História Live A Dream - Second Session - Adaptação.

Um mês depois...

Mais uma vez eu saía do treino do Milan sorrindo. Eu estava feliz no novo clube, estava me adaptando aos poucos e até agora apenas treinei. Ainda não tive minha estréia, mas só tenho duas semanas aqui, não posso exigir muita coisa. Nem do técnico e nem de mim mesma. O estilo de jogo da Itália é bem mais pegado, precisava de um tempo para a adaptação. E com as amizades que tenho feito aqui, tudo tem se tornado mais fácil.

A Itália é um país maravilhoso. Milão me encanta cada vez mais. Eu já estava praticamente adaptada à cidade, ao fuso, ao clima. O que dificultava mesmo pra mim era o idioma. Eu faço aulas de italiano todos os dias de tarde, mas fazem apenas duas semanas. Já consigo formular algumas frases, mas não é muita coisa. A minha sorte é que tenho Carol aqui, uma jogadora brasileira. Ela é bem legal, desde que cheguei tem me tratado super bem, assim como as outras meninas que ao menos tentam se comunicar. Algumas delas sabem falar espanhol, então também consigo falar com elas.

Mas, apesar de tudo, de estar feliz aqui, eu sinto falta dos meus amigos. Soph ontem completou três meses de gravidez, está sempre me contando tudo, cada detalhe. A gente ainda compartilha segredos uma com a outra, conversamos o dia inteiro. Isso realmente não mudaria, mas eu sinto falta dela. Queria poder estar acompanhando de perto a gravidez, queria ainda poder sair com ela todas as tardes. Eu sinto muito a falta da minha melhor amiga. Não só dela, mas das meninas do Santos. O Milan pode ser um clube maravilhoso, as meninas são realmente muito legais, mas eu ainda não me sentia muito a vontade. Quer dizer, eu já imaginava isso, mas aqui é tudo tão diferente. Sinto falta das brincadeiras no vestiário, no treino. E os meninos também, sinto falta daqueles palhaços. E só vou poder vê-los em junho. Sinto falta de Santos. Mas eu acabei de chegar, logo eu me acostumo aqui e tudo passa.

— Ei — Carol apareceu do meu lado, enquanto eu caminhava para a saída do CT.

— Oi — Sorri pra ela — Algum problema?

— Não — Ela riu fraco — Eu e as meninas vamos almoçar juntas, você quer ir?

— Uh... Não, obrigada mesmo, Carol. Eu marquei com o Gabriel — Eu disse.

Elas sabiam que eu namorava o Gabriel. Pelo menos parte delas. Eu não estava recusando por simplesmente não querer ir, eu realmente tinha marcado com o Gabriel, já que eu não o via à uma semana e ele chegou hoje pela manhã.

— Tudo bem então. A gente se vê amanhã — Ela disse me abraçando.

— A gente se vê — Eu sorri pra ela.

Sai do Milanello ( CT do Milan ) e fui direto para o estacionamento, entrando no meu carro. Eu já sabia o caminho para o meu apartamento – que não era longe – e para alguns lugares de Milão. Segui o caminho até a escola da Dhio, já que eu combinei com ela de busca-la hoje e depois iríamos pra sua casa. Não demorou muito e eu já estava lá.

— Ei, bom dia — Dhio apareceu na janela sorrindo.

— Bom dia — Eu sorri também — Entra!

Ela abriu a porta e entrou, colocando o cinto. Voltei a dirigir agora em direção a sua casa. Nosso caminho foi divertido. Eu e Dhiovanna sempre nos demos muito bem, então não nos faltava assunto. A gente conversava sobre tudo. Ela não era só a irmã do Gabriel, minha cunhada, Dhiovanna é sem dúvidas uma das minhas melhores amigas.

— Como estão indo as coisas lá no Milan? — Ela perguntou.

— Bem — Eu sorri feliz — Eu estou treinando, minha estréia não deve demorar. As meninas lá me receberam super bem.

— Que ótimo — Dhio sorriu — Mas, eu aposto que você está louca pra jogar uma partida da Champions.

— Óbvio — Nós rimos — Jogar a Champions sempre foi meu sonho. E o Milan está nas quartas de finais contra o Bayern. Vai ser incrível.

— Você acha que vai pra esse jogo? — Ela perguntou.

— Eu não sei, mas espero que sim. O primeiro jogo é na Alemanha, se até lá eu já tiver feito minha estréia provavelmente vou — Eu sorri.

— Huum, vai conhecer a Alemanha — Ela disse e rimos.

— Sabe, eu já estou aqui à um mês e ainda não fui a Turim — Eu disse.

— Turim é bem perto daqui, Cla. São duas horas de carro — Ela diz.

— É, eu sei. Mas eu não estou tendo muito tempo e... Ao mesmo tempo que eu quero, parece que vai ser estranho — Falei sorrindo fraco.

