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História Livro 4: O Novo Mundo - Aliança


Escrita por: CarolSea

Notas do Autor


Olá.
Nem acredito que consegui terminar mais um, mesmo na correria do meu TCC!
Para esse capítulo eu quis trazer um pouco mais de interação de Zuko e Katara, porque parece que eles já conversaram com todo mundo, menos entre si. Então os pontos de vistas são apenas dos dois dessa vez.
Hoje temos um pontinho de reflexão também. Como todos devem fazer uma ideia nossos personagens são bem novos e toda essa questão de casamento é sim um problema e não deve ser vista apenas com um olhar romântico. Tentei incorporar um pouco de critica ao assunto dentro do próprio 'lore' apresentado pelo desenho original e gostaria de convidar vocês para pensar sobre o assunto, pois apesar de se tratar de ficção aqui, esse é um problema que ainda permeia nossa sociedade.
Boa leitura a todos.

Capítulo 7 - Aliança


Fanfic / Fanfiction Livro 4: O Novo Mundo - Aliança

 

KATARA

Era fim de tarde. O dia tinha sido atribulado, cheio de compromissos e preparativos. Katara tinha passado todo o resto da manhã, após se encontrarem com os Sábios do Fogo, conversando e discutindo com o pai. Era verdade que ainda não tinha idade para se casar oficialmente, mas aquilo era de menor importância e facilmente contornável. De toda forma dentro de alguns meses faria os 16, a idade correta de se comprometer de acordo com sua cultura. Contudo, ali naquela nação, totalmente estranha à da Tribo da Água, isso não parecia ter relevância para ninguém. Além do mais, sua própria tribo já não seguia a tradição ao pé da letra a muito tempo, apesar de que na maioria das vezes as mulheres se casassem mais velhas e não mais novas como Katara estava prestes a fazer. A Nação do Fogo, parecia não ter uma regra sobre o assunto, e aquela conversa nem fazia sentido! Ela precisou lembrar muitas e muitas vezes ao pai. Aquele casamento era arranjado e nada de romântico iria acontecer. Urgt!! Só de pensar naqueles momentos... Tendo essa conversa com o pai, e ainda na presença de Aang, Zuko e Sokka... Era suficientemente constrangedor para sentir seu rosto voltar a ficar em chamas mesmo agora.

Logo após o almoço ela foi apresentada à duas senhoras gêmeas.

-Elas são... Bom... Vocês são o que mesmo? – Zuko questionou confuso, se voltando para as velhas ajoelhadas à frente.

– Babás dele... Governantas do palácio... Ex governantas do palácio. – Elas responderam juntas em uma confusão de sons. Katara olhou para Zuko, tentando entender, e as senhoras pareceram notar a hesitação dela e completaram com mais calma dessa vez.

- Fomos as babás dos príncipes...

-E mestras de fogo de Azula...

-Conselheiras Reais...

- E também as governantas do palácio...

-Isso até Azula nos ordenar duelar uma Agni Kai...

-Em um momento de...

-Estresse.

- E como não somos dominadoras de fogo...

-Ela nos expulsou. – Uma delas concluiu.

-Ei!! Mas como vocês poderiam ser Mestras de fogo, se não são dominadoras? – Sokka questionou curioso.

-Não se engane Sokka, elas podem ser bem duronas. – Zuko advertiu, e Katara não imaginou o quanto ele estava sendo verdadeiro naquelas palavras.

Foram elas quem Zuko incumbiu de organizar o evento do dia seguinte, após elas pedirem para voltar a trabalhar no palácio. E elas eram incansáveis! Katara logo foi incluída nas programações das velhas, e não conseguiu ter mais um segundo para respirar. Roupas, formalidades, nomes e títulos de convidados, tudo deveria estar impecavelmente pronto e ensaiado para o dia seguinte. E por um momento Katara julgou ter compreendido o porquê de Azula ter surtado. Mas ouvi-las poderia ser o jeito mais rápido de entender o que deveria fazer para ser aceita e naquele país. Ou seja, o jeito mais rápido de colocar um ponto final naquela história.

