JUNGKOOK ON
Já faziam mais ou menos duas horas que todos tinham se levantado e o Tae ainda dormia. Comentei com os outros que ele passou mal durante a noite e me recomendaram a deixa-lo dormir mais, pois, deveria estar cansado.
Ficamos jogando conversa fora por boa parte da manhã, mas agora eu tinha que acordá-lo e conferir se estava tudo bem.
– Leve alguma fruta para ele comer. – Jin comentou. – O estômago fica fraquinho quando passamos muito mal e é sempre bom comer uma fruta fresquinha.
– Tudo bem. – Sorri e me levantei da varanda, caminhando até a cozinha para pegar alguma fruta e levar para o ômega.
Ji Yoon estava perto da pia, lavando os alimentos que seriam usados para o preparo do almoço.
– Já vai começar a cozinhar? – Brinquei.
– Ainda não, mas já vou deixar tudo preparado.
– Que garota eficiente.
– Sei que sou. – Ela fingiu dar um beijo sobre o ombro esquerdo e nós caímos na gargalhada.
Caminhei até a mesa e peguei uma banana quase toda madura, sabendo que o Tae não gostava muito de quando as bananas estavam maduras demais.
– Vou levar para aquele ômega dorminhoco que eu arrumei. – Balancei a fruta na altura da cabeça e recebi um sorriso engraçado da outra.
Fui para o quarto e abri a porta, encontrando Taehyung completamente largado sobre a cama, sem fazer menção alguma de acordar.
– Taetae? – Chamei, quando me sentei ao seu lado. – Bombonzinho, acorda?
– Huum, sai. – Ele se virou de costas para mim.
– Já está quase na hora do almoço. – Sorri. – Olha, eu trouxe banana para você.
– Eu não quero. – Respondeu com uma voz manhosa.
– Você ainda está passando mal, amor? – Acariciei seus cabelos e ele se virou de frente para mim, fazendo um biquinho com os lábios. – Está?
– Hum, hum... – Negou com a cabeça.
– Então vamos comer a banana? Ou você quer outra coisa?
– Eu estou com fome. Tudo o que eu comi ontem, eu vomitei de madrugada.
– Então você quer que eu faça outra coisa para você comer? – Perguntei, aliviado por ver que ele estava melhor.
– Pode deixar essa banana aqui e me traga um misto quente?
– Lógico que não. – Falei rápido. – Você vai comer algo leve.
– Jungkook? – Tae se sentou na cama e pegou a banana na minha mão. – Eu estou bem. Deve ter sido o presunto com queijo de ontem que não me caiu muito bem.
– Ok, você quem sabe. – Levantei da cama e fui preparar o café do hyung.
**
HOSEOK ON
Hoje era dia do torneio de basquete das garotas. Jin conseguiu um papelzinho de placar para todos nós, que continha o nome de todos os times femininos, os quais eram: EXID, TWICE, BLACKPINK, APINK, RED VELVET, T-ARA, 2NE1 e 4MINUTE.
Como eu não estava muito afim de assistir esse jogo, eu peguei uma caneta e comecei a colorir os quadradinhos de forma aleatória, até levantar a cabeça e meus olhos se prenderem no Jinhong, conversando com o Tae de maneira fofa e natural.
– Está com inveja do jeito que o Hong conversa com o Tae? – Jimin chegou perto de mim e se apoiou no meu ombro.
– Quase isso. – Assumi. – Sabe, eu gosto dele, mas ele não me dá muita oportunidade de ficar perto e nem de demonstrar tanto carinho, o que acaba afastando nós dois.
– Ele é tímido. – Meu irmão fitou os ômegas conversando. – Eu aposto com você que foi mais difícil para o Jungkook conseguir chegar perto do Tae, já que rolava umas ameaças de morte.
– Verdade. – Gargalhamos e chamamos a atenção dos outros.
– Fofocar é feio. – Yoongi chegou e abraçou Jimin. – Por que não chega nele, ao invés de ficar encarando de longe?
– O que? – Falei rápido, percebendo que os dois me encaravam com certa malícia nos olhos. – Eu não posso forçar nada. – Mordi o lábio.
– Então faça tudo parecer natural. – O ômega sorriu. – Ele sabe que se continuar assim, você não vai fazer nada. Então, qualquer oportunidade que tiver, faça o que você quer. Talvez, vocês estejam precisando de um beijo.
– Simples e direto. – Meu irmão soltou uma risadinha contida.
