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História Link - Um dia diferente


Escrita por: MKimjin e kimiejeon

Notas do Autor


Espero que gostem e boa leitura.

Capítulo 22 - Um dia diferente


Fanfic / Fanfiction Link - Um dia diferente

Acordei tomando um susto danado, com o Taehyung caindo em cima de mim.

– Ah, o que foi? – Perguntei quando ele enfiou debaixo da coberta, na intenção de se esconder. – Taehyung, o que aconteceu? – Ele estava ofegante e eu sentia uma dor forte na cintura, onde ele havia dado uma joelhada ao tentar subir na cama.

– T-tem uma coisa. – Ele falava desesperado e eu já estava ficando nervoso.

– Que coisa? – Me sentei na cama e tentei acalmá-lo, já que ele colocou um travesseiro na cabeça.

– U-uma p-pi-piranha no cabelo.

– O quê? – Eu não entendi nada do que ele disse; na verdade entendi algo muito sem sentido. – O que foi? – Puxei o travesseiro de cima dele e fitei seus olhos assustados. – Tae, fica calmo, me fala o que aconteceu.

– Tem uma aranha no banheiro. Mata ela por favor?

– Uma aranha? – Perguntei incrédulo.

– Aham. – Taehyung balançou a cabeça em sinal de nervosismo e eu me toquei de que ele não estava brincando.

– Tá, fique aqui. – Levantei da cama e caminhei até o banheiro, não encontrando absolutamente nada. – Onde ela está?

– Perto do box. – O ômega choramingou de dentro do quarto e eu me aproximei do box, encontrando uma aranha minúscula, que se eu não a tivesse procurando, ela podia passear na minha cara, que eu não iria vê-la.

– Você está brincando comigo, não está? – Resmunguei. – Venha aqui e me mostre se é essa mesma.

– NÃO. É essa daí.

– Taehyung, olha o tamanho desse bicho. Se você espirrar perto dela, ela morre.

– Mentira. Ela é enorme. – Ele tinha a vozinha de choro e eu comecei a achar graça naquilo tudo.

Tudo bem, talvez eu exagerei em dizer que a aranha era minúscula. Ela era amarela e tinha as patas compridas, mas não era pra tanto. Peguei a aranha e coloquei num vidro que tínhamos no banheiro.

– É essa aqui? – Caminhei até o quarto com o vidro na mão.

– SAI DAQUI COM ESSE BICHO, JUNGKOOK.

– Olha se é essa. Se não for, eu tenho que procurar a que você viu.

– É essa. Reconheceria esse amarelo de longe.

– Tudo bem. – Cheguei na porta do banheiro e deixei a aranha em cima da pia. – Não vou matá-la. Depois eu entrego pro Namjoon e ele faz o que quiser com ela.

– Devia matar. – Ele resmungou e abraçou um travesseiro.

Me sentei de frente para ele e tirei seus cabelos da testa. Tae estava visivelmente suado e tremia feito bambu verde.

– Calma. – Sussurrei. – Já peguei a aranha.

– O-obrigado.

– Você me machucou. – Reclamei e levantei minha blusa, vendo que minha cintura tinha ficado com um tom arroxeado, onde eu tomei a joelhada.

– Desculpa. – O ômega levou as mãos trêmulas e frias para o lugar e acariciou ali, fazendo a dor cessar automaticamente.

– Então você tem aracnofobia? – Perguntei com um tom de voz calmo.

– Tenho. – Tae falava baixinho, como se a aranha fosse ouvi-lo e sair correndo de dentro do vidro para ataca-lo.

– É por isso que você ficou morrendo de medo de entrar na pedra comigo aquele dia e ficou com medo de caminhar pelo alojamento de madrugada, quando fizemos o piquenique?

– É, é por isso. Vai ficar rindo de mim, não vai?

– Ah Tae... – Eu realmente comecei a rir e fitei os olhinhos assustados dele. – Para mim é engraçado, porque você arrumou um desespero tão grande por causa de uma aranha tão pequena.

Taehyung fez um bico e começou a me encher de tapas. Quanto mais ele me batia, mais eu ria.