- Agora novamente.

-O chá é uma cerimônia muito importante e...

-Cada movimento deve ser preciso. – Ela já tinha servido chá suficiente para atender a demanda de um exército! Quando estava levantando novamente o bule, sem evitar um grande revirar de olhos, a porta se abriu.

-Katara? – Era Zuko – Você pode vir aqui um minuto?

-Algum problema? – Ela se levantou preocupada, será que mais alguma coisa poderia ter dado errado?

-Mais ou menos... Só precisamos de sua ajuda com uma coisa. – Zuko explicou, e se virou para Lo e Li. – Já a trago de volta.

-Ahh! Que bom que apareceu! Ou eu juro que a próxima xícara de chá ia ser servida na cara delas! – Ela comentou quando Zuko fechou aporta, e ele riu.

-Eu te disse, Azula gostava delas... Isso significa alguma coisa...

-Elas são... Terríveis! Mas ao mesmo tempo... Não sei, é quase como conversar com seu tio, só que menos legal! Beeemm menos legal! – Zuko sorriu em resposta, eles caminhavam por um corredor vazio. - Você acha mesmo que é seguro confiar nelas?

-Bem, eu acredito quando elas dizem que são mais fiéis a pátria do que ao seu governante... Isso pode ser muito bom, mas pode ser muito ruim, também... De toda forma elas serviram meu avô, depois o meu pai e por fim, Azula. Nem mesmo meu tio tem tanta experiencia com o palácio e a vida na corte quanto elas. Mas Katara, se você notar qualquer coisa suspeita... Se dirija imediatamente a mim. – Ela assentiu.

- E qual a questão que precisamos resolver agora?

-Bom, preciso de ajuda com Azula novamente... – Ele suspirou desanimado. – Aang e Toph foram buscar os suprimentos, e vão nos encontrar lá.

-Ah, claro. – Com aquela correria Katara tinha esquecido de que precisavam cuidar pessoalmente das necessidades de Azula, uma vez que ela ainda estava instável e perigosa.

-Já mandei um falcão pedindo para a instituição vir buscá-la, mas ainda tenho receio de não estar fazendo a coisa certa... Ela é minha irmã, e também a princesa do Fogo...

-Zuko, esse lugar pode ajudar ela? Se for por pura comodidade... Bem eu vou estar aqui e posso auxiliar com as visitas... Além do mais Sokka já estava esquematizando instalar "geladeiras" em algumas das celas...

-Não vou mentir dizendo que a decisão foi tomada sem pensar na conveniência, mas pelo que Mai disse, eles realmente têm tratamentos e acompanhamentos muito bons... – Ele fez uma pausa, e Katara entendeu que não era apenas isso... – Bom... Também seria bem complicado ter que lidar com ela todos os dias... Azula sabe como ferir as pessoas, e não digo apenas fisicamente.

-Bom é você quem deve decidir... Mas saiba que se precisar vou estar aqui. – Ele parecia cansado. - E, Zuko, acredito que o seu desgaste emocional deve ser levado em consideração. As coisas já não vão ser nada fáceis por si só...

-Obrigada, Katara.

Eles chegaram e logo se puseram apostos. Aang e Toph já estavam no local, e já havia começado a gelar a sala. Logo estava frio o suficiente para Toph dar seu consentimento para Zuko entrar, mas como o esperado, Azula, mesmo que parecesse mais lenta, estava acordada.

-Olá Zuzu. Ainda como príncipe? Onde está sua coroa? E onde está a Mai? Ela perdeu a coragem para vir me ver? – Deu para todos ouvir ela falando em um tom meio pastoso antes de Zuko pegar tudo que precisaria e fechar a porta.

