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História Live And Let Die - Como tinha de ser


Escrita por: bundinah

Capítulo 46 - Como tinha de ser


Lauren:

Estava sentindo saudades do meu pai mas, surpreendentemente, eu sentia mais saudade ainda de Chris. Fiz uma ligação dizendo que queria vê-lo e então fui convida a ir até sua casa. Ele disse que faria um jantar e buscaria nosso pai e também iria convidar a Taylor. Falei que levaria a menina que foi comigo aquele dia e Chris disse que tudo bem. Era final de semana e eu estava de folga, vou aproveitar.

Eu disse que levaria a Camila só que nem tinha falado com ela ainda. Acredito que queira ir por que é num sábado, dia que ela não trabalha. A gente pode sair daqui à tarde, daí durante a manhã ela vai visitar a Sofia.

O dia acabou de começar, o tempo está bom e sem previsão de chuva. Mandei uma mensagem de texto para Camila, dizendo:

Bom dia amor,
tá afim de sair hoje à tarde?
meu irmão me chamou pra ir lá hoje e eu queria te levar comigo
vai ser legal

 

Sua resposta veio quase que imediata, mas por ligação. Atendi e escutei sua voz de sono dizendo um “oi”.

- Vamos, amor? – Falei. – Vai ser legal...

- Eu vou, mas tem que dar tempo de ver a Sofi.

- Já planejei tudo. A gente sai depois que você sair do hospital, pode ser?

- Então tudo bem.

Fiquei tão feliz por saber que iríamos juntas. Acho que é por que não saímos só ela e eu tem um tempinho, estava sentindo falta disso. Depois que acabou meu plantão, eu ainda trabalhei dias diretos antes de ter uma folga de dois dias.

- Vou buscar você em casa quando você chegar, tá?

- Tá, eu te ligo para avisar.

- Ah, vai ser um jantar... se você quiser se arrumar, tudo bem.

- Estarei irresistível.

Ela sorriu comigo e só mais uns minutos e a ligação se desfez. Saí da cama e procurei algo para comer na cozinha. Ally estava na mesa, usava seu uniforme. Domingo passado ela não trabalhou, mas eu sim, então descartei a ideia de fazer uma piadinha sobre a minha sorte de estar livre hoje.

- Bom dia, sapatão!

- Oi?

- Brincadeira. – Ela ria ao dizer e encarava minha cara de nuvem. – Vocês duas são muito gays, eu consegui ouvir a conversa.

Ally ainda ria e eu fracassei na missão de segurar o riso.

- Isso é inveja por que o Troy não é fofinho com você.

- Hm... talvez.

Me juntei a ela para tomar café e notei um bom humor até estranho de se ver na minha amiga. Ally conseguiu deixar meu dia ainda melhor... pena que teve de sair correndo quando viu que estava se atrasando.

Quando fiquei sozinha em casa, me encontrei ansiosa. Como é que Camila estará? Irresistível? Isso ela está todos os dias. Quero vê-la logo. Mal posso esperar.

. . .

Me encontro com o carro estacionado na calçada oposta do prédio onde mora Camila. Ela mandou mensagem dizendo que já estava descendo. Eu só aguardei.

Aparentemente, ela mentiu, por que eu já estava esperando faz tempo. Decidi sair do carro e esperar por Camila encostada no capô. Contei sete minutos no relógio, já estava bufando por que detesto esperar. Pensei em ligar para apressá-la, mas quando peguei o celular, a vi saindo do prédio.

E parem o mundo, eu preciso descer!

- Ai, meu Deus, Camila. – Sussurrei. Ela não ouviu, ainda se encontrava do outro lado da rua.

Estava tão simples que era graciosa. Vestida com uma camiseta lilás e rendada (que mostrava sua barriga, também conhecida como meu ponto fraco nela), saia preta rodada e, nos pés, uma bota com um salto enorme e cano baixo.

Camila foi se aproximando e eu tive vontade de abrir a porta para ela. Quando notou tal gentileza, disse:

- A maçaneta ainda está quebrada ou isso é só você me tratando bem?

- Honestamente... – Comecei – ambos. Mas foque mais na última opção. Você está linda.

Ela me cumprimentou com um beijo rápido na boca. Não deu para deixar de notar sua altura... Por causa do salto, ela ficou bem maior que eu e aquilo era estranhamente muito sexy.

- Onde seu irmão mora? – Ela perguntou assim que entrei no carro.