– Queria que todos os ômegas fossem como você, Yoon. – Brinquei.
– Ah mas você não iria querer. Não mesmo. – Jimin levantou as sobrancelhas, já esperando o tapa na cabeça e foi o que ele recebeu.
– Então quer dizer que ele não iria gostar de alguém como eu?
– Calma, eu estou brincando, Suga.
– Não me chama de Suga. Para você é Min Yoongi.
– Nenhum outro ômega pode ser igual a você. Você é único e meu.
– Sei, viu. – Ele cruzou os braços e eu fiquei rindo daquela cena. – Vamos sentar mais para frente, se não, nós não veremos nada do jogo. – E assim eles saíram caminhando entre tapas e beijos até o lugar desejado.
Continuei sentado um pouco mais afastado, até que senti a presença de um ômega perto de mim.
– Voltou, Yoon? – Perguntei, antes de levantar a cabeça e encontrar Jinhong. – Ah, é você. – Sorri abertamente.
– Ficou feliz em me ver? – Ele perguntou, se sentando ao meu lado. – Ou queria o Yoon?
– Fiquei feliz em te ver e confesso que não esperava que você viesse até a mim. – Encarei o ômega, que ficou com o rosto levemente avermelhado e desviou o olhar.
– Eu estou tentando, Hoseok...
– Eu sei disso. – Sorri terno. – Vai torcer para quem? – Perguntei e recebi um olhar confuso. – No jogo, vai torcer para qual time?
– Ah... – Ele torceu o nariz e fitou a arena. – Eu não sei. Não estou interessado no jogo feminino.
– Ah, então quer dizer que você estava interessado no jogo masculino. – Provoquei. – Por algum motivo especial?
– No jogo de ontem, eu tinha para quem torcer, mas no de hoje, não.
– E você torcia para o BTS inteiro ou só para alguém em especial? – Eu não deveria provoca-lo assim, mas meu lado alfa aflorava para mais, às vezes.
– Eu torcia para o BTS inteiro, mas o meu foco era em alguém especial.
– Alguém especial? – Perguntei, para ter certeza de que eu tinha ouvido direito.
– Sim, uma pessoa especial. Uma pessoa que me entende e se esforça para me deixar confortável, mas mesmo assim me deixa morrendo de vergonha dele.
– Ele parece ser um cara gente boa. – Brinquei.
– É, ele é.
– Jin? – Chamei e levantei seu rosto, para que ele pudesse me olhar. – Já que você não está muito interessado nesse jogo, e nem eu estou, vamos fazer outra coisa?
– Que coisa? – Ele me fitou meio assustado.
– Não sei, podemos assistir algum filme, enquanto comemos pipocas; ou podemos ficar conversando por aí... o que acha?
– Podemos fazer os dois, já que os jogos demoram. – Ele sorriu, o que aqueceu meu coração.
– Então vamos. – Me levantei e ajudei o ômega a ficar de pé. – Vamos nos afastar daqui, para evitar que nos vejam.
– Sinto como se estivesse fazendo algo de errado. – Ele cochichou de uma forma engraçada.
– Então vamos fingir que estamos fazendo algo de errado.
– Claro que não. – Sua vozinha saiu com um tom assustado.
– Calma, eu estou brincando. – Segurei sua mão e fomos na direção da casa.
No meio do caminho, nós vimos uma moça de cabelos loiros andando com a Minzy no colo. A garota parecia estar chorando.
– Hoseok, olha... – Jinhong me puxou para trás de uma árvore e nós encaramos as duas andando às pressas.
– Será que aconteceu algo com ela? – Perguntei. – O Tae vai pirar.
– Não sei, não. – Jin semicerrou os olhos e forçou as vistas. – Eu já vi essa mulher aqui e já ouvi histórias nada legais a respeito dela.
– O que você acha que está acontecendo?
– Não sei, mas venha, vamos segui-las. – Num ato rápido, o ômega segurou minha mão e nós passamos a seguir as duas, que foram com rapidez até o portão principal do alojamento, onde elas entraram num carro preto e saíram.
– Não acredito. – Falei. – Por que a Minzy não reagiu? – Encarei Jinhong, que mantinha os olhos fechados com força, do mesmo jeito que ele fazia quando queria ler mentes de pessoas que estavam mais afastadas.
– Ela está sedada. – Sussurrou.
– E agora? Sequestraram ela?
– Temos que contar para alguém.
