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História Lobo em pele de cordeiro - Já me declaro uma perdedora


Escrita por: dokken

Notas do Autor


Olá, jovens, como estão?

Bem, não tenho muito o que dizer hoje, então fiquem logo com o capítulo!

Capítulo 4 - Já me declaro uma perdedora


“Benefit Village a 500 metros”

Leio a placa e imediatamente meu coração acelera. Jimin não estava me levando para a casa de minha mãe, mas sim para nosso apartamento. Eu queria dizer que aquele não era o caminho certo, porém as palavras morrem quando olho para sua expressão. Ele estava serio, muito sério e as suas mãos seguravam o volante com uma força maior que a necessária. Eu queria quebrar o clima estranho, mas não conseguia pensar em nada que pudesse amenizar a situação. 

Paramos em um sinal vermelho e Jimin solta as mãos do volante e as repousa em suas pernas. Agora de perto percebo que na verdade ele usava uma calça de couro preta apertada. Ele tinha um estilo variado, porém quando ele se vestia daquele jeito, me causava sensações um tanto questionadoras. Desvio o olhar quando ele me encara franzindo a testa.

— O que foi? — Pergunta dando partida no carro quando o sinal fica verde.

— Nada, é só que...— Sorrio sem graça. — Eu estou ficando em Holmes Ville por esses dias.

— Eu sei.

Era óbvio que ele sabia, Allie deveria ter lhe contado. Franzo o cenho sem entender. Claro que teria como ir para a casa de minha mãe passando por Benefit Village, mas era o caminho mais longo, ninguém em sã consciência faria esse trajeto, a não ser que fosse muito necessário.

— Acredito que na casa da sua mãe não daria para conversarmos adequadamente, então estou te levando para o nosso apartamento. — Diz como se lesse meus pensamentos.

— Mas porque precisamos conversar?

— Porque eu preciso entender algumas coisas. 

— Que coisas?

Ele não responde e isso me deixa aflita. Em todo esses meses, dialogar não foi uma coisa que fizemos muito um com o outro, sempre nos tratamos cordialmente, de vez em quando trocando algumas palavras, perguntando sobre o tempo, como que ia a família e nada mais. 

Não era o fim do mundo gostar de alguém, eu sabia disso, mas o meu medo era ser rejeitada ou abandonada. Eu tinha pavor em só de pensar. 

Lembro que, desde pequena, isso me afetou, mas com o tempo eu fui conseguindo lidar aos poucos, mas não o suficiente. Minha mãe sempre me dizia que eu tinha que dar chances às pessoas, e que eu pensar que todas elas agiriam como o meu pai era muito errado e injusto, comigo e com os outros. Não era como se eu não soubesse disso, eu só não conseguia levar para a prática. 

Meus pensamentos são dissipados quando sinto o carro parando lentamente. Já tínhamos chegado e agora Jimin estacionava o sedã preto no estacionamento do prédio em que morávamos. Sinto um misto de sentimentos, aflição e curiosidade em mais evidência. Por algum motivo eu achava que a pauta do “sei que você me flagrou num momento íntimo” viria à tona novamente e eu não estava nem um pouco afim de esclarecer minhas atitudes quanto a isso. 

Saímos do carro em silêncio, indo em direção ao elevador. Geralmente eu optava pelas escadas, pois morávamos no segundo andar, mas resolvi acompanhar o moreno e não protestar. Assim que entramos, ele digita alguma coisa em seu celular e depois dá um mínimo sorriso, me fazendo questionar com quem ele poderia estar conversando? Seria com Paige? 

Ele guarda seu celular e me encara confuso. Caminha na minha direção e eu, em resposta, dou um passo para trás, tentando adivinhar o que ele iria fazer. Ele levanta seu braço e me encara com um leve sorriso no rosto, eu coro instantaneamente. Por que meu corpo sempre tinha que corresponder tão bem a ele? Mas que inferno!

— Aria? — Ele franze o cenho e percebo que ele segura um sorriso — É preciso apertar o número do nosso andar, se não o elevador não funciona.

Meu cérebro assimila o que ele acabara de dizer e rapidamente dou um passo para o lado. Ele aperta o botão do segundo andar e volta para onde estava. Sei que seus olhos estão me encarando e posso até adivinhar que ele esteja sorrindo. Jimin, na maior parte do tempo era sempre muito gozador, tinha sempre uma piada pronta e uma resposta na ponta da língua pra tudo, então eu aposto que ele podia estar se divertindo um pouco com minhas reações, dado o fato que elas eram muito claras e qualquer um conseguiria perceber, o que me deixa bastante irritada.

Atravessamos o corredor e depois de Jimin destrancar a porta, adentramos ao nosso apartamento. Olho em volta e constato que tudo ainda estava da mesma forma, afinal eu só tinha ficado duas semanas fora. Jogo minha bolsa em cima do sofá e depois acompanho com o olhar os movimentos do moreno. 

Nosso apartamento não era muito grande. Assim que entrávamos, tínhamos a visão da sala e da cozinha, apenas separadas por uma parede pela metade, dando uma visão parcial do cômodo onde fazíamos nossas refeições. Era uma sala espaçosa, dando lugar a um sofá, uma poltrona velha e uma estante que continha uma TV pequena, alguns livros e porta-retratos. Atrás da poltrona podíamos ter acesso à pequena varanda que nos dava a visão de quase toda Benefit Village. No meio havia um corredor que levava para dois quartos e um banheiro. Não era tão grande, mas era muito confortável e supria nossas necessidades.

— Você comeu alguma coisa? — Sou despertada dos meus pensamentos com sua pergunta.

— Não, mas não estou com fome, obrigada. — Sorrio e desvio meu olhar para a varanda.

