História Livros, Flores e Café - SuperCorp - Na dúvida, converse com a Alex

Kara estava na sala do apartamento de Alex, sentadas no sofá, as cortinas fechadas. Kara estava aconchegada nos braços da irmã e as duas estavam conversando há algum tempo. Elas estavam cobertas por uma manta leve e felpuda com TV ligada baixinho no noticiário local. O céu trazia indícios de que seria um dia frio, mas sem a chuva que tomara Nacional City nos últimos tempos. Kara ainda chorava assustada enquanto se permitia abraçar. Alex passa as mãos pelo braço da irmã mais nova em sinal de apoio. Era cedo, muito cedo e Kara estava devastada quando sentaram-se ali.

- E quando eu me lembrei do Mike, ele me deixou Al. Ele me traiu por tanto tempo, eu não quis ver os sinais. E naquela noite, quando ele me contou que estava indo embora porque Imra precisava dele agora que esperava um filho. Ele ia ser pai. Do filho de outra mulher. Isso acabou comigo. – confessa Kara, finalmente falando com a irmã sobre o que sentia – Eu fui naquele pub porque eu queria por uma única noite, só uma, beber até esquecer quem eu era ou o que aquele cretino fez comigo. Eu queria deixar de sentir, eu queria não sofrer por causa de toda a humilhação que ele me fez passar.

- Ei, por que não me disse? Eu teria ido com você – fala Alex, sentindo o peso que aquilo tivera na vida da irmã.

- Foi na época que você e Maggie estava começando e eu não queria atrapalhar. Você tinha pouco tempo e fazia o possível para passar ele com a sua namorada. Como eu poderia pedir isso? Alem do mais, eu não queria ter que explicar tudo naquele dia. Eu só queria esquecer – conta Kara, soluçando. A loira estava se despindo de todos os seus segredos naquele momento, perante sua melhor amiga, sua irmã. – E ai, eu ia beber, mas o gosto de whisky é horrível. Ele tem um sabor forte que se perde quando coloca gelo e fica insosso. Mas antes disso, ele entra e deixa tudo quente. Eu sentia meu nariz queimando, como se todo o fogo daquele negocio tentasse sair. Eu detestei. Não sei como você bebe aquilo. Mas ai ela sentou ao meu lado no balcão. Ela já devia estar ali há algum tempo. Estava bêbada. – explica Kara, olhando nos olhos da irmã, que ficou supresa.

- Era a Lena Luthor? – Questiona Alex, já sabendo a resposta só pelo olhar que recebia da irmã. Toda aquela intensidade.

- Era, ela começou a falar comigo. Contar a decepção que ela era para  a mãe. Contar sobre o cara que a queria só por dinheiro e status. Ela se abriu, tomando tanta tequila que eu não tive coragem de tomar mais nada. Eu pedi água e oferecia a ela. Ela riu e brincou comigo. E Alex, ela tem mãos macias. Ela tentou levantar, eu a aparei para ela não cair. Depois disso, ela vomitou muito e eu segurei seus cabelos para ela não sujá-los. Ajudei-a lavar seu rosto pálido. Eu cuidei tanto dela aquela noite. E ela acariciou meu rosto e lamentou ter vomitado e não poder me beijar. Eu nunca pensei que poderia sentir algo por uma mulher antes, mas parecia delicioso. Mas eu a parei. Falei que não podia, pois não ia me aproveitar dela. Se fosse pra isso acontecer, só quando ela estivesse sóbria. Ela riu e comentou que preferia ruivas. – conta Kara, dando uma leve risada. – Então consegui falar com o irmão dela, quando ela largou o celular desbloqueado no balcão. Ele prometeu vir busca-la, pois não tinha como ela ir embora sozinha e eu não sabia onde leva-la. Um cara tentou se aproveitar dela e eu a abracei e a mantive nos meus braços até que Lex chegasse. Eu a segurei e a confortei e naquela meia hora que ele levou para aparecer, eu vi a alma dela. Ela chorou tudo, a infância solitária, a decepção do pai, a raiva da madrasta. Os anos sem amor depois que a mãe morreu. Ela também cresceu em uma família adotiva, como eu, Alex. Eu me identifiquei. E eu vi a sorte que eu tinha de ter Eliza, de ter você. Ela não teve isso e nem o irmão era perfeito,  ele era frio e cuidava dela, mas era duro também. Ela tem a alma mais linda e pura que eu já vi. – conclui Kara chorando mais ainda.

- E depois que ele chegou? – Pergunta Alex, querendo chegar ao final da história.