- Perto de onde meu pai fica, só que um pouquinho antes.

- Estou com fome.

- Isso não é novidade, Camila.

Ela me encarou com uma das sobrancelhas erguidas e eu não fui capaz de me segurar, ela estava linda demais para eu querer me segurar. A beijei ali mesmo. Tinha um sorriso em seu rosto que só tornava tudo mais gostoso. Quando o beijo estava ficando quente, ela me empurrou do nada e se endireitou no banco carona.

- Chega, assim você vai estragar minha maquiagem... Vamos deixar isso para mais tarde.

Neguei com a cabeça e dei uma risada. Camila não brincou com o termo “irresistível”. Liguei o rádio do carro e dei partida, tínhamos um longo caminho à frente. Não queria que só houvesse música ali, eu queria ouvir mais a sua voz. Perguntei como havia sido seu dia e ela respondeu que Sofia estava feliz hoje por que faltava apenas três desenhos para colorir em seu livro d’O Pequeno Príncipe. Disse também que estava esperançosa e contente com o estado de sua irmã agora que tudo estava indo para um bom caminho. Eu amava tanto vê-la feliz assim. Amava tanto que me dava medo...

Uma vez que o céu encontrava-se numa mistura de roxo com laranja, eu já não aguentava mais dirigir. Sorte que já estávamos perto. Camila cantava cada música que tocava na rádio pop, já eu não conhecia todas. Meu som mesmo é o rock, sempre foi. É lógico que ela reclamou quando eu mudei de estação. Considero sorte quando está tocando alguma música do Nirvana.

- Não se atreva a tirar, meu amor, a voz do Kurt Cobain não pode ser cortada.

- Que música é essa? Eu até que gosto...

- All Apologies.

Certamente sou do tipo de pessoa se enfia dentro da música que gosta e esquece tudo ao redor. Suponho que o volante seja minha bateria e, meus dedos, as baquetas. Eu cantei por que aquela música não foi feita para ser curtida em silêncio. Além da voz eu também fiz a guitarra.

- Sua voz é rouca cantando... – Comentou Camila.

Continuei cantando por uns segundos e então olhei para ela que me encarava com um risinho e um ar que, se bem conheço, era admiração. Daí eu parei de cantar por ter ficado meio embaraçada. Ela disse para eu não parar. Hesitei um pouco mas logo lembrei que era só Camila ali ao meu lado e que se quer fazia sentido eu ter vergonha. Cantei cada verso até acabar a música.

- Nirvana é muito bom... eu já fui num show deles com o meu pai, sabia?

- Sua voz muito boa também. – Ela disse. – até esqueci daquela vez que a gente saiu e eu disse que te encheria a paciência até você cantar pra mim.

- Que bom que sua memória é ruim, amor.

Não demorou até chegarmos na casa de Chris. Antes da gente sair do carro, Camila perguntou se estava bem, referindo-se à aparência (desde roupa à maquiagem). Eu disse à ela que estava linda, mas que iria amar tirar tudo aquilo mais tarde.

Fomos recebidas pela esposa do meu irmão e Thiffany, minha sobrinha de olhos idênticos aos meus. Ela, pequena que é no colo da minha cunhada, esticou os braços para mim e sorriu. Foi uma cena até emocionante. Logo cheguei à conclusão de que era inevitável mudar a voz para falar com crianças...

Apresentei Camila para os que ela ainda não conhecia como uma amiga minha e, ao cumprimentar todos, Taylor soltou um risonho e baixo “Amiga, né...” que conseguiu me deixar bem sem graça. Tudo bem, agora eu sei que ela sabe e que, pelo jeito, não se incomoda.

Chris não estava em casa quando cheguei com Camila, ele havia saído para buscar nosso pai mas não demorou a chegar. Mike ficou feliz em vez a pessoa que, pelo visto, ele nem imagina que é sua nora...

Jantamos na mesa, sem tantas cerimônias. Conversamos enquanto comemos e me perguntaram sobre minha rotina no hospital. Taylor disse que achava difícil ser secretária onde ela trabalha até saber do meu dia-a-dia de oncologista. Chris é policial faz uns bons anos, disso eu sabia, só não tinha ideia alguma sobre o motivo: ele diz que quis ser isso para dar orgulho ao nosso pai, que sempre teve o sonho de ser um agente da lei, seja qual fosse, mas não conseguiu. Senti um imenso prazer em ouvir coisas da vida das pessoas da minha família. Essa confiança que havia nascido entre todos nós. Era agora como tinha de ser.

