JUNGKOOK ON
Quando eu acordei, olhei na tela do celular e vi que marcavam 6:00 da manhã.
– Caramba, eu dormi direto. – Arregalei os olhos, ao lembrar que ainda era cedo, quando viemos para o quarto.
Dei uma espiada pelo quarto e notei que Taehyung já tinha saído de lá. Levantei e fui tomar meu banho. Enquanto a água morna caía sobre meu corpo, fiquei me lembrando do nosso momento íntimo. Me lembrei de como foi perfeito e como o Tae estava totalmente entregue a mim, do mesmo jeito que eu estava entregue a ele.
– Como será que ele está? – Sussurrei para mim mesmo, pensando no ômega, que havia se levantado tão cedo. – Será que ele se arrependeu?
Resolvi terminar meu banho, sem ocupar a cabeça com coisas assim. Preferi pergunta-lo como estava se sentindo, do que ficar especulando.
Saí do banheiro, vesti uma cueca e cheguei na frente do espelho, encarando meu rosto um pouco inchado e as marcas avermelhadas das unhas do outro sobre meus ombros.
Sorri.
– Ah, já se levantou? – A voz do ômega se fez presente no quarto e eu me virei, para fitar aqueles olhos cheios de brilho.
– Acabei de sair do banho. – Me virei para ele e lhe dei um selinho. – Bom dia.
– Bom dia. – Ele respondeu e encarou meu braço, ficando extremamente corado. – Vista uma roupa.
– Mas assim está tão confortável. – Brinquei.
– Não quero ficar vendo isso que fiz em você. – Seus dedos finos percorreram meus ombros, sobre as marcas de unha que eu tinha ganhado no dia anterior.
– Por quê? – Segurei seu pulso e o puxei para perto de mim.
– Eu tenho vergonha e isso deve ter doído muito.
– Não doeu nada e você não precisa ter vergonha de mim. – Respondi simples.
– Mas eu tenho. – Ele insistiu.
– Isso é normal, Tae. Todo mundo faz isso.
– Mentira. – Sua boca já ia formando um bico e eu apenas sorri por ver aquela carinha fofa que ele tinha.
– Todo mundo faz. Acha que o Jimin e o Yoongi nunca...
– Não sei. – Ele falou rápido.
– Sim, eles já.
– E como você sabe disso?
– Porque o cheiro do ômega muda quando ele perde a virgindade.
– Há, eu duvido que o Yoongi era virgem. – Tae começou a rir.
– É, mas ele era. – Falei rápido.
– Então você sabia que eu também era?
– Você foi meio complicado de saber. – Confessei. – Isso não significa que eu fico cheirando as pessoas para descobrir quem é virgem. – Gargalhei. – Mas o seu cheiro é extremamente diferente para mim e eu só conseguia “saber” mais coisa sobre você, se chegasse muito perto, coisa que você custou a deixar.
– Enfim, vamos parar de falar disso. – Taehyung se soltou do abraço e pegou duas xícaras em cima da cômoda, tais que eu nem percebi que estavam ali. – Trouxe café.
– Que bom, estou com fome.
Nos sentamos na cama e começamos a comer uns cookies com gotas de chocolate e a tomar café.
– Nossa, esse café está delicioso. – Comentei.
– Fui em quem fiz. – O ômega sorriu e ficou levemente avermelhado. – Fiz para você. – Completou, aos sussurros.
– Obrigado, meu bem. – Passei a mão por baixo do queixo dele e depositei um selar tímido sobre seus lábios. – Ficou muito bom.
– Por nada. – Tae sorriu e ficou me encarando, enquanto comia seus biscoitinhos.
– O que foi? – Perguntei.
– Eu posso te perguntar uma coisa? – Ele encheu a boca de biscoitos e desviou o olhar. Fofo.
– Claro que pode. O que você quiser.
– Não, deixa. – Ele respondeu de boca cheia.
– Fala, Tae? – Pedi e ele balançou a cabeça negativamente. – Por favor? Não precisa ficar com vergonha de mim.
– Jungkook? – Ele falou baixinho. – Ontem, você ficou comigo daquele jeito porque o seu cio está chegando?
