?

— Emma... Me escuta está bem? – David disse em tom alto, segurando-me pelos braços, fazendo-me olhar atentamente para ele. – Henry está seguro.

— E como eu posso saber que estão dizendo a verdade? – Eu perguntei o desafiando e o analisando em seguida.

— Porque nós somos seus pais e não temos porque mentirmos para você. – Ele disse com naturalidade o que me deixou ainda mais confusa.

Em que momento eles recuperaram suas memórias, ou será que recuperaram mesmo?

Se eles sabiam quem eu era Regina também sabia?

Por que Henry não estava ali comigo?

Onde Regina estava com meu filho?

Por que meu peito estava doente?

Por que eu não conseguia me lembrar direito das coisas?

Por que as coisas da qual eu me lembrava estavam tão destorcido na minha mente?

Eram tantas perguntas, tantas coisas rodando e rodando que eu tive que me concentrar para não desmaiar. Porque eu realmente sentia meu corpo fraco. Algo grave havia acontecido comigo.

— Vocês... vocês se lembram? – Eu perguntei receosa.

— Sim Emma, todos nós recuperamos nossas memórias. – Mary Margaret disse sorrindo. – Henry está bem ok? Ele está com Regina nesse momento. Ele quis ficar com ela até você melhorar.

— Melhorar? – Eu perguntei confusa. – Mas melhorar de que? Eu estou doente?

— Não mais... – Mary disse aliviada. – Depois que Henry beijou Regina e quebrou completamente a maldição... – Ela dizia com naturalidade, mas aquilo não era real, foi eu quem beijou ela, daquilo eu realmente lembrava. – Você levou uma flechada no peito, mas a flecha estava com um veneno enfeitiçado... - Enquanto ela contava toda a história, minhas memórias pareciam se organizar, fazendo-me lembrar de algumas coisas que antes eram apenas borrões.

Eu mesma havia beijado Regina. Eu tinha quebrado completamente aquela maldição. Só não sabia de onde Mary Margaret tinha tirado que tinha sido Henry quem a beijou. Mas confesso que fiquei aliviada quando me lembrei o que aquele beijo realmente significada.

Na verdade eu não entendia muito bem tudo aquilo, não sabia exatamente quais eram as regras naquele mundo. Mas pelo menos depois de ouvir toda a história, eu consegui me lembrar de tudo, mas apenas até a parte em que eu levei uma flechada e tudo ficou escuro.

— Então... – Eu comecei a dizer depois de ouvir tudo que havia acontecido. – Então Regina cuidou de mim... e... Henry foi o responsável pela minha cura? – Eu perguntei sentindo-me tão feliz que foi inevitável não deixar um sorriso escapar.

— Sim... – Mary Margaret disse me analisando. – Na verdade Regina não saiu do seu lado nem um segundo... – Aquilo me fez ficar rígida. Fazendo mil pensamentos sobre Regina surgiram em minha mente. - Confesso que achei bem estranho a desespero dela junto com toda a dedicação para te salvar... – Fiquei ainda mais nervosa com aquilo, mas mais por saber como Regina havia reagido, do que a desconfiança de minha mãe. - Acho que... – Ela ainda me analisava e seu olhar era um pouco critico. – Acho que ela realmente mudou... e está tentando se redimir... – Desviei os olhos dos dela para que não os lesse. Eu realmente havia ficado surpresa com aquilo.

Eu queria Regina. A queria completamente e loucamente ao meu lado para todo o sempre. Com todos os clichês e coisas de contos de fadas. Disso eu já não tinha mais duvidas e nem mais motivos para duvidar. Certo ou errado, meus insanos sentimentos por ela já faziam parte de mim.

Mas o meu querer durou pouco, descobri meus sentimentos em Neverland e quando me dei conta, eu já estava partindo em meu fusca, para uma vida sem meu verdadeiro final feliz.

Fiquei meses sem saber quem eu era, mas meu sentimento não deixou de existir, mesmo sem saber por quem ou por que, eu ainda a queria. Nos meus sonhos eu a tinha, mesmo que fossem apenas lembranças, eu a tinha por perto, eu a tinha junto a mim, com brigas ou com mais brigas.

