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História Litigious Love - Círculos sem Fim


Escrita por: imaginelieber

Capítulo 20 - Círculos sem Fim


Ryan só precisou de um olhar para nosso rosto para entender tudo. Fiquei preocupada que estivesse transparente na minha testa o que havia acontecido, mas ele só conhecia Justin há muito tempo. Assim, escondeu um sorriso no copo e desviou o olhar para Lara outra vez.

Bom, da mesma forma eu estaria encrencada com Fani e Lara. Esforcei-me em montar uma expressão neutra, completamente diferente da explosão que acontecia dentro de mim antes que me vissem.

— Ju! — Fani deu um longo suspiro assim que entrei em seu campo de visão. Esperei o veredicto de sua análise corporal, entretanto, ela só transpareceu alívio, sem me investigar muito.

Diferente de Lara, que estreitou os olhos para mim, depois intercalou olhares entre nós dois e arregalou as pupilas. Seu queixo caiu num sorriso que precedia a surtos. Expressei uma severidade urgente para que ficasse quieta e ela se limitou a morder a boca para conter gritos inconvenientes.

— Oi, Fani — acenei, depois voltei as mãos para trás das costas, estavam inquietas para encostar outra vez no corpo convidativo ao meu lado.

O dito cujo deu um tapinha nas costas de Ryan como cumprimento e se direcionou a mesa a fim de pegar uma bebida. Me policiei para não ficar lhe encarando e aproveitei para me alegrar com o fato de que Kendall e seu grupinho estavam de volta a própria mesa.

No mesmo instante, percebi que não duraria muito, eles já convergiam para nós. Expirei. Não podia de fato culpá-los, Justin também parecia um imã para mim. Eu devia ficar com o rosto tão iluminado quanto o de Kendall ao contemplá-lo. Entender, contudo, é diferente de gostar.

Ainda assim, não foi para ela que ele sorriu ao levantar o copo, tão concentrado em mim que podia desvendar todos os meus pensamentos. Eu mesma tentava evitá-los, sabia que seriam intensificados com a visão do meu desejo ao alcance de um braço.

Tirando-me do transe, Lara se engasgou. Ryan lhe dava tapinhas ineficazes nas costas. Percebi que os dois cretinos tentavam em vão esconder suas risadas maliciosas.

— Tudo bem, Ju, acho que já nos divertimos o bastante. Precisamos ir embora, ainda temos uma reunião a fazer — Fani puxou meu braço, inclinando-me em sua direção para ouvi-la com mais clareza. Na voz, uma acusação implícita de que era culpa minha ainda não ter acontecido.

Meu beicinho foi automático.

— Já? Não podemos ficar mais meia hora? Não vai doer — implorei, juntando as mãos.

Fani suspirou.

— Mais uma música e vamos embora. Realmente precisamos conversar, Júlia. E tem que ser hoje.

Aquiesci descontente. Eu queria tanto essa conversa quanto ir embora.

— Já é hora de ir embora? — Lara captou minha expressão.

— Só temos mais uma música — eu disse, ao passo que Fani concordou, movendo o corpo de acordo com a batida, nos incentivando a aproveitar o fim.

— Tudo bem, Ryan, é agora ou nunca — Lara se virou para Butler em desafio.

Fingi que estava muito concentrada no passo que ele preparava para não transpirar com a aproximação de Justin pela direita. Kendall e os seus vinham pela esquerda. Eu não queria premeditar se ele viria para o meu lado ou de encontro a ela.

Ryan esfregou as mãos e mostrou as palmas para nós, solicitando espaço com falsa soberba. A seguir, abriu um jazz split, o espacate com a perna de trás dobrada, e se levantou num impulso só. Lara teve que lhe segurar quando ele pendeu sem equilíbrio para seu lado ao som de aplausos e vivas.

— Ryan é um exibido — Justin me disse ao parar ao meu lado, estendendo-me um copo de refrigerante.

Seu amigo fazia mesuras para a plateia e trocou um toque de camaradagem com minha irmã. Balancei a cabeça, risonha, enquanto pegava o copo que me estendia. Senti-me idiota por ter de conter um tremor quando a ponta de nossos dedos se encontrou.

— Eu gostaria de ver mais de suas habilidades, Lia — murmurou, divertido, empurrando o meu ombro com o seu.

— E o que te faz presumir que tenho mais habilidades? — Estreitei os olhos para ele e imediatamente preferi ter mantido a ausência de contato visual.

Ele umedeceu os próprios lábios enquanto encarava os meus por breves segundos.

— Eu sei — piscou seus longos cílios para mim.

Repentinamente, não havia ar suficiente para respirar.

— J, Kylie e Travis tem ótimas ideias para nosso Coachella desse ano! — Kendall apoiou uma mão em seu ombro, chamando sua atenção. O corpo levemente inclinado o convidava a se distanciar até a irmã e o cunhado que conversavam com mais dois de sua roda em claro entusiasmo — É claro que não vamos te abandonar.