– Não. – Falei firme. – O cio de um alfa não o afeta antes. O que pode mudar, é só o meu humor, mas eu não fico tentado a fazer outras coisas antes.
– Então quer dizer que...
– Que eu fiquei com você porque eu quis? – Perguntei e ele assentiu. – Sim. E você também, já que o meu cio não o afeta antes de chegar.
Taehyung ficou coradinho e escondeu-se atrás de um travesseiro.
– Para com isso. – Gargalhei e puxei a almofada de suas mãos. – Olha para mim? – Pedi e ele o fez.
“Você finalmente é meu porque você quis” – Pensei. “Eu tirei a sua virgindade e você tirou a minha”
“Você já não era virgem” – Ele respondeu, um pouco confuso.
“Para mim, nós só perdemos a virgindade quando fazemos por pura vontade. O cio não deveria contar como perder a virgindade. Ele é obrigatório, se você não o passa com alguém, você vai dar um jeito de se aliviar de outro jeito”
“Então você se considerava virgem até ontem?”
“Eu era virgem até ontem. O sexo do meu cio foi porque deveria ser. O seu também. Mas agora? Nós ficamos juntos de verdade. Você se tornou meu de verdade e eu me tornei seu de verdade”
“E eu amei...” – Tae respondeu, fechando os olhos.
“Eu também” – Sorri. – “Meu amor”.
Taehyung voltou a abrir os olhos e nós ficamos nos encarando, sem dizermos nada, apenas trocando olhares. Segurei sua mão e fiquei afagando o dorso da mesma, com o meu polegar.
– Se ficar me olhando assim, eu apaixono. – Falei de brincadeira.
– Você já está apaixonado. – Tae levantou a sobrancelha e eu gargalhei.
– Admito que não esperava essa resposta. – Puxei o ômega para cima de mim e nós deitamos na cama. – Ah, Tae... – Suspirei.
– O que foi?
– O que você fez comigo? – Acariciei seu rosto.
– Por quê? – Ele sorriu fofamente.
– Porque a cada dia que passa, eu estou mais apaixonado por você.
– Você deveria saber a resposta. – Kim escondeu o rosto no meu pescoço. – Porque você fez o mesmo comigo.
Eu não deveria ficar nervoso ao ouvi-lo falar isso para mim, mas não sei se conseguiria acostumar tão fácil. Taehyung é a coisa mais importante que eu tenho e saber que eu também sou importante para ele, me deixa tão feliz.
TAEHYUNG ON
– Vamos visitar a Minzy? – Chamei.
– Vamos. Deixa eu só vestir uma roupa adequada.
– Oh. – Levantei de cima dele correndo, ao me lembrar que o mesmo se encontrava apenas de cueca.
– Calma, Bombonzinho. – Jeon ria da minha cara de tomate.
– Ande logo. Vista essa roupa. – Tampei os olhos e fiquei sentado ali, curtindo minha vergonha.
– Pronto, já estou vestido. – Ele se aproximou e tirou minhas mãos de cima dos meus olhos. – Não sei porque tem vergonha de me ver de cueca. Já tomamos banho juntos, já fizemos sex...
– Cala a boquinha. – Cantarolei. – Vamos ver a Minzy. – Puxei o alfa do quarto e saímos para procurar a pequena.
Caminhamos até a ala infantil e eu pude ver a mesma com uma mochilinha nas mãos.
– O que está fazendo aqui a essa hora e de mochila? – Perguntei preocupado.
– Ei Tae, ei Kookie. – A garota deu dois pulinhos e me abraçou. – Eu vou para a escola.
– Que escola?
– Não é bem uma escola. – Ela sorriu. – Temos alguns campistas aqui que vão nos ensinar a ler e escrever e colorir...
– Você ainda não lê? – Jungkook coçou a cabeça.
– Ela só tem cinco anos. – Falei como se fosse óbvio.
– Mas eu sei ler. – Minzy cantarolou. – Eu vou lá para aprender a desenhar bonito e a fazer contas de matemática.
– Você sabe ler? – Perguntei assustado.