- Ele pagou a fortuna que ela bebeu e a levou embora. – responde Kara – Eu só voltei a vê-la nos vídeos do YouTube quando ela criou o canal. E eu cai por ela. Eu lembrei daquela noite e da sua respiração no meu pescoço quando quase caiu e até hoje eu me pergunto o gosto daqueles lábios vermelhos de pecado.

- E você veio para casa depois que ela se foi, então e nem mesmo o telefone dela você conseguiu. – Completa Alex.

- Eu coloquei meu telefone em um guardanapo no bolso dela. Ela nunca me ligou, nem mesmo uma mensagem. E eu nunca voltei ao pub também. Naquele lugar eu resolvi que Mike não valia mais nenhuma lágrima. Que não choraria por mais homem algum – fala Kara, resoluta e determinada. – Mas eu não sabia que meu coração estava sendo tomado por Lena naquele dia, confessa Kara.

- Mas Kara, você já pensou que ela seguiu em frente? – Indaga Alex, sentindo o peso de tudo que a irmã estava finalmente lhe contando. Elas nunca conversaram sobre a partida de Mike abertamente, sobre o que Kara passara. A loira nunca quis explicar tudo à irmã mais velha, por medo. Ela não estava pronta para confessar como havia se apaixonado por Lena. Que sua aparente paixonite era algo a mais e antigo.

- Eu... – inicia Kara, mas a atenção delas é chamada para a TV que havia acabado de citar o nome de Lena.

“Então meus caros amigos, parece que Lena Luthor foi fisgada ontem à noite. Para quem esperava que a BookTuber mais popular de Nacional City fosse se render aos encantos de Jack Spheer no casamento do século, esta muito enganado. Segundo fontes, a foto em questão foi divulgada ainda de madrugada, no momento que Lena Luthor beija a misteriosa ruiva Linda Lee. O baile de mascaras da Romantics  era uma homenagem e uma celebração de sucesso a poetisa. O que todo mundo se pergunta é, desde quando esta rolando esse romance delas? A assessoria da Romantics disse que não vai se pronunciar sobre a vida de sua poetisa e disse que Lena Luthor estava lá como uma convidada pela parceria e pelos bons negócios. Robert não quis falar sobre a vida amorosa de sua queria poeta, mas todos sabemos quando tem paixão em um beijo e meus amigos, se esse não, então alguém encontre Afrodite para ela corrigir isso.”

Falando isso, o vídeo em que Linda beijava Lena ou Lena beija Linda, era impossível dizer, vai ao ar e Kara fica completamente vermelha com o que vê. Era romântico, mas sexy também. Alex olhava surpresa.

- Quem diria que ela seria mais que sorrisos gentis e fala pausada – tenta brincar Alex, sabendo que a irmã não esqueceria aquela cena tão cedo.

Alex ainda teve que chamar a atenção de Kara mais algumas vezes para que a loira desviasse seus olhos da tela, onde agora o ancora explicava que a nota que a assessoria de Lena soltara que dizia: “Lena é solteira e não gostaria de ter sua privacidade invadida em um momento tão intimo quanto este, por favor, pedimos educadamente que ela possa viver seu doce romance da forma que tivesse ser e sua privacidade e da poetisa sejam acima de tudo respeitadas.

Quando Kara se recuperou, notou o celular de Alex tocando, era o alarme avisando que precisava se arrumar para o encontro com Sam logo mais tarde.

Kara olhou para o celular de Alex e viu o nome de Sam lá. Ela sorriu gentil para a irmã.

Mais tarde conversariam sobre aquele pesadelo que a tirara da cama antes do sol nascer e a assustara tanto que ela havia corrido para a porta de Alex.

- Alex, esta na hora do seu encontro – fala Kara, limpando as lagrimas e sorrindo do rosto corado da irmã. – Acho que deve se arrumar e eu, ainda tenho que levar as flores e os cartões e montar aquela barraca – esclarece Kara.

- Mas...

- Foi só u pesadelo, Alex. Um pesadelo horrível, mas apenas isso. Vá se aprontar e aproveitar seu dia com Sam e sua enteada. – pede Kara, levantando e dando um beijo no rosto da irmã. – Falamos a noite, com muita pizza e cerveja – promete Kara, saindo do sofá e indo até a porta, deixando uma Alex frustrada para trás.

O celular tocou novamente, era Sam ligando perguntando que horas ela poderia passar. Alex sorriu e confirmou o horário com a castanha.

Continua...