História Longe de Casa - A little mistake

Longe de Casa

Capítulo 16

 

Os barulhos de tiros eram altos dentro daquela pequena sala de treinamento, as divisórias das cabines vazias indicando que aqueles dois eram os únicos que faziam uso da sala de prática. Baekhyun usava um óculos de proteção transparente e abafadores de som que o deixavam menor do que realmente era, e qualquer um poderia dizer que estava fofo, no entanto, a arma preta em suas mãos junto a expressão séria iam contra toda fofura que ele poderia passar. 

Sua respiração era lenta, enquanto concentrava-se encarando os pequenos alvos de papel a sua frente, Chanyeol o havia mostrado como fazer, agora ele teria que tentar por si mesmo, ignorando o nervosismo que queria se fazer presente. As duas semanas que se passaram foram um tanto calmas e o Park estranhava tal calmaria, afinal era de conhecimento geral que Byun Baekhyun encontrava-se em sua propriedade, pois até mesmo sobre a visita de Dahyun, o líder de Busan sabia. 

Claro que não havia contato ao ômega que seu irmão poderia estar em maus lençóis, não queria preocupá-lo e muito menos voltar a ver as feições tristes no rosto do pequeno. A verdade era que o Byun estava feliz, calmo e até mesmo mais solto, era como se um peso gigantesco tivesse saído de suas costas, e Chanyeol estava gostando demais dessa versão do baixinho, até mesmo já havia conseguido levar o pequeno ômega para o shopping algumas vezes. Baekhyun estava se permitindo gradualmente e isso alegrava demais o coração do mafioso, no entanto, não dava para dizer que tudo estava sendo um mar de rosas, afinal, ainda era um líder da máfia e precisava agir como tal. 

E esse fator fez com que estivesse em uma sala de treinamento junto ao ômega. Não queria mesmo ter a imagem de Baekhyun segurando uma arma, muito menos imaginá-lo em uma situação onde precisasse usar tal artefato, no entanto, descobriu que seu pequeno conseguia ser bem manipulador quando queria. Lembrava-se todos os dias de matar Sehun e Junmyeon que haviam colocado na cabeça do castanho que aprender a atirar era uma boa ideia, mesmo que a imagem que estava tendo, de um Byun concentrado em fazer o que lhe foi ensinado fosse extremamente sensual.

— Lembre-se de respirar devagar — O mafioso comentou se colocando atrás do ômega, que precisou fechar os olhos ao sentir a aproximação, tendo todo seu corpo respondendo ao alfa. 

— Eu tentaria se você não me distraísse. 

— Eu não fiz nada — Chanyeol riu baixinho, aproveitando para colocar as mãos grandes na cintura fina do menor, que tremeu ao toque. 

— Yeol… desse jeito eu não vou conseguir… 

— Concentre-se Baek… — Disse próximo ao pescoço branquinho, o hálito batendo contra a marca já cicatrizada do ômega, que respirou pesado — Precisa aprender a estar sob pressão… o inimigo nunca vai esperar você ficar pronto… — O alfa deixava beijos molhados por todo o comprimento do pescoço, gostando de sentir o aroma doce que seu pequeno tinha e que se intensificava a cada novo toque. 

Baekhyun mordeu os lábios com certa força, sentindo todo seu corpo se arrepiar, respirou fundo algumas vezes, gostando de como Chanyeol o segurava pela cintura, com cuidado, mesmo que ainda bruto. Concentrou-se outra vez no alvo a sua frente, inspirando com calma e soltando a respiração no momento em que apertou o gatilho repetidas vezes. O corpo dava leves solavancos, que era de certa forma, segurado pelo alfa, que sorriu enquanto via o menor abaixar as mãos, soltando apenas um dos braços para apertar o pequeno botão na cabine e aproximar a folha de papel. 

O ômega estava nervoso enquanto o mais velho pegava seu “alvo” e observava minuciosamente, antes de virar em sua direção com um sorriso divertido, dando espaço para que Baekhyun pudesse ver. Seu sorriso se abriu novamente ao ver que havia acertado quase todos os pontos importantes, sentindo-se alegre por finalmente as aulas com Chanyeol darem um resultado. 

— Estou orgulhoso de você, conseguiu aprender muito em quase duas semanas — Sorriu deixando a folha de lado e puxando o ômega pela cintura, colando os corpos — Até mesmo Minseok levou pelo menos dois meses até acertar três dos seis pontos.

— Bom… o que posso dizer? É tudo graças ao meu instrutor, sabe? — Respondeu com um sorriso levado enquanto deixava-se levar pelo maior. 