 

ZUKO

 

Meramente dividir o cômodo com Azula, mesmo que por poucos minutos era frustrante. Era inacreditável seu potencial de percepção, mesmo naquele estado. E depois de um dia tão estressante, vê-la era a última coisa que desejava fazer. Katara podia ter razão, ele precisava considerar o próprio bem-estar também, afinal era algo que sempre vinha negligenciando desde muitos anos... Mas ela era sua responsabilidade, e sempre seria, mesmo se a mandasse para longe...

Sair da cela foi um alívio, mas ainda não era tudo o que precisava resolver. Chefe Hakoda o esperava na frente do palácio. Ele o tinha cercado o dia todo, e a cada momento ia lhe passando uma nova informação, fazendo novas advertências, ou pedindo que lhe prometesse mais algumas coisas... No entanto Zuko o compreendia e o escutava todas as vezes com a devida atenção, afinal era o mínimo... Dessa vez, porém, se tratava de assuntos mais palpáveis, se é assim que poderia se dizer.

- Está tudo pronto. Bato vai acompanhar a tripulação. A Kanna não subiria em um Navio da Nação do Fogo sem uma garantia... – Ele deixa o resto por falar, mas Zuko entendeu o que ele queria dizer. Se lembrava da última vez que tivera no Polo Sul... Aquela seria a memória que a avó de Katara teria dele... Como pudera se permitir fazer coisas tão horríveis?!

-Certo, tem a permissão para zarpar. Você conversou com o comandante? Em quanto tempo acha que farão a viajem?

-Nós conversamos, acredito que dentro de duas semanas, se tudo correr bem. Você confia nestes homens Zuko? Bato vai sozinho, e não posso arriscar a vida dele ou de Kanna...

-Sim, pedi para Toph os interrogar. Um a um. Eles foram os que passaram.

-Ótimo.

-Mais uma coisa, Zuko. – Hakoda tomou o tom incerto que tinha usado o dia todo, e Zuko sabia o que isso significava... - Bom... você levou em consideração o que te falei? Eu sei que o tempo é curto, mas... Ela merece tudo do melhor, sabe?

-Sim. Mas não tive muito tempo para me dedicar, acho que está muito longe de ser o melhor... – Ele tirou a peça do bolso interno das vestes para mostrar seu lamentável trabalho. Hakoda o pegou com cuidado e assentiu com um sorriso tristonho.

- Ela vai gostar. – Ele o devolveu. – Lhe dê ainda hoje se for possível. O certo é no mínimo meio ano antes da data, sabe? Para dar tempo aos noivos e aos parentes... Bem... Se conhecerem e se acostumarem uns com os outros... – Ele deixou a fala ir morrendo.

-Vou fazer isso. – Aquele trabalho ainda exigiria horas de Zuko, mas no meio de toda essa confusão era quase terapêutico. Estava lhe dando um tempo para pensar, e, como Chefe Hakoda disse, era um pequeno gesto que valia a pena para Katara; mesmo que se tratasse de algo puramente simbólico, e estivesse resultando em um trabalho tão pobre...

 

KATARA

 

Passava da meia noite. Finalmente tinha conseguido a permissão de Lo e Li para ir se recolher. Ao sair pela porta do salão de festas, onde estava tendo sua última lição do dia, Katara se deparou novamente com Zuko. Ele estava sentado, encostado na parede junto da porta, segurava algo entre as mãos. Parecia bem concentrado até ouvi-la saindo e guardá-lo rapidamente nas vestes.

- Oi.

- Oi. – Zuko respondeu se pondo em pé, e Katara achou que ele parecia um pouco sem graça.

-Está tudo bem?

-Bem, sim... Posso te acompanhar até o quarto?

-Sim... - Tá, aquilo era estranho... Eles caminharam em silêncio durante um tempo, mas lhe era bem obvio que Zuko precisava resolver alguma coisa com ela.

- Sabe, que pode falar o que precisar, não é? Já passamos por todas as estranhezas possíveis hoje, e não faz sentido você ficar embaraçado comigo a essa altura do campeonato... –Ela não conseguiu conter um grande revirar de olhos, aquilo era a mais pura verdade... Ele riu.

