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História Long Fic Jungkook - Paper Hearts - Eu vou ter que ir embora


Escrita por: Vaahlerinha

Notas do Autor


Hello people...
Muito antes do esperado, eu cheguei com mais um capítulo pra vocês... Hahaha
Me amem!!! ❤

Boa leitura...

Capítulo 35 - Eu vou ter que ir embora


Fanfic / Fanfiction Long Fic Jungkook - Paper Hearts - Eu vou ter que ir embora

Se não estivesse com a perna engessada, agora provavelmente estaria andando em círculos em uma típica e um tanto quanto clichê maneira de tentar aliviar a impaciência. Como essa opção estava inviável no momento, tive que me contentar em bater a mão repetidamente contra a coxa enquanto olhava o tic-tac do relógio de cabeceira de Miguel. Não entendia a demora de Milena. Eu havia dito para Miguel encontrá-la e mandá-la para casa – dele - com urgência. Precisava de em um lugar privado para conversar e o elevador do dormitório dele funcionava.
Tive que me segurar para não pular para ficar em pé quando ouvi o barulho da maçaneta girando. Também contive o sermão sobre se atrasar para uma emergência quando vi que ela carregava cinto sacolas de compra verdes com um emblema redondo no meio que imediatamente reconheci como sendo da loja Mints.
- Que diabos é isso?
Milena manteve a cabeça baixa, concentrada em passar todas as sacolas pela porta enquanto falava:
- Você que me explique – colocou algumas sacolas no chão. – Eu cheguei em casa e tinha isso aqui me esperando na porta no nosso apartamento. Tem um cartão com o seu nome em uma delas – soltou as outras sacolas que faltavam. – São todas suas. E todas lotadas de roupas.
Milena mexeu os braços um pouco para aliviar o peso que as sacolas deveriam ter causado.
- Quando Miguel me mandou uma mensagem dizendo que você queria me ver aqui, resolvi trazer essas porcarias – chutou uma das sacolas e ignorou meu murmúrio de protesto por seu gesto. – O que obviamente foi uma péssima ideia. Elas estão muito pesadas. Depois você pede para Jungkook levar isso para um dos cinquenta carros dele.
Senti um puxão desconfortável em meu peito.
- Jungkook não tem cinquenta carros – murmurei. – E não foi ele quem me trouxe ou quem vai vir me buscar.
Aquilo fez Milena levantar a cabeça e me encarar com um olhar desconfiado.
- Por quê?
- Você checou seus e-mail’s nos últimos dias?
- Não. E não fuja da minha pergunta. Por que Jungkook não te trouxe hoje? E quem te trouxe então?
- Yoongi.
- O esquisito?
- Hey! Ele não é esquisito. Ele é só... na dele. Quieto.
- Quando eu os conheci, ele era “quieto” e “na dele” – Milena fez o sinal de aspas os dedos indicador e médio –, agora ele é só esquisito mesmo.
Ela tinha razão. Min estava me deixando mais preocupada a cada dia, mas infelizmente tinha outros problemas mais imediatos me corroendo agora.
- Yoongi não faz perguntas. Por isso ele me trouxe – voltei a sentar na cama.
De repente toda aquela carga emocional que estava se acumulando nos últimos dias caiu sobre mim.
- E por que você está evitando perguntas? – Ela caminhou até sentar-se ao meu lado. – Que foi que aconteceu?
Soltei um suspiro pesado, pensando em uma maneira de resumir tudo.
- Foi o Jungkook, não foi? O que ele fez? – Milena levantou-se outra vez. – Eu vou ensinar-lhe uma coisa ou outra... ele vai ver só – já estava a meio caminho da saída quando consegui me levantar e me interpor entre ela e a porta.
- Milena, não. Sério. Ele não fez nada errado – falei, odiando o quão baixo minha voz soava.
Milena, em silêncio, me olhou longamente por alguns segundos antes de soltar um suspiro e sentar na cama, gesticulando para que eu ocupasse o lugar ao seu lado. Depois que voltei a me sentar, não nos encaramos. Eu estava olhando para o espaço vazio na minha frente, encarando um ponto qualquer enquanto meus pensamentos viajavam a uma velocidade rápida demais para ser confortável. Milena estava em uma posição parecida, mas sei que ela apenas esperava por alguma manifestação minha.
Fiquei grata por ela não me pressionar.
Não sei quanto tempo ficamos ali envoltas naquele silêncio. Para ser bem sincera, eu não queria falar. Nunca quis falar, não sobre esse tipo de coisa. Não sobre meus problemas. Contudo, minha resolução de não me envolver demais com alguém já tinha ido para o espaço assim que Jungkook e eu começamos... o que tínhamos.
Soltei um suspiro.
- Ele me pediu em namoro – engasguei nas palavras.
- Pediu você em namoro? Mas vocês já não estavam namorando?
Continuei mantendo minha vista no nada.
- Não. Nós não estávamos namorando.
- Sério? Porque não parecia que vocês não estavam namorando. Podia jurar que era o contrário, na verdade.
- Eu realmente não preciso das suas ironias agora, Milena.