– Você é um idiota. Sabia que aquela aranha é venenosa? – Ele falou sério.

– Não. Ela é? – Perguntei e ele assentiu. – Tudo bem, me desculpe por rir de você. – Voltei a me deitar na cama e o puxei para se deitar comigo.

– Não conta para ninguém? – Falou baixinho e agarrou minha blusa.

– Eu não vou contar. – Dei-lhe um beijo na cabeça e acariciei seu rosto. – Vamos dormir só mais um pouquinho e fingir que nada disso aconteceu.

– Obrigado. – O meu ômega se aninhou nos meus braços e pegou no sono bem rápido.

Ver Taehyung deitado assim comigo depois de um ataque de medo por conta da aranha, me dava mais certeza de que eu não posso deixa-lo sair desse alojamento para ir atrás de alguém.

Eu devo confessar que nunca vi alguém lutar tão bem quanto ele; seja com espada, arco e flecha; luta corporal, shuriken, hanbo... independente da ocasião, ele era um mestre das artes marciais. Mas, apesar de ser muito esperto e inteligente, ele é um ômega frágil. Eu não posso imaginar minha vida sem esse garoto. Parece egoísmo? Parece, mas eu juro que não é. Eu quero protege-lo, quero faze-lo feliz e não quero que nada de ruim aconteça com ele.

Yoongi acha que eu não percebi que ele estava planejando algo, quando fez o Tae fundir os poderes dele com os da Minzy. Mas apesar de ter feito algo perigoso, eu sei que ele só queria ajudar.

Taehyung vai ficar muito bravo comigo se descobrir que eu pedi para omitirem as informações da clínica; mas eu não tive outra opção. Eu decidi que vou coletar as informações com o Yoongi e quando eu tiver certeza de que dá para fazer algo, nós vamos juntos resolver isso.

Juntos.

Não sei se estou preparado para ouvir xingos da boca do ômega, já que eu me sinto cada vez mais apegado a ele. Sei que ele vai falar poucas e boas comigo ao descobrir que eu estava escondendo coisas dele, mas não tem outro jeito. Fico pensando de estou sendo um imbecil por fazer isso, mas ao mesmo tempo, fico imaginando se ele foge desse alojamento e acaba sendo pego. Ele vai matar ele mesmo, a Minzy e o Minhyuk.

Temos que pesquisar mais a fundo e saber direito a história dos pais, dessa clínica, das pessoas que estão acima do diretor, da Minzy, do Minhyuk; enfim, de todo mundo. Aí sim, quando soubermos de tudo, eu farei o possível e o impossível para ajudar o Tae nessa busca.

Farei qualquer coisa...

O que me resta é torcer para que não tirem a Minzy desse alojamento, pelo menos não antes de sabermos as coisas certinhas.

**

Dessa vez, eu acordei de forma natural. Notei que Taehyung estava tomando banho e eu decidi me levantar e separar uma roupa para fazer minhas higienes matinais assim que o ômega saísse do banheiro. Pouco depois, ele saiu vestido com um roupão e me fitou, meio triste.

– O que foi? – Perguntei.

– Tira aquela aranha lá de dentro. – Ele fez um bico e foi vestir sua roupa.

– Ok. – Fui para o banheiro e tomei meu banho rapidamente, pensando em levar a aranha para o Namjoon, assim que eu saísse do quarto.

Vesti minha roupa, peguei o vidro que guardava o aracnídeo e saí do banheiro.

– Vou leva-la para o Namjoon.

– Tá bom.

Eu sorri mais uma vez, em ver que um bicho tão pequeno causava a instabilidade emocional no ômega mais temido do alojamento.

– Namjoon? – Chamei quando cheguei na porta do quarto do alfa.

– Entra. – Ele gritou e eu abri a porta.

– Nam... o Tae achou essa aranha no banheiro e eu achei melhor traze-la para você.

– Nossa, essa aranha é venenosa.

– É, ele me disse. Achei bom trazer para você, porque além de você controlar coisas da natureza, ela pode ser útil na enfermaria. Eles tiram o veneno dos bichos para fazer antídotos lá, não é?