— Mesmo? Ele deve ser realmente muito bom… 

— O melhor.

— Você sabe mesmo como aumentar a autoestima de um homem — Sorriu e levou os lábios para o pescoço do ômega, amava sentir o cheirinho adocicado e se perder ali pelo tempo que fosse. 

— Só estou dizendo verdades, sabe? O meu alfa é muito bom em tudo que faz… ah! — Gemeu manhoso ao ter o pescoço mordido — Yeol!

Chanyeol simplesmente não conseguia lidar com os gemidos de Baekhyun, sempre que as coisas tomavam um rumo mais quente, por mais que quisesse se controlar, bastava que o ômega gemesse de forma tão entregue para que todo seu controle caísse por terra. Era óbvio que Byun não se importava em ter o mafioso descontrolado por si, tão desejoso e enlouquecido. Gostava dos toques mais fortes, como os que o alfa dava em sua cintura, puxando-o com força, colocando-o sobre a pequena bancada da cabine. 

Não se fizeram de rogados ao começarem a trocar beijos voluptuosos, deixando o tesão falar mais alto que qualquer coisa. Desde a marca, era quase impossível ver os dois sem se tocar, os beijos eram quase sempre necessitados e todas as noites os outros moradores da casa ignoravam alguns sons indecentes que vinham do quarto do líder. Baekhyun e Chanyeol eram insaciáveis e deixavam isso bem claro sempre que estavam juntos, afinal, sempre estavam se tocando de alguma forma, nem que fossem toques singelos que quase nunca passavam despercebidos. 

Ainda não haviam se declarado um para o outro, esperavam o momento certo para tal coisa, o que para o resto do grupo era uma verdadeira besteira, já que estavam conectados para a vida toda por conta da marca. No entanto, ambos queriam que o primeiro “eu te amo” fosse especial, mesmo que já agissem como um verdadeiro casal que eram. Baekhyun puxava os cabelos loiros do maior, aproveitando para jogar a cabeça para trás enquanto tinha o mafioso judiando de seu pescoço com tanta devoção. 

Envolveu a cintura de Chanyeol com pernas colando ainda mais os corpos, sentindo a ereção do mesmo contra a sua. Rebolou devagar, apenas para provocar e sorriu ao ouvir o rosnado do maior, que atacou seus lábios novamente, enquanto segurava seu corpo de forma possessiva. Gostava desse Baekhyun atrevido, que se entregava de corpo e alma, completamente bêbado de prazer e ansioso pelo que logo viria. As mãos do Park entraram por debaixo da blusa do menor, sentindo a pele quentinha escondida pela roupa. 

O ômega levou as mãos até a calça do mafioso, dedilhando com certa pressa na tentativa de achar o botão para conseguir tirá-la do maior. O beijo era desesperado, as línguas volta e meia se encontravam do lado de fora da boca, o ambiente se tornando cada vez mais quente. Poderiam ficar ali para sempre, no entanto, o toque do celular de Chanyeol se fez presente. Os dois ignoraram completamente a insistência do aparelho, não queriam mesmo parar o que começaram, contudo, logo o telefone tocou novamente. O Park rosnou alto, afastando-se um pouco de Baekhyun para pegar o aparelho no bolso da calça.

Observava seu pequeno com os lábios vermelhos, os cabelos desgrenhados apontando para todos os lados e a respiração acelerada. Era um pecado deixar seu ômega assim, com certeza mataria quem estava interrompendo aquele momento. 

— Que é porra? — Indagou irritado, sem deixar de tocar nas coxas grossas do seu pequeno, que mordia os lábios como se para provocar ainda mais — E vocês não podem resolver essa merda sozinhos? — Continuou encarando o ômega, até ouvir Jongdae falar o nome de Michan. Se afastou de Baekhyun assumindo uma postura mais séria. 

— O que houve? — O ômega sussurrou ajeitando-se na bancada, porém, ainda sentado. O alfa fez um sinal de silêncio enquanto ouvia o que o Kim explicava ao telefone. 

— Inferno… tá, eu to voltando pro casarão — Disse irritado enquanto desligava o telefone. 

— O que aconteceu?

— Temos uma missão — Suspirou passando as mãos pelo rosto — Acho que eles conseguem esperar uns cinco minutos se-

— Chanyeol nós não vamos transar.

— Mas temos cinco minutos — Baekhyun riu da cara do maior e levou as mãos ao rosto do outro em um carinho calmo. 

— Podemos resolver isso quando você voltar.