Nunca tive tempo de analisar se Regina sentia algo por mim. Na verdade ciúmes eu já havia reparado uma vez ou outra, ou talvez não fosse nada... Mas eu de fato nunca cogitei a possibilidade dela ter por mim os mesmos sentimentos que eu tinha por ela. Mas ouvir aquela história contada por Mary Margaret, uma chama se esperança surgiu em meu coração. Porque além de tê-la despertado com um beijo – que por lá chamam de beijo de amor verdadeiro - Regina tinha cuidado de mim... mas cuidado de uma maneira que até mesmo minha querida mãe - Snow White - achou estranho.

Em um surto eu retirei as cobertas de cima de mim.

— O que foi Emma? – Mary Margaret perguntou sem entender minha atitude.

— Eu tenho que falar com ela. – Eu disse ao sair da cama, fazendo com que ambos meus pais também se levantasse.

— Ela quem? – Mary perguntou como se só quisesse confirmar o que já sabia.

— Regina. – Eu me limitei em dizer indo até o armário onde as roupas que David havia me emprestado estavam.

— Não Emma, você tem que descansar. – David disse atencioso vindo atrás de mim.

— Eu já descansei muito... – Eu disse ao abrir o armário. – Foram quantos dias? – Eu me virei para eles. – Quase quatro dias desacordada? Já não está bom o bastante? – Eu voltei para o armário.

— Não Emma, você não pode sair agora... – Mary Margaret dizia com a voz um pouco assustada. - Ainda está fraca, hoje a tarde mesmo você acordou e desmaiou logo em seguida... – Imediatamente eu me lembrei do incidente que parecia até então não existir. - Não se lembra?

— É... – Eu me virei para ela com os olhos semicerrados. Era estranho não ter me lembrado disso até ela dizer. – Eu me lembro sim...– Eu voltei para o armário pegando a roupa que procurava. - Mas diferente de mais cedo... eu realmente já estou bem. – Eu disse ao fechar a porta e ir em direção ao banheiro, mas no caminho Mary Margaret pegou em meu braço.

— Emma. – Ela disse meu nome como uma mãe, pronta para dar uma bronca em seu filho. - Estamos no meio da noite. Você ainda não está completamente recuperada... O castelo da Regina não é a algumas quadras daqui como em Storybrooke... é distante... E não existe nenhum taxi que você possa chamar para te levar lá. – Eu a olhava atentamente e até entendia que ela estava apenas querendo me proteger, mas confesso que essa coisa que ter uma mãe aos trinta anos de idade era demais para mim. – Então pare com isso... e quando você tiver realmente bem, nós te levamos até lá. – Eu respirei fundo, com um pouco de irritação. Mas mais irritada pela noite que eu teria que esperar. – Ou se preferir, podemos trazer Henry para você.

— Mary Margaret... – Eu respirei fundo para não falar o que não devia. – Eu realmente entendo e agradeço tudo que estão fazendo, mas eu realmente quero ir até lá. – Eu tentei não ser grosseira. – Eu vou esperar até o amanhecer, mas eu mesma vou... 

— Tem certeza que não acha melhor esperar até se recuperar completamente? – Ela dizia com a voz preocupada, mas havia algo a mais ali, algo como curiosidade. – Você pode conversar com ela outro dia...

— Não, não posso... – Eu respirei fundo outra vez, tentando pensar nas palavras certas. – E eu já me sinto bem... já descansei tempo o suficiente, e agora... bem agora eu preciso resolver minha vida. – Ela me olhava ainda mais curiosa.

Ela me analisou por alguns segundos, como se mil perguntas se passassem em sua mente, mas nenhuma dela conseguisse sair por sua boca.

Só de ver aquela curiosidade da parte de minha mãe, eu soube de imediato que ela logo me encheria de perguntas... perguntas das quais eu não fazia ideia de como iria responder.

Se eu não havia pensando antes na possibilidade de Regina ter sentimentos por mim... Eu nem mesmo cogitei que talvez meus pais não fossem gostar nada daquilo. E que talvez, todo o passado deles, viesse a ser mais um grande problema que eu teria que resolver. Na verdade eu achava que nada ficaria bem se eles e todos os outros soubessem... seria um desastre.

— Está bem... – Foi o que Mary Margaret disse depois de um curto tempo. – Amanhã nós vamos com você até lá. – Ela concluiu semicerrando os olhos, como se quisesse me analisar ainda mais profundamente.

— Não! – Eu dei uma travada quando reparei que falei mais tensa do que deveria. – Quero dizer... não precisa, eu consigo chegar lá sozinha.

