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História Lola - Conhecida


Escrita por: BELLACUPAKE13

Capítulo 3 - Conhecida


Fanfic / Fanfiction Lola - Conhecida

-Louis?! – perguntei assustada e confusa, porque minha visão embaçada com as lágrimas me impedia de ver qualquer coisa com total clareza.

-LOLA! – ele se ajoelhou na minha frente e pegou meu rosto nas mãos. – Quer me matar do coração?!

Me desvencilhei de seus braços pela segunda vez naquele dia e sequei as bochechas com raiva, o que provavelmente havia deixado um borrão avermelhado.

Não gostava de chorar e detestava mais ainda o fato de ter alguém olhando meus momentos de fraqueza. Era como se eu fosse um nervo exposto, e ninguém gosta de se sentir vulnerável; ainda mais na frente do cara que provavelmente me zoaria até a morte por aquele chilique. Se bem que naquele momento eu nem estava preocupada com o fato de virar a chorona da escola, só sabia que precisava sair dali e achar umas respostas e bem rápido.

Quando meu pequeno momento de devaneios em meu mundo paralelo acabou, percebi que Louis falava comigo.

Pisquei algumas vezes e olhei-o no que pareciam ser dois olhos ao perguntar:

-Ahn?

-Posso tentar entender o que aconteceu?

-Não é da sua conta.

-Acho que é sim, porque se eu não tivesse pedido desculpas pra treinadora por você...

-CALA A BOCA! NINGUÉM QUER SABER DOS SEUS HEROÍSMOS, LOUIS!

-Olha, eu nem sei porque fiz isso por você, sabia? Porque você não merece ajuda.

-EU PEDI AJUDA?! – antes que ele continuasse, respondi gesticulando – NÃO! ENTÃO VAI EMBORA E ME DEIXA EM PAZ!

-Custa tentar me explicar o que fez você ficar assim?

Eu sentia que ia explodir e, como se por impulso, coloquei as duas mãos sobre os olhos e tentei respirar. Mas acabou dando tudo errado e eu voltei a soluçar compulsivamente.

E o inesperado aconteceu. Senti dois braços envolvendo meu corpo em um abraço bem aconchegante e um ombro amigo disponível. E foi assim que eu passei um pequeno infinito de tempo chorando abraçada com Louis Tomlinson.

Durante meus constantes ataques súbitos de soluços e lágrimas, Louis apenas se dava ao trabalho de adaptar os braços ao meu corpo, de forma que eu ficasse o mais confortável possível; sem falar nada e nem fazer objeções à quantidade de água derramada em sua camiseta, ou ao quão suada eu estava. Ele só se mexeu por um instante para fazer algum sinal pra alguém que entrou na sala e imediatamente saiu.

Quando não tinha mais o que ser colocado pra fora, me afastei devagar ainda fungando e Louis secou a última lágrima como polegar.

-Tudo bem? – ele perguntou com olhos receptivos. Espero que você entenda o que são olhos receptivos.

Bem, bem, não tava e nem ficaria muito cedo, mas estava melhor e graças a ele; então assenti envergonhada por tudo aquilo.

A diretora abriu a porta e colocou a cabeça um pouco pra dentro, como se pedindo permissão pra entrar. Louis fez um sinal de cabeça autorizando, tipo QUÊ?! ​

E então eu dei por mim. Eu precisava sair dali naquele momento. Tipo imediatamente.

-Louis!

-Que?! – ele virou pra mim feito a menina do exorcista.

-Eu preciso ir pra casa!

-Mas a detenção termina daqui a duas horas!

Não, não, não. Não pode ser.

-Não tem como você ligar pra alguém? Fazer alguma coisa? – implorei.

Louis colocou a mão no bolso e sentiu muito por não estar com o celular. Fiz o mesmo e também lembrei que havia esquecido o celular no campo.

-Espera aqui, vou dar um jeito. – ele disse e, assim que colocou o pé pra fora da sala, a diretora o impediu com uma mão segurando seu braço, fazendo-o voltar de cabeça baixa.

