1. Spirit Fanfics >
  2. Llorando por dentro. >
  3. Deixar tudo para trás.

História Llorando por dentro. - Deixar tudo para trás.


Escrita por: sientejc

Notas do Autor


Olá, amores. O capítulo de hoje está bem curtinho, porque na verdade, eu nem iria postar, mas não quis deixá-los na mão hahaha. Não posso deixar de agradecer pelos comentários tão maravilhosos que estão fazendo. De verdade, isso é muito incentivador. Espero que gostem do capítulo de hoje. Beijinhos.

Capítulo 7 - Deixar tudo para trás.


 

As lágrimas corriam por meu rosto enquanto eu devorava as frases que estavam escritas ali. Não acreditando no que estava lendo, li e reli varias vezes. Letícia estava realmente disposta a me reconquistar e dar o primeiro passo para o nosso amor. Ela estava disposta a lutar por mim, a lutar por nós.

Senti meu coração saltar de alegria, e ainda com o rosto tomado por lágrimas, sorri. Não lembrava a última vez em que me senti tão feliz, e para variar, o motivo desse motivo era Letícia Padilla Solis.

 

 

 

•••

 

 

Eu não conseguia me conter ou disfarçar minha alegria. Passei pela recepção assoviando, e ao entrar no elevador, sorri para Yasmin, cumprimentando-a. Cheguei ao hall, e como de costume, as meninas do quartel já estavam lá.

- Bom dia! – Disse sorrindo galanteador.

- Bom dia, Seu Fernando! – Responderam em uníssono.

- Martinha, eu já disse que você está muito mais magra? – Disse a pegando pela cintura, e segurando sua mão, estiquei seu braço.

- Não disse não, Seu Fernando. – Ela olhou para mim. – Mas nunca é tarde. – E olhando para o lado, ela seguiu na direção em que o nosso braço estava esticado.

As meninas do quartel riam, enquanto assistiam Marta e eu dando um show de tango. Eu e Marta ainda dançávamos, e inclinando meu corpo para frente, a fiz deitar em meus braços. Lentamente, Marta se levantou, e olhando para mim, gargalhamos juntos.

Todas do quartel aplaudiram enquanto riam, e eu e Marta apenas fazíamos reverencia, agradecendo os aplausos.

- Eu poderia dançar com cada uma de vocês. – Disse ajeitando meu terno. – Mas eu sou assistente da presidência. Sou um homem sério, respeitado e conservador. – Enumerei com os meus dedos. – Se quiserem, podem me convidar para uma noite de salsa.

- E o senhor sabe dançar salsa, Seu Fernando? – Lola perguntou.

- Se eu sei dançar salsa? – Fingi estar ofendido, colocando uma das mãos sobre o peito. – Minha querida Lola, eu sou professor de dança! – Coloquei uma das mãos na cintura, deixando um dos braços suspensos e colado ao meu tronco, e com a mão virada para o lado. – Mas eu sou muito modesto para sair por ai espalhando os meus dotes.

As meninas do quartel riram, e pegando Irminha pela cintura, dancei com ela abraçada a mim, dando um passo para frente e um para trás. Dançávamos e nos divertíamos, quando o elevador se abriu, e todos olharam para a mesma direção. Ela pareceu surpresa, mas saindo do elevador, colocou uma das mãos no rosto e sorriu.

- Não acredito que resolveram fazer uma festa, e não me convidaram. – Ela disse se aproximando.

- O Seu Fernando estava nos ensinando a dançar salsa, Lety. – Sara disse.

- É mesmo? – Ela olhou para mim, sorrindo.

Eu não pude evitar em entregar um dos meus sorrisos mais bobos para ela. Ela estava especialmente linda naquela manhã, e eu não me controlei em olhá-la da cabeça aos pés.

- Espero que algum dia, o senhor me ensine também. – Disse meio a um riso, me despertando do transe. – Bom dia, meninas! – Ela ainda sorria, enquanto caminhava em direção a sua sala.