- Ok, ok. Você está certa. Desculpe.
Mais alguns segundos quietos.
- Mas se ele pediu para oficializar tudo, por que você está assim?
- Eu... eu...
Eu não conseguia explicar. As palavras não saiam. Não o motivo, mas ao menos conseguia explicar as objetividades da situação.
- Vaah – colocou a mão sobre meu ombro, apertando-o de maneira reconfortante. – Vaah, o que aconteceu?
- Eu não respondi – murmurei, olhando, agora, para minhas mãos.
- Como assim você não respondeu? Você deixou Jungkook falando sozinho? – Milena deu uma risadinha, provavelmente pensando que aquela alternativa era tão ridícula que merecia uma risada.
Respondi com uma estremecida. Não tinha orgulho de ter feito aquilo.
- Ai meu Deus! Você o deixou falando sozinho! – o tom dela passou para abismado, o que não fez nada para que eu me sentisse melhor.
- Eu congelei, ok? Eu congelei! Não esperava por aquilo. Entrei em pânico e passei a evitá-lo desde então.
- O que você quer dizer com “desde então”?
- Faz dois dias – murmurei, sentindo uma pontado no meu peito ao pensar que fazia tanto tempo que não o via.
- Dois dias? – Milena engasgou. – Você deixou isso cozinhar durante dois dias?
- Não foi minha opção! Eu tentei falar com ele, mas Jungkook não quis ouvir.
- Falar sobre esse fiasco?
- Não! – exclamei, horrorizada. – Não sei... – esfreguei a mão sobre a testa.
- É claro que ele não iria querer falar sobre qualquer coisa, Vaah! Óbvio que ele não iria querer falar sobre o tempo ou sobre o grupo - a incredulidade era tanta que por vezes sua voz falhava.
Aquelas palavras fizeram com que eu me virasse para ela, franzindo o cenho.
- Como você sabe que eu tentei falar sobre outro assunto?
- Porque eu conheço minha melhor amiga. E você está errada, Vaah.
- Mas pelo menos eu tentei! Eu o procurei para tentar consertar as coisas e ele me ignorou.
- E com razão! O cara te pediu em namoro. Tem noção de quanta coragem precisa para isso? E o que você fez? Não respondeu, evitou-o e depois fingiu que nada tinha acontecido. Jungkook tem todo o direito de estar chateado, de estar machucado.
Olhei para baixo, sentindo-me ainda mais culpada do que antes.
- Não quero que ele fique chateado, por que algo tinha que estragar tudo – o bolo na minha garganta fazia com que as palavras saíssem cortadas.
- “Estragar tudo”? – Milena repetiu, surpresa outra vez. – Vaah, olha aqui. Olha para mim – colocou a mão sobre as minhas.
Soltei um suspiro antes de fazer o que ela pedia.
- Vaah, amiga, como assim estragar tudo? – Agora seu tom era gentil, como se estivesse falando com um gatinho assustado. – Ele te pediu em namoro. Quer tornar tudo mais firme entre vocês, tudo oficial, certo. Como isso pode ser errado?
Olhei para o teto, estava tão triste, tão drenada que não tinha nem vontade de chorar.
- Não é por causa do pedido, é mais complicado que isso, Miih.
- Eu sei que é, mas me explique Vaah. – Ela apertou minha mão de maneira reconfortante. – Fale comigo, me conta. Para que eu entenda.
Não. Sacudi a cabeça, sem conseguir falar. Saquei o celular na bolsa, acessei o E-mail da coordenação e entreguei a ela para que a mesma lesse. Os olhos dela se arregalaram.
- Um mês antes? – A voz dela saiu esganiçada pela surpresa. E depois ela me olhou, compreendendo tudo. – Vaah você precisa falar com ele. Jungkook merece uma explicação.
Ela tinha razão. Meu peito só pesava um pouco mais a cada segundo.
Deitei minha cabeça no seu ombro e o silêncio caiu sobe nós outra vez. Agora, contudo, sentia-me um pouquinho melhor do que quando tinha chegado. Era por isso que amizade era importante.
Não sei quanto tempo ficamos paradas, quietas e olhando para o vazio. Ou quantos minutos se passaram enquanto Milena falava algumas coisas genéricas e avulsas para tentar me distrair. Só me dei conta da passagem do tempo quando Yoongi me ligou para perguntar se eu estava pronta para ir para casa.
Minha melhor amiga ainda perguntou se queria ficar ali, disse que poderíamos dormir na casa de Miguel e expulsá-lo para nossa casa. “Uma noite das garotas, sem problemas”, ela disse, mas neguei depois de agradecer. Podia até ter me tornado uma covarde, contudo, não era uma fugitiva. Não tinha chegado a um ponto tão baixo. Pelo menos não ainda. Milena, então, carregou as sacolas – que insistiu que eu deveria dar um jeito porque elas ocupavam espaço e tinham o meu nome - pelo elevador e até o carro esportivo de Yoongi. Despedi-me de minha amiga apenas com um sorriso fraco antes de me acomodar no banco de couro.
