História Live A Dream - Essa garota me paga!

Gabriel Pov's

Sai da sala e fui para a cozinha pegar a água da Cla. Peguei um copo de vidro e o enchi até um pouco mais que a metade e quando estava prestes a sair, escutei alguém entrar.

— Oi Gabriel — Escutei uma voz feminina.

— Hum, oi — Respondi vendo Letícia.

— Tudo bem? — Ela perguntou.

— Sim e você?

— Bem — Sorriu.

— Sua mãe...?! — Perguntei, visto que ela tinha passado no hospital a pouco.

— Melhorando — Disse e franziu os lábios.

— Que bom — Disse e quando me movi para sair da cozinha, escutei sua voz de novo.

— Essa água é pra sua irmã?

— Não, é pra Clarissa — Eu disse — Agora se me der licença... — Andei tentando sair dali.

Ela novamente entrou na minha frente, fazendo com que eu derrubasse toda a água nela.

— Qual é o seu problema? — Ela perguntou grossa.

— Eu que te pergunto! O que tu quer comigo que não me deixa passar?! — Perguntei da mesma forma.

Ela não disse nada, apenas sorriu e eu não entendi. Quando percebi a mesma já estava me agarrando e selando nossos lábios. Ela tentava de todas as formas me beijar, mas eu não retribuía. A única pessoa que se passava na minha cabeça era Clarissa.

— Você tá louca garota? — Eu perguntei empurrando ela.

— Vai me dizer que não gostou? — Ela sorria.

— Não, não gostei. Eu gostaria mesmo é que você me respeitasse. Eu estou namorando e amo muito a Clarissa. Será que você não entende?! — Falei irritado.

— Ah, aquela lá? Ela não é garota pra você, Gabriel. Fala sério — Ela soltou uma risada enquanto olhava para suas unhas — Eu sei que você ainda não me esqueceu.

— Quem decide quem é a garota certa pra mim, sou eu! É ela quem eu amo e é com ela que eu escolhi ficar. Se liga — Falei.

— Você ainda vai cair na real e me procurar, Gabriel. Eu sim sou a garota certa pra você, não aquela guriazinha — Ela disse com desprezo.

— Olha lá como você fala da Clarissa — Eu disse.

— Tanto faz — Ela suspirou — Se mudar de ideia, já sabe onde me procurar — Ela disse e saiu da cozinha.

Que garota louca!

Eu não sabia se iria contar aquilo pra Clarissa. Não quero esconder dela, mas também não quero vê-la chateada por uma coisa que eu nem tive culpa. Afinal, eu nunca faria isso com ela. E uma coisa que ela estava me alertando já fazia um tempo.

Sai da cozinha e voltei pra sala com um copo de água, mas não achei Clarissa lá. Perguntei Sophie.. Minha irmã.. Meus pais.. Ninguém tinha visto ela. Procurei na casa toda e não achava ela. Tentei ligar em seu celular, mas só chamava. Mandei mensagem também, mas elas não eram respondidas.

Algo não estava certo.

Voltei pra cozinha novamente com o celular chamando o número de Clarissa. Novamente ela não me atendia e eu começava a ficar preocupado.

— Cara, tu viu a Clarissa? — Eu perguntei quando Thiago entrou na cozinha.

— Mano, acabei de levar ela pra casa — Falei. Eu suspirei aliviado.

— Por que?

— Ela que pediu, cara — Ele deu os ombros — Tu não fez nada, né?! Ela tava meio estranha.

Ah não!

— Thiago, ela veio pra cozinha? — Eu perguntei.

— Veio, ela disse que tu tava demorando e veio atrás de tu. Quando voltou disse que não tinha te achado e pediu se eu podia levar ela pra casa — Ele respondeu.

— Ah não — Suspirei passando as mãos no cabelo.

— O que aconteceu? — Ele perguntou.

— Mano, a Letícia veio aqui e me agarrou do nada. Eu acho que a Clarissa viu! — Falei.

— A garota te agarrou? Tem certeza? — Ele perguntou.

— Claro que tenho, cara. Eu nunca trairia a Clarissa, eu amo ela e você sabe — Falei. 

— Que garota louca — Ele disse e eu assenti concordando — Vai atrás dela e fala isso pra ela então, cara. Ela já não tá legal desde cedo, isso só vai deixar ela pior — Ele disse.

— Eu vou e espero que ela acredite em mim — Falei.

— Boa sorte — Ele disse.

— Valeu mano — Falei e passei por ele.

Rapidamente peguei a chave do carro e sai da cozinha.

— Oi Gabriel — Fui interrompido pelo pai da Letícia. 

— Oi Ademir — Eu disse — Como vai?

— Bem e você? 

— Com pressa — Respondi rindo — E a dona Ângela, tá melhor?