Ele assentiu. E pronto, lá se ia sua promessa de cinco minutos atrás, ficaria o restante do tempo que me restava fazendo planos de Coachella com as irmãs Jenner.

— Claro, Ken, depois você me atualiza, por favor. A Lia aqui está me devendo uma dança — apontou para mim com a cabeça, em seguida me estendeu a mão — Me mostre o que você tem.

Seu sorrisinho era conspirador, remetendo a nossa conversa, certificando que não havia esquecido. O fato de termos nosso próprio segredo interno me satisfez mais do que deveria. Reparei, também, como meu ritmo cardíaco oscilou sem motivos quando meus dedos tocaram sua palma. E, com o pouco de consciência que me restava, deixei copo na mesa a fim de evitar acidentes. Justin me imitou antes de movimentar o corpo em pequenas ondas sem me soltar.

— Então você também dança, huh?

E transpiro às bicas, ao que parece.

A possibilidade de dançar com ele era tremendamente mais intimidadora do que brincar com Ryan. Abri e fechei minhas asinhas discretamente, assaltada pela necessidade de coçar as axilas.

— Eu e Lara só nos divertimos às vezes — sem chance alguma de contar que já havíamos feito aulas. Assim ele esperaria muito mais do que eu podia oferecer.

— Aliás, não pense que eu esqueci que você ainda me deve uma música. Preciso te ouvir cantando.

Franzi o cenho.

— Agora você é uma espécie de departamento de cobrança?

Ele deu de ombros, aquela expressão travessa no rosto, inclinou-se um pouco mais em minha direção.

— Inclusive, te cobrarei essa distância que interpôs entre nós dois no momento. Você estava colada com Ryan — acusou-me.

Revirei os olhos, rindo. Como explicar que tudo o que eu mais queria era unir toda a extensão do meu copo ao seu, mas tinha receio de acabar exagerando na frente de Fani? Isso sem mencionar o nervosismo que dobrara — sem lógica alguma — de estar perto dele.

— Acho melhor não provocar muito a Fani — tive que me aproximar mais para responder, não podia gritar uma coisa dessas, não é?

Mas a proximidade da minha boca e sua orelha me fez imaginar quantos beijos seriam necessários para trilhar dali até seus lábios.

— Ela vai sobreviver com um pouco mais de proximidade — sorrateiro, levou a mão livre à base de minhas costas e me trouxe para mais perto.

Meu estômago se retorceu.

Erguendo nossas mãos, ele me fez dar um giro no lugar antes de tomar minha cintura com as duas mãos, incentivando-me a mover o quadril. Por alguma razão desconhecida — talvez o brilho desconcertante dos seus olhos — eu não conseguia me lembrar de passo algum para reproduzir.

— Eu sei, dançar com um profissional é mais intimidador do que com amadores — ele deu uma olhada presunçosa em Ryan que no momento só mexia as mãos como se jogasse basquete. Lara o imitava, divertindo-se com a situação.

Apesar de evitarem ao máximo o contato visual, eu tinha a forte impressão de que nos observavam atentamente.

— Só estou aliviando o nível para você mesmo, não conseguiria me acompanhar — rebati.

Ele riu, a vontade. Seu sorriso marcado pelas mais adoráveis covinhas, traçando caminhos para a paixão certa.  

— É até bonitinha tamanha ingenuidade da sua parte — estreitou o aperto dos dedos em minha cintura.

Baixei o olhar para os meus pés, escondendo dele o pensamento fugaz que me ocorreu. Até onde eu estava sendo ingênua? O rap ensurdecedor parecia me impedir de ouvir a voz da consciência. A multidão ajudava o cantor, um eco da vida boemia.

— O que está na sua mente, Lia? — Inclinou a cabeça sobre mim, buscando meus olhos.

Retesei-me, arquitetando uma desculpa.

— Hm, só estava lamentando que vou ter de ir embora no final da música. Fani quer conversar comigo.

— Está preocupada? — Indagou, ainda tentando atrair minha atenção.

Levantei um ombro, evasiva.

— E quem não estaria? — Principalmente com a possibilidade de estar sendo apenas uma grande trouxa. E pior, mesmo com a dúvida, não queria sair dessa.

— Bom, minha maior preocupação no momento é em quem você pensará antes de dormir — murmurou num tom atrativo.

Eu ri, ignorando o calor, e finalmente levantei os olhos a sua fisionomia de espertalhão.

— Esse tipo de coisa está sempre na ponta da sua língua, não é?

O sorriso de vitória sugeria que eu o havia dado outra ideia.

— Eu gostaria de ter outra coisa na ponta da minha língua — segredou, o combo completo da voz melosa e os olhos líquidos.