Pensei de maneira não relevante que, entre todos os carros incríveis dos meninos, estava ficando mal-acostumada em relação a automóveis.
Yoongi e eu não trocamos nenhuma palavra durante o percurso inteiro, os dois absortos em seus próprios problemas. Parte de mim – a parte que se preocupava com os amigos – queria perguntar o que havia de errado com ele, mas seria hipocrisia demais, pois não queria ouvir a mesma pergunta de volta.
Só quando estávamos no elevador é que o clima ficou esquisito demais, então finalmente paramos de evitar o olhar um do outro e Yoongi resolveu quebrar a quietude:
- Comprou bastante coisa, hein – Murmurou, olhando para as diversas sacolas da Mints em suas mãos, sacolas que ele insistira em carregar todas.
- Na verdade, eu não comprei nada – falei tão baixo quanto ele. – Para ser bem sincera, não sei o que é isso tudo. Milena disse que apareceu lá em casa. Mencionou também que tem um bilhete – olhei por cima das sacolas.
- Acho que é esse aqui – ele se abaixou um pouco e fez um malabarismo para enfiar a mão esquerda em uma das sacolas e puxar um pedaço de papel timbrado com a logomarca da loja.
Yoongi nem mesmo tentou ler o que estava escrito, imediatamente me estendo o objeto.
- Hum... – murmurei enquanto passava os olhos pelas letras ali e senti meus olhos se arregalarem.
- Bom, - tossi para limpar a surpresa da garganta, - aqui está dizendo “Querida, senhorita, ficamos muito satisfeitos em saber que a senhorita aprecia nossa marca, por favor, aceite algumas peças de nossa nova coleção ainda não lançada. Sentir-nos-íamos muito honrados se você as aceitasse. Com admiração, atenciosamente, Sun He Mints” – quase não consegui terminar de ler as duas últimas palavras já que meu queixo deveria estar em algum lugar perto do chão.
Levantei a cabeça e encontrei Min com um raro sorriso.
- Sun He Mints? – aquilo saiu em um meio-termo entre um sussurro e um grito. – A Sun He Mints? Sun He Mints me mandou uma carta escrita à mão! – franzi o cenho e abaixei a vista para o papel outra vez. – Por que Sun He Mints me mandou uma carta e roupas?
- Vou arriscar e dizer que você deve ter mencionado em algum lugar que usava roupas dessa marca.
- Como você... Sim! – sacudi a cabeça, concentrando-me no mais importante. - Perguntaram-me sobre isso no twitter e eu respondi.
- Então está explicado! Isso – levantou as sacolas. – É o que eles fazem. Você agora é uma de nós, alta exposição midiática e tudo mais. Assim eles dão presentes para ganhar a propaganda que não podem comprar.
Pisquei devagar, tentando absorver tudo.
- Mas eu não sou famosa. Eu não consigo influenciar ninguém ao ponto de grandes marcas me darem presentes. Muito menos tantos presentes – gesticulei para as diversas sacolas. – E também não sei se quero ganhar essas coisas. Não quero dever favores a ninguém. Vou devolver tudo.
- Não precisa devolver, sério. É você quem está fazendo um favor para elas. Se gostar, fique com as roupas. Se não gostar, doe – deu de ombros. – É isso que fazemos.
- Mas... – murmurei bobamente, mas a porta do elevador se abriu, anunciando nosso andar.
- Não fique se preocupando com isso, Vaah. A vida tem problemas bem maiores para nos estressarmos.
E, com aquelas palavras sábias, Min Yoongi caminhou até abrir a porta da casa e gesticular para que eu entrasse primeiro. Ele perguntou se queria que deixasse tudo no meu quarto, assenti. Então, com um sorrisinho fraco, meu amigo se despediu e foi em direção aos quartos.
Soltei um suspiro, encarando o corredor pelo qual ele havia acabado de passar. Precisava de um pouco d´água, minha garganta estava seca. A caminhada para a cozinha foi interrompida, contudo, por Jungkook saindo do corredor que dava para os quartos. Foi como um daqueles momentos de filmes. Nós paramos no meio do caminho e ficamos alguns segundos em silêncio, nos encarando.
A diferença era que apostava que nos filmes os personagens não se sentiam tão... mal. Tinha certeza de que o estômago da mocinha não revirava de maneira tão horrorosa e que os olhos do mocinho não ficavam tão vazios.
Pois era assim que estávamos agora. Queria me encolher pelo jeito como Jungkook me encarava, como se eu fosse uma desconhecida. Jungkook sempre me olhava com carinho, mesmo quando discutíamos. Agora, contudo, não havia nem sombra daquele sentimento ali. Aliás, era como se não houvesse sentimento nenhum. Nada.
Vazio.
- Jungkook... – sussurrei.
- Sim? – sua voz também não continha aquele tom gostoso que adorava.
- Jungkook, eu...
Eu não fazia nem ideia do que dizer.
Engoli em seco.
- Podemos conversar?
Sua expressão não se alterou.