– É sim. – Ele pegou o vidro em minhas mãos. – Vou leva-la agora mesmo. Se alguém for picado por uma dessas, é bom que tenha o antídoto pronto.

– Também acho. Enfim, é isso. – Quando eu já ia saindo ele me chamou aos cochichos.

– O Tae está bem? – Ele levantou o vidro e o sacudiu de leve.

– Ele deu um pequeno surto, mas está bem.

– Ah que bom. Você não sabe como ele em medo disso.

– Eu imagino. – Sorri de lado e voltei a andar.

Voltei para o quarto e encontrei o ômega apoiado na janela. Caminhei até ele e o abracei por trás.

– Você está melhor? – Perguntei.

– Agora que você a tirou daqui, eu estou.

– Eu não digo a respeito da aranha. Digo sobre ontem.

– Ah sim, estou.

– Está mesmo?

– Estou. – Ele se virou para mim e sorriu. – Eu não me sinto deprimido agora.

– Tudo bem.

– Jungkook? – Tae me encarou de forma duvidosa e eu já senti o coração disparar.

– Diga.

– Depois dos ocorridos de ontem, eu fiquei pensando: se acontecesse algo com a Minzy eu fosse atrás dela, você iria comigo e me apoiaria?

– Se eu for sincero com você, promete que não vai dar piti?

– Prometo.

– Eu te ajudo a fazer qualquer coisa que você quiser, desde que seja seguro. Se soubermos certinho como são as coisas e tivermos certeza de que não vai te prejudicar.

– Mas, Jungkook...

– Tae, eu não posso deixar você tomar atitudes que possam prejudicar vocês. De que adianta você agir por impulso sem saber o que fazer? Vai fugir daqui e vai fazer o quê? Invadir uma clínica que você ao menos sabe onde fica?

– Tudo bem.

– Você me prometeu que não agiria por impulso e não faria nada sem pensar.

– Eu sei.

– Esquece isso? – Pedi.

– Eu me sinto obrigado a cuidar dela, já que ela salvou minha vida três vezes. Ela já paralisou o Baek por mim, curou meus machucados, te avisou sobre meu cio...

– Eu sei disso. E te digo que nós vamos cuidar dela, só não podemos fazer coisas sem saber. Imagine um médico que precisa fazer uma cirurgia plástica no nariz de alguém. Se ele não conhecer o rosto da pessoa, se ele não sabe como é o tipo de nariz que a pessoa quer, você acha que a cirurgia vai dar certo?

– Não.

– É disso que eu estou falando. Acha que se não conhecermos o nariz da Minzy, da clínica e do que for, acha que nossa cirurgia vai funcionar? – Perguntei e ele negou com a cabeça, ao mesmo tempo em que sorria. – Não vai mesmo. É perigoso aplicamos uma anestesia na nossa mão sem querer e deixar de fazer a cirurgia porque desmaiamos.

– Você tem razão. – Tae fitou meus olhos e eu me senti extremamente aliviado por isso. – Só peço para que confie em mim, caso nós tenhamos que sair daqui.

– Eu confio. Confio muito em você e sei que você é inteligente o bastante para não fazer uma besteira.

– Eu também confio em você. – Taehyung me abraçou e eu senti meus olhos marejarem.

Ele confia em mim...

Ele pegou confiança em mim...

Eu não posso mentir.

O que eu vou fazer?

– Você confia em mim? – Mordi o lábio.

– Confio. – Ele respondeu baixinho.

– Então deixa eu tomar conta disso?

– Como assim?

– Deixa que eu dou um jeito de descobrir as coisas dessa clínica... deixa que eu dou um jeito com essas pesquisas? Para de se preocupar com isso e apenas tome conta da pequena?

– Jeon?

– Por favor? – Pedi. Eu não posso quebrar essa confiança.

Não posso.

– Tudo bem.

Suspirei de alívio. Agora ele sabe que isso está em minhas mãos. O fato de eu não ficar contando tudo para ele, não fará de mim um mentiroso. Ele sabe que eu vou cuidar disso, e é isso que eu vou fazer.