– Jin, isso vai dar um problema... o Taehyung vai causar uma confusão.
– Não temos escolha, Hobi. – Ele já pegou o celular e começou a digitar uma mensagem. – Vou pedir para todos nos encontrarem no seu quarto. Vamos.
Era estranho vê-lo falante desse jeito. Definitivamente, parece que a pequena alfa de cabelos castanhos ganhou o coração de todo mundo ali e, além do mais, ele era professor de matemática dela.
O ômega saiu correndo para a casa e eu o segui. Pouco tempo depois, os outros chegaram, menos Namjoon.
– Onde está o Nam? – Perguntei.
– Ele teve que fazer uma coisa para o pai dele, mas vem daqui a pouco. – Yoongi respondeu. – O que aconteceu?
– Sequestraram a Minzy. – Jinhong falou de uma vez e eu pude ver que ele tremia.
– O QUE? – Os olhos de Taehyung já lacrimejaram e ele tampou a boca, em tom de desespero. – COMO ASSIM?
– Nós estávamos andando pelo alojamento e eu vi uma mulher loira saindo com ela e entrando dentro de um carro preto. – Falei.
– Eu sei quem é ela. – Yoon pegou seu notebook e começou a digitar algumas coisas, logo virando o aparelho para nós. – Dra. Lee, médica especialista em neurologia. Formada em medicina pela Universidade de Harvard e coordenadora geral da Clínica Psicopotens, mais conhecida como Poderes da Mente. A clínica, a própria.
– Eles vão matá-la, Jungkook. – Tae entrou em desespero e agarrou seu alfa pela blusa. – Nós temos que ir atrás dela.
– Não. Calma, Tae.
– Eu não posso ter calma em saber que ela corre perigo. – Sua voz saía embargada pelo choro. – Gente, por favor, vamos atrás dela? Eu mostro a saída para vocês.
– Tae, não. – Jeon tentou usar sua voz de alfa, mas não funcionou. – Você precisa ficar calmo.
– Você é um IDIOTA. – O ômega perdeu o controle e apertou mais ainda a blusa do Kookie, já fazendo sair fumaça das suas mãos.
– Taehyung, eu estou mandando você parar com isso.
– Como ousa usar sua presença para me fazer ficar com medo de você? – Ele empurrou Jungkook. – Eu não preciso de vocês. Eu vou procurar o Baek e tenho certeza de que ele vai me ajudar, além do mais, ele não tem mais poderes e não poderá ser identificado pelo scanner da clínica.
– Tae, não faça isso. – Yoongi tentou segurá-lo, mas ele também empurrou o ômega para longe, o fazendo bater sobre a cômoda e machucar o braço.
De repente, ele ficou calmo e desmaiou, o que fez Jungkook correr e segurá-lo, antes que ele caísse no chão.
Ouvi sons de choro do meu lado e vi Jinhong chorando, antes de tampar o rosto.
– Ele vai me odiar por isso. – Murmurou. – Mas eu não podia deixa-lo sair.
– O que você fez? – Jungkook perguntou.
– Desliguei a mente dele.
– Você pode fazer isso? – Falei assustado.
– Eu controlo mentes, Hoseok. – Seu choro foi se intensificando e a única reação que eu tive, foi de abraça-lo bem forte.
– Não fique assim. – Sussurrei. – Ele vai entender que você fez pelo seu próprio bem.
– E se ele não entender... – Yoongi falou entredentes, acariciando o braço machucado. – Eu vou me trancar com ele no quarto, e sem interferência de nenhum alfa, eu vou bater nessa peste, até ele aprender a fazer isso com os amigos.
– Me desculpe por isso, Yoon. – Jeon deitou o Tae na minha cama e caminhou para perto do loiro. – Eu posso te ajudar com o machucado, se quiser.
– Jungkook, se seu ômega machucar o meu mais uma vez, eu não me respondo por mim. – Jimin o puxou para sua cama.
– Gente, me perdoem? – Ele parecia extremamente envergonhado pela atitude do Taehyung. – Jinhong? Obrigado por fazer isso, já que eu não teria coragem.
– Você não tem que se desculpar, Kookie. O Tae teve um surto. – Jin acariciou seu braço. – E todos nós entendemos isso, não é Jimin? Todos sabemos também que um alfa bater num ômega, não é o certo a se fazer, certo Jimin?
– Ah, certo. – Meu irmão revirou os olhos e voltou a massagear o braço do Yoongi.