– Eu sei. – Ela fez um biquinho. – Minha mamãe me ensinou.
– Ah, então você tem uma mamãe e um papai, certo? – Me sentei ali e comecei a puxar assunto.
– Tenho. – Ela sorriu. – Mas eles sumiram de mim.
– E você só tem a eles?
– Não. – Minzy sentou no meu colo. – Tenho você e o Jungkook.
Sorri. Tão inocente.
“Ela não sabe do irmão?” – Jungkook ficou assustado.
– Você não tinha irmãos? – Perguntei.
– Não.
– A que chato, acredita que eu também nunca tive? – Me levantei e a peguei no colo, entregando sua mochilinha para Jungkook. – Vamos levar você até a escola. Onde é?
– Lá do lado de onde as pessoas treinam com a mente. – Ele falou simples. – Tem uns campistas lá que são gênios e eu vou ficar lá.
– Então você é uma gênia? – Sorri.
– Tae, ela tem cinco anos e sabe ler. – Jungkook sorriu soprado. – Ela é muito mais inteligente do que outras crianças.
– E vou aprender matemática. – A pequena completou, tirando vários sorrisos doces de nós dois. – É a primeira vez que alguém me leva para a escola.
– Pois então, nós vamos te buscar também, você quer? – Jeon encarou a miniatura de alfa no meu colo.
– Buscar não precisa, porque os professores vão nos deixar de volta na casa.
– Ah então, amanhã, nós voltaremos bem cedo e te levamos de novo. – Falei firme.
– Então tá. – Ela passou os bracinhos em volta do meu pescoço e me abraçou. – Seu colo é tão quentinho, Tae.
– Então, quando estiver com frio, você vem correndo para mim, que eu te esquento. – Apertei ela contra meu peito e não quis mais soltar.
Eu definitivamente amava aquela pequena alfa.
**
Depois de deixar Minzy na escola, eu e Jungkook ficamos caminhando pelo alojamento. Treinamos um pouco, tentamos tocar harpa – o que foi um desastre -, roubamos maçãs do pé, saímos correndo para o refeitório na hora do almoço e disputamos quem chegaria primeiro – claro que eu perdi -, nós escalamos árvores e quando estávamos lá no topo, Jungkook ficou me encarando como se fosse me morder.
– O que foi, seu maluco? – Perguntei, sorridente.
– Você fica tão lindo quando está sorrindo. Sua felicidade me afeta de tal maneira, que eu me sinto obrigado a te fazer sorrir todos os dias. E eu quero muito fazer isso.
– Ah... – Virei o rosto, envergonhado.
– Seu bobo, para de ficar vermelho quando eu falo essas coisas.
– Não consigo. – Falei rápido. – Vamos descer, antes que nós caímos daqui.
Voltamos a descer da árvore e como sempre, Jungkook chegou no chão antes de mim.
– Vem. – Ele esticou os braços e segurou minha cintura, me ajudando a descer da árvore.
Voltamos a andar e ele segurou minha mão.
– Eu esqueci de te perguntar se eu te machuquei, ontem.
– Não machucou, não. – Respondi. – Está tudo bem.
– Que bom, Bombonzinho. – Ele sorriu e puxou uma florzinha branca de uma árvore, colocando-a na minha orelha.
– Foi perfeito. – Tentei engolir a vergonha e o abracei.
Jeon passou os braços em volta da minha cintura e deixou meu corpo bem colado ao dele. Que abraço mais gostoso. Tão apertado.
Virei um pouco o rosto e decidi fazer uma coisa que acho que ele sempre esperou que eu fizesse. Tomei iniciativa e o beijei.
De início, foi um beijo tímido, apenas como nossos lábios se movimentando lentamente, até que eu pedi passagem para aprofundá-lo e a recebi permissão, na hora.
Kookie me apertou mais contra ele e segurou minha nuca, fazendo o beijo ficar cada vez mais intenso. Estávamos num lugar afastado do alojamento, então ninguém nos veria, a não ser que algum casal tivesse a mesma ideia que nós dois. Os pássaros cantavam e a brisa da tarde batia em nós com tanta calma, como se estivesse nos envolvendo numa camada de amor natural.