- Conversar? Você quer conversar agora? Mas não queria conversar há dois dias. Engraçado – Jungkook coçou o queixo, fingindo friamente refletir sobre aquela questão
Obviamente ele sentia que a situação era tudo, menos engraçada. Descobri que não gostava quando Jungkook estava sendo sarcástico. Não combinava com ele.
- Jungkook, eu, por fa...
Alguma coisa passou rápido por seus olhos, mas não consegui identificar antes que o vazio voltasse.
- Olha, eu realmente não tenho tempo agora – olhou para o relógio em seu pulso. – Quem sabe depois.
Antes que pudesse responder, já estava sozinha outra vez naquele cômodo. O revirar horroroso em meu estômago e o peso no meu peito aumentaram e de repente não queria nada além de me deitar no meu quarto e fingir que esses últimos dias não haviam existido. Caminhei lentamente até meu quarto e já estava prestes a mergulhar na cama quando a porta do meu dormitório bateu com força.
Por um segundo pensei que era Jungkook e uma pitada de esperança surgiu em meu peito, pitada essa que sumiu imediatamente quando encontrei Yezi de braços cruzados e, mesmo a alguns metros de distância, pude reconhecer a fúria em seu rosto.
- Yezi, eu não estou a fim de...
- Senta aí – cuspiu.
A surpresa ao ouvir aquelas palavras raivosas foi tão grande que superou o entorpecimento que estava sentindo. Arregalei os olhos.
- Como é qu...
- Mandei sentar! – Yezi falou entre os dentes e marchou alguns passos em minha direção.
Ainda em choque, acabei por sentar na cama. Estava aturdida demais para fazer qualquer outra coisa.
- Ótimo. Agora nós duas vamos ser bem honestas e bem rápido.
Antes que eu pudesse perguntar o que droga estava acontecendo, ela começou a despejar:
- O que merda você estava pensando, hein? Jungkook te pediu em namoro e você não respondeu? Saiu para o seu quarto como se ele tivesse perguntando se você queria uma xícara de chá? Sem responder nada! – Ela cuspiu a última palavra como se estivesse queimando em sua boca.
Yezi não estava gritando, mas tinha tanto veneno nas suas palavras que eu preferia que ela estivesse berrando aos quatro ventos. Gritos não me intimidavam, o jeito que ela estava falando, contudo, fazia com que arrepios horríveis descessem pelas minhas costas.
E na mistura daqueles sentimentos ruins, senti-me invadida por ela saber daquilo.
- Ele te contou isso?
- Ele me cont- CLARO QUE ELE ME CONTOU! – Ela bateu o pé no chão.
Yezi estava com tanta raiva que aquele sentimento ruim estava chegando a mim em ondas. Parou por um segundo e levantou os olhos para o teto e respirou fundo, provavelmente tentando se controlar antes de me olhar de novo, com tanta raiva quanto antes:
– É claro que Jungkook me contou, . Ele me conta tudo. Sempre. Mas talvez você queira saber como ele me contou – abaixou-se um pouco, as mãos na cintura. – Jungkook me ligou às duas da manhã. Duas. Da. Manhã. E ele levou três minutos para conseguir falar alguma coisa. Eu já estava trocando de roupa para pegar o carro para vir para cá. Você tem noção de como eu me senti ao ficar esperando meu irmão me contar o que estava acontecendo? Melhor, você tem noção de como ele se sentiu? – Yezi trincou os dentes.
- E-e-u...
- Pois eu te explico. Te explico como é ter um bolo na garganta tão horrível, tão desesperador que você não consegue nem falar – ela gesticulava tanto que pensei que ela estava se controlando para não me atacar fisicamente. – Te explico como é se sentir tão impotente que nem mesmo sua voz você consegue controlar. Era isso que você queria saber? Hein?
Eu não precisava que ela me explicasse aquele sentimento, pois era exatamente pelo o que eu estava passando agora.
- E sabe o que aconteceu quando ele finalmente conseguiu falar? Eu não reconheci a voz dele. Eu não consegui reconhecer a voz do meu melhor amigo de tão quebrada que estava! Se eu me senti um lixo só de imaginar o que ele estava passando, me diga, como é que Jungkook estava se sentindo? Como ele ESTÁ se sentindo!
Agora havia lágrimas no canto dos olhos dela.
- Olha, , eu não sei o porquê de você ter feito o que fez e, para ser bem sincera, isso não me interessa –Yezi passou as costas das mãos pelos olhos com força. – Mas você vai consertar, entendeu? – Ela apontou para o chão. – Você vai consertar! Sabe por quê? – Perguntou retoricamente, mas, mesmo assim, parou de falar por uns segundos.
A única coisa que consegui fazer foi sacudir a cabeça.
Yezi soltou uma risada seca.
- Sabe, uma vez, quando Jungkook e eu tínhamos catorze anos, eu tive meu primeiro namorado. Depois de um tempo ele me traiu, quebrou meu coração – Yezi olhou para o lado, a expressão longe, provavelmente recordando os fatos que narrava. – Jungkook quebrou a mão ao socá-lo.
Não estava entendo a ligação entre a anedota e a situação.