Estávamos sentados lado a lado, eu com o olhar nas mãos enquanto tentava pensar em qualquer coisa que não fosse no Afonso; mas sentia o olhar de Louis em mim.

-Lola? – a voz dele estava tão baixa que era quase um sussurro.

Virei-me.

-Quem fez isso com você não foi alguém que eu conheço, foi?

Quando eu arqueei as sobrancelhas, Louis entendeu que eu estava confusa com o porquê da pergunta e se explicou:

-Porque se for, eu juro que essa pessoa não vai mais andar com as próprias pernas.

Ri pelo nariz ainda sem fazer contato visual.

-Não foi, não. Mas...

-Sim...? – recebi seu olhar amistoso.

Olhei pra ele.

-Por que você tá fazendo isso por mim?

Louis deu de ombros antes de admitir:

-Porque você faria isso por mim também.

Calculei meu caráter quando ele disse aquilo.

Eu faria por ele?

-Então... Agora será que a senhorita pode dizer o que lhe aflige?

-É uma longa história. – "não quero te falar".

-Nós temos duas horas.

-Pode conversar na detenção? - não que eu me importasse com as regras do planeta, só que realmente não queria falar e nem dar um fora nele.

-Poder, não pode. – Louis gesticulou – Mas a diretora é directioner. Então pode.

Respirei fundo e em dez minutos e muito choro contido ele ficou sabendo da história toda.

-E você não pensou em acreditar que talvez seu pai tenha sido enganado pelo amigo?

Olhei bem no fundo dos olhos azuis daquele homem.

-Se você conhecesse meu pai não falaria isso. Ele é mesquinho, ele trata as pessoas como se fossem inferiores só porque ele é um desembargador, o "dono da lei" – fiz aspas com as mãos – o justiceiro, o rei do povo.

E dai o assunto acabou e a preocupação voltou. E ainda faltavam 150 minutos.

-Então Lola... Posso saber como que você está no último ano tendo 15 anos?

-É 16, Louis.

E foi assim que ele fez o tempo passar mais rápido, falando sobre sua família, sobre como era apaixonado pelo Harry, sobre a fissura do Zayn por cabelos e do Niall por comida, do jeito como o Liam acordava gritando quando sonhava com colheres, perguntou meio milhão de coisas sobre mim e eu respondi grande parte delas até rindo.

Por isso, quando a diretora abriu a porta para avisar que a detenção havia chegado ao fim, me surpreendi. Porém não sabia se estava psicologicamente preparada pra ir pra casa, discutir com meu pai, chorar mais, gritar, magoar minha mãe. Pensando bem, será que minha mãe não sabia dessa história? Não, não, ela não.

Pegamos nossos celulares no campo, a secretária assinou nosso bilhete de detenção e às seis horas em ponto estávamos na frente da minha casa, no carro de Louis.

-Preparada? – ele perguntou e riu com meu sincero "não" de resposta.

Eu não queria sair daquele carro. Eu não queria parar de rir das piadas de cenoura do Louis e muito menos voltar à realidade de ter uma família problemática e um amigo com problema de saúde abandonado do outro lado do oceano.

-Sabe Lola – o cara sentado desajeitado no banco do motorista me tirou de meus devaneios pela enésima vez naquele dia – Eu estava aqui pensando né.

-Lá vem.

Ele revirou os olhos dramaticamente. Pensei que fosse só eu que revirasse os olhos.

-Você disse que sua preocupação maior é com o estado de saúde do Alfredo.

-Afonso.

-Isso, isso, você entendeu. E pra estar com a saúde boa ele precisa tomar remédio, certo?

-Onde você quer chegar? – perguntei torcendo pra ele não oferecer aquilo.

-Eu só estava pensando que eu posso mandar dinheiro pro Brasil. – eu ia fazer uma objeção, mas fui interrompida – É sério Lola, eu vivo fazendo doações, dessa vez só ia ser pra alguém específico.