Um beijo em meio a natureza.
Por que estávamos tão próximos assim, já que o cio dele não nos interfere? Será que definitivamente nós estamos mais e mais apaixonados e mais entregue um ao outro e mais dependentes um do outro? São tantos “E mais...”, que eu prefiro deixá-los para lá e curtir esse momento com meu alfa.
Eu achava que custaria a olhar na cara dele de novo, depois do que fizemos ontem. Claro que eu fiquei morrendo de vergonha por ver o tanto que eu o arranhei nas costas e nos ombros, mas eu me sentia mais tranquilo do que antes. Saber que ele considera que perdeu a virgindade comigo me deixou tão feliz e com uma grande esperança de algo que eu não sei o quê. Só sei que eu o quero cada vez mais. Meu coração o quer cada vez mais e eu sou capaz de dizer isso para ele quando estiver um pouco menos envergonhado.
Eu preciso dele.
Separamos o beijo com selinhos curtinhos, mas sem nos afastar muito, porque eu já agarrei o pescoço dele e o apertei de volta num abraço.
– Está com vergonha de me beijar agora? – Ele riu soprado e acariciou meus cabelos.
– Não, eu só não quero que você se afaste de mim. – Soltei, sem pensar.
– Eu nunca vou me afastar de você.
– Você promete? – Por que estou tão manhoso? Ah não, Taehyung, se recomponha. Não deixe esse lado ômega tomar conta de você.
– Prometo. – Ele gargalhou baixinho e se soltou do abraço. – Vem cá. – Jeon virou de costas e esticou o braço para que eu pudesse subir nas suas costas.
– Não sei se é seguro. – Brinquei.
– Ah ande logo. Está chamando seu alfa de fracote?
– Não. – Apoiei nos seus ombros e tomei impulso, entrelaçando minhas pernas na sua cintura. – Mas não quero que pegue na minha bunda. – Cochichei.
– Eu não tinha pensado nisso, mas já que falou...
– Não ousa. – Dei-lhe um tapa no braço.
– Ah, tudo bem. Vamos voltar para a casa.
– Vá pulando, como se fosse um cavalinho. – Soltamos uma gargalhada exagerada.
– Você quer cavalgar em mim? – O moreno me olhou sobre os ombros e eu fechei a cara na hora.
– Seu abusado, pervertido. – Xinguei e mordi sua orelha sem dó.
– Porra, Taehyung. Isso dói.
– É para doer. – Gritei.
– Nossa, eu só estava brincando.
– Idiota.
– Cachorro.
– Cavalo.
– Olha aí, me chamando de cavalo de novo. Depois não vem me morder.
– Cala a boca. – Escondi meu rosto no seu pescoço. – Só vai e calado. Se falar um A, eu vou te morder de novo.
– Ah, tá bom.
**
Eu e Kookie estávamos sentados na cama jogando vídeo game, quando nossos celulares receberam mensagem nova:
“Bando de cuzão, Jinhong está no meu quarto. Podem vir resolver as coisas.” – Hoseok mandou mensagem no grupo.
“Vou te dar uns tabefes para aprender a me chamar de cuzão” – Brinquei. “Estou indo, Hope”
– Hope? – Jungkook me encarou com a testa franzida.
– Está com ciúmes? – Provoquei.
– Estou. – Ele disse simples e eu fiquei rindo da cara dele.
– Não fique, benzinho. – Falei com a voz fininha e apertei seu nariz.
– Se você prometer chamar só eu de benzinho, eu deixo de sentir ciúmes.
– Mas é só você que é meu benzinho. – Sorri. – E eu duvido que vai deixar de sentir ciúmes.
– Vai me chamar assim mais vezes? – O alfa levantou uma sobrancelha e ficou me encarando.
– Tá, tudo bem. – Revirei os olhos. – Vamos logo. – Tentei tirar o controle do vídeo game de sua mão, mas ele foi mais esperto que eu e levantou o braço na hora. – Me dá esse controle?
– Não.
– Ah, Jungkook, o Jinhong deve ter mais o que fazer, acha que ele vai ficar nos esperando lá?