Eu tinha isso em mente e não era algo fresco. Só queria coragem mesmo e senti que ela estava bem ali, queimando no meu estômago. Olhei para uma Camila distraída e pensei é agora.

- Pessoal, eu preciso contar uma coisinha...

E então, todos os olhos ao redor focaram em mim. Engoli seco e iniciei uma lengalenga de palavras:

- Eu queria ter dito isso antes, mas não consegui... não tive muitas oportunidades. – Me encontrei admirada com mãos trêmulas. Comecei, agora vou terminar. – Então... eu sei que todos vocês acreditam no amor, não é? Senão esse jantar nem estaria acontecendo hoje, acho. E assim, não se coloca características num sentimento tão bom... só acontece, sabe? E...

- Que enrolação, menina! – Disse Taylor. Ela portava um sorriso, parece que tentou me passar segurança (conseguiu, inclusive).

- Pelo visto alguém já sabe, eh? – Chris falou e também sorriu. Por um instante, eu achei que estava perdendo meu tempo por que todo mundo já aparentava saber.

Por outro lado, eu peguei meu pai com a testa enrugada e braços cruzados. Ele prestava plena atenção em mim. Sua feição não se mostrava das melhores, engoli seco outra vez. Olhei para Camila, que também parecia intimidada com a cara do meu pai. Senti medo e tomei todo o ar. Ou eu acabava aquilo tudo agora ou saía correndo daqui como se fosse um franguinho apavorado. Pigarreei e:

- Como eu ia dizendo, o amor acontece; só acontece. É de repente mesmo e a gente nem vê que tá acontecendo, as vezes. É como estar no mar; você só estava ali molhando os pés, mas quando dá por si, tem água até a cintura... a gente simplesmente não nota, não vê.

- Profundo. – Meu irmão falou.

Camila sorriu para mim e eu retribuí.

- Então, pai, me apaixonar foi como estar no mar. Acontece que eu mergulhei e...

- E pescou um peixão! – Mike olhou para Camila e deu uma piscadela. Foi naquela hora que senti a desopressão da minha vida.

Taylor deu risada e Chris a contemplava da mesma forma. Sinceramente, eu não sabia como reagir. Nem tinha visto que estava de pé, sequer consigo lembrar quando foi que fiz isso. Me sentei e, não sei porquê, confessei um pouco ríspida:

- É, a Camila e eu estamos namorando.

Taylor chamou a atenção de Camila para perguntar se era fácil lidar comigo. Era tudo uma piada (coisa que eu não estava esperando).

- A gente fez uma aposta, Lauren, a Tay apostou que vocês duas tinham algo a mais, eu apostei que não mas lá no fundo, bem no fundinho, eu sabia.

- É verdade. Agora você está me devendo trinta dólares, Chris.

Eu ia dizer algo, mas um pai de sorriso no rosto disse antes:

- Já chega dessas piadas, vocês dois... Pare ser sincero, filha, você me pegou de surpresa. Quando eu entendi o que você estava querendo dizer, não me senti agradado, mas não demorou um segundo para eu ver que desaprovação da minha parte não mudaria nada, certo? – Apenas assenti. Ninguém ousou interrompê-lo. – Você mudou muito, Lauren, e foi a melhor coisa que te aconteceu... algo aqui dentro está me dizendo que Camila ajudou nisso tudo. Uma faz a outra feliz, estou errado?

- De maneira alguma.

- É por isso que eu abençoo a união das duas. Eu quero que vocês estejam felizes o tempo todo e que uma seja o apoio da outra; a mão que vai levantar a primeira que cair. Eu aprovo, Lauren, que você busque felicidade.

E lá estava eu chorando. Meu maxilar doeu de tão grande era o sorriso. Saí da cadeira com toda a pressa para abraçar aquele pai muito foda que eu tenho. Intensificou-se meu choro quando fui envolvida por seus braços. Escutei a risada dele e aquilo era tão bom. Camila estava bem ao lado e foi a próxima a me abraçar. Ela me deu um beijo... esse beijo aconteceu ao som de palmas. Eu só chorei mais.

 

Nada me faltava mais. Nada.


Notas Finais


É muito bom dizer que, depois de dois anos e três meses, esta fanfic está realmente no finalzinho!


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