— Eu não sei que horas vou voltar… e se demorar muito?

— Chanyeol, temos a vida inteira pela frente… — Disse sorrindo e viu o alfa fazer um bico — A gente transa todo dia amor… 

— Mas-

— Vamos, os meninos estão esperando! — Desceu da bancada ajeitando suas roupas para logo sair da sala de treinamento, sendo seguido pelo alfa que parecia muito contrariado. Ele com certeza aproveitaria da tal missão para relaxar. 

A pequena sede de treinamento ficava localizada nos fundos da casa, no grandioso e antigo quintal que a casa costumava ter. O pai de Chanyeol achou que seria uma boa ideia construir uma espécie de academia para que os moradores do casarão treinassem, e claro que o Park seguiu com a ideia do pai, no final, aquele espaço era uma verdadeira mão na roda para os garotos, que quase sempre treinavam por ali. Ambos estavam de mãos dadas enquanto andavam em direção a casa e Baekhyun rindo da expressão irritada do Park que aos poucos ia se desfazendo. 

Era impossível ficar irritado quando se tinha o Byun como ômega, ele era atencioso e brincalhão, não gostava de climas pesados e tentava a todo o custo melhorar o humor do alfa. Desde que conhecera o castanho, quase nunca ficava verdadeiramente irado, pois, era só pensar no mais novo e sentir seu cheiro, que ficava mais calmo. Cresceu ouvindo sobre alma gêmeas, sobre como existia um ômega para cada alfa e vice versa, mas nunca acreditou de fato nisso, pelo menos até conhecer Baekhyun. 

Entraram em casa com um sorriso no rosto, era sempre assim quando estavam juntos. Chanyeol ria das coisas que o outro dizia, no entanto, ao entrarem na sala, era visível que o clima estava o completo oposto da felicidade deles. Baekhyun encarou Kyungsoo que estava de braços cruzados, aparentemente irritado, ao lado da escada e Minseok sentado no sofá fazendo carinho na barriga grandinha. Claro que o ômega estranhou, sabia que as missões eram sempre preocupante, mas o Kim nunca ficava assim quando os meninos precisavam sair. 

— Já está tudo pronto pra irmos? — O líder perguntou. 

— Sehun só está pegando os últimos armamentos — Jongin respondeu cansado, olhando para Kyungsoo que apenas o ignorava, fato que não passou despercebido por Baekhyun. 

— Certo… o que tá acontecendo? Porque parece que todos sabem algo que não sei? — Questionou encarando todos os amigos presentes na sala. 

— Não tem nada Baek, é só impressão sua — Jongin disse forçando um sorriso e Baekhyun poderia até acreditar, se não fosse pelo riso irônico de Kyungsoo. 

— Vão mesmo mentir pra ele? 

— Soo!

— Não, ele tá certo… eu quero saber o que tá acontecendo! — O ômega disse sério e virou-se para o Park — Chanyeol? — O alfa apenas abaixou a cabeça, sentindo um pouco de raiva do Doh por não deixar aquilo quieto — Ninguém?

— É algo envolvendo Michan e os homens dele, aparentemente uma droga de missão suicida — Kyungsoo disse com raiva e Baekhyun sentiu o coração parar.

— Kyun-

— Não! — O ômega interrompeu Jongin e desencostou da escada — Você mesmo disse que poderia ser uma armadilha! O Baek tem direito de saber onde vocês estão indo e as consequências — Disse alto — Eu não to a fim de perder você e tenho certeza que nenhum de nós quer perder quem ama — Terminou de jogar tudo aquilo e saiu da sala em passos pesados.

Baekhyun observou Jongin respirar fundo antes de sair da sala atrás do baixinho. Seu olhar passava por todos os presentes na sala com o intuito de ver algo que indicasse que as palavras de Kyungsoo eram mentiras. Fechou os olhos com força não querendo derramar lágrimas, estava cansado demais de ser fraco, de chorar. Sentiu Chanyeol aflito através da marca e logo percebeu sua aproximação, afastando-se um pouco. 

Estava decepcionado demais com o maior. Porque mentir para si? Porque arriscar-se dessa forma? Olhou para Minseok que continuou com o olhar baixo e sua vontade era de gritar com o Park. Céus, como ele aceitava ir em uma missão que poderia causar na morte de pessoa que amava? Cruzou os braços virando-se para Chanyeol, que o encarava em expectativa, além de preocupado. 

— Eu vou junto.

— O que? — O mafioso questionou e sorriu desacreditado. 