– Obrigado.

– Eu que te agradeço por me ajudar e não pensar que eu sou um doido. – Tae deu um sorriso soprado.

– Você não é doido. Você está agindo por amor e eu acho isso muito lindo em você, já que ninguém faria isso por mim, nem minha própria família.

– Eu faria. – Ele se afastou um pouco e fitou meus olhos. – Eu faria o mesmo por você. Eu fugiria daqui para te encontrar se tirassem você de mim.

– É por isso que eu te amo. – Me aproximei dele e selei nossos lábios. – Só não fuja de mim, tá? Não fuja daqui. Eu te prometo que estarei com você aonde você for.

– Eu não vou fugir. – Ele voltou a me abraçar e eu agradeci imensamente aos deuses por isso. – Obrigado por estar comigo, é por isso que eu também te amo.

[Dois dias depois]

Depois da conversa que tivemos sobre as questões da Minzy, Taehyung me parece estar muito mais aliviado. Ele não fica falando em protege-la o tempo todo e não fica todo preocupado. A única coisa que ele comenta sobre a alfa, é das gracinhas que ela faz quando vamos visita-la.

Nós estávamos sentados jogando vídeo game, quando do nada ele pausou o jogo e me fitou.

– O que foi? – Perguntei sorridente, ao ver a carinha de quem acabou de ter uma ideia mirabolante.

– Vamos sair?

– O que? – Mordi o lábio, um pouco apreensivo.

– Sair do alojamento. Vamos?

– Tae? – Eu confesso que fiquei com medo.

– Ah Jungkook o quê que tem? Você já me chamou para sair várias vezes.

– Eu não sei... – Abaixei a cabeça e o vi cruzar os braços.

– Você acha que eu vou fazer alguma coisa de errado, não acha?

– Eu não sei, é que...

– Você não confia em mim. – Ele finalizou a frase.

– Não é isso, Bombonzinho.

– Tá, tudo bem. – Tae colocou o joystick no chão e sentou na cama.

Me levantei e sentei ao lado dele.

– Onde você quer ir? – Já me sentia vencido. Eu não posso negar nada a ele.

– Eu só queria andar um pouco fora daqui.

– Mentira. – Sim, eu consigo sentir quando ele está mentindo. Normalmente é difícil sentir, mas dessa vez estava muito notável.

– Eu queria sorvete de morango. – Ele cochichou e abaixou a cabeça, ficando vermelhinho. – Mas eu não tenho dinheiro aqui, então eu só quero andar.

– Eu te levo para tomar sorvete de morango. – Sorri. – Você pode comer o quanto quiser.

– Mas nós não temos dinheiro aqui, Kookie.

– Esqueceu que eu tenho uma prima incrível que rouba meu carro para mim? Pois é, ela sempre traz meu cartão junto.

Taehyung me fitou com os olhinhos brilhantes e com as bochechas coradas.

Eu simplesmente não posso negar nada a ele. Muito menos um sorvete de morango.

– Vamos, coloca uma roupa bonita. Vou mandar mensagem para minha prima.

**

Nós caminhávamos pelo alojamento, na direção da enorme pedra que nos permitiria sair daqui.

Eu sei que pode ser inconsequente da minha parte alimentar essa ideia de fuga do Tae, mas depois da conversa que tivemos, eu me sinto mais seguro com relação a ele. Eu sinto que ele não mentiu e eu também não menti.

Não estamos fazendo nada de errado, afinal, é só um sorvete.

Chegamos na tal pedra e eu notei que ele estava ficando nervoso.

– Se tiver alguma aranha, eu mato. – Sorri.

– Tá. – Ele respondeu um pouco mais calmo. – Vamos.

Entramos na pedra e nós andamos bem rápido, para evitar de ficar por muito tempo naquele túnel escuro, que na cabeça do Tae, abrigava muitas aranhas. Por fim, passamos pela cortina de plantas e já estávamos do lado de fora.

Do outro lado da rua, eu pude ver meu carro estacionado. Taehyung caminhava ao meu lado numa agitação que me fazia sorrir com sua atitude. Evoluímos tanto desde a última vez que saímos e isso me deixava muito feliz.