-É, você tem razão. Mas na verdade estou aqui para primeiro perguntar se, mesmo depois dessa amostra, – Ele diz apontando para o fundo do corredor onde ficava o salão de festas – Você realmente quer fazer isso? Ainda não é tarde para voltar atrás. Posso me virar com os Sábios... Mas depois de amanhã... Depois que nos colocarmos em compromisso na frente de toda a população, as coisas vão ser diferentes.

-Zuko, eu vim com você para ajudá-lo a assumir o trono, e só irei embora quando essa missão acabar. Bom, claro que não pensei que precisaria chegar nesse ponto... Mas ainda assim, pode contar comigo. – Ele abriu um meio sorriso em resposta.

-É estranho, teve um tempo em que eu sempre pensava em você como uma pessoa amável e sensível... – Ela lhe lançou um olhar julgador, e Zuko tentou se explicar rapidamente antes de continuar. - Não que você não seja, não me entenda mal... Mas, bem, o que eu quero dizer é que você é muito mais... Naquele dia em que saímos para encontrar os Atacantes do Sul, eu comecei a entender isso. Mas agora, quando tudo está mais confuso, e ninguém sabe muito o que fazer ou o que sentir... É você que consegue coordenar o grupo, não é? – Katara nunca tinha pensado por aquele ângulo antes, mas realmente houve vezes que ela tinha precisado tomar frente do Time Avatar... No deserto principalmente, quando Aang ficou daquele mesmo jeito, triste e nervoso...

-Eu apenas tento seguir em frente, e manter todos juntos... Se a gente se permitir parar e desistir, tudo estará perdido, isso é um fato. Mas se seguir em frente... Há alguma chance de chegar a um lugar melhor, não é mesmo?

-Às vezes você parece meu tio...

-Apesar de não o conhecer tão bem ainda, eu percebi o quanto ele é especial. Então vou tomar isso como um elogio. – Ela sorriu.

-Bom, tem mais uma coisa gostaria de...Hrum...- Ele limpou a garganta. Repentinamente, parecia ter ficado ainda mais sem jeito. - Lhe dar... Seu pai me disse hoje, dentre as inúmeras coisas... – Katara sentiu seu rosto esquentar um pouco.

-Desculpa por isso. – Ela o interrompeu. Seu pai deveria ter se mantido inconveniente com Zuko por mais tempo do que apenas naquela manhã...

-Não precisa se desculpar Katara. Seu pai é um bom homem... Um bom pai. Ele passou o dia todo preocupado com você. Acho que devo ter recebido ele no mínimo umas 12 vezes hoje... Sinto muito por essa Guerra ter separado sua família... Vocês deveriam ter sido muito felizes...

-Nós fomos felizes, e, do jeito que dá, ainda somos. Mesmo com o vazio que a mamãe deixou, e ele ter ido para a guerra... Ainda assim conseguimos ser uma família. – Katara tocou seu colar ao se lembrar de sua mãe.

-Queria eu poder dizer algo parecido. Tive minha mãe comigo por um tempo também, e aquela época ainda foi boa... Mas enfim, não é para falar sobre isso que estou aqui. Seu pai me contou sobre o costume da Tribo da Água. Que se usa entalhar um colar de... Noivado. – Ter este tipo de conversa com Zuko ainda era muito estranho, aonde ele queria chegar? Então ele parou no corredor, e ela se virou prestando atenção.

-Na tribo da Água do Norte é usual, mas na minha tribo já não é tão comum mais.

-Sim, ele me falou sobre isso também. E disse que você nunca deixaria de usar o colar da sua mãe... Mas acho que seria capaz de imaginar isso sozinho. – Mais e mais nervoso. Ela também começava a se sentir assim em resposta. - E a propósito, me desculpa por aquela vez em que eu... Você sabe... Usei o colar contra você...

-Águas passadas, Zuko. – Ele assentiu e continuou.