Escuto seus passos e depois a geladeira sendo aberta, em seguida posso ouvir um líquido sendo despejado em um copo, me fazendo voltar a olhá-lo com curiosidade. Ele bebe o líquido claro que suponho ser água e me encara. Fico sem jeito com seu olhar, mas me obrigo a não desviar. Em seguida me dá as costas para guardar o recipiente com água de volta na geladeira. 

— Sabe, Aria, eu sempre fui uma pessoa muito transparente, que não gosta de rodeios e que sempre busca ser direto. — Ele começa e cruza os braços. — E me incomoda muito quando as outras pessoas não agem da mesma forma comigo.

Escuto suas palavras e não ouso discordar. Ele de fato era como descrevia, passei muito tempo observando-o. Eu o acompanho com o olhar até ele estar em minha frente, então  sinto a ansiedade crescer dentro do peito. Independente do que ele falaria dali em diante, eu não me sentia nada pronta.

— Na minha cabeça eu pensei que poderíamos ser amigos — ele sorri, mas não é um sorriso de felicidade. — Mas acho que você não pensa do mesmo jeito, não é? 

— Como assim?

— Eu não sou idiota. Desde que eu pisei nesse apartamento, você passou a me ignorar como se eu fosse seu inimigo, sem se importar se isso me incomodaria ou não. Cheguei a perguntar a Allie o que poderia estar acontecendo, mas ela só me dizia que era o seu jeito e que você não sabia fazer amigos. Eu entendo que você é reservada, mas a minha cabeça virou um nó, porque depois de tudo que conversamos, depois de tudo que confidenciamos um ao outro naquela noite, eu pensava que teríamos, pelo menos, uma relação saudável, então eu tentei buscar na mente o porquê das suas atitudes em relação à mim, ou melhor, a falta delas, como se não gostasse da minha presença. Não sou do tipo que corre atrás, sei quando estou sendo rejeitado e respeito, mas porra, moramos no mesmo apartamento! 

Solto a respiração com força quando percebo que eu estava a prendendo desde que ele começara a falar. É inevitável pensar que, depois de tanto tempo, tinha sido a primeira vez que ele me direcionava tantas palavras ao mesmo tempo. O brilho nos seus olhos estava diferente, como se esperasse que eu contasse tudo o que ele aparentemente achava que eu sentia. Eu não ia abrir meu coração para ele, mesmo que ele parecesse um pouco chateado, então eu tentei soar o mais firme possível. 

— Allie não mentiu, eu realmente não me dou bem com novas amizades e a faculdade me consome muito, como eu já tinha explicado,  então não me sobra tempo para nada disso. — Fico séria de repente. 

— Certo, então a sua explicação por não termos um contato decente em todos esses meses, mesmo morando no mesmo apartamento, foi porque você apenas não soube socializar? — Ele pergunta incrédulo. 

— Exatamente, o que mais seria? — Tento parecer o mais honesta possível e sua expressão muda drasticamente.

Ele me encara por mais alguns segundos e depois ri debochadamente, fazendo eu me sentir desconfortável e um pouco culpada por estar mentindo mais uma vez. Vejo ele se virar e andar até o corredor, imagino que em direção ao seu quarto e eu fico confusa, pois dada a sua expressão de antes, pensava que ele insistiria mais. Eu não me sentia aliviada por ele tocar nesse assunto, dado como eu ficava quando pensava nos meus sentimentos por ele, e pensando agora, preferia mil vezes discutir sobre o flagrar em um momento íntimo.  

 — Só isso? — Ouço a minha voz perguntar e eu fecho os olhos por um momento por agir tão impulsivamente. Perco um pouco o raciocínio quando ele volta a me encarar. 

— Se vai continuar mentindo, então não vejo motivo para continuar essa conversa. Você pode achar que não, mas eu te observo, Aria, sei que pode ser tímida, mas socializar não é realmente um grande problema, não é? Parece que isso é uma regra reservada apenas para mim. — Ele ri fraco. — Se quiser continuar fugindo e mentindo, é um direito seu, do contrário, sabe onde me encontrar. E não precisa ficar com medo, eu não sou um inimigo e não mordo. 

Assim ele volta a caminhar em direção ao seu quarto me deixando completamente atônita. Tento processar os últimos dez minutos e concluo que Park Jimin, oficialmente, iria me matar do coração algum dia, porque ele parecia exatamente saber o motivo de eu evitá-lo tanto, e por isso resolvia me provocar com frases totalmente erradas e sorrisos arrogantes. Em minutos ele passou de chateado para um predador que tenta encurralar a sua presa. Me arrepio só de lembrar do olhar que ele me direcionou quando eu o flagrei naquela infeliz noite, e me dei conta que não era apenas eu a mentir naquela situação, pois não ser meu inimigo eu sabia que ele não era, mas que ele não mordia? Era a mentira mais errada que já ouvira. Mesmo que eu nunca tivesse provado, bastou apenas um olhar para eu entender que Jimin poderia ser mais intenso do que eu imaginara e que se você não fugisse, ele te alcançaria e morderia sim sem pensar duas vezes. Um lobo em pele de cordeiro, minha mente diz e eu fecho os olhos em total desespero. 

Eu estava completamente confusa. Tudo o que meu cérebro fazia era me lembrar que nesse jogo eu não teria chances, e que eu precisava urgentemente me afastar ainda mais. 

Deus, se isso for um teste, eu já me declaro uma perdedora!

 


Notas Finais


Entãooo, será que o Jimin sabe o que a Aria está? Eu tenho minhas dúvidas hehe

Enfim, espero que estejam gostando.

Se cuidem, vejo vocês na próxima quarta <3


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