Bufei ao passo que ruborizava.

— Você é incansável! — Empurrei seu peito, distanciando-me como brincadeira.

— E olha que você ainda não viu nada — piscou, malicioso.

Cobri a boca com a mão para rir.

— Justin! — Repreendi.

Ele me acompanhou e segurou meu punho para baixar meu braço.

— Não esconda seu sorriso, Lia. Gosto muito de vê-lo.

O prazer reforçou o calor em meu rosto, absorvendo os raios solares que faiscavam de sua íris. Não nos esforçávamos mais para dançar, embora eu tivesse a sensação de que todos os órgãos do meu corpo se chacoalhassem como se eu estivesse dando piruetas.

— Tudo bem, mocinha. Trato é trato, vamos embora — a voz de Fani adentrou languidamente minha bolha feliz.

Ainda sob os efeitos que me deixavam abobada, não reclamei. Talvez fosse mesmo um livramento para ações que viriam a seguir. Peguei minha bolsa e acenei para o grupo de amigos de Justin antes de me virar para me despedir dele.

— Ryan e eu vamos acompanhar vocês até o carro — Adiantou-se, estendendo a mão para que eu fosse na frente.

Assim o fiz, usufruindo de muito autocontrole para não virar e checar se ele estava mesmo atrás de mim. Tive que trapacear uma vez, confesso. Fui flagrada e logo já me voltava para frente outra vez, infiltrando-me entre os corpos apertados que dançavam.

— O carro não está longe, meninos. Podemos nos despedir aqui — Fani disse assim que passamos pela porta. A discrepância da temperatura me fez cruzar os braços contra meu corpo — Foi uma noite agradável, nos vemos por aí — uma dispensa muito educada da parte dela, mas qualquer um podia pescar que ela não gostaria de outra daquelas.

Lara deu um beijo indiferente na bochecha de Justin, em contrapartida, abraçou Ryan.

— Não se torne uma estranha! — Ele disse para sua interlocutora radiante. 

— Depois te mando mensagem para darmos mais rolês!

O que eu perdi?

Justin balançou a cabeça sob meu olhar confuso. Eu sempre achei que Ryan fosse mais tímido.

E por falar em timidez, não soube como devia me despedir da estátua grega personificada diante de mim. Ele, por outro lado, me estendeu os braços. Respirei fundo antes de me aninhar ali, erguendo um pouco os pés para apoiar a cabeça em seu ombro, onde seu aroma exalava covardemente para minhas narinas. Apreendi com cada terminação nervosa o gesto sutil de suas mãos deslizando por minhas costas, apertando-me contra seu calor confortante e mais latente à exposição do frio da noite. Notei quão agradável era manter nossa pele em contato, sem interferência de qualquer tecido, quando nossas bochechas se encontraram. Sua maciez me despertava o desejo de acariciá-la com delicadeza.

Fechei as mãos em punho, penduradas como estavam em suas costas, resistindo ao impulso de dedilhar por sua nuca.

— Uma despedida singela demais para a noite de hoje — disse ele baixinho.

Os arrepios que desceram por minha coluna concordavam. Ri pelo fundo da garganta para não ficar apenas em silêncio. O que raios eu podia responder para aquilo?

— Boa noite, Lia — afastou-se para me exibir seu sorriso adorável — Depois te mando mensagem sobre a calçada da fama.

Concordei, sentindo-me reconfortada e ansiosa por já termos um reencontro agendado. Eu mal me despedira dele e já estava com saudades. Entendi que não seria bom que ele contasse na frente de Fani que já tínhamos planos para o dia seguinte. Contudo, aguardar que me mandasse mensagem para confirmá-lo seria tão ruim quanto.

Não me lembro do caminho até o carro, ocupava-me de reviver seu aceno final, cheio de confidências, antes que me virasse. Flutuava entre nuvens longínquas dos sonhos de algodão realizados de súbito. Nem ao menos reparei como a viagem de volta a casa fora silenciosa, sentindo-o na textura dos meus lábios, como se pudesse apreendê-lo ali, na leve pressão que fizera para desmanchar a consistência de todos os meus ossos.

Despertei já dentro de casa com as palavras de Fani:

— Para o escritório, Júlia — seu tom de voz firme me trouxe com um puxão brusco para a terra.

Lara me deu um tchauzinho solidário ao se direcionar as escadas. Meus pais também deviam estar lá em cima, o que considerei uma benção, já que não os queria avaliando minha expressão tão avoada.

Quando me sentei de frente para minha empresária, só conseguia me lembrar de que Justin e eu estivemos naquela posição dias atrás e agora nem parecíamos as mesmas pessoas. Como as coisas podiam mudar tão rápido e nessa intensidade?

Se Fani não estivesse tão preocupada com um assunto que também me era primordial — pelos motivos errados — teria sido mais difícil me concentrar ali.