Dava pra perceber que, por incrível que pareça, o cara mais metido do planeta não estava querendo esfregar na cara de ninguém que era rico, ele estava realmente tentando ser legal.

-Louis, você sabe que eu não posso aceitar, não sabe?

-Por que não? – ele gesticulou. – Pode ter certeza que não vai me fazer falta. Só até ele conseguir um emprego.

-Mas eu sou orgulhosa demais pra isso!

Louis olhou pra frente e riu.

-Tudo bem então, orgulhosa. Boa sorte. Qualquer coisa liga.

E me deu um abraço que eu completei com um beijo em sua bochecha. E dai eu lembrei que isso é mania de brasileiro, e pra disfarçar a tensão causada pelo "por-que-diabos-você-beijou-minha-bochecha", disse-lhe o mais sincero "Obrigada" que eu já havia dito a alguém.

Ele piscou e me deu a brecha pra sair do carro.

Respirei fundo antes de virar a chave só pra ver uma casa toda apagada.

-Filha?

Olhei pra ponta da escada onde minha mãe estava com um sorriso de orelha a orelha.

-Oi meu bem! Como foi o treino?

Subi as escadas e abracei-a de súbito, chorando.

-Eei, o que aconteceu?

Com a consciência de que não conseguiria explicar outra vez aquela história, peguei meu celular e mostrei a mensagem e por mais inacreditável que pareça, a reação da minha mãe foi pior do que a minha.

Ela chorou e gritou como eu nunca tinha visto antes, me prometendo que ia tirar aquela história a limpo assim que meu pai chegasse do fórum. Não sei exatamente quanto tempo passou só sei dizer que ela chorou e gritou como eu nunca tinha visto antes, de forma que eu desci as escadas correndo atrás de uma água com açúcar.

-Eu j-juro que vou tirar essa hist-toria a limpo, minha filha. – ela me prometeu entre soluços e eu continuei pedindo pra ela respirar com calma e se acalmar.

-Voltei!

Não, ele agora não.

Olhei rápido pra porta e, por sorte, era Laura com umas sacolas de papel, porém antes que ela pudesse perguntar o que havia acontecido meu celular vibrou no meu bolso.

Era Harry.

Desliguei a ligação e voltei a ficar de joelhos com as mãos da minha mãe nas minhas, ao lado de minha amiga que não entendia nada daquilo.

Fiz um movimento de cabeça rápido pra ela do tipo "não-pergunta-agora-não".

Quando o celular tocou pela quarta vez, Laura o pegou no meu bolso e só faltou gritar pra eu atende-lo de uma vez por todas.

-Espero que seja importante. – disse, seca.

-Lola, eu sei que você deve estar mal com tudo isso que aconteceu – Harry começou com o sotaque e lerdeza característicos – e se o Louis saber que eu liguei eu acho que ele me expulsa da banda...

-Então quer dizer – o interrompi – que eu já virei o assunto da vez?

-Não! Não... Não é isso... Olha, eu não tenho tempo pra explicar agora, mas você precisa vir aqui.

-Harry, eu não posso. – anunciei como se não fosse óbvio pra quem aparentemente sabia da história.

-É a Bella. Ela apareceu aqui com umas malas e disse que saiu de casa. Ela não quer incomodar você, só que ela tá chorando muito, Lola. Eu não consigo ver a Bells assim.

-Espera... – eu estava piscando igual louca com o telefone na orelha tentando entender alguma coisa. Que planeta babaca e conspirador é esse, minha gente? Quando o dia é bosta pra mim, é bosta pra geral? – Como assim saiu de casa?

Essas palavras chamaram atenção de todas as mulheres da casa, que começaram a fazer perguntas sussurradas.

-Quando o Louis foi pra detenção atrás de você eu sabia que tinha acontecido alguma coisa, e dai eu liguei pra Bella porque vocês são amigas e amigas fazem isso...

-Vai direto ao assunto, Styles.