-Certo. Bom, mas Hakoda disse que como você treinou no Polo Norte devia ter aprendido algumas das culturas de lá, e que poderia desejar seguir as tradições de forma correta... Na verdade ele me pediu para fazer uma cerimônia ao estilo da Tribo e tudo mais... Mas o que eu quero te dizer é que... – Ele retirou algo das vestes, e Katara o reconheceu como o objeto que Zuko estava analisando no corredor quando se encontraram. – Eu esculpi isso para você usar no dedo ao invés de no pescoço. Se você quiser... Eu sei que o trabalho ficou péssimo... Eu nunca tinha feito isso antes... – Ele estava meio exasperado, e Katara, mesmo se sentindo nervosa naquela situação, achou a cena mais divertida do que surpreendente.

-Hahahaha Zuko! Me desculpa, mas por que todo esse drama? – Ela pegou a peça para analisar. Era um anel em um formato espiralado que dava duas voltas em torno de si. Uma das pontas ia se afinando, enquanto a outra se engrossava e parecia ter algum detalhe na extremidade. - É lindo!

- Não seja tão maternal... – Ele bufou.

-Hahaha... Você tinha que ver os resultados dos 'treinamentos' do Sokka! Uma vez ele fez um peixe que parecia, bem, eu não sei com que aquilo parecia... Mas se você tivesse visto iria acreditar em mim... É sério, está muito bom para a primeira vez esculpindo...

- Está cheio de pontas, vai ter que ter cuidado se decidir usar. – Era verdade, mas ela o pôs no dedo mesmo assim.

-Com o tempo as pontas tendem a ir se suavizando. Mas esse material... Não é osso de baleia, é? – Ela observava o tom acinzentado com veios negros.

-Não. Não temos o costume de pescar baleias aqui na Nação do Fogo, e como não estava achando preferi utilizar outro. Bom, na coleção do palácio temos ossos de dragões que meus antepassados caçaram... Talvez não seja tão romântico ou cultural, mas ainda assim é um material nobre e resistente...

-Obrigada Zuko. E se meu pai lhe perguntar pode dizer que eu fiquei muito feliz. – Zuko a observava, e ela sentiu uma súbita pontada de infelicidade. Ela percebeu que aquele momento parecia errado, tanto para ela, quanto para ele.

-Me desculpa por te colocar nessa situação, Katara. Sério. – Ele suspirou abatido.

-Não precisa se desculpar. Não foi sua culpa, e afinal estamos no mesmo barco... Quando Mai me procurou... Sinto muito por vocês terem se separado. Ela realmente me pareceu ser uma pessoa incrível!

-Sim, ela é.

Eles voltam a andar pelo corredor, voltando ao silêncio inicial por um tempo. Era inevitável pensar nas possibilidades que existiriam se não precisassem se casar... Talvez Aang esculpisse algo para ela algum dia também...

-Preciso perguntar uma última coisa. – Zuko rompeu o silencio. - Eu sei que vai parecer estranho, mas seu pai está realmente preocupado e ansioso... Ele quer que você tenha... Bem... Tudo o que tem direito, e está me dando algumas aulas de cerimônias tradicionais de casamento da Tribo da água...

-Ai não! – Katara nem poderia imaginar o que aquilo significava... Nunca havia ido em uma cerimonia que seguisse toda a tradição, mas já ouvira falar sobre...

-Não que eu ache ruim aprender e seguir sua cultura Katara, mas só gostaria de saber se é do seu agrado... Bem, é que algumas coisas, como a disposição hierárquica e as promessas ditas, me pareceram meio... Não sei... E não parece muito com você também.

-É, a cultura da Tribo da Água é bem diferente do que pude notar da Nação do Fogo... A do Sul não é tão ruim geralmente. Nunca houve um casamento 'padrão' na minha tribo desde que eu me lembre... Mas no Norte as coisas podem ser bem... desagradáveis pelo que percebi. Podemos seguir o casamento típico daqui. Acho que seria ruim aos olhos da população ver você deixando de lado os seus costumes tradicionais para seguir os da Tribo da Água. – Seria mais adequado, e ela não queria nem imaginar a cara de Lo e Li tendo que organizar um evento no estilo Tribo da Água.