- Bom dia, Lety! – Todas responderam juntas.

Eu acompanhei Lety com o olhar, sorrindo abobado, e só despertei  quando a porta da sala se fechou.

- Bom, meninas, foi um prazer dançar com vocês. – Passei uma das mãos no meu cabelo. – Mas agora eu preciso cumprir com as minhas obrigações de assistente da presidência.

- Continuamos depois, Seu Fernando. – Lola disse.

- Mas é claro! – Sorri. – Depois irei ensiná-las umas danças que aprendi no Brasil. Funk, forró e arrocha.

- Arrocha? – Paula Maria perguntou.

- Arrocha! Eu poderia ensiná-las agora mesmo.– Ajeitei meu terno.

- E é muito difícil? – Joana perguntou.

- É claro que isso exige muita técnica, mas com professor como eu, logo vocês aprendem. – Disse convencido. – Até logo, meninas. – Sorri, indo em direção à sala da presidência.

- Até, Seu Fernando. – Elas disseram em uníssono.

Abri a porta, e entrei, mas Lety parecia não perceber minha presença. Eu a olhava, escorado a porta, enquanto ela parecia concentrada em uns papeis que estavam em cima da mesa, mas algo parecia estar errado, e parecendo impaciente, ela ergueu a cabeça, notando enfim que eu estava ali.

- Seu Fernando! – Ela disse surpresa – Não sabia que estava aí

- Eu acabei de entrar, mas a senhora estava tão concentrada que eu não quis atrapalhar. – Coloquei as mãos no bolso, me aproximando. – Algum problema? – Parei ao lado da mesa, olhando o balanço que ela segurava.

- Esses números não batem, está vendo? – Ela apontou para o papel.

Inclinei meu corpo sobre a mesa, me aproximando do papel para que eu pudesse ver. Ela fez o mesmo, também tentando diagnosticar o problema.

- Achei! – Eu disse animado. – O problema está aqui, está vendo? – Apontei para o canto superior do papel, olhando para ela em seguida.

Ela olhou para o canto superior da folha, e em seguida olhou para mim, fazendo os nossos olhares se cruzarem. Ficamos em silencio por alguns segundos, mas em nenhum momento desviamos os nossos olhares.

- O problema está... A senhora... Esqueceu de acrescentar o valor do... – Suspirei, aproximando mais o meu rosto do seu. – O valor da contratação do equipamento extra.

- É... – Ela disse com o rosto praticamente colado ao meu. – Acho que... O senhor tem razão. – Disse com a respiração ofegante.

Nossos olhares ainda estavam presos um ao outro, e nossa respiração ficava cada vez mais pesada. Nossos rostos estavam próximos demais a ponto de compartilharmos da mesma respiração, e quando ela estava prestes a fechar os seus olhos, eu me afastei.

- É... – Limpei a garganta. – Melhor ir para a minha sala. – Me levantei

- É... claro. – Ela pareceu desapontada. – Obrigada!

- Por nada! – Sorri caminhando em direção a nossa sala, com o coração prestes a explodir.

Sentei pesadamente na cadeira, olhando em direção a sua mesa, com a porta fechada. A visão do rosto de Letícia tão próximo ao meu ainda estava presente, como se eu ainda vivenciasse aquele momento. E por mais que cada parte do meu corpo rogasse por seus beijos, eu me afastei. Ela ainda era uma mulher casada – infelizmente – e eu respeitava isso. Mas acima de tudo, respeitava o nosso amor.

Eu quero que eu e Letícia comecemos do zero, sem mentiras, traições e mal entendidos. O nosso amor não merece ser sujo ou errado. Eu quero que estejamos livres, e eu esperarei o tempo que for preciso para isso.

Ainda com o pensamento agarrado à Letícia, tentei me concentrar no trabalho. O fato de eu estar extremamente animado fez o tempo voar, e quando dei por mim, era horário de almoço, e como de costume, Omar e eu saímos para almoçarmos juntos.