-Ah, sim. E então ela falou que iria pro colégio assim que possível mas não podia falar e uma meia hora depois apareceu aqui com as malas. Por favor Lola, eu estou desesperado, ela não para de chorar.

-Ah Harry eu... – olhei para as meninas esperando uma autorização de que estava tudo bem e que podia ir, porque apesar de ter me perguntado antes se eu faria aquilo por Louis, eu não queria mais ficar em dúvida em relação ao meu caráter.

E por sorte as duas na minha frente fizeram sinais afirmativos com os dedos.

-Tudo bem Harry, mas preciso que alguém me busque.

-Ah, na realidade o Zayn já está aí na frente.

-O QUÊ?! – gritei e desliguei o telefone antes de ir correndo olhar o olho mágico da porta da frente pra ver um Zayn maravilhoso encostado em seu lindo carro.

Ah que bela bosta.

Pra piorar ele estava vindo tocar a campainha, eu não teria tempo de trocar aquela camiseta xexelenta e nem tomar um banho.

Merda.

Conformada, expliquei rapidamente o que estava acontecendo, pedi desculpas, falei para Laura cuidar da minha mãe e beijei as duas antes de abrir a porta e dar um sorriso amarelo.

-VAS HAPPENIIINN!

Eu adorava quando ele falava aquilo mas odiava não estar 100%, não estar a Lola de sempre que ri dos fracos, que sempre tem um sorriso no rosto e dá a vida para fazer brotar uma gargalhada em um rosto triste. Pela segunda vez no dia me senti vulnerável.

Sentei no banco de couro do carro e tentei esvaziar a cabeça.

Na metade do caminho silencioso e sem pergunta alguma, Zayn pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos sobre sua perna; assim, do nada.

-Tudo bem?

Não sabia se ele se referia ao fato de segurar minha mão ou à minha trágica vida. Mas ele não é do tipo que pede permissão pra fazer as coisas.

-É. – suspirei.

Aquilo não era uma resposta, mas aquela pessoa triste e pensativa também não era eu.

Saí de meu mundo paralelo ao sentir o dorso de minha mão sendo beijada.

-Te admiro muito por estar fazendo isso pela Bella.

Nunca fui do tipo que fica envergonhada e jamais fico vermelha, por mais que queira enfiar minha cabeça na terra e ficar lá; mas naquele momento senti vergonha, porque na realidade ninguém sabe como agir quando é elogiado, nem que seja no modo Zayn: com gestos.

Por falar nisso, o sorriso lindo que eu recebi em troca me dizia muita coisa.

Significava que eu podia contar com ele, que ele estava ali por mim e que estava na hora de parar de ser fraca e subir de volta no pedestal da força interior pra dar apoio a minha amiga, porque apesar de estar boiando na história, sabia que ela precisava de mim.

Quando Zayn saiu na frente e abriu a porta da casa de Harry pra mim, ouvi três gritos simultâneos.

-Lola?

-Lola!

-LOLA?!

Bella duvidava da minha presença, Harry agradecia aos deuses e aos céus por me ver ali e Louis tinha escrito nos olhos que mataria o Harry. É, talvez ele realmente expulsasse o mais novo da banda.

Bella correu até mim e me abraçou bem forte, repetindo que eu não precisava ter vindo e que sentia muito por mim. Engoli em seco.

-Só me diga o que houve, ok?

-Minha mãe voltou...

Larguei o abraço subitamente e quando eu ia gritar "SUA MÃE O QUE?!" ela tampou minha boca com as mãos e olhou pros meninos ali.

Aah, eles não sabiam da história.

-É... – comecei, escolhendo as palavras – A gente vai lá conversar e... – apontei pra qualquer lado torcendo pra não ser o banheiro.

-Mas por quê? Como assim? – Harry perguntou ansioso – O que tá acontecendo?

Zayn revirou os olhos e suspirou antes de falar que nós podíamos ir na primeira porta subindo as escadas e que ele garantiria que ninguém nos interromperia.

