História Little Things - Gastina - "Eu Me Odeio Por Amá-La"

Nina Simonetti

Estou sentada na mesa da cozinha, meu padrasto e minha mãe saíram. Minha mãe queria ficar comigo, ontem a noite quando Gastón foi embora, foi ela quem ficou comigo, foi a primeira vez, depois que meu pai morreu, que eu senti que ela era minha mãe. 

Ela me abraçou e murmurou em meu ouvido que tudo iria ficar bem, não conseguia fazer nenhuma outra coisa além de chorar. Já deviam ser umas duas da manhã quando minha mãe me deu um calmante, me deitou em minha cama, me cobriu, beijou minha testa e eu apaguei. A mesma que me acordou hoje de manhã, avisando que teria que sair, e ficou me perguntando se realmente iria ficar tudo bem se eu ficasse sozinha, se eu realmente ficaria bem se ficasse sozinha.

Depois disso me levantei, tomei um banho e coloquei um short jeans e uma camiseta regata branca, penteei meu cabelo e fiz um rabo de cavalo. 

Agora estou aqui, sentada na mesa da cozinha, diante de um copo de suco de laranja, que não estou com a mínima vontade de tomar, passo o dedo indicador pela borda do copo. Ouço a campainha e suspiro, me levanto e não me preocupo em procurar um calçado para colocar, caminho até o hall de entrada descalça. Abro a porta e dou de cara com o carteiro, ele me entrega uma carta e vai embora. Fecho a porta e caminho até o sofá de minha sala, me sento no mesmo e observo a carta.

"Para: Nina Simonetti

De: 001"

Mas, o que? 

A abro devagar e tiro de lá de dentro uma folha de caderno dobrada a desdobro devagar. Quando ponho os olhos naquela caligrafia irreconhecível, meus olhos passam a navegar em lágrimas. 

"Oi, pequena! 

Sim, sou eu, seu irmão mais velho, o André. 

Li sua carta e resolvi deixá-la em minha gaveta junto com todas as outras que vocês me mandam, amo muito vocês. Mas... Sabe aquela coisa maluca que as pessoas dizem? Aquela que diz que os irmãos sentem os sentimentos uns dos outros, tenho o pressentimento de que você está pior do que de quando me mandou a carta, o que aconteceu? Bem... Seja lá o que tenha acontecido, você tem que ser valente, Nina. Tem que ser valente por mim, pelo papai, por você! Sei que você consegue ir muito longe, alcançando todos seus sonhos. Não se renda, pois eu estou com você. Seja forte, garota, você tem que ser forte! Eu te amo, tampinha! Algum dia ainda vamos nos encontrar! Eu te prometo! Estão me chamando, tenho que ir, lembre-se, lute por seus sonhos, não os deixe ir, e nunca deixe de sonhar nunca deixe de acreditar, as coisas vão mudar para melhor, tudo depende de você.

Te amo! 

-André"

Começo a chorar, ele me respondeu! Meu irmão está bem, está do meu lado, quer que eu lhe conte o que aconteceu, será que eu devo lhe contar sobre Gastón?

Gastón. 

Seu nome invade minha mente por instantes, seu rosto, seu beijo. Sinto a falta dele, mas não esqueci da facada que ele me deu direto no coração, mesmo eu não sabendo o porque de ela ter doido tanto. 

Gastón Perida 

Garotas como ela. Não existem garotas como ela. Não existem garotas com um sorriso tão lindo quanto o dela. Não existem garotas especiais como ela. Só existe ela. E eu a "mandei" para longe, eu nos distanciei.

Droga, eu estraguei tudo. 

Coloco as mãos em meus cabelos e suspiro. Eu distanciei Nina e agora estou sofrendo com isso. Eu sei que eu não devia haver dito aquilo para ela, mas é que foi pelo momento.

Eu estava magoado, magoado e triste por causa que ela não gostou da droga de um beijo. Literalmente uma droga, uma droga pois eu me viciei naqueles lábios, mesmo os tendo provado apenas uma única vez.

Me odeio por ter sido babaca, me odeio por sofrer tanto por isso, me odeio por ter me apaixonado por ela. Com tantas estrelas no céu, eu tive que me apaixonar justo por uma cadente? Estou perdido.

"As palavras mentem de vez em quando, veja através delas."