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História Little - "Mini-ninja"


Escrita por: rarealien

Capítulo 4 - "Mini-ninja"


Molly O'malia P.O.V.

Fechei o registro do chuveiro e passei a mão pelos cabelos tirando um pouco do excesso que havia no comprimento do mesmo, abri a porta do box, peguei minha toalha que se encontrava ali do lado e já fui me enxugando por completa com ela antes de a enrolar em meu corpo saindo do box, enrolei a outra toalha nos cabelos para seca-los um pouco mais e fui até a pia pegando minha escova.

Sai do banheiro após escovar meus dentes e passar um pouco do meu hidratante labial apenas porque eu era acostumada a morder muito o lábio e quando ele ficava ressecado acabava sangrando, o que me deixava mais estranha do que eu já era normalmente.

Fui para frente do espelho de meu quarto e peguei minhas roupas sobre a poltrona velha, vesti minha calça jeans clarinha meio justa, levei uma de minhas mãos ao zíper da mesma que se localizava na lateral de minha cintura e subi o mesmo fechando a calça no seu devido lugar. Tirei a toalha dos meus cabelos para que pudesse vestir minha blusa branca sobre a camiseta do uniforme, já que fazia frio la fora, voltei ao banheiro deixando lá a toalha molhada e aproveitei para pentear meus cabelos, os deixando cair em mechas úmidas sobre meus ombros.

Em breves passos percorri o quarto com meus pés descalços contra aquele chão gélido, direcionando meu andar até o guarda roupa simples que tinha em meu quarto, onde procuraria pelos meus tênis e pela minha mochila. Logo que os encontrei, puxei a mochila pelas alças retirando-a do canto onde guardava meus sapatos e peguei meus tênis os calçando rapidamente.

Não demorou para eu colocar a mochila nas costas, pegar meu celular e me apressar saindo do quarto enquanto olhava de relance para o relógio, por sinal eu estava atrasada. Desci as escadas do lado de fora da casa enquanto sentia meus cabelos se esvoaçando com o vento.

Eu sabia que não dava mais para pegar o ônibus da escola, o que me deixava com a ultima opção, minha bicicleta rosa cheia de adesivos de unicórnios que se encontrara estacionada bem ali na frente de casa.

O dia estava completamente horrível. Céu nublado me causava uma certa dor de cabeça, era nova na escola, estava atrasada e todos me zoariam por causa da bicicleta...

Como meu padrasto dizia "Já passou da hora de você crescer", o único problema é que eu gostava das minhas coisas de criança, mesmo sendo infantil eu gostava de manter tudo como era quando eu era pequena, apesar da minha idade um tanto quanto "avançada" aos olhos dos outros. Pelo menos na escola eu queria parecer uma garota de 15 anos com a mentalidade de 15 anos.

Subi na bicicleta e me apressei para o colégio, que por sorte nem era tão longe assim da minha casa. Segui o caminho mais curto sem me preocupar com o beco por onde teria que passar, eu sabia que ele não era um bom lugar porém hoje eu não teria escolha. Se não quisesse chegar atrasada no colégio teria de passar por ali mesmo correndo grande risco, pelo menos era dia...

Mal parei minha bicicleta no local destinado para guarda-la e um carro virou com tudo em cima de mim, por pouco meu pé não foi esmagado pela roda do carro luxuoso. Engoli seco evitando encarar a garota de cabelos negros que dirigia o carro da mesma cor e prendi minha bicicleta junto às outras.

Ajeitei minha mochila das costas e antes mesmo que eu pudesse sair do bicicletário as piadas começaram.

"Roubou a bicicleta de uma garota de 4 anos, novata?"

"De onde você veio? Errou o caminho do fundamental?"

"Esqueceu sua chupeta!"

Não me permiti virar, muito menos a responder aquelas bobagens. Puff... como se eu fosse trazer minha chupeta pra escola, ela só é usada na hora de descansar, idiotas!

Revirei os olhos com meus pensamentos enquanto caminhava para minha sala até ser paralisada assim que um braço que foi posto sobre meu ombros, me virei no mesmo instante assustada com aquilo, dessa forma saindo dos braços de quem quer que fosse o mais de pressa que consegui. O rapaz ao meu lado, dono do tal braço, parecia ter se assustado também pois recuou erguendo as mãos em rendição.

   — Wow, calma. Você é algum tipo de mini-ninja ou algo assim? Disse o rapaz alto, muito alto ao meu lado.

Eu não o conhecia e não me lembrava nem sequer de te-lo visto pelo colégio, se bem que quando se anda sempre de cabeça baixa não tem como você ver muitas pessoas.

   — Não! Você é?Rebati.