— Emma... – Foi David quem resolveu falar. – Deixe-me apenas te levar... Você realmente não está completamente boa... então, por favor, deixe-me ser um pouco pai.

— Está bem... – Eu disse contrariada.

— Ótimo! – David disse com um sorriso feliz.

— Bem... – Eu olhei ao redor e respirei fundo antes de continuar. – Eu queria ficar um pouco sozinha...

Foi difícil convence-los a me deixarem, mas depois de muitas recomendações eles se foram, dando-me a paz que eu precisava para refletir sobre os últimos acontecimentos.

Eu não consegui dormir, na verdade nem mesmo tentei. Fiquei horas sentada naquela janela olhando a noite passar, até dar lugar ao sol nascendo no horizonte.

A dor em meu peito já não me incomodava mais e a dor de cabeça era algo quase imperceptível, talvez eu estivesse mesmo quase perfeitamente boa, ou talvez a ansiedade dentro de mim falasse mais alto do que qualquer outra coisa.

Como combinado, meu pai me levou até o castelo de Regina, que era realmente longe. Fomos em uma carruagem, guiada por um senhor simpático.

Por todo o caminho David tentou puxar aleatórios assuntos, apenas para me entreter, mas eu estava tão nervosa que mal conseguia responde-lo com frases inteiras.

Eu sabia que queria falar com Regina, mas confesso que não fazia ideia do que iria de fato dizer. No mesmo momento em que eu tinha mil coisas na cabeça, parecia que eu não tinha absolutamente nada.

David me deixou onde deveria e pela última vez me perguntou se eu não queria que ele me esperasse. Eu apenas neguei com a cabeça, dei um meio tchau e entrei.

Achei que fosse ter que esperar ser anunciada, mas assim que um dos guardas me viu, sem ao menos ter perguntado algo, ele já foi me dizendo onde eles se encontravam.

Subi algumas escadas pela lateral do castelo, o caminho que o tal guarda tinha me indicado, segui contornando o mesmo, fazendo-me sentir cada vez mais nervosa. Minhas mãos suavam, minha respiração completamente alterada, meu coração batendo tão forte, que eu podia sentir que a qualquer momento ele iria sair rasgando minha garganta.

Mais uma escadaria a minha frente, que eu sabia que era a última até o lugar que estavam. Ao pé da escada ou ouvi a risada deles, junto com uma outra que de imediato não soube de quem era.

Respirei fundo antes de deixar a adrenalina tomar conta de mim e subir de dois em dois degraus, querendo acabar logo com aquela minha agonia.

Foi Henry quem eu vi primeiro, fazendo meu coração se acalmar um pouco, tirando-me um sorriso ao vê-lo feliz e rindo. Meus olhos em seguida passaram por Tinker, que também ria animada, como se contasse algo engraçado, aquilo me incomodou um pouco, mas não era ela quem meu coração buscava, então tentei ignorar a raiva que sentir em vê-la tão feliz com eles.

Dei uma longa piscada e ao abrir os olhos novamente eu vi Regina. Ela estava com um meio sorriso olhando diretamente para o nosso filho. Tinha muito amor em seus olhos, mas seu sorriso não me parecia totalmente sincero, era como se mesmo tendo seu final feliz ali a sua frente – Henry – aquilo não fosse o suficiente.

Incrível ver como todo meu corpo mudou naquele instante... Naquele momento e que eu apenas a olhava... Meu coração que batia a mil, estava sereno e em paz, um nervosinho ainda permanecia na boca do meu estomago, mas era gostoso e até me dava vontade de rir. Minha respiração que estava ofegante, se transformou em algo mais leve, mesmo que não tenha voltado ao normal completamente.

Finalmente eu me movi, caminhando lentamente na direção deles, mas sem tirar os olhos de Regina um segundo se quer. Ela era perfeita, mesmo com todas as suas imperfeições, mesmo sendo a pessoa mais errada do mundo, Regina era a pessoa certa para mim. O meu encantado final feliz, que por todos os anos em que vivi no mundo real, acreditei e jurei nunca existir.

— Mãe? – A voz de Henry soou feliz e assustada ao mesmo tempo, fazendo Regina se virar na minha direção.

Seus olhos cruzaram os meus, fazendo meu coração voltar a bater um pouco mais forte, mas não como antes, nervoso e ansioso. Agora ele bataria mostrando-me o quanto estava feliz.