— Você tem um coração tão lindo, querida. Qualquer um que a observe logo perceberá isso. Mas, há pessoas que não querem ver e pessoas que vão se aproveitar disso. Eu sei que você não está manipulando o Justin e nem deseja o mal dele — falou gesticulando com as mãos para ajudá-la a se expressar — Não tenho certeza de que posso falar o mesmo dele. O que eu vejo é uma aproximação muito suspeita de vocês dois. Se ele está realmente gostando de passar um tempo com você, poderia suspender o processo, pedir prazo, fazer acordo, mas nada disso foi feito. Pelo contrário, ele está te trazendo mais para os holofotes e não exatamente no bom sentido. Você tem recebido ameaças graves e muitos pedidos para que não publique o livro. Esse pode ser um marketing muito ruim para o lançamento. Ainda, as pessoas vão se focar no drama que acontece entre vocês e temo que não enxerguem o seu ponto. Alguns acham que você está manipulando-o. Boa parte dos seus leitores querem explicações e questionam sua lealdade. Muita pressão para que se afaste dele temendo que ele te faça desistir do livro. Várias dessas pessoas discutindo nos comentários, teorias sem fim... Um caos — fez uma pausa para analisar minha reação as suas palavras.

Mantive-me impassível enquanto o medo eclipsava quase toda minha euforia por aquele dia. Eu não queria pensar que ele estava se aproveitando de mim tão covardemente a ponto de... me beijar.

Meu Deus, ele havia me beijado!!!

Foco, Júlia! Não pense no toque firme, nos lábios devotados, na língua sorrateira, no perfume inebriante, na sensação de pertencer...

— Por isso eu quero que você de pelo menos um tempo nesse convívio. Já disse que o convenceu a ler, pode dizer que só o verá novamente quando ele terminar. Acho muito perigoso vocês continuarem se vendo desse jeito.

De uma maneira estranha e curiosa, meu peito apertou com a ideia de me afastar dele. Não precisávamos daquele extremo, logo rejeitei. Fiz menção de verbalizar, mas ela me calou levantando uma mão.

— Veja a matéria do TMZ — empurrou-me seu celular após digitar brevemente nele.

“JUSTIN BIEBER E O ALMOÇO MOLHADO COM ESCRITORA BRASILEIRA”

Parei de respirar e me surpreendi muito por meus olhos não caírem na tela do celular. Precisei de um minuto para me recompor antes de voltar a focalizar a matéria.

Duas fotos estavam abaixo do título: na primeira estávamos caídos na areia, Justin pairava acima de mim. O registro fora feito a alguma distância e por trás, então não dava para ver nosso rosto direito, poderíamos estar nos beijando a uma imaginação mais fértil. A segunda captara o momento em que eu estava em seu colo dentro do mar, e dessa vez nossa troca de olhar era visível, o zoom não apagara seu sorrisinho travesso.

Apertei os olhos, muito motivada a fechá-los e não ler as palavras que seguiriam fotos dessas, as mãos suadas.

Justin Bieber aproveitou o horário de almoço em Venice Beach em boa companhia.

Bieber foi flagrado caminhando pelo calçadão com a gracinha chamada Julia Duarte, com quem foi visto entrando no estúdio no dia anterior. A brasileira também o acompanhou no jantar beneficente para a Los Angeles Free Clinic. Como já informamos, fontes próximas afirmam que os dois tentam entrar num acordo devido ao processo que Bieber move em face da escritora, alegando que o livro que ela planeja publicar na próxima segunda feira (26) infringe direitos autorais — a história veio de uma fanfic do cantor, bom gosto já sabemos que não tem” — arfei de indignação.

Parece que as negociações vão melhor do que o esperado... Depois de um pega-pega na areia, Bieber conduziu Julia ao mar em seu colo e há quem diga que só não aconteceu beijo por estarem em público, falta de química que não foi. Será que não se beijaram mesmo? Depois, Biebs até emprestou suas roupas para sua querida não passar frio — suspeito? Sem sucesso judicial instantâneo, Bieber está investindo pesado no jogo de sedução, e como um garoto mimado sempre consegue o que quer, ele não deve estar longe de derrubar os planos anteriores da autora de ter o livro publicado.

Afinal, o “charme” dele vale tudo isso?

A matéria se encerrava com mais duas fotos nossas, o momento em que ele me segurara pela cintura para trazer meu corpo mais perto de si — só a imagem já me deixou afogueada — e nossa volta ao carro pelo calçadão depois de trocar de roupa. Em meio a todas as preocupações se debatendo em meu cérebro, parei um segundo para reparar que suas roupas ficavam deslumbrantes em mim aos meus olhos.