Voltou a olhar para mim
- Meu melhor amigo nunca se firmou com ninguém, nunca gostou de ninguém ao ponto de querer namorá-la. Não até você – estreitou os olhos. - Sempre me orgulhei de saber julgar o caráter de alguém e, por isso, quando ele pediu minha opinião, aprovei você. Não é possível que eu tenha errado tanto com alguém.
Gaguejei qualquer coisa que nem mesmo eu entendi e logo Yezi levantou a mão para que eu me calasse outra vez.
- Você não precisa explicar nada para mim. Aliás, eu nem quero ouvir. Mas você vai explicar para o Jungkook – abaixou-se até que seu olhar ficasse no mesmo nível que os meus. – Entendeu? – sibilou, ríspida.
Não pude fazer nada além de balançar a cabeça. Sentia-me estúpida por estar me curvando às palavras dela, mas o fazia porque tinha ciência de que ela estava falando a verdade. Sabia que ela estava certa e eu, errada.
Yezi voltou a se endireitar e girou os calcanhares e caminhou até a saída do quarto.
Já com a mão na maçaneta, virou-se outra vez para mim:
- Eu sempre desejei nunca ter que retribuir o favor que Jungkook me fez ao quebrar o nariz do imbecil do meu ex. Mas isso não vai me impedir de fazê-lo se for preciso. Não me obrigue a usar essa retribuição em você.
E, com um último olhar gelado, Yezi saiu do meu quarto, batendo a porta.
De maneira automática levantei e passei a chave na fechadura antes de deixar que meus joelhos cedessem e eu caísse sentada outra vez sobre a cama. Apoiei os cotovelos sobre as coxas e enfiei as mãos nos cabelos, sentindo que minha cabeça pesava toneladas e toneladas.
A respiração era difícil e saía aos trancos. O mundo parecia girar um pouco mais ao meu redor enquanto eu me sentia uma das piores pessoas nele.
Milena, Jungkook e Yezi tinham razão. Todos estavam certos, exceto eu.
Não devia ter deixado Jungkook sem resposta e não deveria tê-lo ignorado por dois dias, ter me escondido em meu quarto como uma covarde quando ele tentou falar comigo. Devia ter contado a verdade a ele.
Não conseguia nem mesmo me reconhecer. Nunca fugi dos meus problemas, nunca fiquei assim por outra pessoa. Nunca senti aquele peso tão ruim que parecia que iria me esmagar a qualquer momento. E não era peso na consciência, não. Aquilo eu poderia aguentar. O que machucava era aquela aflição terrível que parecia escancarar meu peito.
A dor era tanto minha por ter percebido agora o quão imbecil fora quanto um reflexo da dor que Jungkook deveria estar sentido. Não queria ter machucado Jungkook, nunca quis. Não sabia, contudo, o quanto machucá-lo me machucaria também.
Ofeguei, olhando para os lados.
Eu estava me sentindo claustrofóbica, como se tudo estivesse fechando em cima de mim. Paredes físicas e metafóricas. Minha mão se agarrou com força sobre o tecido da camisa que cobria meu peito, puxando-o para longe. Até aquela camiseta larga estava me sufocando.
Precisava fazer alguma coisa antes que entrasse em colapso total. Por um segundo pensei em procurar Jungkook e tentar conversar, mas mesmo meu cérebro embaçado no momento conseguiu perceber que aquela não era uma boa ideia.
Precisa, todavia, falar com alguém.
Não.
Não alguém. Só havia uma pessoa com quem falar, a única pessoa que me entenderia.
Minhas mãos tremiam visivelmente quando meus dedos deslizaram pela tela do iPhone.
Levei o aparelho à orelha e rezei para todas as entidades possíveis para que o destinatário da chamada me atendesse. Quando finalmente houve uma resposta, só consegui sussurrar duas palavras antes de, pela primeira vez em anos, cair em um choro compulsivo:
- Mãe...
Minha mãe sempre foi uma pessoa prática. Nunca foi impulsiva, então, quando tive que passar os dez primeiros minutos daquela conversa telefônica tentando convencê-la de que não era necessário pegar o primeiro avião para Coréia, foi que percebi o quanto a situação toda estava destorcida.
Assim que minha mãe se inteirou do lamentável estado emocional que eu me encontrava, já pude ouvi-la gritar ao fundo para que meu padrasto conseguisse um voo imediatamente. Segundos depois ela voltou sua inteira atenção para mim, perguntando repetidamente o que estava acontecendo. Eu só conseguia murmurar palavras desconexas, tentando explicar o inexplicável caos em meu peito. Sabia que precisava me controlar o suficiente para ter uma conversa descente, que toda aquela lamúria incompreensível só estava deixando-a ainda mais preocupada. Então, usando aquele tipo de força de vontade que você só descobre que tem em um momento de necessidade, respirei fundo algumas vezes e passei os dez minutos mais longos da minha vida persuadindo-a de que só precisava conversar um pouco, de que uma viagem era desnecessária. Relutantemente, ela deixou que eu ganhasse aquela pequena discussão.