Na imensidão do seu olhar eu consegui ver algo tão puro e amoroso que tive que respirar fundo para não me perder naqueles castanhos perfeitos.

Um sorriso de canto e até envergonhado se formou em seu rosto, mas aquele sim era um sorriso completo e totalmente entregue a felicidade. Ela se levantou da mesa quase em câmera lenta, ficando de pé onde estava.

— Eu sabia que assim que você acordasse você viria correndo para cá. – Henry disse animado vindo em minha direção, fazendo-me olhar para ele que estava com um sorriso enorme. – Eu já estava com saudades! – Ele me abraçou que também o abracei, dando um beijo em sua cabeça. Mas logo voltei meus olhos para Regina, que agora me olhava ainda mais intensamente. – Você está bem? – Meu filho perguntou ao soltar do abraço.

Eu apenas afirmei com a cabeça ainda olhando para ela que também não tirou seus olhos dos meus. Não que eu estivesse realmente ignorando Henry, mas simplesmente naquele momento eu precisava apenas falar com Regina. Era como se eu tivesse ligada no automático, mas sem perder o controle de nada.

— Nós precisamos conversar. – Eu consegui encontrar minha voz falando diretamente com Regina, que abriu um pouco mais seu sorriso, como se achasse engraçado, mas não de uma maneira ruim.

— É... – Foi o que Regina respondeu sem tirar aquele sorriso lindo dos seus lábios. Eu nunca a tinha visto sorrir por tanto tempo.

O silêncio prevaleceu por segundos. Nossos olhos conversando coisas que nem mesmo eu poderia dizer o que era. Eu queria falar e eu podia ver que ela também queria, mas mesmo com toda a urgência que eu estava sentindo, era como se o tempo não importasse mais, era como se pudéssemos ficar ali por dias nos olhando, até de fato falarmos alguma coisa.

— Henry, você não queria ir ao estábulo? – Tinker disse para ele, mas em nenhum momento eu ousei tirar meus olhos do de Regina.

— Não agora! – Henry disse como se fosse obvio que ele queria era ficar ali. Mas depois de uma pausa prosseguiu. – Ah... sim... sim... vamos... – Sua voz soou insatisfeita e mesmo sem olhar para ele, eu sabia exatamente a expressão que ele tinha em seu rosto.

Henry e Tinker se foram no mesmo instante deixando apenas eu e Regina naquele lugar a céu aberto. Ainda estávamos longe demais uma da outra. Mas mesmo assim eu conseguia sentir seu cheiro adocicado sendo trazido até mim, pela brisa gelada que passava por ali.

Com calma eu fui me aproximando até restar apenas um metro entre a gente. Eu tinha em mente começar a falar, mas estava tão difícil de encontrar um começo para aquela conversa. Eu não fazia ideia do que realmente dizer.

— Até que as roupas do seu pai, não lhe caem mal, Swan. – Regina disse com seu tom irônico natural, mas descontraída e com aquele sorriso nos lábios. Fazendo-me soltar uma única risada, achando graça por ela ter notado tal coisa.

— É, eu me esqueci de trazer minha mala. – Eu respondi também descontraída, fazendo nós duas sorrirmos.

— Acho que não seria muito útil também. A moda aqui é outra. – Suas palavras sempre soavam como sarcasmo, mas eu via o quanto inocentes elas estavam sendo naquele momento. Sorrimos timidamente uma pra outra naquele pequeno espaço de tempo silencioso. - Você está bem, Emma? – Ela perguntou fazendo seu sorriso se desfazer, dando-lhe um ar de preocupação.

— Graças a você e Henry sim. – Eu disse também sem sorrir, fazendo-a erguer as sobrancelhas junto com um olhar tristonho. Eu podia sentir que a conversa estava dando partida, dando-me finalmente o foco que eu precisava. – Por que você cuidou de mim Regina? – Eu perguntei sentindo-me aliviada.

— Eles estão nos espiando. – Ela disse baixinho olhando para trás de mim.

— Quem? – Eu perguntei olhando para onde ela havia olhado sem achar nada e nem ninguém.

— Henry e Tinker... – Ela disse um pouco impaciente voltando a olhar para mim. – Eu conheço um lugar que a gente pode conversar melhor, você quer ir? – Eu apenas afirmei com a cabeça. – Então vamos. – Ela segurou em pulso e nos contornando com fumaça roxa.