As palavras simplesmente saíram de minha boca sem nem que eu pensasse antes de dize-las e assim que as disse já me arrependi. Que tipo de pessoa respondia isso a uma brincadeira?

O garoto franziu o cenho tombando um pouco a cabeça para o lado provavelmente tentando entender o porque de eu ter dito tamanha idiotice e então sorriu, com sua expressão se suavizando. Sua fraca risada veio e eu só abaixei a cabeça sabendo que iria corar.

   — Você é engraçada. Molly, né? Ou eu posso te chamar de mini-ninja mesmo?

Assenti com a cabeça sem olha-lo nos olhos, meus olhos foram até um ponto fixo em sua jaqueta de couro gasto e como ali era confortável fixei meu olhar ali.

O sinal aparentemente não havia batido ainda já que todos estavam andando pelos corredores e eu continuava ali parada conversando com aquele estranho.

   — Me chamo Dylan, to na sua turma de biologia. Vi que você não é muito de papo né?!Prosseguiu gentilmente.

Ergui meu olhar dessa vez e sorri de lado encolhendo os ombros como se aquilo fosse algum tipo de resposta.

Qual era o problema de falar com o rapaz? Ele parecia tão legal apesar da sua forma estranha de chegar em uma pessoa, pensei comigo.

Abri minha boca para finalmente dizer algo que não fosse uma completa idiotice e minha voz baixa foi completamente encoberta pelo som estridente do sinal soando sobre nossas cabeças, respirei fundo e revirei os olhos com aquilo.

   — Bom, mini-ninja... te vejo no quarto horário, ok?!

Ele acenou ao dizer e já foi se afastando, acenei de volta e dei de ombros indo para minha sala ainda pensando a respeito dele, o estilo despojado e o jeito extrovertido. Ele realmente parecia ser um cara legal.

(...)

O intervalo acabou e com isso os olhares tortos e comentários sobre mim, nem todos era ruins ou maldosos mas estando em um colégio pequeno era como se todos da escola soubessem da presença de um novato.

Como a próxima aula era biologia sabia que teria que me direcionar para o laboratório, então assim fiz e ao chegar em meu destino me sentei na mesa de sempre, há duas semanas vinha me sentando na mesma mesa por isso nunca ninguém sentava lá.

A professora entrou, nos cumprimentou e logo começou sua aula, virei para o lado fuçando dentro da minha mochila atrás do meu estojo de canetas e quando voltei a olhar para frente quase cai da cadeira onde estava sentada, graças à presença de Dylan na cadeira ao meu lado.

   — Deus do céu!Acabei soltando no meio do susto enquanto posicionava a mão no peito sobre o coração, respirei fundo negando com a cabeça e deixei meu estojo sobre a mesa vendo que ele ria da minha cara.

   — Se não parar de aparecer assim do nada vou passar a te chamar de Stefan Salvatore! Cochichei me deixando levar por suas risadas e rindo junto a ele.

Olhei para professora vez ou outra esperando que não nos notasse ou estaríamos com problemas.

   — Outch! Isso foi uma ofensa e tanto. Primeiro porque essa série é horrível e segundo porque eu estou muito mais pra Damon! Ele deu de ombros aparentemente tentando imitar o personagem e não sendo nem um pouco convincente.

Ri ainda mais colocando as mão na frente da boca e quando consegui me controlar um pouco estreitei o olhar para ele.

   — Eu gosto, e se você entendeu a referência e sabe o nome de outro personagem, então você também vê!

Estufei o peito empinando o nariz e mordi o interior das bochechas contendo as risadas que ainda queriam me escapar, ele negou com a cabeça e pegou minha caneta sobre a mesa para ficar a rodando nos dedos longos que tinha.

   — Só conheço porque é horrível. Eu sou muito mais Breaking Bad, Game of Thrones, Supernatural, Sense 8... tem uma nova também, droga, qual é nome? Hm... Lúcifer!

Enquanto ele falava fui deixando de rir e esperando que ele visse alguma das séries que eu via, fiz uma lista mental das séries que falava para poder assisti-las depois mas deixei tudo isso de lado ao ouvir o nome da ultima série. Arregalei os olhos e aos poucos fui deixando a expressão de riso sumir.

   — Calma, calma. Ela não é de terror, apesar do nome ela é muito legal, é tipo uma comédia policial... existe esse tema né? Enfim, assista. É melhor do que esses seus vampirinhos ai.

Ele me lançou uma piscadela de canto e num movimento muito rápido solto a caneta sobre a mesa e endireitou a postura, franzi o cenho tentando entender o que havia acontecido mas isso só aconteceu quando a professora gritou meu sobrenome me ordenando atenção.