Ela provavelmente percebera que eu estava ficando ainda mais perturbada tendo que lidar com mais aquele assunto. Minha mãe suspirou no telefone e pediu para que eu contasse, então, o que estava acontecendo e o que ela poderia fazer para consertar as coisas. Assim como fiz com Milena, preferi cortar o assunto para que ele ficasse mais apresentável. Contudo, diferentemente do que aconteceu com Milena, assim que terminei o relato sobre o que havia acontecido dois dias atrás, não houve uma reação explosiva.
Não. A pessoa que eu mais respeitava no mundo ficou em silêncio por alguns segundos. E eu soube que ela entendeu todo o significado por trás das minhas ações.
Esperava por um discurso de consolo ou repreensão ou talvez qualquer coisa parecida com isso. Enfim, esperava um discurso – não que quisesse ouvir um - mas fui surpreendida mais uma vez com o dom das palavras que minha mãe sempre possuiu. Depois de tudo que falei, ela tinha apenas três frases. Poucas palavras que significaram mais do que uma homilia inteira. Minha mãe, com aquela voz límpida de sempre – e aqui até pude imaginar o olhar de compaixão que ela lançaria sobre mim se estivesse ali comigo – e disse: “Você não está sozinha, filha. Faça o que tem que fazer. Não deixe que o medo do desconhecido te impeça de viver sua vida”.
Meia hora de conversa e vinte e quatro palavras que fizeram com que eu passasse o resto do dia deitada na cama, remoendo minha vida inteira, decidindo o que faria com o resto dela. Eu tinha duas opções bem claras. Podia conversar com Jungkook e falar a verdade de uma vez ou podia me fechar em mim mesma. De novo.
Podia lidar com a pressão de decidir entre duas escolhas bem delineadas e viver com as consequências de minhas ações. O problema era que, agora, a única coisa clara ali eram aquelas duas opções, tudo o mais era um borrão. Conseguia enxergar o agora, o que poderia escolher, mas não conseguia imaginar nada que viria disso. Nada vinha em minha mente. Só havia o aterrorizante vazio.
Era isso que eu sentia, ou, melhor, não sentia. Nada. Vazio. Era horrível e trazia novas lágrimas aos meus olhos - como se, agora que havia permitido que aquela umidade traiçoeira descesse por meu rosto, ela não pudesse ser parada.
Uma mistura caótica de lágrimas e pensamentos confusos. Era nisso que eu havia sido reduzida.
Patética.
Como havia chegado a esse ponto? E para quê? Por quê?
Aquelas eram só mais algumas das várias perguntas que me rondavam. Não me surpreenderia se alguém dissesse que realmente podia ver aquelas nuvenzinhas de desenho girando ao meu redor.
Minha cabeça parecia pesar quilos, mas aquilo não era pior do que aquela dor horrível em meu peito. Em certo momento cheguei a olhar por baixo da minha blusa para me certificar de que não havia um machucado aberto sobre a pele.
Horas de solidão e nenhuma resposta satisfatória já estavam me levando a um desespero completo.
[...]
-Ahhhh... Jungkook...
Eu mordia os lábios com tanta força que podia chegar a perfurá-los.
-Valé... ria...
Jungkook apertava meus seios com vontade, as marcas dos dedos dele em minha pele já eram presentes.
-Mais rápido... Mais rápido!
Eu gemia, gritava.
A cama batia com força contra a parede.
Os suores se misturavam, pele, mãos, pernas. Tudo se entrelaçava em um ritmo forte... violento.
Queriam se possuir, se entregar, até se machucar, toda raiva, magoa e tristeza reprimidas estavam sendo jogadas um contra o outro naquela cama.
Ele me possuía com força, eu me entregava com vontade.
Ele afastava tanto minhas pernas que parecia querer arrancá-las.
Eu fincava as unhas nas costas dele deixando um rastro de arranhões.
Suspiros, gemidos, gritos, Toda a rua podia ouvir os dois se amando.... Ou talvez se odiando.
Uma estocada profunda...
- Ahhhhh...
Uma satisfação em uníssono.
Ele caíra sobre ela deixando pra trás as marcas de seu prazer. Os dois arfavam.
Não se olhavam,,,
Silêncio perturbador.
Foi um erro?!
Uma voz.
- Noona...
Nenhuma resposta.
- Vaah...
Pulei na cama, assustada ao acordar e lembrar que o resto do mundo estava seguindo seu ritmo normal do lado de fora da segurança das paredes do meu quarto.
- Você está bem? Está trancada no quarto a horas...
- Hum?! Ah, sim, já estou saindo...
Foi tudo um sonho! O melhor e mais obsceno sonho de toda minha vida. Torci o nariz em sinal de insatisfação, meu corpo se mostrava excitado diante do prazer irreal que havia sentido.
- Te espero na cozinha... – Taehyung disse do outro lado da porta, me trazendo de volta para a vida real.
Aquilo, contudo, foi mais benéfico do que todos aqueles minutos sentada no escuro. Era como se o baque de V batendo contra madeira fosse um tapa de bom-senso direto em meu rosto. Um choque de realidade que trouxe meu raciocínio lógico de volta. E de repente eu sabia o que fazer.
