1. Spirit Fanfics >
  2. Listen >
  3. Listen

História Listen - Listen


Escrita por: beea-triz

Notas do Autor


♫ Boa Leitura!

Notas finais

Capítulo 1 - Listen


Abril de 2006.

— Emma, ande logo com isso, estamos lotados! — Granny gritava do caixa. O restaurante estava uma loucura, o que era anormal em uma segunda feira chuvosa. O sino que continha na porta não parava um minuto sequer de avisar que alguém estava adentrando no estabelecimento.

Emma Swan segurou a bandeja de metal entre as mãos com habilidade, passando por entre as pessoas sem incomoda-las. As xícaras de café quente queimavam a ponta de seus dedos, obrigando-a a comprar caixas e mais caixas de band-aid.

O sino da porta soou alto novamente, e uma morena adentrou, sentou-se em uma mesa afastada dos demais, seus cabelos estavam úmidos pela chuva, e sua boca roxa pelo frio, encolheu-se no banco em busca de calor.

— Qual seu pedido? — Swan aumentava o som de sua voz para tentar fazer com que a moça a escutasse. A mulher olhava apenas para sua boca, espremendo os olhos ao ponto de tornar-se constrangedor para a loira.

Regina Mills apenas apontou para o desenho de um café expresso no cardápio e sorriu.

Poucos minutos depois a loira retornou com o pedido.

— Algo mais? — perguntou educadamente.

Regina sequer respondeu.

— Meu dente está sujo? Eu estou com mal hálito? — arfou sobre a mão, logo em seguida abriu a boca para a amiga ruiva que limpava o balcão.

— Não, está normal. Por que? — Ruby sorriu com a amiga.

Havia muitos anos que trabalhava no restaurante de sua avó, as madeixas castanho escuro escondiam-se na touca branca, porém suas roupas lhe convinham, sua barriga não se escondia, a blusa xadrez amarrava um pouco abaixo de seus seios, o minúsculo shorts jeans dava a visão da polpa de sua bunda. Sua avó sentia vontade de matá-la, porém não poderia despedir a neta muito menos fazê-la mudar seu estilo, achou solução ao problema colocando a morena atrás do balcão, cuidando dos pedidos.

— Tem uma mulher que me olhava como se eu estivesse com um coelho dentro da boca. — sorriu preocupada.

— Talvez seja uma cantada silenciosa para beijar você. — a amiga gargalhou.

As íris verdes de Swan observavam Regina discretamente, guardando em sua memória cada traço, não sabia quando a veria novamente. Mills estava na grande fila do caixa pagando por seu café quando sequer viu que as chaves de sua casa caíram, perdendo-se no chão de madeira rústica. A loira logo notou e segurou o molho de chaves entre as mãos, entregando destrambelhada a Regina.

E novamente, nenhum obrigado.

Sorriu sem jeito afastando-se. Mas que merda! Qual era o problema com ela? Estava fedendo? Ou havia algo fora do comum em sua aparência?

Regina Mills saiu pela porta do local, o sino tocou avisando a Emma que ela havia ido, talvez só até o outro dia, ou nunca mais. Por Deus, Swan não era negativa. A morena havia chamado sua atenção de uma maneira peculiar, seu coração se apertou quando a viu partir, porém tinha total consciência que seu coração iria apertar-se novamente se a visse em qualquer outro lugar.

Então, eu nem pude agradecer, com certeza me achou rude.

Mas você não tem culpa disso, como ela iria te entender.

Daniel seu melhor amigo de faculdade, e professor de libras do ensino médio lamentou com a morena. Regina passava a mão no cabelo em sinal de nervosismo.

Mas eu voltarei lá, só não quero ser alguém que ela sinta pena. Me entende?

Sim claro, mas isso é quem você é Regina. Não pode mudar isso.

A morena sorriu desanimada, por Deus quantos relacionamentos teve? Dois? Não, ela não estava desesperada, ela queria ter mais sentimentos, por ser uma pessoa surda, suas chances com qualquer um diminuíam muito. Apenas 10% da população mundial sabia libras, e claro que em Storybrooke não havia mais de 3, e esses três eram seus amigos inseparáveis, não poderia e nem queria namorar nenhum deles.

Regina Mills foi diagnosticada com surdez retrococlear, acontece quando o nervo auditivo está danificado ou inexistente. Essa surdez é profunda e permanente, desde que nascera Mills nunca ouviu, não foi um grande problema em sua infância, porém quando entrou no ensino médio, sua vida transformou-se em um inferno, a dificuldade em acompanhar as matérias como as outras pessoas, e o bullying sofrido fez sua mãe faze-la estudar em casa até formar-se.

Volte lá esta noite. — Daniel sugeriu

Oh, por favor, irei parecer uma maníaca. — sorriu.

O loiro acariciou sua mão como uma forma de estimulo, os olhos castanhos brilharam, e suas esperança se renovaram.