– Pessoal, me desculpem pela demora, mas meu pai me pediu um favor e eu não podia negar isso a ele. Então, o que perdi? – Namjoon entrou sorridente no quarto e depois, seu sorriso se desfez. – O que aconteceu?
– Senta aqui, amor, vamos te contar. – Jin segurou sua mão e eles se sentaram no chão, começando a contar toda a história.
– Você está melhor? – Sussurrei para o ômega que eu tinha nos braços e ele apenas negou com a cabeça. – Não fique assim. Você fez bem, foi o melhor a se fazer. Você protegeu o Tae.
– E se ele me odiar por isso?
– O Yoon bate nele. – Brinquei. – Só não chore de novo, por favor. – Desviei o olhar e vi Jin terminando de contar a história para o Nam.
– O que vamos fazer? – Perguntei. – Se deixarmos matarem a Minzy...
– Mas ela está viva. – Namjoon falou rápido. – Acabei de vê-la com uma beta de cabelos castanhos.
– A Minzy? – Jungkook franziu o cenho.
– A Minzy. – Ele assentiu. – E eu ainda brinquei com a moça, falando que ela era dorminhoca, porque a pequena estava no colo da outra, meio grogue.
– Então essa clínica é aqui perto? – Jimin comentou.
– Às vezes, elas não chegaram a ir na clínica. – Falei.
– A clínica não é longe, mas também não é aqui ao lado, para ter dado tempo de irem e voltarem. – Suga falou. – Ela está bem?
– Está ótima. – Nam deu de ombros. – Mesmo meio sonolenta, ela sorriu para mim e não demonstrou estar com dor e nem machucada.
– Graças aos deuses. – Jungkook suspirou de alívio. – Nossa, o Tae vai pirar comigo. E essa história do Baekhyun? Que palhaçada é essa?
– Ele surtou. – Jinhong finalmente falou. – Foi momentâneo, quando ele acordar, vai ficar melhor e vai se arrepender do que fez. Eu conheço esses problemas que a mente tem.
– Que ótima notícia. – Tentei animar a todos.
– Então eles esperaram o dia do jogo para tirarem ela daqui. – Yoongi falou simples. – Suspeito...
– Gente, eu garanto a vocês que ela está bem. – Namjoon levantou a mão direita. – Eu acabei de vê-la. Se tivesse algo de errado, eu saberia.
– Tudo bem. – Jin sorriu. – Ela voltou, gente. É isso que importa. Mas e o Tae, vai ficar assim por quanto tempo?
– Por uma hora. – Jinhong respondeu. – Acho bom leva-lo para o quarto, Kookie. Deixe-o confortável na cama e fique com ele. Normalmente, nós acordamos um pouco confusos, depois que desligam a nossa mente.
– Já fizeram isso com você? – Perguntei, sentindo um desconforto.
– Várias vezes. – Ele sorriu. – Mas foi durante o treino e eu permiti que fizessem isso comigo.
– Quais efeitos colaterais isso causa? – Jeon fez uma careta, tirando gargalhadas de todos nós.
– Nenhum. – Jin também soltou uma gargalhada. – Ele vai simplesmente acordar e não vai se esquecer de nada. Eu fiz ele dormir de uma vez, só isso. Não interfere a memória nem nada.
– Então vamos nos preparar para quando ele acordar. – Jimin falou baixo.
– Eu vou conversar com ele... – Jungkook o pegou no colo. – Vai ser uma longa conversa...
Todos nos entreolhamos e os outros resolveram sair. Uns foram para outros quartos, outros voltaram para o jogo e eu preferi ficar ali com o Jinhong.
– Jin, eu também quero te agradecer por ter protegido o nosso amigo. – O puxei para a cama e nos sentamos lá. – Não quero que você se sinta culpado. Você fez bem.
– O Tae vai ficar com raiva de mim...
– Mas ele estava errado. Não pode agir por impulso... Ninguém vai deixar ele ser rude com você.
– Ele vai brigar comigo, sei que vai. – Ele abaixou a cabeça e deixou uma lágrima escorrer.
– Jin, não chore, por favor? – Me aproximei dele. – Eu não vou deixar o Kim fazer nada com você, eu te prometo.
– Desculpa. – Sussurrou e ficou passando as mãos sobre os olhos, com força.
– Deixa que eu faço isso. – Me sentei direito na cama e o deixei de frente para mim. Passei meus polegares embaixo dos seus olhos e sequei suas lágrimas. – Eu não gostei de te ver chorando... – Sussurrei e beijei seus olhos.