Agarrei as muletas e quase escorreguei duas vezes na pressa de sair do quarto. Encontrei V revirando a geladeira.
- Taehyung! – Chamei, minha voz saindo mais rouca do que o normal graças ao tempo que ficara sem utilizá-la.
Ele se virou devagar, um sanduiche na mão.
- Oi, noo... – Suas palavras de boca cheia foram interrompidas assim que ele colocou os olhos sobre mim.
A expressão surpresa em seu rosto teria sido cômica se meu estado não estivesse tão trágico. Tinha noção, contudo, que não poderia culpá-lo pelo olhar analisador que ele me lançava.
Eu era a plena definição de bagunça. Os cabelos desgrenhados de tanto puxá-los, os olhos inchados de tanto chorar e as roupas amassadas por ter ficado encolhida na cama por tanto tempo.
- Taehyung, cadê o Jungkook?
- Noona, o que acont...
- Agora não! Taehyung, cadê o Jungkook? – Sibilei, não me preocupando nem um pouco em ser rude.
- Acho que ele está no quarto dele, mas o que...
Suas palavras ficaram perdidas no ar, pois já tinha saído em direção ao cômodo que ele indicara. Entrei no quarto sem bater, tranquei a porta e guardei a chave no bolso antes de vasculhar o quarto com os olhos. Encontrei-o sentado na cama de cabeça baixa e encarando o celular. Felizmente estava sozinho – não queria ter que lidar com o furacão Yezi outra vez.
- Jin, eu já disse que não estou a fim de conversar – Jungkook resmungou, ainda sem olhar para mim.
Sua voz estava tão oca quanto a minha.
Engoli em seco, reunindo a coragem que havia me levado até ali.
- Eu não sou o Jin.
Aquilo fez com que ele levantasse a cabeça imediatamente. Surpresa brilhou por um segundo em seus olhos antes de apagar para dar lugar à frieza.
- Bom, Oliveira, não estou a fim de conversar – e, dizendo isso, voltou sua atenção para o aparelho em sua mão, dispensando-me.
Arqueei a sobrancelha.
Mas não. Ah não! Isso não iria ficar assim. Sem chance. Não depois de todas aquelas horas que fiquei sofrendo para tomar uma decisão.
Caminhei até onde ele estava e puxei o celular de sua mão, jogando-o por cima de meu ombro e reprimindo um sorrisinho satisfeito ao ouvir o baque que o objeto fez ao cair no chão.
Jungkook ergueu o queixo e me encarou embasbacado, piscando várias vezes.
- Que pena que você não quer conversar. Então vai só ouvir. Você queria saber o que está acontecendo, não queria?! Pois bem. Vou te contar.
E foi mais ou menos naquele minuto que 80% da coragem que eu tinha reunido se esvaiu. Orgulhosa que sou, contudo, continuei ali, encarnado aqueles olhos maravilhosos dele e deixando que as palavras rasgassem seu caminho para fora da minha garganta:
- Você se lembra de quando nos reencontramos no hospital e te falei sobre meu intercambio?
Jungkook franziu o cenho, assentindo devagar, provavelmente não entendendo o porquê de começar assim.
- Naquele dia eu disse também que só havia conseguido vir pra Coreia por causa da bolsa.
Assentiu outra vez.
Olhei para o lado, soltando um suspiro. Aquilo era bem mais difícil do que eu imaginava. Precisava me sentar, algum apoio era melhor do que a instabilidade que minhas pernas estavam sofrendo – instabilidade essa que não tinha nada a ver com o gesso. Caminhei devagar e tateei o colchão até me acomodar num lugar a uns dois palmos de onde ele estava. Mantive meu olhar sobre a cortina azul arriada ao lado da janela quando recomecei a falar:
- É uma bolsa de estudos única, muito difícil de conseguir.
Suspirei.
- Eles tem condições bem especificas a serem atendidas, e eu nem tinha esperanças de que fosse conseguir de fato uma bolsa – olhei para minhas mãos sobre meu colo, soltando uma risadinha seca. – Ainda lembro quando recebi o e-mail deles e quase não coube em mim de tanta emoção. Nem liguei para as condições que estavam sendo impostas, desde que eu pudesse concretizar esse sonho. – agora as palavras saiam automáticas e não me lembrava da última vez que tinha piscado, quase um robô. – Mas eu consegui, e aceitei as condições. Uma delas, dizia respeito as condições de ida e vinda, que seriam a total critério e responsabilidade dos coordenadores do intercambio, ou seja, eles ditam quando chegamos e partimos.
A passagem na minha garganta e os dutos lagrimais em meus olhos começaram a funcionar em grandezas inversamente proporcionais. Na medida em que um se fechava, o outro se abria. Passei a mão pelo cabelo, meus ombros caindo para frente com o peso das minhas próprias palavras. As palavras que eu não queria pronunciar.
- Três dias atrás eu recebi um E-mail deles, dizendo que por motivos de corte orçamentário e outros detalhes que não convém citar, o encerramento da bolsa havia sido adiantado, e... – passei a mão na testa, estava suando frio.