– Então me dá um beijinho, aí eu te dou o controle.
– Ah, vai se foder. – Na minha tentativa falha de levantar da cama, eu acabei agarrando nele e fiz nós dois cairmos no chão.
– Olha o que você fez. – Ele gargalhou e se aproximou de mim. – Era só ter me beijado.
– Ok. – Levantei a cabeça de uma vez e mordi seu lábio inferior com força, o puxando para mais perto.
– Droga, isso doeu. Por que está me mordendo assim?
– Porque eu quero. – Falei baixo e o beijei de novo, mas dessa vez, foi só um selinho demorado.
– Já sei porque gosta de me morder. – Ele sorriu de lado.
– Ah é? Acha que é o porquê?
– Porque você me acha gostoso.
– Filho da mãe. – Deixei um sorriso escapar. – Não vai perder oportunidade de me fazer passar vergonha, não é?
– Não mesmo. – Jeon disse decidido e me beijou rápido, saindo de cima de mim, logo após e me puxando junto. – Vamos até o quarto dos gêmeos, logo.
**
– Nossa, vocês demoraram. – Yoongi me olhou perverso.
– Desculpa. – Falei rápido, para evitar que ele começasse com os comentários desnecessários. – Ei, Jinhong. – Cumprimentei o ômega que estava com um MacBook em cima das pernas.
– Ei, Taehyung. Ei, Jungkook. – Ele respondeu.
– Vamos começar? – Hoseok perguntou.
– Vamos. – Namjoon puxou Jin para mais perto dele e nós fizemos uma rodinha em volta do gênio do computador.
– Na verdade, eu consigo fazer isso bem rápido. – Ele começou.
– O que de fato você vai fazer? – Perguntei.
– Vou conectar no servidor e invadir o computador do diretor.
– Você sabe fazer isso? – Jin parecia assustado.
– Eu sou um gênio. – Ele respondeu, enquanto suas bochechas ficavam coradas. – Minha genialidade é voltada para tecnologia. Posso criar robôs, invadir sites importantes, invadir computadores alheios...
– Você estuda com a Minzy? – Jungkook perguntou.
– Não, eu dou aula para ela. Mas a pequena é gênia em matemática. Ela aprende de tudo com facilidade, mas com matemática ela é ótima. – Jinhong respondia tudo sem tirar os olhos da tela, enquanto seus dedos se moviam freneticamente por cima do teclado. – Aguarde... e... prontinho. – Ele girou o computador na minha direção. – Esse é o computador do diretor, faça bom proveito.
– Me dê licença. – Yoongi plugou um HD externo no notebook e começou a copiar uma pasta de arquivos de lá. – Vou copiar isso antes que ele perceba que está sendo invadido.
70%, 80%, 90%, 100%. Cópia concluída com sucesso.
– Pronto. Agora saia daí. – Ele devolveu o MacBook para o ômega e plugou o HD no seu próprio notebook. – Ah, está criptografado.
– Deixe-me descriptografar para você. – Jinhong sentou-se ao lado de Suga e assim fez o seu trabalho.
– Eu não entendo nada do que vocês dizem. – Jin fez uma careta.
– Imagine que você tem uma caixa trancada. – Falei. – Agora, você precisa de uma chave para abri-la. Na computação, é assim que funciona a criptografia. Algo está “trancado” e você precisa de uma chave para descriptografar, ou seja, uma chave para abrir. Usamos isso para proteger coisas que não queremos que os outros descubram, como senhas e etc. Foi por isso que o diretor colocou criptografia nos dados do seu computador.
– Você entende de computação? – Jeon arregalou os olhos para mim.
– Não tanto quanto o Jinhong, mas conheço conceitos, sei fazer algumas coisas e sei para que muitas servem.
– Que legal. – Namjoon bagunçou meu cabelo.
– Pronto. – Yoongi sorriu e por fim, abriu a pasta, procurando os relatórios da Minzy e do Minhyuk. – Ah não... – Ele resmungou.
– O que foi? – Perguntei, preocupado.
– Aqui diz que mataram os pais da Minzy.
– O que? – Quase gritei.