Depois, comecei a morder o meu dedo com apreensão. Tudo bem, era bem ruim mesmo. Mas eu precisava ficar calma. Sempre soube que o TMZ era tendencioso e desprezível, não deveria estar surpresa. E eles sempre tentavam passar uma péssima imagem do Justin. Eu não podia me deixar dominar por elas.

Só era bem difícil quando reforçava meus pensamentos secretos. Ele jogaria tão baixo assim, me seduzindo, para que eu não publicasse?

Arrepios de medo corriam por minha pele, a dimensão de tudo aquilo era muito maior pelas consequências envolvidas. Entretanto, de alguma forma eu sabia que o pior dos pesadelos seria sua falta de honestidade comigo. Eu não me importava tanto com o que pensavam e falavam quanto com suas motivações para estar ao meu lado. E se, na realidade, ele não me suportava, falava mal de mim pelas minhas costas e forçava todos os sorrisos e gentilezas que eram tão preciosos para mim? Pior, e se me beijar não significara coisa alguma?

— Reflita um pouco, Ju. Eu sei que é muito para pensar — ela estendeu a mão sobre a mesa para colocá-la em cima da minha, em forma de apoio — Amanhã venho te buscar cedo para irmos à editora.

Arrastei-me escada acima quando me despedi dela, não estava mais flutuando. Agora parecia andar sobre um lago congelado por uma fina camada de gelo. A qualquer momento o chão podia ceder abaixo de mim e eu seria engolida pela escuridão gélida e sufocante. Em contrapartida, raios de um sol tímido que remetiam ao seu toque tentavam me alcançar através da neblina.

Lara estava em meu quarto quicando em cima da cama.

— A porta do quarto dos seus pais está fechada. Feche essa também. Então me diga de uma vez: se beijaram? — Arregalou seus profundos olhos castanhos para mim.

Faíscas da emoção inicial pelo acontecimento me deixaram ainda mais confusa. Deixei-me cair de cara no colchão, choramingando, já atordoada com as mudanças bruscas do meu humor. Sentia-me extremamente cansada em sem disposição alguma para dormir.

— Isso é um sim?! — Vibrou, mais próxima do meu ouvindo.

— Eu o odeio — murmurei abafado contra o colchão — E o cabelo ridiculamente macio, a voz aveludada, o sorriso sugestivo, os olhos melosos e... e aquela boca tão cálida.

Lara arfou e me empurrou para virar de barriga para cima. Ela pairava sobre mim com as mãos na boca.

Não pude conter o riso e estapeei sua perna, envergonhada.

— Você quer que eu te diga com todas as letras?!

Minha irmã caiu em cima de mim, abraçando-me, um ganido entusiasmado produzido do fundo da garganta.

— Júlia! Você... Ele... Vocês!!! Eu já posso morrer feliz! Se for um sonho não me acorde!

Gargalhei e a afastei de cima de mim, sentando-me para evitar nossos ataques.

— Você é uma boba, Lara — e apesar de saber ser besteira, me sentia muito presunçosa por seu reconhecimento.

— E você é uma sortuda, Júlia! — Sentou-se sobre os joelhos para ficar na minha altura — Espera! — Levanto um dedo de alerta, ficando mais atenta. Paralisei — O primeiro aconteceu agora a noite, né? Foram quantos e como foi? Ele beija tão bem quanto demonstrou com aquele manequim no programa do Jimmy Fallon?! Eu me lembro que você assistiu aquele vídeo tantas vezes! Confesso que até me dava água na boca!

Agora o tapa foi mais forte, embora parte da minha mente soltasse fogos por essa insanidade. Ele beijava ainda melhor do que beijara o manequim. E o quanto eu já desejei ser aquele manequim!!!

Experimentei todas as sensações de novo. O coração acelerado pulsando em meu estômago, o sangue gelado, as mãos suadas, a cabeça girando.

— Ei! Não planejo roubá-lo de você. Não precisa ficar com ciúmes de mim como ficou de Kendall Jenner — arqueou as sobrancelhas sugestivamente.

Fechei a cara.

— Lara.

Ela riu, balançando a cabeça.

— Tudo bem, não vamos conversar sobre seu ciúme. Apenas me detalhe como foi que aconteceu todo o beijo — cruzou as pernas feito índio e juntou as mãos em expectativa.

Suspirei e me dediquei à história. Gastamos praticamente duas horas nisso. Lara quis todos os detalhes, e apesar do constrangimento, eu devia admitir que adorara relatar os pormenores, era como vivê-los outra vez. E suas reações foram tão satisfatórias quanto o fato exigia.

Os sorrisos, entretanto, não poderiam durar para sempre.

— Mas me diga, Lara. Depois de toda a confusão nas redes e nosso histórico, você acha que ele está apenas brincando comigo? — Contorci minhas mãos, encarando o lençol lilás com aflição.

— Hmmm... Bom, Ju, acho que depende.

A encarei. Lara e seu costume de relativizar as coisas.