Entramos no carro e eu dei partida, tendo em mente, leva-lo para uma sorveteria muito boa que tinha perto da minha antiga escola.

Durante o caminho, deixei o som ligado e nós ficamos cantando e brincando de coisas aleatórias, como tentar adivinhar a cor dos carros que passariam na rua, contar quantas placas de “pare” estariam no nosso caminho, contar quantos cachorros estavam com os donos e quantos estavam sozinhos... Brincadeiras bobas, eu sei. Mas muitas vezes, precisamos de algo muito bobo e simples para nos fazer sorrir e foi exatamente isso que aconteceu. Ver Taehyung sorrindo daquele jeito, fazia meu coração amolecer igual gelatina.

Mais uma vez eu digo: deveria me envergonhar disso, mas o meu ômega consegue me deixar bobo só com sua risada.

Ele que não me escute.

– Chegamos. – Parei o carro na frente da sorveteria e fitei o ambiente, para ver se tinha algum conhecido. – A barra está limpa. Podemos ir.

Saímos do carro e entramos na sorveteria. O Tae que já tinha os olhinhos brilhantes, agora parecia que ao invés de olhos, ele tinha dois cristais ali, porque sua animação era notável.

– Que tanto de coisa. – Ele sorriu. – Nunca comi esse tanto de coisa com sorvete. Da outra vez que saímos nós até tomamos sorvete com guloseimas, mas essa sorveteria tem muito mais coisa.

– E você pode comer o que quiser. Sorvete de morango, com calda de morango, com pedaços de morango, bala de morango...

– Você vai querer de quê? – Ele me olhava animado.

– Vou fazer um enorme de chocolate.

– Sorvete de chocolate, com calda de chocolate, pedaços de chocolate e bala de chocolate?

– Isso aí.

E assim, nós fomos montar nossos sorvetes, que para a minha surpresa, tinham muito mais guloseimas que combinavam do que apenas balas e caldas.

Sentamos numa mesinha bem próxima da janela e da porta, para o caso de precisarmos sair correndo dali.

– Nossa que delícia. – Ele sussurrou, ao encher a boca com o creme rosado. – Experimenta. – Esticou a mão com a colher cheia de sorvete, colocando na minha boca, num gesto totalmente inocente, que eu amei.

– Está muito bom, mesmo. Olha o meu. – Fiz a mesma coisa que ele, deixando-o provar do meu doce.

– Muito gostoso, mas eu prefiro morango.

– E eu prefiro chocolate. – Gargalhei.

Ficamos ali nos deliciando com o sorvete e jogando conversa fora por um bom tempo.

– Tae, eu vou ao banheiro, é rapidinho, viu?

– Tudo bem, vai lá.

Me levantei e fui ao banheiro. Fiz minhas necessidades e lavei a boca, que tinha resquícios de calda de chocolate no cantinho. Saí do banheiro e fitei a mesa. Meu coração parou e eu gelei.

Taehyung havia sumido.

Comecei a sentir um nó na garganta e a vontade de gritar por ele se fez presente. Corri até a porta e vi que o um carro estava parado no mesmo lugar e ele não estava lá.

– Droga. – Sussurrei.

Voltei para o banheiro e olhei em todos os boxes, ambos vazios.

– Taehyung? – Chamei e nada. Me apoiei na pia e já ia começar a chorar, quando me lembrei de que tinha outro banheiro dentro do local. Saí correndo igual louco para lá e aí sim, eu encontrei o ômega desesperado mexendo na pia e molhando a blusa. – Taehyung? – Corri até ele e o abracei.

– O que foi?

– Eu achei que você tinha fugido ou que alguém tinha pego você. – Engoli em seco e fitei sua blusa molhada. – O que aconteceu?

– Deixei cair sorvete de chocolate na minha blusa.

– Chocolate? – Franzi a sobrancelha.

– É, eu fui pegar um pouquinho do seu e acabei deixando cair. – Ele fez um carinha de culpado e eu me senti aliviado por isso.

