— Filha, se cuida nesse lugar, pelo amor de Deus — Minha mãe dizia no celular.
— Pode deixar, mãe. Eu vou estar com o Gabriel — Falei e ri fraco.
— Mas nenhum dos dois conhece Miame ou Orlando — Ela disse.
— Mãe, calma. Vai ficar tudo bem, tá?! — Eu disse e ri.
— Tá. Me liga quando chegar. Boa viagem. Amo você — Ela diz.
— Obrigada mãe, pode deixar. Te amo, manda eu beijo pro papai, tchau — Eu disse e desliguei.
Coloquei meu celular na minha malinha de mão e peguei a minha mala grande. Grande o suficiente para caber roupas para uma semana. Dei uma última olhada na minha roupa, ela estava bem confortável e quentinha para que eu pudesse enfrentar doze horas de viagem. Eu não usava quase maquiagem nenhuma e meu cabelo estava preso.
Após trancar toda a casa, eu arrastei minha mala até a porta e sai, trancando a mesma. Depois disso entrei no elevador sem muita dificuldade. Dei uma ajeitada em meu cabelo e puxei as mangas da blusa de mangas compridas, tampando metade das minhas mãos. A porta logo se abriu, então eu segui para o estacionamento.
— Olá, senhorita Goulart, pronta para nossa viagem? — Gabriel perguntou enquanto eu me aproximava.
— Oi, senhor Barbosa, estou mais que pronta para aproveitar minhas férias — Falei sorrindo.
— Então vamos para Miami — Ele sorriu me puxando para um abraço e me deu um selinho longo.
— Vamos para Miami — Eu disse animada e ele riu.
Ele me ajudou a colocar minha mala no porta-malas do seu carro e então entramos, em seguida ele deu partida para o aeroporto. Ele já tinha se despedido de sua familia, então quanto a isso não tinha muita preocupação. Faltavam quase uma hora para o vôo, daqui até o aeroporto não demoraria muito, então era só chegar, fazer o check-in e esperar o vôo ser anunciado, que provavelmente só levaria minutos.
Ele ligou o som e começou a tocar alguns pagodes que eu aprendi a gostar graças ao Gabriel. Eles eram até legais. Eu respondia algumas mensagens, já que depois não poderia.
— Eu não sei como vou sobreviver doze horas dentro de um avião — Eu disse e escutei a risada do Gabriel.
— Eu também não. Você é muito agitada — Ele disse — Acho que vou te dar um calmante pra você dormir.
— Seria uma boa — Eu disse.
— Tá doida? Eu tô brincando — Ele disse e eu dei os ombros — Você tem problemas, menina, sério.
— Credo, Gabriel — Eu disse e gargalhei.
— Mas olha o lado bom. Você vai passar doze horas dentro do avião comigo — Ele disse.
— Cadê o lado bom? — Perguntei e não consegui segurar a risada com a cara que ele fez.
— Então muda sua poltrona pro outro lado do avião.
— Eu não. Vai que alguma guria senta perto de você. Eu preciso estar atenta — Falei e ele riu.
— Deixa sentar, ué — Ele disse dando os ombros.
— Ah ok, então eu vou sentar perto de algum guri também — Eu disse.
— É melhor você ficar do meu lado mesmo — Ele disse me fazendo rir — Não vai ser tão ruim, Cla. Vai passar rápido.
— Doze horas sentada sem fazer nada. Dificilmente vai passar rápido — Falei e ri.
— A gente dá um jeitinho. E eu aposto que você vai dormir na maioria do vôo — Ele disse.
— Não tô com sono — Dei os ombros rindo.
— Então a gente assiste um filme no iPad — Ele deu os ombros.
— Tá — Ri convencida.
Continuamos algumas conversas, eu estava bastante animada e ansiosa para chegar logo em Miami. Em minutos, chegamos no aeroporto. Gabriel estacionou e não tivemos muito problema pra fazer o check-in e despachar as malas. Nos sentamos e ficamos esperando nosso vôo ser anunciado. Gabriel disse que ia ao banheiro rapidamente e eu apenas assenti, então ele foi.
— Ai meu Deus — Escutei uma voz feminina trás de mim.
Eu olhei pra trás, curiosa, nem sabia se era comigo. Uma menina bem novinha tinha suas mãos na boca e seus lindos olhos verdes estavam arregalados e marejados.
— Não acredito! — Ele disse e veio em minha direção.