Em um segundo estávamos no castelo, no outro em um daqueles coretos de filmes antigos, no meio de algumas árvores com um rio passando logo ao lado. Eu ainda tinha que me acostumar com aquela coisa de magia, porque sempre me deixava um pouco assustada. Mas tenho que confessar, que o lugar parecia mesmo com um conto de fadas, até mesmo os passarinhos que cantavam em harmonia eram idênticos aos livros e aos filmes da Disney.

— Que lugar é esse? – Eu perguntei olhando ao redor ainda admirada como aquilo, parecia surreal.

— Um lugar especial... – Ela hesitou por alguns segundos. – Um lugar que eu costumava vir antes das coisas tomarem um... certo rumo. – Ela disse como se não quisesse falar muito sobre o assunto. – Mas não se preocupe, ainda estamos nos limites do meu castelo. - Ela concluiu como se aquilo fosse me tranquilizar.

Eu não soube o que dizer, e aquela falta de meios para começar a falar o que eu nem sabia ao certo estava cada vez mais me deixando nervosa. Olhei mais uma vez para aquele lugar surreal, tentando encontrar minhas palavras, que estavam tão desorganizadas como uma sopa de letrinhas.

— Por que você cuidou de mim Regina? – Eu fiz a mesma pergunta que não havia sido respondida há minutos atrás. Seus olhos estavam confusos e sua boca se abriu algumas vezes antes de conseguir dizer algo.

— Por que você me salvou Emma? – Soou como se ela tivesse me desafiando a responder a sua pergunta primeiro. Fazendo meu coração martelar em meu peito, não era o que eu estava esperando.

— Porque... – Eu não fazia ideia do que realmente responder. – Por que você não responde a minha pergunta primeiro? – Eu disse em um tom natural de desafio.

— Por que talvez a resposta da sua, responda a minha. – Tinha medo em seus olhos, mas ela estava nua emocionalmente. 

— Você... – Eu respirei fundo tentando organizar alguma coisa em minha mente. – Você lembra como exatamente eu te salvei?

— Você lembra? – Ela mais uma vez me respondeu com uma pergunta, fazendo-me revirar os olhos. Já estava difícil aquela conversa na minha cabeça, com Regina dificultando as coisas a gente nunca ia chegar a lugar nenhum.

— Tem como você parar de me responder com perguntas? – Eu perguntei me sentindo ainda mais confusa.

— Talvez, se você responder as minhas. – Regina sorriu como se achasse graça, fazendo com que eu me irritasse por segundos. Respirei fundo ao entender que eu teria que ceder. 

— Eu me lembro. – Eu respondi depois de encher meus pulmões de ar. Regina por sua vez me olhou curiosa esperando que eu dissesse mais. Fazendo-me soltar o ar com força, pegando um folego ainda maior em seguida. – Eu... – Estava realmente difícil encontrar um meio de falar tudo que estava embaralhado. – Eu beijei você... – Eu disse sentindo o nervosismo tomar conta de mim. – E... e depois eu levei a flechada...

— E por que você me beijou Emma? – Sua voz saiu baixa, como se tivesse medo de pronuncia-las. Seus olhos também transmitiam aquilo, mas junto havia também uma esperança que eu nunca tinha visto antes.

Mais uma vez eu fiquei calada, olhando para ela sem saber como responder a aquela pergunta.

— Emma... – Regina deu um passo à frente quase entrando em meu espaço pessoal. Era como se ela não soubesse o que fazer, eu não era a única que parecia nervosa e confusa ali. Ela passou a mão em seus cabelos, olhou ao redor, colocou as mãos em sua cintura e voltou a me olhar. – Por que? – Pensei que ela fosse responder as minhas perguntas, mas em vez disso insistiu na sua anterior. 

