História Lira - Professor

Em seus 28 anos, seu aniversário seria naquele dia. Acordou com o barulho do caminhão de lixo e o cheiro ruim. Abriu os olhos lentamente, pegou um biscoito que tinha no bolso e enfiou na boca.

--Nossa, ela não divide, mesmo!

Uma menina de cabelos castanhos estava na frente dela. Poderia dizer que tinha 15 anos, na mesma faixa etária tinham outros ao redor. Todos com uniformes, com um X em vermelho. Uma ruiva observava tudo com semblante sério, um menino tinha um óculos escuro estranho e outro tinha pele azul e uma calda de demônio.

-Quem são vocês?

A mais velha se levantou fazendo a menina sorridente se assustar com o pulo.

-Somos...

O de óculos ia começar a falar quando foi interrompido por um homem careca em uma cadeira de rodas.

-Os X-men.

O homem disse, como se tudo tivesse sido esclarecido magicamente.

-Uau! Então é verdade.

-O que?

Perguntou o menino azul.

-Que esses grupos vão até os mutantes. O que acontece agora?

A loira perguntou achando tudo muito ridículo, principalmente os uniformes. De repente, uma mulher de cabelos brancos apareceu atrás do homem e olhou para ele sorrindo.

-Você dorme.

Tudo ficou preto. Não tento ideia do que aconteceu em seguida. Apenas que suas memórias mais antigas estavam voltando em sua mente.

-Sabe onde iremos hoje?

Sua irmã, em seus 19 anos, entrou no quarto da menina. Ela estava linda e viva, com os cabelos pretos soltos, eram como uma moldura para seu rosto. Suas maças do rosto sempre rosadas e a boca em vermelho escarlate. Tudo era perfeito como antes.

O quarto de criança da loira apareceu vivo em sua memória, com seus brinquedos e desenhos espalhados no chão. O uniforme da ginastica artística estava jogado no chão em meio ao caos que era aquele quarto perfeitamente lilás.

-NO CONCERTO!

A criança pulou da cama em cima de Alex.

-Acertou!

Tirou os ingressos do bolso.

Era uma boa lembrança, simples e boa. As duas ficaram dançando e rodopiando, rindo só por estarem felizes.

Acordou em uma maca, estava em algum tipo de sala médica. Um homem de rosto vermelho e colorido estava levitando pela sala enquanto mexia em seringas.

-Quem é?

Caitlin perguntou sonolenta. O homem se virou, não parecia surpreso.

-Só estava arrumando as amostras de seu sangue.

-Amostras? Pra que mais de uma?

Ficou confusa com o plural.

A menina que estava no beco horas atrás entrou na sala, mas não usou a porta. Apenas atravessou a parede e deu um soco fraco no ombro do homem.

-Leva isso pra Jean, eu fico cuidando dela.

O outro apenas obedeceu e atravessou o teto para sabe lá onde.

-Quer comer algo? Um bolo? É seu aniversário, deve estar querendo um banquete.

A mais nova se sentou em uma cadeira ao lado da loira e ficaram se olhando por um tempo.

-O.K. Você não gosta de falar...

-Não é isso, só não estou entendo por que demoraram tanto.

-O Professor só demorou porque você estava conseguindo se virar sozinha. Sabe, tem muitas crianças perdidas por aí.

-O Professor é o careca?

A menina assentiu e começou a procurar algo para fazer na sala cheia de coisas médicas.

-Todos atravessam paredes?

A mais nova riu com a pergunta e balançou a cabeça em negação.

-Não, mas alguns, sim. Eu e o Visão conseguimos. Você faz o que? Ainda não contaram para gente.

-Eu...

A mulher de cabelos brancos entrou na sala.

-Kitty! Vai fazer suas lições.

-Sim, senhora!

Ela obedeceu a ordem e saiu de lá correndo, atravessando os obstáculos.

-O Professor quer falar com você.

Depois de um tempo tentando entender como vestir a roupa que foi entregue para ela, foi seguir a mulher para onde o Professor estava. Saíram daquela ala e pegaram um elevador para cima. Onde saíram numa casa com paredes de madeira e cheia de crianças, adolescentes e adultos andando por todos os lados. Deduziu que era uma escola, pois tocou um sinal e muitos usavam mochilas. Seria um disfarce para os não-mutantes? Não conseguia entender como ninguém descobriu aquele lugar, com tantas crianças andando pelas paredes, com asas de pássaros e garras.

Subiram algumas escadas e finalmente chegaram no escritório do homem.

-Pode se sentar.

O homem disse e a loira obedeceu, a outra mulher saiu deixando eles sozinhos.

-Você tem uma história interessante, muito ligada ao atentado. Algo posso lhe assegurar, sua irmã não está entre os corpos desfigurados encontrados nos escombros, mas também não consegui encontra-la em lugar algum.

-Posso perguntar algo?

Ele assentiu calmo.

-Como criou esse lugar em 10 anos?

-Não, ele está funcionando a mais tempo. Mutantes não começaram a existir naquele dia, apenas aconteceu uma explosão populacional da nossa espécie, se assim posso chamar o que aconteceu. Esse lugar foi criado para ajudar jovens a serem refugiados e protegidos, até mesmo adultos podem ficar aqui e ajudar a cuidar dos mais novos.

-Posso lhe dizer que não tenho nada para ensinar, no máximo vou servir na cantina.

-Está enganada, sua audição é incrível e tudo por conta da boa educação musical que recebeu de sua irmã. Pode ensinar muito sobre música para eles, se não for como tocar, que seja como apreciar.

-Certo, mas...

-Gostaria de aprender a controlar seus poderes.

-Como? Esquece.

Ficou surpresa por aparecer que ele lia sua mente. Entendeu logo em seguida o motivo, ele realmente fazia aquilo ou algo parecido.

-Posso pedir para Munroe lhe ajudar.

-Obrigada.

Caitlin já ia se levantar.

-Ainda não acabei. Sabe a advogada que gosta tanto? Ela foi sequestrada por um grupo rebelde, se quiser ajudar...

-Sim!

Gritou empolgada.

-Quero dizer... Adoraria.