Eu me levantei e ela em um ato rápido me abraçou forte. Estava surpresa com aquilo, mas a abracei de volta na mesma intensidade. Ela chorava.
— Ei, calma. Não precisa chorar — Eu disse e sorri pra ela.
— É você mesmo? — Ela soltou uma risada fraca — Nossa eu tô passando vergonha na frente da minha ídola.
— Ídola? — Perguntei e ri fraco.
— É — Ela limpou as lágrimas — Eu sou de BH e meu sonho é ser jogadora. Tenho um teste marcado no Cruzeiro daqui a duas semanas, mas muitos não acreditam em mim por eu ser uma menina. Mas eu encontro em você forças pra seguir em frente e persistir no meu sonho. Me espelho em você pra ser boa mesmo.
— Qual é o seu nome?
— Júlia.
— Júlia, não deixe nada nem ninguém atrapalhar seus sonhos só porque dizem que você não vai conseguir. Se você acredita no seu sonho, vai com tudo. Se dedica e trabalha muito e eu tenho certeza que você vai conseguir — Falei e sorri pra ela.
— Quer me fazer chorar de novo? — Ela perguntou e eu não contive a risada — Tira uma foto comigo?
— Claro — Falei sorrindo.
Ela tirou uma foto estilo selfie e ficou bem fofa.
— O Gabriel tá com você?
— Aham, ele deve estar vindo ai — Eu disse.
— Vocês formam um casal tão fofo — Ela disse e eu sorri.
— Obrigada — Falei.
— Eu já vou, meu pai deve estar me procurando e eu não quero atrapalhar vocês.
— Você fugiu do seu pai? — Eu perguntei arregalando os olhos.
— Eu só parei quando te vi e ele continuou andando. Mas eu acho ele — Ela disse rindo.
— Cuidado. E boa sorte no teste, tenho certeza que vai passar — Eu disse e ela sorriu largo.
— Obrigada — Me deu mais um abraço forte, beijou minha bochecha e correu.
— Quem era? — Gabriel apareceu do meu lado.
— Ai que susto, garoto — Eu levei a mão ao peito e ele gargalhou — Era uma fã — Falei e sorri.
— Que menina importante — Ele disse e sorriu, beijando minha bochecha.
— Sou né? — Eu me acheguei mais no seu peito e ele passou seu braço em torno da minha cintura.
— E convencida também — Ele disse e riu fraco.
Peguei meu celular na mala de mão mandei uma última mensagem pra minha mãe, guardando de novo. Mais alguns minutos, e o vôo com destino a Miami foi anunciada. Gabriel se levantou e entrelaçou nossos dedos, então seguimos para a sala de embarque.
— Vamos pra Miami — Eu disse e puxei ele, que soltou uma risada.
— Uma doida chegando em Miami, cuidado mundo — Ele disse. Cerrei os olhos e o fitei.
— Que preconceito com as pessoas loucas — Falei. Ele novamente riu.
— Então vamos — Ele disse andando em minha frente.
— Vamos — Eu disse alto e pulei nas costas dele, atraindo alguns olhares.
— Alguém me ajuda, eu não conheço essa menina. É louca — Gabriel disse e eu gargalhei.
— Idiota — Falei descendo de cima dele.
Ele riu pelo nariz e pegou novamente em minha mão, chegou mais perto de mim e beijou minha bochecha. Em minutos, já estávamos dentro do avião. Eu sentei na poltrona da janela e Gabriel no meio, ao nosso lado tinha uma senhora. Conversamos por alguns minutos e logo o avião já estava decolando. Eu conseguia ver as nuvens pela janela e era uma vista incrível. Me ajeitei na poltrona, deitei minha cabeça em seu ombro e acabei bocejando.
— Ué, você disse que não tava com sono — Ele disse.
— Não tem nada pra fazer, amor —Eu disse e ele riu fraco.
— Quer assistir? — Ele perguntou.
— Ai eu vou dormir — Falei.
— Então o que você quer fazer aqui dentro? — Ele perguntou.
— Vamos brincar de luta de polegar — Falei estendendo a mão.
— O que? — Ele riu alto.
— Para, retardado — Falei e ri com vergonha — Eu tô falando sério, anda logo.
Ele riu convencido e pegou minha mão, e começamos a "luta" dos polegares. Ficamos quase duas horas assim, já que ele saiu ganhando e depois eu virei. Ele é competitivo e eu também. Até nisso? Até nisso! Não gosto de perder. Mas acabei me rendendo à derrota pro Gabriel, meu dedo já estava doendo.