— A vida inteira eu duvidei que pudesse ser feliz. – Eu fechei os olhos querendo me concentrar, sentindo-me mais confiante. - Ter uma família... ser amada de verdade. – Abri os olhos sentindo a segurança que precisava. - Vivi sozinha por muitos e muitos anos e acreditei que seria assim para sempre. – Regina me olhava atentamente. - Mas ai Henry apareceu e me levou até você. Naquele instante em que meus olhos cruzaram os seus pela primeira vez, eu soube... – Seus olhos cada vez mais curiosos. Sua respiração se intensificando aos poucos, mostrando-me seu nervosismo. – Soube que era diferente de tudo que vivi ou imaginei em minha vida... – Eu molhei meus lábios antes de prossegui. - Juro que não esperei que a estrada ao seu lado fosse ser tão conturbada quando foi. – Eu sorri de canto, fazendo-a sorrir do mesmo jeito. - Mas acho que cada momento foi necessário para chegarmos até aqui... – Regina analisava cada palavra minha, o que me fazia sentir ainda mais ansiosa para saber o que ela pensava. - Eu sou péssima como essas coisas, as vezes acho que nem sei gostar direito das pessoas... – Eu desviei os olhos dos dela apenas por alguns segundos. - Mas é desse jeito meio errada, que eu... depois de um tempo percebi, que tudo aquilo que sempre achei não existir, estava a minha frente... – Eu sorri sentindo emoções distintas dentro de mim. - Me irritando cada dia mais, mas me fazendo sentir realmente viva... – Eu fiz uma pausa para respirar fundo antes de concluir o que eu estava dizendo. - Eu beijei você porque estava desesperada... – Sua expressão de duvida me fez parar por milésimos de segundos. - Eu não sabia mais o que fazer... apenas deixei meus sentimentos tomarem conta como se mais nada importasse no mundo.

— Que sentimentos Emma? – Ela perguntou com a voz quase inaudível e com a respiração um pouco desregulada também. Seus olhos pareciam assustados, como se não acreditasse em algo surpreendente. Eu apenas aproveitei o embalo e decidi falar tudo, mas apenas tudo que minha mente conseguisse processar.

— E-eu... – Molhei meus lábios querendo organizar algo para dizer. – Eu não sei se consigo explicar... – Eu respirei fundo tentando buscar a coragem em meus pulmões. – Eu gosto de você... – Eu disse sentindo como se todos meus segredos tivessem sido revelados.

— Gosta como...? – Sua voz era quase um sussurro. Já seus olhos me pareciam tristes, e brilhavam com as lagrimas querendo surgir. Aquilo me deixou ainda mais nervosa e até um pouco insegura se continuar.

— Gosto... – Eu disse com meu coração batendo como um tambor dentro do meu peito. – Gosto como... talvez eu não deveria gostar... – Eu abaixei meu olhar soltando a ar preso.

— Porque não deveria? – Ela disse ao engolir a seco, fazendo-me voltar a encarar seus castanhos que brilhavam ainda mais.

— Porque eu quero você, Regina. – Eu disse ao jogar tudo para o alto e resolver vomitar o que estava preso no meu ser. Deixando-me ainda mais assustada que antes. – Porque eu não quero mais sair do seu lado, porque mesmo sem minhas memórias eu sentia muito a sua falta, porque eu te vejo como Regina e não como a Rainha Má, porque eu quero que a gente crie nosso filho juntas, porque eu sinto vontade de te abraçar toda vez que te vejo, porque desde o dia em que te conheci você se mudou com mala e tudo para a minha cabeça, porque hoje eu acredito que nada nesse mundo acontece por acaso... porque você e Henry são minha família... Porque eu quero e acredito, que só você pode ser meu final feliz. – Assim que terminei uma lagrima escorreu pela face de Regina, dando-me um aperto no coração.

Eu consegui falar tudo que estava preso, dando-me uma paz que eu nem sabia que existia. E eu me senti feliz e orgulhosa e mim, mesmo que nada daquilo fosse recíproco. Nunca tinha imaginado que dizer o que se sente, pudesse me fazer tão bem como havia me feito.

Regina não disse nada. Seu peito subia e descia rapidamente pela respiração ofegante. Seus olhos me olhavam de um jeito que eu não sabia muito bem o que era. Ela chegou a abrir a boca umas duas vezes, mas nenhum som foi emitido. Eu queria poder saber o que se passava em sua mente, mas nem mesmo seus olhos eu estava conseguindo ler com clareza.

Ela sorriu para mim, levando paz para meu coração. Ela molhou seus lábios em seguida e negou com a cabeça como se realmente não soubesse o que fazer. Sua respiração profunda, junto com sua piscada longa que fez suas lagrimas escaparem, me fizeram querer voltar a falar. Mas antes que eu pensasse em algo para dizer, Regina invadiu meu espaço pessoal, levando uma de suas mãos em meu rosto e sorrindo sem jeito. Fazendo-me ficar completamente estática com sua aproximação.