- Eu disse, irmãozinho. – Ele disse sorrindo.

- Eu ainda não acredito, Omar. – Disse animado. – Ela realmente está disposta a tudo isso. Acredita que ela disse que vai pedir o divórcio do caranguejeiro?

Era impossível esconder minha alegria e felicidade. Saber que Letícia estava disposta a abrir mão de tudo por mim, fazia meu coração arder de alegria. Por tanto tempo eu acreditei que ela não me amava o suficiente, mas agora está mais do que claro que ela me ama tanto quanto antes, antes de tudo.

- Eu não estou tão surpreso. – Omar disse bebendo um pouco do seu suco.

-Como não, Omar? – O olhei perplexo.

- Por favor, Fernandinho. Você pode não saber porque passou dois anos fora, mas eu estive aqui o tempo todo, e eu posso afirmar que Letícia nunca pareceu amar o Aldo como demonstrava amar você. – Levou o garfo a sua boca, comendo um pouco de sua comida. – Ela aparentava estar bem, mas não plenamente feliz. Não como na época em que vocês estavam juntos. – Disse enquanto ainda mastigava.

Sorri inevitavelmente com as palavras de Omar. Não que eu estivesse feliz com o fato da Lety não ser plenamente feliz, mas pelo fato de que eu era quem faltava para completar sua felicidade. Saber que ela era mais feliz quando estava ao meu lado, me fez tocar o céu com os pés em terra.

- Eu me sinto exatamente igual, Omar. – Suspirei. – Durante todo esse tempo, eu nunca fui plenamente feliz. – Disse sincero.

Ele continuou me olhando, enquanto levava constantes garfadas até sua boca.

- Eu dormi com várias mulheres na tentativa de esquecer Letícia, mas nunca fui feliz. – Desviei meus olhos de Omar, olhando para um ponto fixo. – E eu sinto que enquanto ela não estiver em meus braços, eu nunca serei plenamente feliz.

- Eu sempre disse que aí tinha amor, Fernandinho. – Disse dando tapinhas em meus ombros.

- Não enche, Carvajal. – Disse meio a um riso.

 

 

 

•••

 

 

Abri a porta da sala, e ela estava completamente vazia. Letícia não estava lá. Espero que ela tenha ido almoçar, já que desde voltei, poucas vezes presenciei ela saindo para o horário de almoço.

Resolvi ir para a minha sala revisar os últimos detalhes para a reunião de entrega do comercial de roupa interior, mas um balancete em especial chamou a minha atenção.

- Droga! – Disse batendo contra a minha própria testa.

Havia me esquecido completamente de pegar na mão de Luigi a lista com todos os equipamentos para finalmente realizarmos o comercial da marca de refrigerantes, e por isso, o balanço estava com tantas lacunas.

Levantei-me, e saindo da sala segui em direção a sala de Luigi, mas ao passar pela sala de Carolina – que era a próxima a de Luigi – ouvi a voz de Letícia, e ela não parecia contente. A curiosidade falou mais alto que eu, e tudo piorou quando a ouvi mencionar meu nome, e olhando para os lados me certificando de que ninguém passava por ali, encostei meu rosto na porta, tentando ouvir a conversa.

- Ai, Carol. Estava tudo tão lindo! – Letícia disse. – O jardim estava impecável, assim como a mesa. – Deu um alto suspiro. – Aldo foi tão lindo comigo.

Senti meu sangue ferver ao ouvi-la falar daquela maneira, e inevitavelmente, me senti traído.

- Então você não pediu o divórcio? – Carolina perguntou.

- Carol, como eu pediria divórcio depois de tudo o que ele fez? – Letícia perguntou, e sua voz não negava que ela estava perplexa com a pergunta de Carol. – Ele fez um jantar romântico. Eu não podia fazer isso com ele.

- E você contou para o Fernando?

- Não... – Ela parecia desanimada. – Mas eu pretendo contar. Ele precisa saber o porquê eu não pedi o divórcio.