Abri a porta e nós duas sentamos em um sofá enorme que havia naquela espécie de suíte máster de hóspedes.

-Tá. Agora pode falar.

Entre lágrimas e suspiros, Bella contou que sua mãe havia voltado bêbada, nua, com chupões terríveis por todo o corpo e com suspeita de gravidez.

-Lola, eu não consigo mais olhar pra ela e acreditar que ela é minha mãe, sabe? E como se pudesse piorar meu pai a recebeu de braços abertos como se ela nunca tivesse ido embora e nem estivesse naquele estado. Eu pedi pra ele escolher entre sua mulher maluca ou eu e ele não disse nada. – Bella olhou pro teto tentando não chorar mais – Eu só peguei minhas coisas e vim pra cá.

Assenti devagar tentando digerir aquele dia maluco.

-Eu sei que falar que eu sinto muito não adianta nada, mas é verdade. – disse – Também entendo que é um saco pedir pra dar uma chance pra sua mãe e blablabla, e eu sei que se você tá aqui é porque pensou pelo menos, porque você não é retardada igual a mim.

Meu tom fez ela rir enquanto enxugava as bochechas.

Mas então o assunto acabou e ficou uma tensão estranha no ar.

-E você? Tá tudo bem ou...

-Não. – a cortei. – Nada bem. Até por isso que eu não posso oferecer minha casa e...

Foi a vez de Bella me cortar.

-Por favor né Lola, eu entendo perfeitamente.

Ok, hora de mudar o rumo da conversa.

-Acho melhor a senhorita ir lavar essa cara cheia de ramela, já aproveita e lava o resto todo, ficar cheirosinha pro "Haz" – fiz uma péssima imitação dela que jogou uma almofada na minha cara.

Saí do quarto e fechei a porta atrás de mim.

Lá embaixo na sala os meninos falavam preocupados no telefone e o assunto não parecia ser nenhuma de nós duas ali em cima.

-O que aconteceu? – perguntei.

-Lola! Cadê a Bella? Ela tá bem?

Preciso dizer quem perguntou isso?

-Ooo calma amigão, ela tá tomando banho. Parece que a mãe dela voltou e tá bem difícil a coisa lá... – eu não ia entrar em detalhes, aquilo já tava de bom tamanho. – Mas parece que não tá tudo lindo aqui não, né?

-É que nós temos um show agora, Lola, mas já estamos tentando mudar o horário. – Liam, o pai de todos, falou pra mim com um sorriso amistoso.

-NÃO! Desliga esse telefone!

Todos pararam ao mesmo tempo e Niall se posicionou com as mãos preparadas atrás das minhas costas.

Todos tinham as sobrancelhas arqueadas quando eu educadamente perguntei:

-Niall?

-Lolinha.

-O que diabos você está fazendo aí?

-To preparado pro caso de você desmaiar.

Até eu tive que rir.

-Não vou desmaiar, sua anta. Só acho que vocês não deveriam cancelar nem atrasar show nenhum porque acho que a Bella vai se animar a ir.

Dito e feito. Falei com Bella pela porta do banheiro e ela adorou ir, até porque tinha se tornado uma verdadeira directioner.

Enquanto ela se arrumava no quarto, desci as escadas até os meninos lá em baixo e por sorte não tinha ninguém pelado.

-A Bella já tá vindo. Eu acho. – citei.

-E você? – Louis perguntou enquanto lutava contra a gola da camisa.

-Eu o quê? – levantei e arrumei pra ele.

-Você ainda tá fedida, querida!

Tá, ok, eu tava fedida mesmo, mas não ia dar o braço a torcer.

-Quer que eu vá vestida como, querido? – usei do mesmo tom.

-Usa as roupas da Bella! – Niall gritou da cozinha.

-Cara, vocês já viram as roupas da Bella? Elas têm flores, e são rosas. – gesticulei com cara de patricinha. – E mesmo se fossem decentes, eu ia usar as calcinhas dela?