– Me desculpe? – Sua voz saiu falhada e meu coração acelerou.
Passei a deixar beijos delicados pelo seu rosto e por fim eu selei nossos lábios. Uma vontade de aprofundar o contato se fez presente e eu me lembrei das palavras ditas pelo Suga hoje mais cedo “Ele sabe que se continuar assim, você não vai fazer nada. Então, qualquer oportunidade que tiver, faça o que você quer. Talvez, vocês estejam precisando de um beijo.”.
Separei nossos lábios devagar e depois juntei-os mais uma vez, já passando a língua de leve sobre os seus. Jinhong permitiu que eu o beijasse direito e assim eu fiz. Aprofundei o beijo, sentindo seu gosto doce e viciante. A boca macia do outro mexia em sincronia com a minha e nossa língua brincava de um jeito tímido e gostoso.
Como eu esperei por esse beijo...
Levei minha canhota para sua nuca e virei um pouco a cabeça, afim de beijá-lo melhor. Aquela timidez toda que o ômega sentia na minha presença, parece que foi se esvaindo, pois o mesmo já me beijava de maneira intensa e sem vergonha alguma.
Num ato rápido, eu segurei sua cintura e apertei de leve, o trazendo para mais perto de mim. Meu lado alfa queria um pouco mais, mas meu lado Hobi sabia que já estava bom e que eu não deveria exagerar. Não durante o primeiro beijo.
Separei nossos lábios com selinhos rápidos e o abracei, para evitar que a vergonha tomasse conta da situação. Fiquei um tempinho ali acariciando seus cabelos e preferi não mencionar o beijo.
– Ainda quer ver o filme? – Perguntei e recebi um aceno positivo com a cabeça. – Tudo bem. Vamos fazer as pipocas?
– Vamos. – Respondeu baixinho.
Me afastei dele e preferi não olhar no seu rosto, para evitar que o mesmo se sentisse envergonhado, mas antes que eu me levantasse, ele segurou meu braço.
– Foi decepcionante para você? – Perguntou.
– O que? – Falei incrédulo.
– O beijo... não foi o que você esperava?
– Por que diz isso? – Perguntei, percebendo na hora que ele entendeu errado o meu “não vou falar nada sobre o beijo e nem vou encará-lo”. – Ah Jin, não foi nada disso, eu só tive medo de você se sentir desconfortável. – Sussurrei e acariciei seu rosto. – Foi perfeito. Eu adorei.
– Eu também. – Ele sorriu de maneira tímida e eu não me contive em lhe dar outro selinho.
– Pretendo fazer isso mais vezes, se você permitir, é claro.
– Eu permito. – Jin escondeu o rosto e eu sorri com o ato.
– Para de se esconder, você é lindo demais para isso.
– Vamos fazer as pipocas, Hobi? – Disse baixinho.
– Ok, venha. – Me levantei e o puxei para perto de mim, afim de irmos fazer as pipocas.
**
JUNGKOOK ON
Enquanto Taehyung dormia profundamente sobre a cama, eu me sentei no chão e apoiei a cabeça sobre minhas mãos. Fiquei um tempão ali pensando no que tinha acontecido e percebi que eu tinha que ter uma conversa séria com o ômega.
Depois de um tempo, ele começou a se mexer e acordou, me fitando profundamente e desviando o olhar, antes de tampar o rosto.
– Está envergonhado pela palhaçada que você fez? – Perguntei sério.
– Onde ela está? Vocês foram atrás dela?
– Ela está bem e não precisamos ir atrás dela. Mas é só com isso que você está preocupado?
– Jungkook me deixa um pouco sozinho? Minha cabeça está doendo.
– Eu não vou te deixar sozinho e você vai ouvir tudo o que eu tenho para te dizer.
– Por favor, Kookie?
– Ah, então agora você voltou a ser educado? – Sorri com ironia. – Que bom.
Tae ficou calado e destampou o rosto, mas mesmo assim, evitou me olhar.
– Eu estou completamente decepcionado com você, Taehyung. Todos estamos. – Percebi que ele mordeu o lábio e fechou os olhos de novo. – Você ficou desequilibrado, machucou o Yoongi, me fez parecer o alfa mais idiota desse alojamento, gritando comigo e dizendo que iria atrás de outro.
– Jung...
– Outro que já quase te matou, que já mostrou ter um ciúme doentio por você...