-Você tem certeza...?

-Tenho sim. O anel já basta para mim. De toda forma eu não concordo com quase nada dos costumes do Norte. Ao menos uma coisa positiva veio dessa Guerra... Essas tipos de tradições serem mais ignoradas pela minha tribo... – Ela confessou.

-Como assim? Eu não entendo. Quando fala sobre estas diferenças...

- É que a Tribo da água do Sul era uma espécie de colônia de expansão do Norte. Sempre fomos menores, e de certa forma mais livres. Contudo obedecíamos e seguíamos as leis do Norte, e até hoje muitos de nós acreditam que a cultura nortenha é melhor e, de certa forma, superior. Só que com o início da Guerra as ligações foram cortadas, o governo não foi capaz de oferecer proteção ou qualquer ajuda aos colonos do Sul, e meu povo teve que se virar como pode. Com os constantes ataques da Nação do Fogo todos que eram capazes de dominar a água eram recrutados e treinados, homens ou mulheres. Entenda Zuko, no Norte as mulheres são proibidas de lutar, e aprendem apenas a arte da cura.

-Mas você treinou no Norte, não foi? – Ele franziu a sobrancelha, tentando acompanhar o raciocínio.

-Sim, mas foi uma exceção, e que foi bem difícil de ser conseguida... – Ela se lembrava daquela luta contra seu mestre... - No Sul, a vovó costumava contar que tinha muitas mulheres capazes e que uma até chegou a liderar uma tropa... Mas por fim perdemos todos os nossos dominadores de água do Sul e, com isso, a possibilidade de existir mestras...

-Mas agora tem você.

-É. Mas acho que eu posso ser a única mestra de dominação de água no mundo... – Era estranho pensar naquilo. - Você vê o quanto isso é triste? Eu viajei para todo lado com Aang, e conheci Toph, a Suki e as Guerreiras Kyoshi, conheci Mai e Ty Lee, e vi várias soldadas aqui na Nação do Fogo... Até mesmo Azula. Mulheres fortes e capazes... Mas nunca uma dominadora de água que tivesse a capacidade de se defender sozinha. – Uma pontada cortou seu peito. - Bem, na verdade conheci uma, do sul, e por um breve momento tive a esperança de finalmente aprender algo da minha tradição, mas ela era uma velha horrível que deixou se corromper pelo ódio e ressentimento... E encontrá-la apenas se mostrou mais doloroso... – Hama, de quem foi obrigada a aprender a dominação de sangue...

-Não sei se isso pode te animar, mas agora, passando a ser a Lady do Fogo, sabe que exercerá uma voz política mais forte, não sabe? Pode tentar usar isso para melhorar as coisas de alguma forma...

-É, talvez eu possa... – Katara ainda não tinha tomado consciência daquela oportunidade. - Tem tantas outras coisas horríveis... Ainda hoje, por causa de toda essa discussão, eu estava pensando sobre a obrigatoriedade do casamento aos 16, e da forma que são feitos, sempre em arranjos... É cruel e injusto. – Ela percebeu um olhar acanhado de Zuko. - Não me entenda mal, sei que estamos nos submetendo a uma versão disso. Mas nosso caso é diferente... É que para as mulheres lá no Norte...

-Entendo o que quer dizer...

-Mas enfim... Obrigada por se preocupar. Agora acho que devemos ir dormir, foi um longo dia, e amanhã tem tudo para ser ainda pior. – Eles haviam chegado na porta de seu quarto.

-Certo, boa noite. – Ele se despediu com uma pequena reverência.

-Boa noite. – Ela retribuiu o gesto - E... Muito obrigada. Eu realmente gostei do anel. 

 


Notas Finais


O aviso ainda fica de pé. Até o inicio do mês que vem corre o risco de eu dar umas sumidas, então não estranhem se acontecer.
Espero que tenham gostado, e até o próximo!


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