Ela deu um sorriso duro.

— Estou falando sério. Na faculdade aprendo que tudo depende no mundo jurídico. O caso concreto pode se excetuar à regra. Acho que ele pode muito bem estar sendo um insensível filho da mãe ou apenas está confuso. Só o tempo e uma boa percepção nos dirá.

Ótimo. O famigerado pagar para ver.

 

 

Meu celular vibrou no colchão e de imediato abri os olhos. Rolei na cama a noite inteira na tentativa malsucedida de dormir. Em poucos minutos tive um sono leve e apenas isso. Mesmo com o tempo livre, não tive vontade de responder as milhares de mensagens de Isis e Danilo e eles não mandaram mais como lembrete. Eu precisava ficar sozinha.

Tateei até pegar o aparelho, não fazia ideia de que horas eram e estava ridiculamente esperançosa que pudesse ser alguma mensagem dele. Eu ainda não havia concluído nada sobre o que fazer ou o que estava acontecendo.

Para os meus hormônios a situação era muito mais simples.

“Está tão na cara que a Heloísa está apaixonada por Josh. Como ela não consegue enxergar isso?”

Interrompi a respiração, sentando-me de súbito. Ele realmente estava lendo?!

O sorriso cresceu por vida própria em meu rosto. Eu poderia pular em cima da cama naquele segundo! E foi o que fiz, gritando sem soltar a voz, uma louca sendo estrangulada, os pés impulsionando o macio do colchão. Não dei mais do que cinco pulos e me joguei de volta, ofegante, a garganta quase seca.

 Ele já estava em uma parte considerável também para entender os sentimentos da personagem. Havia cumprido com a sua palavra, o que pendia para pontinhos na confiança!!! Tudo podia enfim acabar bem! Foram dias implorando e esperando e... finalmente!!!

Meu coração batia feliz e agitado.

Então, percebi. Ah! Ele estava lendo! Justin Bieber estava dentro da minha cabeça, desvendando o mais profundo das minhas imaginações. Com ele.

Coloquei a mão na boca, um friozinho de nervoso fazendo um tour por minha barriga.

Ah, Pai. A felicidade nunca sai barata mesmo. 

Inspirei, expirei e digitei uma resposta. Não tinha motivo para uma crise agora.

“Ela deve ter medo de admitir a si mesma”, respondi, e por alguma razão aquilo era bem cômico.

A resposta veio depressa, mas eu já havia roído uma unha.

Também caiu da cama, Lia? Aliás, Josh já deve ter percebido. Mas acho que ele está confuso. Poderia estar apenas se divertindo com ela?

A pergunta de um milhão de reais.

E, caí da cama? Chequei as horas, cinco e meia da manhã. Ughf. O que ele estava fazendo acordado? Lendo?

Bom... Você vai ter que continuar para ver. E eu não consigo dormir, e você?”

Apaguei a última parte. Depois ponderei que não poderia realmente fazer tanto mal assim um pouco de sinceridade e digitei de novo.

Um grande dilema, Lia. Tenho uma pergunta sobre o livro que deve ser presencial. Poderemos nos ver hoje mesmo? Calçada da fama e placa de Hollywood aí vamos nós?

Também não consigo dormir. Estaríamos presos na mesma linha de pensamentos?

Passei a mão nos cabelos, coçando o couro cabeludo que não coçava, como se isso pudesse organizar meus pensamentos. Tentei elaborar uma maneira de rejeitá-lo, Fani devia estar certa, o mais sensato seria me afastar um pouco.

Por outro lado, ele estava mesmo lendo o livro e tinha até uma pergunta pessoal. 

Ah, misericórdia, uma pergunta pessoal do livro!!!

Encolhi-me.

E o que ele queria dizer com estarmos presos na mesma linha de pensamentos? Estava sugerindo que também perdera seu sono precioso pensando em mim?

Não. Seria demais esperar isso.

No fim, meu estoque de negativas estava com grandes problemas, e só consegui digitar:

Depois do almoço, eu acho.

Não sei se estávamos pensando a mesma coisa, não

Dez segundos de aflição depois:

Te pego onde você estiver e a hora que puder. Só me avisar ;)

Daí você me conta então o que tirou seu sono.

Então é isso que chamam de privilégio?

Porém, ele esperaria sentado que eu lhe contasse o que andara pensando.

Vou pensar no seu caso.”

Enfadada de lutar com o sono — e mais agitada com minha possível agenda para o dia, pulei da cama. Depois de tudo aquilo, seria idiotice da minha parte insistir em vê-lo?

Confortei-me com a desculpa de que precisávamos conversar pessoalmente sobre questões do livro. Um conforto um tanto inquietante por si só.

Ele sabia que eu precisava desse incentivo para me decidir e o usara apenas por isso? Fazia parte do seu jogo?