– E veio correndo lavar porque eu ia te chamar de ladrão de sorvete? – Ri soprado e ele mordeu o lábio. – Amor, tudo o que é meu, é seu. Você não estava roubando sorvete. Deixa de ser bobo.

– Eu juro que ia colocar uma colherinha do de morango para você. – O ômega resmungou e eu o abracei.

– Não faça isso, quase me matou de susto.

– Eu não ia fugir de você. – Um bico se formou nos seus lábios.

– Mas alguém pode te pegar. – Falei por fim. – Vamos acabar com esse sorvete logo.

O puxei do banheiro, sentindo minhas pernas falharem, como nunca falharam antes.

– Me desculpe, Jungkook? Eu sinto seu nervosismo daqui.

– Tudo bem, Tae. – Respirei fundo. – Se eu não te achasse, eu ia quebrar esse lugar inteiro.

– Calma, eu estou bem. – Ele segurou minha mão e sorriu. – Obrigado por se preocupar comigo.

– Não tem que agradecer por isso. – Umedeci os lábios. – Vamos comer. Não podemos voltar muito tarde.

– Tudo bem.

**
Depois de terminarmos o nosso sorvete, resolvemos voltar para o alojamento, para evitar que alguém nos visse. No meio do caminho, eu parei o carro em frente à minha casa e fiquei olhando.

– Que lugar é esse? – O ômega sussurrou ao meu lado.

– Minha casa. – Falei simples. – Queria entrar nela mais uma vez...

– Kookie, vamos embora? – Talvez ele sentiu minha amargura e fez esse pedido. – Alguém pode nos ver.

Sem dizer nada, dei partida no carro e segui para o alojamento. Eu sentia muita vontade de chorar, não devia ter feito aquele caminho e ter visto minha casa.

Por que eu sentia tanta falta de casa? Por que eles deixaram que eu fosse embora sem ao menos conversarem comigo?

Agora eu não me arrependo de nada, porque se não fosse isso, eu não teria conhecido o Tae; mas antes eu fiquei tão chateado. Eu amava tanto eles.

Senti uma lágrima escorrer, assim que eu parei o carro.

– Não chora. – O ômega secou minha lágrima.

– Vamos entrar. Vou falar para a minha prima vir buscar o carro. – Falei simples e saí do carro, sendo seguido pelo outro.

Atravessamos a rua e quando entramos na pedra, ele me puxou e me abraçou.

– Tae, aqui pode ter bicho. – Falei simples.

– Não fique triste, Kookie. Eles sabem o que é melhor para você.

– Obrigado, Bombonzinho. – Sussurrei e lhe dei um selinho.

– Seu cio está te afetando. Está te deixando triste e emotivo. – Ele sorriu e imitou minha voz, quando eu disse essa mesma frase para ele.

– Desculpa, isso é chato. – Fiz a mesma coisa.

– Não é chato. Isso acontece. – Uma gargalhada gostosa escapuliu dos seus lábios e ela me fez esquecer qualquer tristeza.

Esse é o efeito de Taehyung sobre mim.

– Vamos entrar logo. – O puxei para dentro do alojamento, torcendo para não agarrarmos em nenhuma teia de aranha, o que não aconteceu.

**

Já estava escurecendo e nós estávamos na cozinha assando cookies para a festa de aniversário dos aniversariantes do mês. Eu estava batendo a massa, já que Taehyung não tinha forças para tal coisa e ele cuidava do forno.

– AI. – O ômega deu um grito e soltou os tabuleiros cheios de biscoitos assados em cima do balcão.

– O que foi? – Perguntei, nervoso.

– Eu queimei na forma, nossa, está ardendo muito.

– Calma, deixa eu ver. – Tirei minhas luvas e segurei seu braço, que estava com uma marca avermelhada bem grande. – Vamos lavar. – Abri a torneira e deixei a água cair em cima com vontade, mas isso não tirava o fato de que ele estava sentindo muita dor.

– Não tem jeito. Vou ter que ir na enfermaria. Está doendo muito.