E dai o assunto apareceu e Harry quase caiu pra trás com a beleza da pessoa.

-Não gostei do que você falou das minhas roupas, elas têm estilo, poxa. – Bella começou – E só pra provar, te trouxe isso!

Ela mostrou uma calça jeans normal, uma camiseta normal e apostava que tinha uma calcinha e um sutiã ali também que ela ficou com vergonha de mostrar.

Comecei a rir.

A calça e o sutiã até que davam pra usar, mas a blusa era fofa demais e a calcinha era pessoal demais.

-Mas isso não é o problema. Espera aqui. – Liam anunciou antes de ir para sua casa.

-Não sai daí. – Zayn falou também e seguiu o amigo.

Quando voltaram, o primeiro a sair tinha um pacote fechado de cuecas box brancas na mão.

-Umas fãs me deram, só que são pequenas demais pra mim. É do seu tamanho e estão novinhas em folha.

Tive de conter uma risada que fez Louis rir e assenti dando passagem à fala de Zayn.

-Eu sei que você gosta dessa camisa, então é sua agora.

Fiquei boquiaberta com a honra de chamar de minha a "Cool Kids Dont Dance". Eu tava surtando por dentro.

Subi correndo com Bella atrás de mim com o intuito de descer pronta. Só que eu não esperava ficar tão engraçada com uma cueca apertada no bumbum e um sutiã grande nos seios. Eu parecia a Valesca Popozuda e precisava dividir aquilo com o mundo todo, por isso coloquei a camisa linda com cuidado e desci as escadas de cueca, rindo igual uma morça.

Niall chorava de rir, acompanhado de Liam, Harry e Zayn.

Louis estava quieto demais até a frase:

-Se toda a brasileira tiver esse corpo eu juro que acampo no Brasil pro resto dos meus dias.

Todos pararam o que estavam fazendo, que se resumia basicamente em colocar a mão na barriga de tanto rir, e olharam para aquele filósofo barroco, vanguardista, assassino de graça.

-Quer dizer... Sabe... – Louis estava... Envergonhado?!

Graças aos deuses o celular de Liam tocou avisando que o carro já estava os esperando.

Tive que lutar pra calça passar pelo meu bumbum, já que a Bella era bem desbundada perto de mim, mas no fim com a ajuda dela eu consegui.

No caminho ao show, fiz uma trança de lado que devia ter ficado um lixo e passei um rímel que ficou cheio de grumos. Que delícia de dia.

Chegando lá, pra não ficar no vuco vuco, umas pessoas nos levaram até o lado do palco, onde tínhamos comida, um sofá delicioso e uma visão maravilhosa de nossos amigos maravilhosos. Bella nem chegou a sentar, ela cantava junto, fazia dancinhas, ria com as alterações de letras envolvendo cuecas (sim, eles fizeram isso) e eu tive de pedir pra ela ir mais pra trás umas cinco vezes, porque ninguém queria mil teorias sobre quem era aquela louca dentro do palco da One Direction.

O único problema era que eles ainda não tinham tocado More Than This, que era a música predileta da Bella, só que é claro que ela não iria pedir porque era a pessoa mais envergonhada da face da Terra, então quem teria de pedir? A Lola!

A primeira tentativa foi a mais óbvia: enviar mensagens com “toca More Than This pra Bella” pra todos eles, só que nenhum dos pamonhas pegou o celular. Ah, que ótimo. Se eu gritasse, Bella escutaria e morreria de vergonha, então estava fora de cogitação. Mas se eu gritasse do outro lado do palco ela não escutaria, certo? Com uma desculpa banal de ir atrás de um banheiro, desci muitas escadinhas e passei por muita gente no caminho que eu pensava ser o lado oposto do que estava momentos antes; até que o som acabou. Ah, que merda, só falta que o show acabou.

Saí correndo abrindo e fechando portas até realmente chegar onde eu queria e só ver um Zayn pagando de DJ.

-ZAYN! – gritei em vão.

-ZAYN! – nada ainda.