– Desculpa, Jeon?
– Eu não te desculpo. – Falei sério. – Você acha que pode fazer o que quiser e que depois é só pedir desculpas, que tudo vai se resolver?
– Eu perdi o controle...
– Você perdeu o controle e eu já recebi aviso do Jimin, que se você machucar o Yoon de novo, ele não vai responder por si.
– Como foi que eu desmaiei?
– Você não desmaiou. Jinhong ficou assustado com sua atitude e desligou sua mente.
– Eu não acredito que ele fez isso. – Tae me encarou perplexo.
– Pode acreditar. Ele te salvou. E se você brigar com ele, eu vou brigar com você, todos nós vamos brigar com você.
– Vocês deviam ter me deixado ir...
– Eu não vou discutir sobre isso com você. – Me levantei do chão e me aproximei dele. – Taehyung? – Segurei seu rosto e o obriguei a me olhar. – Você me prometeu que não agiria por impulso e não fugiria daqui. – Falei entredentes. – Nunca mais prometa algo que você não possa cumprir. – Vi seus olhos lacrimejarem e aquilo cortou o meu coração.
Dei as costas e fui para dentro do banheiro, passar uma água fria no rosto. Quando eu menos esperei, o ômega entrou correndo e foi vomitar. Virei de frente e vi que ele estava com a cabeça muito baixa e seus olhos saíam lágrimas.
Suspirei em vê-lo daquele jeito e fui ajuda-lo.
– Não precisa. – Ele me empurrou e voltou a vomitar.
– Não me empurre.
– Eu não quero te incomodar. – Tae deu descarga e escovou os dentes.
– Está um pouco melhor? – Perguntei.
– Estou. – Falou baixo e voltou para a cama, se enfiando debaixo das cobertas.
– Não vai se desculpar com os meninos?
– Depois eu faço isso, Jungkook.
Percebi que fui um pouco rude com ele, mas eu não podia ficar calado e deixar que ele ficasse impune de um puxão de orelha.
– Eu vou ver como o braço do Yoon está. Se precisar de alguma coisa, me chame. – Cochichei e não recebi nenhuma resposta.
Soltei um suspiro e saí do quarto.
**
Estava batendo um papo com os meninos e contei a eles sobre o mal que o Tae passou. Jin comentou que ele deve ter ficado nervoso por eu ter ficado bravo e isso fez eu ficar um pouco preocupado.
– Gente? – Ouvi a voz do ômega se fazer presente.
– Oi, Tae? – Nam sorriu, terno e Jinhong se encolheu nos braços do Hobi.
– Eu queria pedir desculpas pelo que fiz mais cedo. Eu sei que dizer apenas “me desculpem” não vai mudar o fato de que eu magoei vocês, mas eu não posso ficar sem dizer isso. – Ele fitou o Suga e percebeu o roxo no braço alheio. – Yoon, me perdoe pelo braço? Eu posso curar para você.
– Não precisa, Tae. Não está doendo mais. – Ele deu um sorriso calmo. – Mas se você me machucar de novo, eu vou te deixar roxo por inteiro.
– Eu sei, eu mereço isso. – Kim olhou para Jinhong. – Jin, obrigado por cuidar de mim e não permitir que eu fizesse uma besteira. – Taehyung se calou e olhou para mim. Percebi que seu rosto estava pálido e ele estava suando. – Posso falar com você? – Murmurou.
– Pode. – Me levantei do chão e caminhei até o quarto, sendo seguido por ele.
O ômega entrou no cômodo e se aproximou de mim.
– Você me perdoa pelo que eu fiz? – Ele me olhou meio manhoso e eu suspirei. – Por favor? Eu te amo muito, não quero que fique bravo comigo.
– Eu nunca imaginei que você teria coragem de falar aquelas coisas comigo. – Fui sincero. – Aquilo que o Hong fez, eu poderia ter feito, mas não consegui. Eu não tive coragem de controlar sua mente, para te deixar mais calmo. Você sabe o tanto que você me magoou?
– Me perdoe? – Kim chegou mais perto e segurou meus braços.
– Já passou pela sua cabeça, como você se sentiria se eu dissesse que você nunca está ao meu lado e que eu iria procurar por outro ômega?
– Mas você não ia me ajudar, Jungkook.
– Taehyung, há um tempo atrás, eu disse que faria o possível e o impossível para te ajudar, desde que eu soubesse que você estaria seguro. Eu te prometi e assim eu farei. Mas você acha mesmo que daria certo, se você saísse do alojamento sem informação alguma e naquele estado? Seria seguro? Seria sensato?