Expirei e decidi começar o dia com um bom banho para relaxar os músculos tão rijos. Missão impossível.

Demorei mais do que o normal — e o adequado, a água do planeta está acabando, eu deveria ser mais responsável. Fiz um discurso ambiental para mim mesma enquanto escolhia uma roupa para ir a editora. No fim, aceitei que não conseguia me concentrar e acatei minha última alternativa. Viva às calças jeans e blusas básicas!

Fani foi pontual, sete da manhã. A casa ainda nem despertara e eu pude ficar sozinha com meus pensamentos mais agitados que seres humanos. Círculos sem fim, caminhos sem progressos e frustrações renovadas. Minha mãe não nos acompanharia para essa reunião. Ela queria que eu passasse pela experiência final sozinha como uma jovem adulta. E achei uma benção que nem resolvesse se levantar para me dar boa sorte.

E se ela e meu pai tivessem lido as notícias quando estávamos fora e resolveram me dar um gelo? Aliás, na noite anterior quando pude cumprimentá-los, ambos já dormiam. Claro que Lara e eu ficamos muito tempo conversando no quarto. Mas eles não estavam preocupados?

— Bom dia, Ju. Está se sentindo bem hoje? E essas olheiras? Não conseguiu dormir?

— Ansiosa para o dia de hoje — resumi tudo numa resposta só e não menti. 

— Você vai se sair muito bem! Em regra, não precisaremos tomar providências — acalmou-me, mudando a estação de rádio para uma melodia mais calma e reconfortante. 

Era a última reunião com a editora antes do lançamento, oficialmente. Os principais envolvidos estavam na sala, todas as lideranças de cada setor, até mesmo o advogado para uma atualização sobre o processo. Neste sentido, nada novo, sugeria que publicássemos mesmo assim. Mantive minha cabeça baixa enquanto ele discursava, apenas acenando para confirmar que ouvia. Todos eles deviam ler notícias e, assim, sabiam que Justin e eu estávamos mais próximos. Não quis encarar nenhum julgamento, como também acabei decidindo não compartilhar que ele de fato já começara a ler. Senti, estranhamente, que era muito pessoal.

Com exceção dessa parte, consegui sentir novamente a genuína e exclusiva animação pela publicação do livro. Estava quase acontecendo, e se Justin demonstrara receptividade hoje, os indícios estavam ao meu favor. Fantasiei que ele desfrutasse daquele momento comigo. Eu queria dividir minha felicidade com ele. E podia mesmo dividir uma parcela dos lucros. Afinal, ele servira mesmo de inspiração e abrira aquela porta para mim. Conversaríamos e chegaríamos a um meio termo.

E a capa? Ah, adorável! O palco a meia luz e pequenas lanternas onde deveria estar a plateia. Nosso modelo de topete, Rick, bem no meio, de costas e cabeça baixa de forma que não se visse seu rosto, e uma única lanterna se destacando mais brilhante do que as outras, em formato de coração. Na capa do Brasil não havia modelo ou lanterna mais brilhante.

Terminamos a reunião com palmas de entusiasmo e champanhe. O meu, sem álcool. Recebi uma cópia do exemplar e mal pude conter as lágrimas que brotaram em meus olhos. Aquele cheirinho fresco de livro novo, a sensação seca e acalentadora das páginas em meus dedos, cada palavra impressa no papel originada do meu próprio cérebro. Meu próprio filho havia finalmente nascido. Meu primeiro livro em inglês. O mundo parecia enfim um lindo lugar para se viver, e essa realidade abrasava meu coração sem precedentes. Baixinho, agradeci a Deus por mais aquela graça e mentalizei que seria só o começo.

— Vamos almoçar juntas para comemorar o fim de um ciclo e o início de outro! Onde gostaria de ir, Ju? Aliás, está pronta para sua entrevista de amanhã? Podemos pensar juntas as perguntas polêmicas que virão e as mais comuns!

— Ótimo, Fani. Hmm, um fast food. Que tal o bom e velho Mc? — Repeti a mim mesma que a escolha do estabelecimento nada tinha a ver com o 'fast' para estar junto a Justin o mais rápido possível.

Será que ele havia conseguido ler mais alguma página? Por um lado, eu estava louca para lhe mostrar a versão física da história, a fim de dividir minha alegria, que estranhamente precisava do seu conhecimento para ser transbordante. Por outro, só me restava o temor, afinal, se ele ainda não retirara o processo, não podia de fato aprovar a ideia.

— Então, senhoria Souza, qual foi sua experiência com a editora? — Fani perguntou depois de mastigar sua batata, feito uma entrevistadora.

O restaurante não estava muito cheio, a música POP de fundo não era nada como as conversas maldosas sobre mim que eu tinha medo de encarar. Todos pareciam concentrados na própria refeição. Ninguém prestava atenção em mim. Pude soltar o ar que prendia desde que entrara no estabelecimento, e comia em liberdade. Talvez minha imagem não estivesse tão falada assim. Eu não precisava temer tanto.