Sem mais suportar ouvir aquela conversa, saí completamente transtornado em direção a minha sala. Quase arrancando as dobradiças, abri a porta com brutalidade, e me sentando pesadamente na cadeira, suspirei alto. Algo queimava em meu peito, e involuntariamente senti meus olhos marejarem.

Um vazio tomou conta de mim, e eu me senti o maior idiota de todos. Como eu pude achar que Letícia seria capaz de divorciar do “senhor perfeição” para ficar comigo? Como eu pude cair na sua conversa, de que ela abriria mão de tudo para recomeçar nossa história? Letícia estava presa ao Aldo, e por mais que quisesse, não conseguiria se soltar jamais.

 

 

 

•••

 

 

Letícia

 

Eu não tive a menor animação para almoçar. Algo muito mais importante roubava meu apetite. Segui para a sala de Carolina, na intenção de contar tudo o que aconteceu. Eu precisava desabafar com alguém, e ninguém mais propicia que isso que a minha melhor amiga. Ela ouviu tudo atentamente, e olhava para um ponto fixo, como se estivesse assistindo a minha narração por uma tela. Ela estava inclinada sobre a sua mesa, sustentando o queixo em uma das mãos, e eu estava sentada na cadeira à sua frente.

Contei tudo o que havia acontecido na noite anterior. Desde a minha conversa com Fernando ao meu jantar com Aldo. Contei também sobre a manhã agradável que tive com Fernando. Contei da maneira que ele sorria, da maneira que ele parecia animado. Contei do nosso quase beijo, e da sensação que senti ao senti-lo tão perto.

- Ai, Carol, estava tudo tão lindo! – Disse desanimada. – O jardim estava impecável, assim como a mesa. – Suspirei pesadamente. – Aldo foi tão lindo comigo. – Encarei a mesa, deitando minha cabeça nela, logo depois.

- Então você não pediu o divórcio? – Carol perguntou.

- Carol, como eu pediria divórcio depois de tudo o que ele fez? – Perguntei perplexa, levantando minha cabeça. – Ele fez um jantar romântico. Eu não podia fazer isso com ele.

- E você contou para o Fernando?

- Não... – Disse me sentindo ainda pior. – Mas eu pretendo contar. Ele precisa saber o porquê eu não pedi o divórcio.

- Mas você vai pedir, não vai? – Carol perguntou, me olhando desconfiada.

- É claro que vou! – Respondi rapidamente. – Eu só não achei a situação adequada. Imagina como ele se sentiria se eu pedisse divórcio em um jantar romântico?

- É... Você tem razão. – Ela me olhou pensativa. – Mas você precisa fazer isso, Lety. Precisa pensar em você mesma, na sua felicidade.

Eu a olhei com pesar. Por mais que eu esteja louca para me divorciar e correr para os braços de Fernando, me doía o fato de que eu estava prestes a machucar alguém que significou muito para mim.

- Eu sei... – Suspirei. – Hoje mesmo eu vou conversar com o Aldo. Eu só preciso me preparar um pouco para isso.

- Conte comigo para o que precisar. – Esticou o braço, segurando minha mão. – Eu estou aqui para te apoiar, amiga.

- Eu sei, e te agradeço infinitamente. – Sorri, apertando sua mão.

Ela me devolveu o riso.

- Agora eu preciso realmente ir. – Disse olhando para o  eu relógio de pulso.

- E eu preciso conferir a lista de convidados para um evento que me convidaram para organizar. – Ela se levantou, se aproximando. – Estou atolada de trabalho!

- Oh, não! E eu aqui te atrapalhando e tomando seu tempo. – A olhei envergonhada.

- Pelo amor de Deus, Lety. Não diga bobagens. – Ela sorriu, tocando meus ombros. – Você é minha melhor amiga, nunca me atrapalharia. – Disse me acompanhando até a porta.

- Obrigada mais uma vez, Carol. – Sorri agradecida. – Eu não sei o que seria de mim sem você.