— Melhor? — Ele me pareceu meio confuso.

— Sim, sua filha me disse que ela estava doente — Falei.

— Minha esposa está muito saudável — Ele disse. 

Eu não tô acreditando que cai no joguinho da Letícia.

— Então sua esposa não está com câncer? — Arqueei as sobrancelhas.

— Não — Ele riu — De onde você tirou isso?

— De lugar nenhum — Eu disso — Acho que me confundi. Bem, de qualquer forma eu já vou, até qualquer dia.

Sai dali e entrei no carro. Não estava acreditando que tinha mesmo caído no jogo da cobra da Letícia. Como eu pude ser tão burro?! Ela pode ter acabado de destruir meu namoro. Balancei a cabeça afastando esse pensamento e continuei seguindo pra casa da Cla. Não demorou muito e eu logo cheguei. Eu realmente esperava que ela acreditasse em mim Subi até seu ap e bati na porta, que se abriu em instantes.

Ao contrario do que eu esperava, quem abriu foi o pai dela. 

Eu deveria me preparar pra morrer?! 

— Eu quero falar com a Clarissa, ela está ai? — Perguntei.

— Está sim, mas ela chegou em casa bem chateada. Acredito que não queria falar com você agora — Ele disse calmamente.

Estranhei essa calma toda, visto que eu pensei que ele quisesse me matar.

— Seu Carlos, eu juro que não fiz nada com a sua filha — Eu falei.

— Eu sei que não — Ele disse.

— Sabe? — Perguntei surpreso.

— Olha garoto, eu confesso que não gostava muito de você no início. Não só por você ser santista, mas por que Clarissa é a minha única menininha e eu não queria ver ninguém machucando ela. Mas o tempo passou e eu percebo tanto em seus olhos, como nos dela que vocês se amam. E eu acredito que você não tenha feito nada com a minha filha — Ele disse.

— Eu nunca faria nada que pudesse machuca-la. O senhor está certo, eu amo a Clarissa como nunca amei outra garota. O que aconteceu hoje, foi um mal entendido e eu preciso explicar isso pra ela — Eu disse com um certo desespero.

Pensar em perder Clarissa estava fora de cogitação. Eu não imagino mais uma vida que não seja ao lado dessa garota.

— Você vai explicar. Mas agora não dá. Vocês precisam conversar com calma Gabriel. Dá um tempo pra ela pensar em tudo isso, sabe?! Vocês se falam amanhã. Tenho certeza que Clarissa irá te escutar — Ele disse. 

Suspirei, provavelmente não teria outra opção.

— Tudo bem — Eu assenti — Por favor, fala pra ela que eu estive aqui.

— Falarei sim, pode deixar — Ele sorriu.

É a primeira vez que via esse cara sorrir, de verdade.

— Obrigado. Boa noite — Eu disse.

— Boa noite, garoto — Ele respondeu.

Me virei e caminhei em direção ao elevador, então escutei a porta se fechar. 

Eu não gostava de imaginar como Clarissa estava agora. Quer dizer... Ele disse que Clarissa chegou em casa bem chateada. E a culpa não foi minha, eu jamais faria algo do tipo com ela. Aliás, Clarissa sempre esteve certa. Principalmente quando disse que Letícia estava tentando se reaproximar de mim Nunca tive a intenção de machucar minha garota. 

Ah, e tudo culpa da Letícia. Eu sabia que não deveria deixa-la se aproximar tanto! Sabia que tudo estava muito estranho. E Cla me alertou o tempo todo, mas eu cai feito idiota no joguinho dela. Eu só queria esganar essa garota, mas infelizmente não podia. Mais isso não significava que ela não pudesse me ouvir.

E ela vai! 

Segui direto para a casa dela, e quem me atendeu foi sua mãe. Bem saudável por sinal.

— Gabriel, quanto tempo — Ela sorriu.

— Ola dona Ângela. Como vai? — Eu perguntei.

— Bem, obrigada. Entre — Ela disse me dando espaço.

— A Letícia está? 

— Está sim. Pode ir ao quarto dela lá em cima — Ela sorriu doce.

— Obrigado — Sorri de volta.

Subi as escadas e logo achei a porta cor de rosa do quarto de Letícia. Bati duas vezes e ela logo atendeu, com um sorriso no rosto, enquanto eu mative minha expressão seria.

— Percebeu que eu estava certa e veio atrás de mim? — Ela perguntou.

— A gente precisa conversar — Eu disse sério.

— Entra — Letícia disse.

Eu entrei e ela se sentou na cama. Bateu duas vezes ao seu lado para que eu pudesse me sentar. 

— Por que você mentiu pra mim?

— Sobre? — Ela arqueou as sobrancelhas.