– Olha, eles foram assassinados por esconder da sociedade algo tão perigoso e ter colocado muitas vidas em risco.
– A Minzy. – Jungkook respirou fundo. – Eles esconderam a Minzy.
– Isso mesmo. – Yoongi voltou a falar. – Eles eram Vitae e Mortem, também. Quando os gêmeos nasceram, o Minhyuk foi o primeiro a vir ao mundo. Alguém pegou a criança dentro do próprio hospital e sumiu com ela, porque uma criança vinda de raças assim, pode ser perigosa. Porém, o que não sabiam, é que eram gêmeos. Minzy nasceu pouco depois, mas eles já tinham se preocupado em levar o menino, então, não viram o nascimento dela. Depois de descobrirem sobre o sequestro do Minhyuk, os pais fugiram e passaram a viver escondidos, para evitar que fizessem algo à Minzy.
– Nossa... – Meus olhos lacrimejaram.
– Mas como nada é perfeito, descobriram sobre ela, e a trouxeram para cá, após descobrirem que ela é uma Vitae. Mas os pais, infelizmente... – Yoongi não terminou a fala, e engoliu em seco. – Minhyuk viveu a vida inteira sob os cuidados dessa clínica. Ele meio que foi adotado por algumas pessoas que poderiam fazer papel de pais, mas sempre, sob o olhar do pessoal da clínica.
– Foi por isso que o diretor estava com cara de preocupado no dia que a Minzy veio para cá. – Lembrei. – A Minzy não ganhou a marca com cinco anos, ela já nasceu com ela. Mas só descobriram da existência da mesma, uma semana antes de ela vir para o alojamento.
– Exatamente. – Yoon me fitou com um olhar triste. – Aqui fala mais coisas cobre o Minhyuk.
– Então leia. – Jungkook encarou o chão.
– Ok. – Suga voltou a dar atenção para o computador. – Ele é um Mortem, significa que controla coisas mortas. Aqui diz que uma criança Mortem pode dar vida a plantinhas mortas.
– Dar vida? – Perguntei. – Mas ele não controla coisas mortas?
– Exatamente, Tae. Não tem como dar vida a algo que já está vivo. – Jin sorriu.
– Eu estou confuso. – Jimin gargalhou.
– Olha amor, ele controla o que está morto. – Yoongi falou, se direcionando para o ruivo. – A planta está morta, mas ele pode fazê-la viver. Do mesmo jeito que pode fazê-la crescer, mesmo estando morta. A partir dos 15 anos, eles podem controlar animais. E só depois dos 21, eles controlam aquilo que um dia foi um ser humano.
– Igual a Minzy. – Falei.
– Exatamente. – Namjoon se aproximou com o celular nas mãos. – Ele parece perigoso.
– Mas não é. – Suga sorriu de lado. – Esse tempo todo, ele sempre se preocupou em dar vida aos bichinhos que morriam, como passarinhos, esquilos...
– Agora vamos falar sobre a clínica. – Nam desbloqueou o celular. – A clínica é um lugar que levam algumas pessoas para fazer estudo delas. O Minhyuk está lá, porque eles queriam estuda-lo e já estão de olho na Minzy também. Eles fazem exames um tanto peculiares...
– Como assim? – Jin perguntou.
– Por exemplo, se você controla as coisas com a mente, eles te dão um choque na cabeça para ver até onde você consegue chegar.
– O que? – Jinhong estremeceu e Hoseok o abraçou.
– Meu sonho... – Sussurrei. – Eu sonhei que davam choque na Minzy, gente.
– Calma. – Jungkook veio se sentar perto de mim.
– Lá, eles têm uma tecnologia, desconhecida por mim, que se a clínica é invadida por alguém que tem poderes, eles descobrem na hora. É tipo um scanner.
– Droga, como que eu vou invadir esse lugar? – Revirei os olhos.
– Você está brincando, não está? – Jungkook quase berrou no meu ouvido. – Eles dão choque nas pessoas.
– Ele não estará brincando se absorver os meus poderes. – Yoongi sorriu de lado e quase foi fuzilado por Jeon. – Eu sou capaz de disfarçar.