- Amigas são para isso.  – Ela sorriu divertida. – E, boa sorte com aquilo que conversamos.

- Eu vou precisar! – Sorri.

Ela gargalhou, e me cumprimentando com dois beijinhos em cada lado do rosto, fechou a porta da sala.

Segui o caminha da minha sala disposta a contar tudo para Fernando. É lógico que eu esperarei o final do expediente. Eu não sei que tipo de reação ele terá quando souber que não pedi o divórcio ontem, e mesmo sem saber como ele vai se portar diante disso, eu estou disposta a contar tudo. Não quero que haja segredo entre nós dois. Eu quero que tudo entre nós esteja sempre às claras. Não quero que nenhum mal-entendido interfira em nossas vidas.

Com muita lentidão, o tempo se alargou, e cada minuto parecia ter duzentos segundos. A cada instante eu desbloqueava meu celular, olhando para as horas que apareciam na tela, e assim que o relógio marcou o horário das sete horas, respirei fundo, e olhando para sua sala, o chamei.

- Seu Fernando, pode vir aqui, por favor. – Gritei para que ele pudesse me ouvir.

Demorou uns longos segundos e eu não obtive resposta. Cheguei a achar que a sala estava vazia, quando o vi sair com uma feição não muito animada. Ótimo, Fernando facilitaria tudo com aquela cara amarrada.

- Podemos conversar? – Perguntei tensa, o olhando.

Ele não respondeu, apenas me olhou com a mesma feição de antes. Definitivamente, seria mais difícil do que eu esperava.

- Pode se sentar, por favor? – Apontei para a cadeira.

- Eu estou muito bem assim. Obrigado! – Respondeu com certa rispidez em sua voz.

O que deu nele? Há horas atrás estava dançando com as meninas do quartel, esbanjando animo e rasgando dinheiro, e agora mal olhava para mim. Não existia nada pior do que alguém simplesmente mudar com você, sem te dar o direito de saber o que você fez de errado.

Resolvi não insistir muito, e respirando fundo, criei coragem... Ou pensei que havia criado.

- Seu Fernando, ontem à noite eu saí daqui decidida a romper com o Aldo. Eu saí daqui certa de me tornar livre para o senhor. – Suspirei. – Mas eu não pude.

Ele continuou me olhando, com uma feição ainda pior que antes. Ele parecia me reprovar com o olhar, como se o que eu tivesse feito fosse a pior coisa do mundo.

- Quando eu cheguei em casa, ontem à noite, eu fui recebida com um jantar a luz de velas. É claro, eu não esperava por isso, mas...

- Mas então a senhora se arrependeu de tentar reviver o nosso amor graças à um jantar romântico. – Me interrompeu.

- Não, é claro que não! – Disse rapidamente. – Eu só achei que um jantar romântico não era um ambiente apropriado para se pedir alguém em divórcio. – Respondi impaciente. – Eu não desisti de reviver o nosso amor.

Por Deus! De onde Fernando havia tirado essa ideia?  Eu me arrependi do dia em que escolhi para pedir, mas em nenhum momento eu me senti em dúvida de tomar essa decisão.

- Seu Fernando, eu preciso que entenda que embora eu o ame, o Aldo também significa muito para mim, e eu não quero que terminemos de uma maneira triste.

- Claro, já era de se imaginar que a senhora ia querer manter o pasteleiro por perto. – Ele riu irônico. – Afinal de contas, se dermos errado, a senhora tem uma segunda opção, não é?

- O senhor está me ofendendo! – Disparei. – Eu não quero uma segunda opção, porque eu estou convicta da decisão que tomei, e eu quero que o senhor esteja tão convicto quanto eu.

- Não é tão fácil assim estar tão convicto, depois de tudo o que aconteceu. – Me olhou magoado.

Senti a força de uma enxurrada me arrastar para bem longe, me deixando completamente desestabilizada. Senti um mar de lágrimas se formarem em meus olhos. Suas palavras se repetiam em minha mente, ficando cada vez mais alta, a ponto da minha cabeça pesar.