Emma cantarolava baixinho umas de suas composições. Granny, uma senhora de idade, dona do restaurante, ouviu os sussurros da loira. Sorriu enquanto fingia estar concentrada no pó de café.

— Não sabia que a mocinha cantava. — comentou sem olha-la.

— Eu? Oh não, eu não canto.

A avó soltou uma risada irônica.

— Sim senhorita Swan, você canta, apenas não sabe disso.

Um sorriso envergonhado apareceu no rosto da garçonete, que logo atendeu um cliente, sem dar importante ao comentário da mais velha.

— Esta noite, cante para nós. Terá um acréscimo na gorjeta. — sugeriu.

— Não posso.

— Sim, você pode. Apenas nesta noite, o movimento não será grande. — apontou para as caixas de som distribuídas pelo restaurante e levantou as sobrancelhas.

Emma segurou a bandeja com força ao imaginar cantar suas composições em seu emprego. Porém mesmo com seu estomago revirando dentro de si, concordou.

O céu enfeitava-se com estrelas, Swan sentia suas mãos soarem, e o microfone deslizar por entre os dedos. Olhou para frente em busca de coragem e a viu, a morena segurando a xícara, o vapor do café fervente nas mãos finas e pálidas e por fim um sorriso acolhedor. Os olhos verdes varreram o local, e em seguida voltaram para Regina.

Ela estava acompanhada. De um homem. Um homem. Um cara pálido, magricelo e desajeitado que prestava atenção na loira a olhando de cima a baixo. Decepcionada Swan iniciou a canção

 A loira soltou leves sons a música iniciou-se, calma e tranquila. Emma olhava para o piso de madeira, segurando o microfone tão forte que o nó em seus dedos ficaram brancos.

Wake up next you – Lotte Mullan (https://www.youtube.com/watch?v=mhVcjqQEwco)

‘’Eu amo o jeito que você ama outro alguém

Eu gostaria de ter um pouco disso pra mim

Eu quero acordar ao seu lado

...

A maneira como você a segura com ternura

E ela faz barulho com aqueles sapatos de salto naquele

lindo vestido

Eu quero acordar ao seu lado’’

Daniel eu estou passando vergonha, não entendo o que ela fala. — Regina abaixou os olhos envergonhada

Regina, se acalme. Ela está olhando para você. — o loiro sorriu livremente quando Swan observou a mesa abismada.

Swan sentia-se ignorante. Como nunca passou pela cabeça Regina ser surda? Por Deus, sua cabeça confundiu-se. Ao final da canção, Emma deixou de lado o microfone continuando com seus afazeres. Sentia-se envergonhada? Talvez.

— Porra, nunca imaginei.

— Muito menos eu Ruby. — Acabara de levar o pedido para a amiga, enquanto esperava o prato de um cliente qualquer ficar pronto, olhou de relance para Regina que se mantinha entretida com o amiga, ou namorado seja lá o que fosse para a loira.

— Tente aprender, sei lá, olha para ela —apontou. — parece ser mais fácil do que pensamos.

Emma soltou uma risada irônica, ao ponto de Ruby Luccas querer soca-la.

Vamos? Estou vendo que o máximo que vim fazer aqui foi passar vergonha. —Mills levantou-se deixando a comida para trás, perdera o apetite. Pediu a outra garçonete que trabalhava no local para embrulhar, levaria para casa caso lhe desse fome mais tarde.

Oh meu Deus, você apenas complica as coisa Regina. — Daniel encantava-se com o modo como Regina levava a vida, houve um tempo na adolescência que se viu apaixonado pela morena, porém o sentimento durou dois meses, até entender que Mills não poderia ser mais que sua amiga e por último a morena ter dúvidas sobre sua sexualidade.

Daniel lembrara claramente no tempo em que começara a se acostumar com libras, estava na arquibancada com algum livro em mãos quando Mills chegara entusiasmada lhe contado de uma garota que havia ficado. No mesmo segundo o coração do loiro derreteu-se, os olhos castanhos brilhavam, havia sido seu primeiro beijo. Infelizmente a garota com quem Regina ficara, Lilith, não denominava libras, ou seja, na mesma noite enviou uma mensagem para Daniel, lhe pedindo para conversar com Regina, alegando que seria constrangedor tentar explica-la.

Mills não abalou-se, pelo contrário, dedicava horas e horas para ajudar Daniel a linguagem de sinais, após cinco meses, o garoto ficara todos os dias com a morena apenas conversando assuntos banais. Eram grandes amigos, nasceram para ser.

Pagaram a conta, fora do estabelecimento o frio se fazia presente, enquanto expiravam, o ar tornava-se nuvens. Regina encolheu-se em seu amigo após um rajada de vento tê-la pegada desprevenida. Encostado na parede dos fundos da cafeteria, Mills avistou um homem, idoso, sujo e definitivamente magro, os olhos do homem esbugalharam-se ao ver o embrulho que a morena levava. Cheirava bem.