– Mas isso não deixa de ser um poder. – O alfa lembrou. – Eles vão te achar de qualquer jeito.
– Calma, ninguém vai tomar medidas antes da hora. – Namjoon se pronunciou. – Tae, você não vai lá, até porque, a Minzy está em segurança.
– Mas e o Minhyuk? – Perguntei.
– Ele mora lá desse os cinco anos, acha que ninguém notaria a falta dele?
– Mas...
– Tae, não. – Nam falou sério. – Se você teimar, eu conto para o meu pai.
– Droga, Namjoon. – Xinguei.
– Tem que ser assim. Você quer invadir um lugar desconhecido e extremamente perigoso. Temos que estudá-lo primeiro. Nada se resolve na pressa.
– Nam está certo. – Jungkook afagou minhas costas. – Depois que estudarmos mais um pouco sobre o assunto, nós podemos fazer alguma coisa. Mas até lá, quietinho aqui.
– Ah gente... – Reclamei.
– Tae, depois que soubermos mais coisas sobre essa clínica, eu mesmo te ajudo. – Namjoon sorriu para mim.
– Ah, tudo bem...
– Tem muita coisa nessas pastas, eu vou vasculhar tudo, e se achar algo interessante, eu chamo vocês para darmos uma olhada. – Yoongi comentou.
– Okay, então. – Jin sorriu e puxou Namjoon para perto dele. – Bem, nós já vamos. Qualquer coisa, é só chamar.
– Nós também. – Me levantei e Jungkook veio atrás de mim. – Vou ficar pensando sobre esse assunto. – Saí do quarto, pensando nessas informações e pensando em como eu faria para invadir aquele lugar.
– Você ficou chateado comigo? – Jeon me abraçou por trás.
– Não, Kookie. – Suspirei. – Eu sei que você está certo.
– É para o seu bem. Não podemos invadir um lugar que não conhecemos.
– Eu sei. – Cochichei. – Vamos encerrar esse assunto, antes que alguém nos descubra.
– Tá bom.
**
Estava sentado perto de uma árvore, quando Baekhyun chegou perto de mim.
– Oi, Tae.
– Ah, oi. – Falei baixo.
– Eu posso falar com você?
– Já está falando. – Ri de nervoso.
– Eu queria te pedir desculpas.
– Pelo quê?
– Pelo que eu fiz com você. Aquilo tudo, os machucados, as palavras que disse, tudo o que eu fiz...
– Tudo bem. – Sorri de lado, torcendo para que ele fosse embora.
Com muita dificuldade, ele se sentou ao meu lado. Droga.
– É sério. – Ele tocou meu queixo e me fez olhar para ele.
– Não me toque. – Falei rápido.
– Estou pedindo o mais sincero perdão. – O alfa respirou com dificuldade. – Você não merecia aquilo e eu acabei com qualquer chance que eu tinha de me tornar seu amigo.
– Tá, tudo bem. – Fiquei sem jeito.
– Eu sei que não estou em condições, mas se precisar de mim para alguma coisa, é só chamar, ok?
– Obrigado, Baek. – Fiquei encarando o outro que fazia uma careta, toda vez que puxava o ar. – Está sentindo dor?
– Eu não consigo respirar direito, depois que meu pulmão foi perfurado. Dói muito, além de não suprir minhas necessidades respiratórias.
– Você foi bem castigado, em. – Falei.
– Também perdi meus poderes. – O alfa sorriu. – Mas nada se compara em perder sua amizade.
– Hum...
– Eu tenho que ir para a enfermaria todo dia, para passar por um procedimento, em que os aparelhos me ajudam a respirar, se não, eu morro com a quantidade de gás carbônico que fica no meu organismo.
– Você sabe que eu não vou pedir desculpas em nome do Jungkook, não sabe?
– Sei, não tem necessidade disso. Ele só te protegeu.
– Que bom que sabe. – Ri soprado. – Espero que melhore. – Toquei seu ombro e me levantei.
Virei de costas para ele e passei a andar na direção da casa. Quando olhei para frente, encontrei Jungkook apoiado na porta, com os braços cruzados e me fuzilando com os olhos.
Droga.
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