— É por que você sente falta dele.

— É. Meu avô era incrível. Ir à Turim vai me trazer muitas lembranças dele. Quer dizer, eu nunca fui, mas ele me contava muitas histórias que passou lá com a vovó — Falei e ri — Eu preciso ir lá.

— Bem, de qualquer forma quando o Milan jogar contra a Juventus ou contra o Torino, você vai precisar ir lá — Ela disse e eu assenti.

— É. Vai ser bom — Eu disse após um suspiro longo.

Em mais alguns minutos, nós finalmente chegamos na casa dela. Estacionei o carro e então descemos.

— Mamãe e papai foram passear por Milão. Gabriel deve estar no quarto dele, vai lá. Eu vou pro meu me trocar — Dhio beijou minha bochecha e sumiu do meu campo de visão.

Eu comecei a subir as escadas e dei duas batidas na porta do quarto dele. Não obtive respostas, mas a porta estava aberta, então eu entrei. O quarto estava escuro e Gabriel deitado na cama dele, virado para meu lado. Fechei novamente a porta e me aproximei. Gabriel dormia suavemente, tinha uma expressão calma e seu cabelo estava totalmente bagunçado. Não me contive e passei a mão em seus cabelos, com um sorriso no rosto. Eu fiquei assim uns minutos, mas logo parei, tirando minha mão dali. Mas, não demorou nem meio segundo pra Gabriel pegar minha mão e colocar ali de novo.

— Continua! — Ele deixou sua voz rouca sair.

Aquilo me arrepiou, mas eu apenas ri fraco e continuei os carinhos. Estava totalmente distraída quando ele me puxou pela cintura, me fazendo cair em cima dele.

— Eu senti saudades — Ele sussurrou contra meus lábios.

— Eu também — Sorri iniciando um beijo calma e bom.

Não sei quanto tempo durou, mas foi o suficiente pro ar se fazer necessário.

— Não quer dormir mais um pouco? — Perguntei me ajeitando e deitando ao lado dele.

— Não. Agora eu só quero almoçar com a minha princesa — Ele me deu um selinho e se levantou.

Caminhou para o banheiro do seu quarto, enquanto eu continuei deitava mesmo. Em poucos minutos, ele saiu do banheiro com uma toalha em volta do pescoço e uma enrolada na cintura. Foi em seu armário pegando uma roupa e voltou para o banheiro. Não demorou muito e ele voltou de novo, já vestido com uma camisa preta, uma bermuda beje e chinelos mesmo, seu cabelo arrumado pro lado e só com o aroma natural do sabonete.

— Vamos? — Ele perguntou estendendo a mão.

Eu peguei a mesma e ele me puxou. Nós logo saímos do quarto dele e descemos. Dhio não estava por ali, provavelmente ainda estava no seu quarto.

— Vai cozinhar pra mim de novo? — Gabriel perguntou me arrancando uma risada.

— Se você quiser... — Me sentei no sofá.

Eu realmente não me importava. É bom cozinhar pra ele.

— É claro que eu quero. Sua comida é maravilhosa — Ele sorri.

— Se sua mãe ouvir isso eu vou morrer — Falei e ele riu.

— Eu amo a dela também — Ele da os ombros e eu faço o mesmo.

— E o que vai querer hoje? — Eu perguntei.

— Deixo por sua conta.

— Gosta de comida espanhola? — Perguntei e ele franziu o cenho.

— Nunca experimentei — Ele me responde.

— Ótimo. Sole me ensinou a fazer paella, um prato típico da Espanha. Vou me arriscar e tentar fazer — Eu sorri.

Soledad é uma das espanholas do Milan. São duas, ela e a Alejandra. Nós conversamos logo que cheguei e nos demos super bem. Em um dos almoços na casa dela, ela fez paella e como eu achei maravilhoso, ela fez questão de me ensinar.

— Me parece bom. Vamos comer isso, como é o nome? — Ele pergunta confuso e eu rio.

— Paella — Falei.

— Isso, vamos almoçar paella — Ele repeti me fazendo rir.

— Mas você... Longe da cozinha — Eu apontei pra ele.

— Ah amor, eu vou ficar quietinho — Ele disse.

— Gabriel, da última vez você disse o mesmo e quase colocou fogo na minha cozinha — Eu disse e ele riu.

Semana passada, no meu apartamento preparando o jantar, Gabriel colocou fogo no pano de prato.

— Foi um acidente.

— E eu quero evitar o que pode ser um segundo acidente. Você fica aqui — Eu disse.

— Isso é maldade — Ele diz.

— Te amo — Dei alguns selinhos nele — Fica aqui em!

— Sim senhora — Ele sorriu me dando outros selinhos.

Eu então levantei e fui pra cozinha.

••••

— Está pronta? — Gabriel gritou lá de baixo pela milésima vez. Revirei os olhos.