– Não.
– Que bom que sabe. – Falei sério e vi ele ficar mais pálido, antes de correr para o banheiro de novo. – O que está acontecendo? – Perguntei, quando cheguei por trás e segurei sua cabeça.
– Eu não sei... – Disse entre o choro. – Depois que você saiu do quarto só piorou... eu já vomitei quatro vezes hoje e meu estômago já está doendo de tanto fazer força.
– Suas crises de ansiedade... você vomita quando elas atacam?
– Na maioria das vezes, sim.
– E você acha que ela atacou depois da Minzy?
– Não. – Ele se afastou e foi lavar a boca mais uma vez. – Elas atacaram depois que você brigou comigo.
– Desculpe? – Afaguei seu rosto e lhe dei um beijo na testa.
– Você vai me perdoar?
– Eu te perdoo. – Fitei seus olhos. – Eu te amo, Tae. Não faça isso comigo de novo?
– Eu não vou fazer. – Ele me abraçou forte. – E eu também te amo.
– Você quer andar um pouco e tomar um ar, para ver se fica melhor? Podemos visitar a Minzy, se quiser.
– Eu quero.
– Então vamos. – Segurei sua mão e o puxei para fora do quarto. – Quer comer algo?
– Eu não estou com fome.
– Tudo bem.
Saímos da casa e fomos atrás da pequena. No meio do caminho, vimos Baekhyun treinando tiro ao alvo com estilingue.
– Se ele não tem mais poderes, porquê ainda o mantêm aqui?
– O diretor não pode deixa-lo sair sem devolver os poderes dele. Isso faz parte do castigo.
– Entendi. – Respirei fundo, quando o alfa nos viu e acenou de longe. – Atrevido. – Sussurrei.
– Cumprimentar não arranca pedaço, Jungkook. – Ele soltou minha mão e correu na direção da pequena alfa.
– Ei Minzy. – Gritou.
– Ei Tae. – Ela veio correndo e subiu no colo dele.
– Como você está?
– Bem.
– Está bem mesmo? O que é isso? – Ele segurou o braço magrinho da garota e viu que tinha uma pequena marca de agulha.
– Ah, eu fui tomar vacina hoje. – Ela fez uma careta. – Mas eu sou tão brava, que eles tiveram que me dar remédio para eu ficar quieta.
– E você acha isso bonito, mocinha? – Brinquei.
– Eu não gosto de tomar vacina. – Cruzou os bracinhos de maneira fofa. – Dói o meu braço.
– A Dra. Lee que o diga, não é Minzy? – A mesma beta de cabelos castanhos se aproximou. – Não sei de onde essa garota tira tanto fôlego para correr. – Ela sorriu e colocou a mão na testa.
– E então vocês sedaram ela? – Tae perguntou com desdém.
– Eu não. A Dra. Lee.
– E por que fizeram isso? – Perguntei.
– Meninos, vocês nunca viram alguém tentando vacinar ou tirar sangue dessa garota. – Ela arregalou os olhos e sorriu. – Desde que eu vim para cuidar das crianças, a Minzy sempre dá trabalho quando pegam ela para algum procedimento médico.
– Está aqui há quanto tempo? – Tae perguntou.
– Quase um mês.
– E quem é essa Dra. Lee? – Eu queria saber se ela sabia de alguma coisa.
– Ah, ela é a médica pediatra que cuida das crianças daqui. Toda vez que alguém precisa de algum procedimento específico, é ela que leva eles para examiná-los. Outro dia uma garota de 9 anos quebrou o braço e foi a Dra. Lee que veio socorrê-la.
– Por que não chamam a Dra. Park para essa função? – Continuei com a entrevista.
– A Dra. Lee tem um jeitinho a mais com crianças. Ela é especialista. A Dra. Park faz procedimentos mais leves.
– Entendi. – Cruzei os braços e fingi não estar muito interessado no assunto.
– Bem, eu vou buscar algumas crianças na escolinha. – A beta acenou. – Até mais.
– Até. – Eu e o Tae respondemos juntos.
– Minzy, essa moça e essa Dra. Park são boazinhas com você? – Tae fitou os olhos dela, para observar mentalmente se ela mentiria.
– Elas são. – A alfa sorriu e fez carinha de sapeca. – A Dra. Lee me dá docinho de coco, quando eu termino de tomar vacina.