— Eu também quero que você seja o meu... – Regina disse baixinho, olhando-me com seus olhos marejados.

Meu coração explodiu dentro de mim. Me senti a pessoa mais forte do mundo, como se nada pudesse me deter. E naquele momento eu entendi de onde vinha todo o otimismo de meus pais, eu entendi que mesmo com todas as coisas ruins que a vida pudesse levar para eles, um tinha o outro e aquilo bastava para serem realmente felizes.

Eu me senti completa, na verdade transbordada, como se o universo estivesse dentro de mim. Eu a queria, ela me queria e aquilo era o suficiente... Ela realmente era o meu final feliz.

Nossos corpos tão próximos um ao outro. Uma tensão completamente desconhecida até então, tomou conta de mim. Nem mesmo no auge da minha paixão pelo pai de Henry eu me senti tão em êxtase como ali com ela.

Com sua mão livre Regina puxou meu corpo, fazendo-me colar com o dela e sentir um arrepio da cabeça aos pés. Minhas mãos foram direto para sua cintura, a segurando com firmeza para que não saísse de perto de mim. Um calor gostoso invadiu todo meu ser. Seus olhos fixos em minha boca, mostrando-me que queria exatamente a mesma coisa que eu, fazendo uma reviravolta no meu estomago. Com sua mão que ainda estava em minha face ela a levou até minha nuca, puxando meu rosto para próximo ao dela.

Fechei os olhos antes mesmo de sentir seus lábios tocarem os meus. Um beijo selado completamente perfeito, que me fez sorrir ainda com minha boca na dela. Sem pressa alguma entreabrimos nossas bocas dando inicio ao real beijo. Um beijo tão único, que eu poderia dizer que foi feito especialmente para mim. Que desde antes de nascer aqueles lábios já eram meus, não só os lábios, mas como Regina inteira.

Aquele memento poderia ser eterno. Sua língua em sincronia como a minha, seu gosto doce e saboroso tomando conta da minha boca, suas mãos segurando entre meus cabelos com delicadeza, seu corpo colado ao meu, seu cheiro invadindo meus pulões... Mas nem mesmo nos contos de fadas os momentos tão para sempre.

O beijo acabou aos poucos, sem pressa e sem vontade de terminar. Segurei em seu rosto com uma de minhas mãos, selando seus lábios com vontade, antes de afastar minha cabeça um pouco e abrir os olhos para poder encara-la.

Seus castanhos estavam tão felizes que pareciam sorrir para mim. E a melhor sensação de todas era saber que aquele sorriso era meu e de mais ninguém. Nada poderia ser mais gratificante do que ver Regina realmente feliz.

— E agora Emma... o que vamos fazer? – Regina perguntou mudando sua expressão para de completamente feliz, para um pouco insegura. Mas mesmo assim, seus olhos ainda sorriam sem parar.

— Eu não faço ideia... – Eu disse sorrindo, sem saber realmente o que vinha a seguir. – Sei que temos muito o que conversar ainda, mas acho que com calma, eu e você, juntas, podemos fazer qualquer coisa e resolver qualquer problema. - Seu sorriso triplicou com minha resposta fazendo meu coração sorrir junto. Aquele era apenas o início, do início de nosso final feliz.


Notas Finais


Eu escrevi essa fic junto com a terceira temporada de ouat e na época eu mal tinha lido uma fic swanqueen... eu escrevi outras coisas e uma amiga me fez escrever sobre swanqueen, eu não queria, mas acabei cedendo... eu lembro que acreditava que swanqueen ia ser canon na série um dia eu acreditava que aquilo tudo se transformaria em um lindo casal, mas eu achava que as coisas seriam lentas e com muitas aventuras até elas conseguirem por fim ficarem juntas... na época eu apenas queria fazer o que a série faria (que achava que faria mais para frente e de um outro jeito, mas faria) na época eu escrevi como eu imaginei que once upon a time nos daria swanqueen, então por isso a fic não teve tanto romance até aqui, por isso a fic desenvolveu tudo antes de chegar até esse ponto... eu particularmente amo o trabalho que fiz e sou grata por cada um que esteve comigo e ainda está!!
A fic acaba no capítulo 22, mas vamos ter uma segunda temporada.
Bem é isso, até e obrigada a cada um aqui <3


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