— Não se faça de sonsa, garota. Eu já sei tudo. Sua mãe não está e nem nunca esteve doente — Eu disse.

Seu sorriso se desmanchou e ela tinha a expressão assustada.

— Gabriel eu posso explicar...

— Isso não tem explicação, Letícia. Você sabe que eu odeio mentiras. E acima de tudo você mentiu sobre a sua mãe, disse que ela estava com uma doença grave. Você tem noção do que fez, garota? Isso não é tipo de brincadeira que se faça — Eu disse tentando manter a calma. 

— Eu só fiz isso pra tentar me reaproximar de você, Gabriel — Ela se levantou.

— Mentindo? Olha, essa com certeza não é a melhor opção. — Eu disse — E você está careca de saber que eu tô namorando. Sabe aquele beijinho tosco que você me deu hoje cedo?! Ela viu! E provavelmente agora não quer nem olhar na minha cara — Eu disse.

— Ela não é o tipo de garota que você merece, Gabriel.

— E qual tipo de garota você acha que faz meu estilo? Fresca e mimada, que precisa mentir para se aproximar dos outros, que estraga um relacionamento para deixar tudo como quer, como você Letícia?! Se toca! Clarissa é a garota que eu amo e que quero ao meu lado pro resto da minha vida — Eu disse.

— E eu, Gabriel? Eu ainda te amo.

— Não — Ri sem humor — Não tenta mentir de novo, Letícia. Você sabe que nunca me amou, que sempre esteve comigo por interesse. Nós nunca gostamos um do outro — Falei — E agora que achei a pessoa certa pra mim, não vou deixar você estragar tudo. Não vou mesmo. E tem mais... Se Clarissa não me escutar...

— O que você vai fazer? Vai me bater? — Ela perguntou debochada.

— Eu não sou covarde. Minha mãe me ensinou como se trata uma mulher. Mas os seus pais — Novamente ri sem humor — Os seus pais eu já não sei se irão te bater, mais vão saber dessa palhaçada sobre sua mentira. 

Eu não esperei ela responder e sai dali. Mais alguns segundos com aquela garota e eu não sabia o que seria capaz de fazer. Eu estava com raiva sim e se Clarissa não me escutasse seria ainda pior. 

Entrei no carro e segui pra minha casa. Assim que cheguei, tomei um banho longo e relaxante e depois de sair, me joguei na cama. Peguei meu celular e nenhuma das mensagens que eu mandei pra Clarissa foram visualizadas. Suspirei, em seguida escutei alguém bater na minha porta.

— Entra — Disse e continuei fitando o teto.

— Ei, tá tudo bem? — Era minha irmã.

— Não — Respondi sincero.

Ela entrou e fechou a porta se sentando ao meu lado.

— O que aconteceu? — Ela perguntou.

— A Letícia — Bufei.

— O que essa garota fez agora? 

— Pode ter destruído meu namoro com a Clarissa — Falei — Hoje mais cedo a Cla me pediu água. Eu fui na cozinha pegar pra ela e ai a Letícia aproveitou pra me agarrar do nada. O problema é que a Clarissa viu e entendeu tudo errado.

— Ai que vontade de socar essa garota — Ela disse entre dentes — E você não foi falar com a Clarissa?

— Fui, mas o pai dela disse que era melhor eu falar com ela amanhã. Dar um tempo pra ela pensar — Eu disse frustrado.

— Ele tá certo, Gabriel. Vocês precisam conversar com calma e ela deve estar bem chateada agora — Ela disse e eu senti meu coração apertar. Apenas assenti.

— Mas não acabou por ai — Eu disse — A mãe da Letícia está perfeitamente saudável. Sem nenhum tipo de câncer — Ri sem humor — Eu me sinto um idiota por ter caído no joguinho dela. 

— Ai não acredito que essa garota tava mentindo o tempo todo! Não deixa eu ver essa garota no meio da rua por que eu mato ela — Dhio falou visivelmente brava — Não se sinta assim, Gabriel. Letícia é esperta o suficiente pra conseguir fazer até você mesmo cair no joguinho dela. Mas dessa vez ela passou dos limites.

— Eu juro que se a Clarissa não quiser me escutar, eu conto tudo isso para os pais dela. Essa garota me paga — Falei.

— Tá vendo?! Você também tá de cabeça quente, Gabriel. Você precisa relaxar. Vai dar tudo certo. Você e Clarissa se amam, vão ficar juntos de qualquer maneira — Ela disse — Mas agora, que tal um chá de camomila pra ver se você se acalma um pouco em?

— Eu tenho a melhor irmã do mundo — Eu disse sorrindo.

— Bobo — Riu — Vem logo.

Ela se levantou e eu levantei também, seguindo-a até a cozinha.