-QUE CABELO FEIO!

Ele olhou. Quando viu que era eu ele riu.

-TOCA MORE THAN THIS PRA BELLA!

-O QUE?

Comecei a fazer gestos enquanto gritava outra vez, mas a anta não entendia.

-TOCA MORE THAN THIS PRA BELLA, PORRA!

Pronto, missão cumprida, ele acenou com a cabeça e me mandou um beijo. Meio apaixonada eu fiz o caminho reverso pro meu lugar de origem, só que quem diz que eu lembrava? Abri e fechei portas aleatoriamente outra vez até que, MEU DEUS! Entrei no camarim onde Harry, Liam e Niall trocavam de roupa.

Como se alguma coisa pudesse ser pior do que a vergonha do loiro ou o grito de menininha do mais novo, Louis sai do banheiro de cuecas iguais a que eu estava usando. E do mesmo jeito que a minha estava apertada no bumbum, a dele também estava e era quase hipnotizante uma bunda daquele tamanho. Não podia ser real, eram redondinhas e grandes demais.

-Lola? – Liam perguntou educadamente como sempre, me tirando do transe.

-Sim?

O QUE EU TINHA ACABADO DE FALAR?!

-Será que você pode parar de olhar pra minha bunda? – Louis perguntou rindo e Niall, pra variar, o acompanhou.

-Ah, claro, eu já estava de saída e... – CALA A BOCA, MULHER – tchau.

Voltei correndo e sentei no sofá ofegante, afirmando a Bella que tive que correr de uns seguranças malucos.

Mano, que porra de dia maluco era aquele? Primeiro a mensagem sobre o emprego do Afonso, seguido de um Louis melhor pessoa na detenção comigo, passando pela reação bafônica da minha mãe e os gestos de Zayn, com uma pitada de Bella fugindo de casa, uma cuequinha e, pra fechar com chave de ouro, a bunda mais maravilhosa que eu já tinha visto na minha vida. A partir daquele momento não duvidava de mais nada.

Tocaram a bendita música predileta da criatura chorosa e saltitante quase entrando no palco, tiveram a astúcia de fazer mais uma piadinha sobre cuecas e terminaram o show. E daí a porra ficou conturbada. Niall e Louis foram pra um lado, Liam, Harry e Bella pra outro e eu estava ali mofando tipo “sei-que-sou-pequena-mas-o-Louis-é-do-meu-tamanho-e-lembraram-dele-poxa”

-Lola! Ei! – Virei pra pessoa que gritou aquilo e era Zayn meio suado. – Nós precisamos ir em um carro separado, tudo bem?

Claro meu bem, com você até pro inferno.

Não, eu não disse isso.

Na saída dos fundos podia ver ao longe que haviam três carros e o terceiro estava com a porta aberta por uns seguranças pouco amistosos. Zayn tinha uma mão na base das minhas costas me guiando pelas pessoas correndo apressadas pra só Deus sabe o quê.

-Lols – eu adorava quando ele me chamava assim – Desculpe por isso, eu realmente precisava ir ao banheiro no final do show e atrasei as coisas...

-Desculpa pelo...

Não consegui terminar a frase antes dos flashes começarem.

-Todos vivos? – o motorista perguntou rindo e Zayn confirmou com tapinhas em seu ombro.

Tava piscando e arqueando as sobrancelhas perante o que tinha acabado de ocorrer ao chegarmos no condomínio dos meninos, onde estavam todos reunidos na casa do Harry outra vez.

-AAAAH, O CASAL APARECEU!

-Não começa, Louis – Zayn rebateu e o mais velho levantou as mãos em sinal de rendição.

-Não falei nada!

-Mais ia falar!

-EI! – Liam interrompeu. – Vocês falando assim parece que a culpa é da Lola.

-Culpa do quê, amigos? – supliquei por uma explicação e Niall me alcançou seu celular. Ao que parecia, no caminho até ali eu havia me tornado Lola Malik.