Regina Mills não pensara duas vezes, ofereceu um sorriso acolhedor, abaixou-se ficando de frente para o homem lhe entregando o alimento, o senhor agradeceu fielmente. Ela não o respondeu, claro, não poderia, então apenas sorriu novamente e continuou a andar. Daniel estava esperando-a na esquina.

Você é uma pessoa boa. — Daniel gesticulou após longos minutos de caminhada, encontravam-se na frente da casa da menina.

Boa noite Daniel. — sorriu.

O dia logo amanheceu, raios de sol entraram sorrateiramente pela janela de Emma, não havia dinheiro para cortinas, o pequeno quarto nos fundos de seu serviço era de bom grado para a loirinha. Arrumou os cabelos e sem cerimônia abriu o estabelecimento. Um senhor de idade — o mesmo homem com quem Regina ofereceu sua comida, entrou, era o primeiro cliente do dia. —

Emma o observou, um prato com bacon e ovos fora servido em troca de algumas moedas. 30 centavos, era o que o mendigo tinha consigo.

— Ela é surda. — iniciou a conversa com a boca suja pelo alimento. — Percebi ontem, quando ela me deu comida.

Emma Swan logo notara de quem ele falava, parecia devagar sozinho, porém a loira sabia que falava com ela.

— Ah sim, eu sei.

— Eu tenho comigo um livro, deve ajudar você, parece querer se aproximar. — tirou de dentro do casaco imundo e grande um amontoado de papéis amaçados, grampeados uns nos outros com figuras.

Swan recebeu de bom grado.

— Obrigado. Onde conseguiu? — folheava o maço de papéis.

— Achei perdido na rua, a muito tempo acho que era de algum iniciante, pode ajudar. — terminou a refeição, ofereceu um aceno de cabeça para a garçonete e saiu.

A loira sorriu, após checar o local e concluir que tudo estava no devido lugar, sentou-se em uma mesa e como uma criança que estava aprendendo a ler suas primeiras palavras, iniciou a grande tarefa. Seus dedos estavam doloridos, seu braço doía. Logo o horário de movimento iniciou-se, eram sete horas da manhã, pessoas que trabalhavam ou tinham um boa condição financeira ao ponto de sentirem-se preguiçosas para cozinhar vindo a cafeteria todos os dias.

— Hoje você cantará tudo bem? — Granny, a dona do local disse com tranquilidade.

— Oh, tudo bem.

Swan ocupou-se por toda manhã, na parte da tarde pediu para Ruby ficar em seu lugar por alguns instantes. Emma trancou-se em seu quarto, e após algumas buscas em seu caderno de composições, encontrou a música perfeita. Não sabia se Regina viria, não sabia ao certo todos os sinais para a tradução da letra em libras, porém sentia que estava fazendo o certo.

A noite veio, calma e silenciosa, todos os clientes decidiram ter uma conversa agradável, sem muitas vozes se entrecortando. Mills entrou no local sozinha, acompanhada de seu notebook, sentou-se nas mesas do fundo não dando importância para as pessoas no local. Respirou fundo controlando a vontade de procurar pela loira.

Emma ficara na frente de seu público, a música começara. O local era equipado com um abajur em cima de cada mesa, Ruby sorrateiramente saiu do caixa, encontrando a caixa de força, apagou todas as luzes, não incluindo a de Regina. A morena levantou os olhos ao ver todos da cafeteria a observando, encolheu-se na cadeira, finalmente entendendo o que estava acontecendo Emma fazia gestos da música, traduzia para a língua de sinais cada palavra, os movimentos eram suaves e precisos. Regina sentiu as bochechas corarem, abaixou a tela do aparelho, e apreciou Emma Swan cantar para ela.

Valentine Song – Lotte Mullan

(https://www.youtube.com/watch?v=_MsUddWro7U)

Você ilumina o quarto

E você nem sabe

É tudo o que posso fazer

Para deixar você em paz

......

Oh, minha querida

Saber que você me vê é suficiente

 

Sim eu te vejo. —Mills apontou para o banco a sua frente convidando Emma a se sentar.

Swan seguiu tímida, estava apreensiva, tinha conhecimento apenas do básico da língua, a morena fazia os sinais lentamente, e quanto a garçonete não compreendia Regina tentava de alguma forma fazer mimica ou ao menos desenhar, já que sentia dificuldade na escrita.

Eu sempre te vi Emma, só não pude dizer olá.

 


Notas Finais


♫ Então? O que acharam!?
♫ Essa é uma one baseada em um curta que eu assisti na escola! No meio do ano!
♫ Espero muito que seja do agrado de vocês, pretendo iniciar uma fanfic Swan Queen bem elaborada ano que vem, abordando esse assunto de deficiencia o que acham?
♫ Mwah, até a próxima.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...