Senti Jungkook se aproximar um pouco, provavelmente sentindo pena. Meu estômago se revirou. Odiava que sentissem pena de mim.
- Não precisa ter pena de mim – vocalizei meu pensamento, tentando manter a voz neutra. – O semestre letivo já encerrou e eu tive um bom aproveitamento, enfim... – dei de ombros, soltando o ar pesadamente. Agora ele se aproximou ainda mais de mim, o calor de seu corpo irradiava para o meu, mas, mesmo assim, sentia frio.
- O encerramento da bolsa foi antecipado, e... – Respirei fundo, era melhor falar de uma vez. – Eu vou ter que ir embora...
O silencio pairou no cômodo. Jungkook fechou os olhos por um momento, parecia ter recebido um golpe, foi como se um caminhão de concreto houvesse caído por sobre seus ombros. Ele focou seu olhar na menina. Valéria parecia tão infeliz, tão chateada com tudo e consigo mesma que ele sentiu um aperto forte no estomago seguido de uma frieza incomum, como se ele tivesse engolido uma pedra de gelo e conseguisse senti-la dentro de si. Ficou paralisado, tanto pela sensação quanto pela imagem da garota chorando. Como uma mulher forte como ela podia parecer tão... Frágil?
O silêncio não durou mais do que alguns segundos, mas parecia que me esmagaria por toda eternidade.
- Vaah – Jungkook chamou baixinho, colocando a mão em meu rosto e me virando para ele.
O peso em meu peito diminuiu um pouco ao encontrar seu olhar tão calmo, cheio de um sentimento de carinho. Não queria encará-lo, contudo, qualquer coisa era melhor do que o vazio com que tinha me deparado ao entrar no quarto.
- Jungkook...
- Não, shiu... – sussurrou devagar, passando os dedos pelas minhas bochechas, limpando as lágrimas que eu nem percebi que haviam caído.
Queria me abaixar, deitar sobre seu peito e esquecer tudo, abandonar o assunto, mas sabia que se fizesse isso deixaria coisas inacabadas entre nós e isso seria prejudicial. Decidi, então, chegar para trás, afastando-me tanto física quanto figurativamente.
- Não, deixa... deixa eu terminar de falar.
Jungkook relutou por um segundo antes de assentir e também se afastar o mínimo necessário.
- Foi por isso que eu... – gesticulei com a mão, procurando uma palavra – não consegui dizer nada em resposta ao seu pedido.
Voltei a encarar a cortina.
- Logo agora que as coisas pareciam tão certas. E eu recebi a notícia de surpresa, fiquei completamente perdida por causa do que nós temos, não sabia o que fazer quando em meio a tudo você me fez o pedido. Não é fácil lidar... – virei para ele.
Jungkook estava perto e muito, muito sério. Seu olhar imediatamente atraiu o meu e foi ali que minha atenção permaneceu durante minhas próximas palavras:
- Não é fácil. É difícil, é aterrorizante – a palavra saiu estrangulada. – Totalmente aterrorizante pensar que eu tenho que ir embora, que eu estava te deixando ir embora porque eu sou uma medrosa. E que eu tenho que desistir – tentei firmar a voz. Meu lábio inferior tremia e eu tentava engolir o choro. – Mas eu não quero desistir de nós dois e não quero deixar você fazer isso. Não quando doí tanto – Bati o pulso contra meu peito.
Aquele sentimento sufocante estava de volta. Era só pensar em Jungkook se afastando que aquela coisa horrorosa se apoderava outra vez do meu peito.
Ouvi vagamente, ao longe, Jungkook chamar meu nome, mas estava perdida demais em meus próprios pensamentos. Apesar das minhas palavras, sabia que não estava sendo justa. Precisava pensar primeiro nele.
Primeiro nele porque... porque...
Por quê?
Meu lado racional – que aparentemente havia voltado a funcionar depois da ligação com minha mãe – trabalhou por poucos segundos antes de voltar com a resposta.
Resposta que era óbvia e talvez por isso tenha surgido tão rápido em minha mente quando finalmente criei coragem para procurá-la.
Ofeguei.
Oh, céus!
Bati o pulso de novo contra o peito.
Outra vez a sensação de estar afogando. Dessa vez, contudo, havia também um sentimento diferente, algo caloroso que se espalhava por todo meu corpo enquanto eu finalmente reconhecia o porquê de tudo isso. O porquê de Jungkook importar mais agora do que outros importaram antes.
Eu o amava. Amava-o mais do que minha teimosia, mais do que minha covardia, mais do que meu orgulho e amava-o mais do que minhas dúvidas sobre a racionalidade de se apaixonar tão rápido por alguém. Amava-o demais para deixar que ele se envolvesse demais com uma bagunça que eu sou.
- Mas eu tenho que deixar você ir... porque eu sou uma bagunça – vocalizei meus pensamentos, minha voz saindo abafada quando enfiei o rosto nas mãos. – Você merece coisa melhor.


Notas Finais


É isso!
Não me matem... Espero que tenham gostado... ❤

P.S. este capítulo não foi revisado, então desculpem qualquer coisa...


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