Com meu celular apitando loucamente, perguntei o que eu fazia naquele momento.

-É só desativar as notificações – Louis explicou e já tirou o aparelho do meu bolso de trás de calça jeans – E ficar de boa.

-É isso?

Ninguém prestou atenção na minha pergunta porque estavam concentrados em buscar travesseiros, colchões e cobertores para a sala.

-É isso. – surpreendentemente Zayn estava bem ali ao meu lado. – Eu sinto muito mesmo, Lola. Elas não vão te deixar em paz.

-Não é culpa sua.

Ele sorriu e me abraçou enquanto dizia:

-Agora é melhor ir colocar uma roupa confortável para a noite dos filmes.

-Mas eu tenho qu...

-SUA MÃE JÁ DEIXOU! – Louis gritou do andar de cima balançando meu celular nas mãos.

-O QUE TU MANDOU PRA ELA SEU VIADINHO?

Subi correndo e peguei o aparelho de volta só pra me deparar com uma mensagem recheada de palavras no diminutivo, apelação emocional e emojis de tudo quanto que é tipo e meio milhão de fotos dele e do Niall, além de milhões de seguidores em todas as redes sociais.

Quem sabe ser famosa não seja tão ruim assim.

-Acho que você não me achava viadinho quando ficou secando minha bunda, Lols. – ele sussurrou no meu ouvido. Algo me dizia que ele ainda ia usar aquilo contra mim pro resto dos meus dias.

-Tudo pronto aqui! – Harry gritou lá de baixo.

Desci na velocidade da luz pra me livrar de Louis e conseguir um lugar longe dele e perto do Zayn. Consegui um entre Niall e meu suposto novo namorado em um colchão repleto de almofadas no chão.

-Oh Lola, você vai ficar de jeans? – Bella perguntou do sofá.

O que diabos eu vou usar, querida? Dai tive uma ideia.

-Crianças, fechem os olhos.

-Você é a criança aqui, Lolinha.

-SHHHH. – falei pro loiro rindo ao meu lado – Feche esses olhinhos encantadores, Horan.

Ele foi o único que realmente fechou.

Por debaixo do cobertor, tirei as calças e fiquei com a cueca. Bom, tecnicamente era um short bem curto, então não estava fazendo nada de errado.

Zayn era o único que me olhava nos olhos.

-Que foi? – perguntei rindo.

-Louis tá olhando, não tá? – ele perguntou.

Olhei para a ponta do sofá atrás de Zayn e lá estava um Louis vidrado.

-Não, não está não. – menti.

-Então gente, – Bella começou e eu agradeci aos deuses por aquilo – que filme é? 

Era sexta-feira 13. Não que eu tivesse medo de filme de terror, mas eles são patéticos. A mocinha vai lá e desce no porão escuro e sangrento pensando que nada vai acontecer com ela. Ah minha filha, vai arranjar o que fazer, vai.

Mas parece que a Bella não gostou nada da ideia. Depois de meia hora de filme ela finalmente destampou os olhos e parou de gritar; porém eu, coitada, não conseguia parar com os bocejos.

-Para de ser trouxa sua idiota, não entra nessa floresta aí, não! AH TOMAR NO CU, te avisei vagabunda.

Anunciei gesticulando e me apoiando no joelho de Liam pra levantar e ir pra cozinha atrás de alguma coisa pra comer.

-Lola Malik.

-PORRA ZAYN! – ele quase me matou do miocárdio. – Tá com fome também ou só tá entediado com o filme?

-Fome mesmo.

Engoli em seco sem saber direito porque e abri a geladeira.

-Tem bolo, só não sei de quando.

Ele beijou meu pescoço.

-Não é bem bolo que eu tava querendo.

Não tive tempo de fechar a porta quando o beijo começou e as mãos dele foram descendo.

E foi assim, iluminada pela luz de uma geladeira e usando uma cueca box que fui beijada por Zayn Malik.


Notas Finais


Obrigada por tudo <3 "Não é bem bolo que eu tava querendo"


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