— Isso não acabou aqui, Gabriel. Quero revanche — Falei cruzando os braços. Ele riu.
— Como quiser, vai perder de novo mesmo — Ele disse encostando na poltrona.
— Idiota — Eu revirei os olhos.
— Vem cá — Ele me puxou e me abraçou de lado.
Eu sorri e deitei minha cabeça em seu ombro. Ele começou a depositar leves carinhos no meus cabelos e aos poucos eu ficava sonolenta, até perceber tudo ficar bem distante e cair no sono.
(...)
Acordei e o avião estava todo escuro. Olhei no relógio e eu só tinha dormido por cinco horas, ainda restavam mais cinco de viagem. Olhei pro lado e Gabriel dormia tranquilamente. Eu havia perdido o sono, então peguei o iPad da minha malinha e engatei meus fones, colocando em Supernatural e terminei de assistir os últimos capítulos da décima temporada.
Fiquei ali por mais quatro horas assistindo. Era até engraçado como o tempo passava rápido. Meus olhos já ardiam e o iPad já descarregava. Ele desligou sozinho por estar descarregado, esfreguei os olhos e me deitei novamente no ombro do Gabriel.
— Como você conseguiu ficar tanto tempo vendo esse treco chato? — Escutei a voz rouca do Gabriel num sussurro.
— Você nem sabe a história, Gabriel — Eu disse rindo fraco.
— É sobre o que? — Ele perguntou se ajeitando.
— É uma série de fantasia sombria e urbana. São dois irmãos que caçam fantasmas, demônios e outras criaturas sobrenaturais pelo mundo — Eu resumi.
— Chato — Ele disse e eu revirei os olhos.
— Como se Star Wars fosse bom — Eu disse e ele riu.
— Vou precisar de um dia todo na cama. Que dor — Ele fez uma careta.
— Eu também — Falei e soltei uma risada fraco.
Mais quase uma hora, e a aterrissagem foi anunciada.
— Cheguei Miami — Sussurrei olhando pela janela, que me dava uma vista maravilhosa pra cidade.
Sorri com aquilo e dentro de minutos já estava em solo firme. Saímos do avião e depois de todo o processo ( perguntas ) que é necessário pra entrar nesse país e pegar nossas malas, finalmente conseguimos sair da sala de desembarque. Entramos em um táxi e com o inglês razoável do Gabriel, ele deu o endereço de um lugar que eu não fazia ideia de onde era. Então seguimos pra lá.
Eu olhava as ruas de Miami fascinada por tudo. A cidade era incrível. Mesmo que estivesse amanhecendo agora, a rua estava movimentada. Os raios de sol começavam a parecer pelas ruas, deixando tudo ainda mais lindo.
Chegamos rápido no lugar. Era uma casa, que pelo visto era bem grande. Gabriel pagou a viagem e descemos do táxi. Após pegar as malas, Gabriel tirou a chave do bolso e entramos.
— Como você alugou essa casa? — Perguntei.
— Quem disse que eu aluguei? — Ele perguntou e riu.
E eu o tempo todo achando que ele alugou essa cara maravilhosa.
— Ela é de um amigo do meu pai que gentilmente me emprestou — Ele disse se jogando no sofá aparentemente macio.
— Essa casa é linda — Eu disse me sentando perto dele — Achei que iríamos ficar em um hotel.
— Mudança de planos — Ele disse e eu soltei uma risada fraca.
Era uma casa de praia de dois andares e bem espaçosa. Ela tinha muitos vidros além de portas e janelas enormes e decorada com madeiras, até mesmo as paredes. Ela tinha um ar bem brasileiro e eu me sentia em casa. Peguei minha mala e subi, entrando em um dos quartos. Deixei a mala ali e abri a porta de vidro da sacada.
— Nossa — Eu sussurrei sorrindo.
Tinha uma vista maravilhosa para o mar, já que essa casa era bem de frente pra praia. O céu estava levemente alaranjado e o sol nascia, se encontrando com o mar calmo dali. Alguns pássaros voavam em volta.
— É lindo né? — Gabriel sussurrou atrás de mim.
— É perfeito — Falei sorrindo.
— Nossas férias serão incríveis — Ele me abraçou por trás, apoiando seu queixo em meu ombro e passando seus braços fortes em torno da minha cintura.
— Tenho certeza que sim — Eu disse segurando seus braços.
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