Eu sei que errei com o Fernando, e tenho plena consciência de que o magoei um dia, mas se estávamos mesmo dispostos a nos dar uma segunda chance, precisávamos deixar o passado para trás.

- Seu Fernando, eu estou certa de que quero estar com o senhor pelo resto da minha vida, mas e o senhor? O senhor está realmente disposto a estar comigo? – Perguntei sincera. – Porque se realmente quiser, terá que deixar o passado, o medo e a insegurança pra trás. – Peguei minha bolsa, ajeitado-a em meu ombro. – Com licença.

Ainda com os olhos marejados e de cabeça baixa, passei por ele, o deixando sozinho naquela sala. Suas palavras ainda queimavam como brasa em minha cabeça, e eu precisava esfriá-la. Precisava me acalmar. Precisava ter forças para lutar sozinha pelo nosso amor, porque eu percebi que Fernando ainda está muito ferido para lutar comigo.

 

 

•••

 

Fernando.

 

- Você acredita, Omar? – Disse irritado. – Ela desistiu de pedir o divórcio por causa de um jantarzinho romântico.

Estava com Omar, no nosso bar preferido, sentados nos bancos do balcão. É claro que como meu melhor amigo, eu saí de lá louco para contar tudo à ele. Mesmo que Omar não fosse a melhor pessoa do mundo com conselhos, eu me sentia mais leve quando desabafava com ele.

- Ela não desistiu, maninho. – Ele chamou a atenção do garçom. – Ela apenas adiou. – Olhou para o garçom. – Uma cerveja, por favor.

- E não dá no mesmo, Carvajal? – O olhei nervoso. – Para mim, é a mesma coisa.

- Mas não é, Fernandinho. Desistir é se arrepender de alguma coisa, é não continuar ou não prosseguir com a realização de algo ou de alguma coisa em específico. Já adiar é Fazer a transferência de alguma coisa para um outro momento, mas não significa que deixará de fazer. – Ele sorriu, ajeitando-se ao banco. – A Letícia apenas está esperando um momento propício, irmãozinho.

O olhei, virando o copo de uísque de uma só vez na minha boca.

- Você precisa se pôr no lugar dela, irmão. – Enquanto falava, o garçom se aproximou, lhe entregando uma cerveja. – Obrigado! – Disse para o garçom.

- Omar, você pode esquecer essa maldita cerveja, e prestar atenção no seu amigo? – Perguntei entre os dentes.

- Calma, meu querido ex presidente. – Ele sorriu, bebendo um pouco da sua cerveja. – Tudo o que eu tenho a dizer é que você precisa se pôr no lugar dela.

O olhei pensativo.

- Quantas vezes você disse para ela que romperia seu noivado com a Márcia, mas desistiu? – Apontou o dedo para mim. – Você já fez isso muitas vezes, irmão. Alguma por minha causa, e eu não me orgulho disso, mas você fez. – Bebeu mais um gole de cerveja. – Imagina como ela se sentiu quando você a levou para aquele fim de semana na serra, dizendo que quando voltasse terminaria tudo com a Márcia, mas você continuou com o noivado?

Eu suspirei pesadamente, sabendo que Omar tinha razão em tudo o que ele disse. Eu não sei onde e como Omar aprendeu a dar conselhos, mas seja lá com quem ele tenha aprendido, eu agradeço bastante.

- É, você tem razão. – Disse o olhando.

- É claro que eu tenho, Fernandinho. – Ele sorriu convencido.

- Por favor, não exagere. – O olhei com desdém.

Omar riu, e eu me deixei levar. Depois daquela conversa, me senti completamente mais leve, embora tenha saído com um peso na consciência enorme. As palavras que eu disse para Letícia foram muito duras, e ela tinha razão. Se eu realmente quero recomeçar, eu preciso deixar o passado para trás, e planejar o meu futuro com Letícia, com a mulher que eu amo.

 


Notas Finais


E então?


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...