– Calma. – Comecei a acariciar seu braço, bem em cima do queimado, tentando usar o poder que ele tinha transmitido para mim.

Mentalizei aquela queimadura, e foquei toda a minha concentração em fazer o machucado sumir. E foi o que aconteceu.

– Ah, você também conseguiu. – Ele sorriu e fitou o braço sem marca alguma. – Eu realmente transmiti os poderes do Yoongi e da Minzy para você.

– É, parece que sim. – Ri soprado. – Está melhor?

– Muito melhor. Obrigado, Kookie.

– Por nada. – Dei-lhe um beijo no braço igual fiz naquela vez em que eu trocava os curativos do mesmo. – Fiz ficar bem.

– Você é incrível. – Ele cochichou e se aproximou de mim, deixando um beijo estalado sobre meus lábios.

Não permiti que ele se afastasse e já aprofundei o beijo, deixando ali todo o desejo que senti o dia inteiro. Apertei sua cintura e fui descendo as mãos até suas nádegas. O beijo foi ficando mais intenso e eu precisava sentir mais. Direcionei meus lábios para seu pescoço e chupei com vontade, o que o fez se afastar e me fitar.

– Estamos na cozinha. – Sua voz me tirou de um transe e eu juro que se ele não tivesse falado nada, eu tinha ido mais além, ali mesmo.

– É, é mesmo. – Pisquei várias vezes e me afastei, conta minha vontade. – Vamos continuar com os cookies.

– Vamos.

**

TAEHYUNG ON

Estávamos na festa dos aniversariantes do mês e eu estava muito feliz, ao lado do Kookie.

– Tae, vou lá no quarto, é rapidinho. – Ele me disse.

– Tudo bem. – Assenti e o soltei, permitindo que o alfa se afastasse.

Pouco tempo depois, eu vi a Minzy correndo por ali e ela veio até a mim.

– Ei, Tae?

– Ei, pequena. – A peguei no colo e fiquei dançando com ela.

– Onde está o Kookie?

– Foi lá no quarto. – Respondi. – Ele já deve estar vindo.

Fiquei mais um tempinho brincando com ela e conversando com o Jin, mas de repente, eu senti um calor, mas um calor muito forte.

– Nossa, está quente aqui. – Comentei com o ômega.

– Está mesmo. – Ele assentiu.

Continuei dançando e senti mais uma onda de calor.

Não é possível.

– Tae? – Minzy me chamou baixinho.

– O que foi? – Meu coração disparou e eu já esperava o que ela tinha para dizer.

– O Jungkook está demorando.

– É, ele está. – Quando eu respondi, ela fechou os olhos e eu fiquei encarando aquilo. – Está tudo bem?

– O Jungkook está precisando de ajuda.

– Como você sabe? – Perguntei nervoso.

– Eu farejo ele. – Ela cochichou.

Meus deuses.

– Vá atrás dele. – Jin pegou a Minzy no meu colo e eu saí correndo.

Eu não acredito. Ela fez a mesma coisa quando eu entrei no cio, será que... Mais uma onda de calor me percorreu e tive certeza.

Droga, droga, ele é um lúpus. Ele é um alfa, e se tiver mais algum ômega por perto?

Entrei na casa e respirei fundo. Seu cheiro entrava nas minhas narinas e eu fiquei tentado.

Abri a porta do quarto e aquele aroma delicioso me invadiu por completo, me fazendo arrepiar os pelos da nuca. Tranquei o quarto e caminhei até o banheiro, encontrando Jungkook todo suado perto do box.

– Kookie? – Cochichei.

O alfa levantou aqueles olhos em vermelho vivo para mim e sorriu perverso. Ele estava lindo, todo suado e com aquela cueca vermelha, deixando em evidencia sua ereção.

– Oi, Tae. – Ele se aproximou e me prensou na parede, dando uma fungada no meu pescoço.

– Gostoso. – Sussurrei.

Avancei nos seus lábios, sem pensar no dia de amanhã.

Meu alfa havia entrado no cio e tudo o que eu mais queria naquele momento era satisfazê-lo.


Notas Finais


Twitter: @kimiejeon
Beijos.


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