– Ah, meus deuses. – Gargalhei. – E você come tudo?
– Aham.
– Tae, deixa eu pegar ela um pouquinho? – Estiquei as mãos.
– Pra quê? Deixa ela aqui. – Ele se virou e a apertou num abraço.
– Só um pouco, Tae. Você está com ela no colo, desde que chegamos aqui.
– E daí?
– Minzy, vem no tio Kookie?
– Tá bom. – Ela esticou os bracinhos para mim e eu custei a tirá-la do colo do ômega.
– Deixa de ser egoísta, Taehyung. – O repreendi.
– Ah, parem de brigar. – Ela fez um biquinho fofo com os lábios.
– Você gosta mais de quem, Minzy? – Tae chegou perto dela. – De mim ou do Jungkook?
– Dos dois. – Ela falou rápido.
– Não pode ser os dois, tem que ser só um. – Ele insistiu.
– Não. Eu gosto dos dois.
– Minzy?
– Taehyung.
– Minzyyyyy... – Ele fez um bico e ela também.
– Para, Tae. – Com o meu braço livre, eu envolvi sua cintura. – Vamos parar com isso. Ela gosta dos dois, assim como os dois gostam dela. Certo?
– Certo. – A pequena assentiu e sorriu.
– Minzy, posso te pedir uma coisa? – Kim começou a brincar com os cabelos dela.
– Pode.
– Se algum dia, você estiver em perigo, você me chama? Faça aquela coisa maluca com a mente, que você faz, e me chama, independente da hora que for.
“Assim?” – Ela pensou e permitiu que eu também ouvisse.
– É assim mesmo. – Ela sorriu. – Eu tentarei te responder, mas se não conseguir me ouvir, saiba que eu vou aonde for para te salvar, tudo bem? E o tio Kookie vai junto.
– Vai mesmo? – Ela me encarou sorridente e eu assenti. – Tá bom.
– Minzy, nós já vamos. – Desci a pequena do meu colo e segurei a mão do Tae. – Daqui a pouco a moça que cuida de você, virá te preparar para o jantar dos ganhadores dos jogos de basquete e você deverá estar linda.
– Eu vou de princesa, hoje.
– Ah eu quero ver. – Kim se abaixou e deixou um beijo na testa dela. – Até mais tarde, amor.
– Até. – Ela deu as costas e voltou para dentro de casa.
– Ela é seu amor e eu sou o que? – Provoquei.
– Você tirou ela do meu colo, então você é só Jungkook.
– Mas ela é minha também. Nós combinamos.
– Isso não te dá o direito de tirá-la do meu colo.
– Tae? – O puxei pela cintura. – Por que está manhosinho assim?
– Eu não sei. – Cruzou os braços e desviou o olhar.
– Você está melhor?
– Estou.
– Então me dá um beijo?
– Eu não vou te dar nada.
– Tudo bem, então. – Dei de ombros. – Vem se enroscar em mim durante a madrugada e dizer que está com frio, que eu durmo no chão, mas não te esquento.
– Você me deixaria sentindo frio?
– Você me deixaria sem beijo? – Levantei uma sobrancelha.
– Isso é chantagem.
– Não é não. Isso é troca de favores.
– AAH. – O ômega saiu andando na minha frente e eu não pude conter a risada em vê-lo fazendo pirraça.
– Manhoso. – Falei e recebi o dedo do meio como resposta. Corri até ele e o puxei para perto de mim, abraçando-o pela cintura. – Marrentinho. – Sussurrei no seu ouvido.
– Peste. – Foi sua última palavra, entes de passar a me ignorar durante o percurso para a casa.
Nós entramos no quarto e o mais velho se enfiou debaixo das cobertas.
– Vai dormir de novo?
– Estou com sono. – Falou simples.
Subi na cama e me aninhei ao seu lado, envolvendo-o com os braços e o puxando para mais perto, afim de mantê-lo bem quentinho.
– Vai me esquentar?
– Se não quiser, eu saio.
– Eu não quero. – Deu de ombros.
– Mas eu vou ficar aqui, marrentinho. – Sorri.
– Idiota. – Ele se virou de frente para mim e me abraçou.
– Bom descanso, amor. – Acariciei deus cabelos e depositei um beijinho na sua testa.
– Obrigado, benzinho. – Ele sorriu e enterrou o rosto na curva do meu pescoço, dando uma fungada profunda ali. – Te amo...
– Também te amo.
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