Engoli o refrigerante gelado e sorri.

— Excelente! Eles são muito prestativos e profissionais. Cuidaram tão bem da minha obra quanto eu!

Ela inclinou a cabeça para o lado, os olhos azuis se apertando quando partia para o ataque.

— E o que achou do grande inspirador da história, Justin Bieber? Ele é tudo o que você esperava?

Arqueei uma sobrancelha de repreensão para ela, e ela ergueu as mãos na defensiva.

— Eu sou só uma jornalista fazendo meu trabalho, há alguma razão pela qual não queira responder a pergunta? — Prosseguiu com a atuação.

Revirei os olhos.

— Ele é excelente.

— Mas ele não está te processando? — Pressionou, piscando os olhos com ingenuidade antes de morder o lanche.

— Por razões pessoais, sim — respondi, mostrando a língua em seguida.

Fani segurou a risada.

— Vocês têm passado bastante tempo juntos, planeja desistir do livro?

— Não.

— E ele não vai retirar o processo?

— Penso que não.

— Mas vocês têm um bom convívio, não?

Ordenei a mim mesma que não corasse.

— Temos, sim — escondi o rosto no corpo de refrigerante.

— Não vejo como isso pode funcionar, então. Ele é mesmo galanteador como dizem? Já flertou com você?

Engasguei-me e tossi repetidas vezes antes de conseguir respirar de novo. Aquela sensação de desgaste na garganta.

— Fani! — Censurei, bebendo mais refrigerante.

Ela terminou seu lanche com muita naturalidade.

— Pela sua reação aposto que sim. Conquistou seu coração? — Insistiu.

Fiz uma careta para ela. Fani suspirou.

— Ju, você sabe que eles são ruins assim, precisa se preparar para isso. Ou você planeja corar desse mesmo jeito amanhã? — Indagou, incisiva.

Minhas respostas também deviam servir para tranquilizá-la da minha situação, pelo que entendi, e eu não estava fazendo um bom trabalho.

— Ele é educado, só isso — respondi, cedendo.

— Então, como anda sua vida amorosa? Tão boa quanto a de Heloísa? — Prosseguiu, insatisfeita.

Armadilha.

— Estou solteira e planejo ficar assim, obrigada.

Ela abriu a boca para o próximo ataque, mas eu me adiantei.

— Fani, você está me dando indigestão no nosso almoço de comemoração — queixei-me.

Fani riu e tomou mais do seu refrigerante.

— Tudo bem. Continuamos mais tarde. E aí, quais são seus planos para hoje?

É claro que podia piorar. Mas eu já havia armado meu álibi com Lara.

— Eu e Lara vamos dar umas voltas no centro da cidade — menti naturalmente. Só aí me preocupei com a possibilidade dela querer nos acompanhar. Como poderia rejeitá-la com elegância? — Sabe como é, nosso tempo de irmãs — Pronto. Muito sutil, espero.

Ela sorriu, satisfeita.

— Vai ser ótimo para vocês, fico feliz. Abstrair de toda essa loucura.

Concordei, me sentindo apenas 10% culpada pela mentira. Mentir as vezes é saudável.

— Vou pedir um sorvete, quer um McFlurry também?

— Por favor, Fani.

Assim que ela levantou da mesa, resgatei meu celular no bolso. Toda a minha parte lógica cerebral discordava da ideia, mas ela estava soterrada por sentimentos.

“No máximo daqui meia hora estou livre. Estarei no Gaslamp Quarter.”

Ele respondeu quando Fani já retornava a mesa.

“Estarei lá.”

Duas palavras, um corpo inteiro desestruturado.

Que Deus me ajude. 


Notas Finais


EU ESPERO MUITO QUE VOCÊS NÃO ME ODEIEM e não tenham desistido de mim aaaaa
Eu sei, foi mais de um mês longe! Mas tenho desculpas! Meninas, arrumei mais um emprego HAHAHAHAHAAH daí esse é em horário comercial normal, ele é incrível! Assessora parlamentar. Daí junta com meus processo que já tinha pra cuida na advocacia privada, a pós graduação, ajudar a arrumar aqui em casa, MUUUUUUITAS COISAS.
Mas estou conseguindo me organizar para ser leal e postar.
Daqui a uma semana planejo postar outro e que Deus me ajude também sodjsiodjoijd

E então, como vocês estão? Feliz ano novo!!!! Ahahahahah já temos vacina! Já fiz aniversário! Já saímos de janeiro! Quantas novidades! E que saudade de vocês e da Júlia e Justin <3
Espero que gostem desse capítulo e me tragam teorias hahahah
Um abraço bem apertado <3


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