Virei pra frente bem rapidinho e, como Dylan, endireitei a postura encarando o caderno até que ela voltasse a olhar para a lousa. Senti minha perna ser cutucada por baixo da mesa e olhei para mesma antes de subir meu olhar até Dylan, que ria, ria muito.

Eu sabia que ele estava rindo de mim mas não pude evitar em rir também, revirei os olhos para ele e logo ele deixou de me olhar escrevendo algo no meu caderno.

"Onde esta a mini-ninja que eu conheci no corredor?
Não sabia que podia ser tão lerda...
Nem que seu sobrenome era O'malia, que zoado, bem a sua cara mesmo"

Li o pequeno rabisco no canto superior do caderno e o encarei outra vez estreitando meu olhar para ele como se estivesse brava com seu comentário. Puxei o caderno mais para mim e tomei de sua mão a caneta para responder seu "bilhete".

"Não sou lerda, você que estava me distraindo.
E sobre o meu sobrenome: há, há. Muito engraçado.
Duvido que o seu seja incrível."

Empurrei o caderno para ele e cruzei meus braços sobre a mesa, lançando mais um olhar para a professora enquanto ele respondia. Pelo menos ela estava ocupada com a matéria e não me veria dispersa outra vez.

Sprayberry.
Olha isso, o melhor sobrenome.
Quem mais tem o privilégio de ser o
Sr. Spray de frutinha?!
Ok. Isso foi bem estranho.
NÃO LEIA A ÚLTIMA PARTE!"

Vi que ele fazia uma careta para o caderno e me estiquei toda para conseguir ler, levei as duas mãos até a boca de novo e fiz todo o esforço do mundo para não explodir em risadas outra vez, dessa vez eu sabia que seria um escândalo se eu começasse a rir.

As lágrimas começaram a brotar em meus olhos por conta das risadas contidas e tive de deitar a cabeça na mesa ate assumir o controle de novo.

A professora se aproximou avisando que dali em diante teríamos que seguir sozinho e como se sentou bem de frente à nossa mesa tivemos que passar o resto da aula em silêncio completamente focados na tarefa.

(...)

O orfanato não estava mais com o mesmo movimento, após a chegada do homem sério e bem vestido as crianças havia diminuído de forma significativa. Até mesmo as garota de idade próxima à minha haviam sido adotadas porém, todas as mais velhas foram levadas por homens que pareciam ser amigos dele. Pois todos os homens que vinham na ala das adolescentes o cumprimentavam na hora em que chegavam ao orfanato.

Senhor Bieber, era assim que ele havia me dito para chama-lo e eu não ousei desobedece-lo. O que me incomodava é que ele não aparentava ser muito mais velho que eu... Ok, na verdade o que me incomodava mesmo era o fato de um calor inexplicável se acender no meu interior toda vez que eu o via nos corredores do orfanato.

De início achei que ele estava a procura de uma criança, até desejei ainda estar na adoção para poder ser levada por ele, mas então ele começou a aparecer todos os dias... Hoje já era o quarto em sequência.

Podia ser estranho e um pouco assustador o fato de que eu o seguia pelo orfanato, sempre escondida obviamente, porém eu não podia evitar. Além de seu cheiro que dominava o ar por onde passava, sua beleza e imponência me deixava... Como posso dizer? Agitada? É, acho que é isso. Eu simplesmente queria proximidade, queria conversar, desvendar o porque de ser tão sério e sozinho. E também o porque de estar aqui sendo que não parecia nada feliz com o ambiente.

Ontem eu havia tentado falar com ele, mas não deu nada certo. Aquela era a hora do teatro e ele ja estava aqui, todas as alas se juntaram no anfiteatro do orfanato e então fiz questão de me sentar perto dele, na fileira de trás duas cadeira para o lado.

Ele era tão cheiroso, tão rústico e bruto. Seu maxilar travado, a palavra "patience" em seu pescoço fazendo um perfeito contraste com o que, aparentemente, mais lhe faltava. As asas em sua nuca. Suas mãos enormes sobre suas coxas. A gravata. O terno. Os olhos mel. O jeito que seu rosto é perfeito de perfil. Deus, esse homem existe mesmo?

Permaneci completamente imersa em meus devaneios cruzando minhas pernas incessantemente, sem nem ao menos notar que assim fazia, estava com calor apesar do dia ser frio mas não estava dando muita atenção a todos esses detalhes, agora minha atenção era apenas no homem sentado ali.

Um milissegundo e o mesmo virou seu rosto notando o quão vidrada eu estava, seu maxilar não relaxou e sua expressão imponente também não se alterou mas, para a minha surpresa, ele piscou... Ele piscou pra mim.


Notas Finais


Espero que tenham gostado.
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xoxo, D! 👽


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