— Quase, Gabriel — Eu gritei de volta.

Me olhei novamente no espelho. Eu usava um vestido preto de alcinhas, que valorizava minhas curvas e batia no meio da minha coxa. Nos pés, um salto baixo da mesmo cor. Meu cabelo estava solto para um lado só e a maquiagem fraca. Por cima da roupa, coloquei um sobretudo preto, por conta do frio de Milão e peguei minha bolsa simples de lado que continha coisas que eu precisaria. Eu não estava tão ruim, na verdade eu estava linda.

Eu e Gabriel iríamos à um restaurante com alguns jogadores da Inter e suas respectivas esposas/namoradas. Seria a primeira vez que iria sair com eles. Eu não sabia o que esperar, mas sabia que não ia ser como os meninos do Santos. De qualquer forma eu estava animada, acho que será uma noite bem agradável.

Sai do meu quarto e desci as escadas.

— Acabei, seu chato — Eu disse e ele sorriu pra mim.

— Até que não foi ruim esperar. Você está linda — Ele disse e eu sorri timidamente.

— Obrigada, amor. Você também está maravilhoso — Sorri pra ele.

Gabriel usava uma calça jeans escura, camisa social preta e tênis. Seu cabelo perfeitamente arrumado e alinhado e seu perfume exalava. Estava simplesmente maravilhoso.

— Então vamos — Ele laçou nossos dedos.

— Vamos — Sorri.

Nós saímos do meu apartamento e em minutos, já estávamos dentro do carro dele. Nosso caminho foi bem divertido e rápido, para a minha surpresa. Em um restaurante discreto de Milão, estavam Éder e João Mario sozinhos, Icardi com Wanda e Miranda com Jaque – a qual eu já havia conversado antes.

— Clarissa, querida, que bom te ver de novo — Jaque diz se levantando para me cumprimentar.

— Digo o mesmo. Como vai? — Eu sorri pra ela.

— Muito bem e você?

— Bem, obrigada — Sorri leve.

Me sentei ao lado do Gabriel, que já conversava com seus amigos. Cumprimentei eles rapidamente e voltei à um papo bom com Jaque. Wanda, esposa do Icardi não fazia muita questão de conversar e eu também não fazia questão de tentar puxar assunto.

Nós fizemos um pedido rápido e todos eram iguais. Isso facilitou bastante. Estava sendo uma noite bem divertida, era a primeira vez que eu saía com eles. Éder e João Mário são bem animados e engraçados, Icardi é mais na dele, mas também solta piadinhas e da risadas. A única que parecia não estar tão satisfeita era Wanda mesmo. Mas, o problema é dela. Hora ou outra eu percebia Icardi me olhar com sorrisinhos de lado. Eu achei que fosse só impressão minha, mas aconteceu mais algumas vezes e isso me fazia revirar os olhos. Já estava me irritando. Jaque levanta dizendo que iria ao toalhete e acaba me arrastando junto.

— Ei, o que tanto te irrita? — Jaque perguntou baixinho, assim que entramos ali.

— Icardi — Revirei os olhos — Ele não para de me olhar! Tem alguma coisa errada comigo?

— Ah, ele sempre faz isso — Ela negou com a cabeça — Não, você está linda. Não é nada com você, é ele. Fica longe dele, Cla.

— Ué, como assim? Por que? — Eu perguntei confusa.

— Olha, se você não quer mesmo estragar o seu namoro com o Gabriel, fica longe dele. Mauro Icardi é uma ameaça — Ela diz me assustando.

— Ele já fez algo do tipo? — Eu perguntei. Ela assentiu.

— Eu não vou falar nada, mas se você quiser pesquisar, vai saber direitinho. Ele não tem uma fama muito boa e nem sei se é confiável. Nunca fui muito próxima dele e da Wanda — Ela disse.

— Eu vou ficar longe. Eu e Gabriel estamos muito bem e não quero que nada estrague — Eu disse e ela assentiu — E obrigada.

— Já falei que pode contar comigo e o João sempre que precisar, uh? — Ela sorri.

— Você e o Miranda vão ser sempre os primeiros que vou procurar quando precisar de algo aqui em Milão — Eu disse e ela riu.

— Muito bem!

— E a Wanda em? Qual é a dela? — Perguntei agora ajeitando meu cabelo no reflexo do espelho.

— Ela é fechada, seca, fria. Não gosta de muita aproximação e nem de muita aparição. Não sei qual é o milagre pra ela estar aqui hoje — Jaque diz e eu rio — Bem, vamos voltar pra lá?

— Vamos — Assenti.

Então, nós saímos do toalhete e voltamos pro nosso lugar. Assim que me sentei, Icardi tornou a me olhar, mas dessa vez fingi não perceber e me concentrei na conversa do Éder com o Gabriel e logo já estava conversando também.