— Isso que você ouviu. Eu vou junto. 

— Baek, isso é de longe uma péssima ideia e- — Jongdae ia começar a falar, porém, foi interrompido por Chanyeol, que apenas levantou a mão para o amigo. 

— Você não vai Baekhyun, isso não é discutível. 

— Porquê? Tudo bem vocês se arriscarem por mim, mas eu não posso? Tudo bem para vocês a possibilidade de nem ao menos voltarem pra casa, novamente, por causa de mim, mas eu não tenho direito de escolha? — Encarava Chanyeol com certa raiva — Minseok está grávido! Está tudo bem por você o Jongdae ir e deixar ele sozinho? — Falou alto.

— Baekhyun, isso não-

— Eu vou junto Chanyeol! É a minha vida em jogo não é? Se eles podem ir e arriscar a vida deles, eu mais do que ninguém devo ir! 

— Pra merda que vai — O Park se colocou na frente do menor, suas pupilas esbranquiçadas deixando claro sua raiva. 

Minseok se levantou segurando Baekhyun, que não parecia nem perto de desistir da ideia maluca de fazer parte da missão. 

— Chega, isso não é conversa para terem agora… eles precisam ir e você vai subir comigo. 

— Eu vou junto sim, ele querendo ou não, eu vo-

— Você não vai! — Chanyeol se arrependeu no momento seguinte em que usou sua voz de alfa, o que fez não só Baekhyun, mas Minseok se encolherem no lugar. O Byun tinha os olhos arregalados e marejados, no entanto, não conseguia lutar contra a ordem do mais velho. Lhe encarou com raiva enquanto soltava-se dos braços de Minseok e ia em direção as escadas — Baek...

Assistiu seu ômega o ignorar e algo dentro de si se revirava, mostrando uma tristeza que não era sua. Amaldiçoo-se enquanto passava as mãos pelo rosto, sabia que havia pegado pesado, no entanto, não podia permitir que Baekhyun se colocasse em perigo dessa forma, não quando todos estavam fazendo de tudo para mantê-lo são e salvo. Entendia tudo que seu pequeno queria dizer, só que não queria imaginar o Byun em campo, ele era tudo para si e não poderia perdê-lo.

Suspirou e olhou para Sehun e Junmyeon que se aproximavam da estrada da sala. Jongdae estava de cabeça baixa e Minseok o olhava com reprovação. Coçou a nuca e virou-se para o alfa Kim. 

— Está liberado da missão de hoje, Dae.

— Chanye-

— Isso é uma ordem… Baekhyun não estava de todo errado — Olhou para Minseok que nada dizia, apenas segurou a barriga agradecendo baixinho, tirando um sorriso pequeno do mafioso — Você tem uma família pra cuidar. 

— Tudo bem… eu não vou a campo, então me dê permissão de ficar no contêiner, posso ajudar de lá e ficar fora de perigo — Jongdae olhou para Minseok que sorriu e Chanyeol suspirou em concordância — Vou ligando o carro.  

O Park olhou para as escadas e ameaçou dar alguns passos, contudo, teve o braço segurado por Minseok.

— Dê tempo a ele… ele errou, mas você também — Disse baixinho — Estamos nervosos e ele deve estar muito mais, então só… foque na missão e se resolvam quando voltar. 

— Certo… obrigado Min.

O ômega concordou e Chanyeol suspirou, saindo da sala e indo em direção aos carros encontrar os amigos. Todos já estavam a seus postos esperando pelo líder, o clima estava estranho e o pior era não ter seus ômegas ali para se despedirem, no caso de Chanyeol e Jongin. O Kim olhou para a porta na esperança de ver Kyungsoo, no entanto, nada. Entraram nos carros pretos e partiram em direção a missão, torcendo para que as coisas se ajeitassem logo. 

 

(...)
 

Baekhyun andava de um lado para o outro de seu quarto, roendo as unhas em uma mistura de ansiedade e irritação. Estava chateado com o alfa e queria não se preocupar com a tal missão em que eles estavam, no entanto, não podia mandar no coração, consequentemente, nos próprios sentimentos. Estava nervoso e não dava para negar sua preocupação, idealizando todos os piores cenários que poderiam acontecer. 

Bufou irritado, sentindo as pernas reclamarem pelo tempo em pé e se jogou no colchão, encarando o teto para logo perceber pares de olhos sobre si. Suspirou sentando-se na cama e virando para Kyungsoo e Minseok, que estavam com ele no cômodo, todos quietos dividindo os mesmos medos. O Kim era o mais calmo entre eles, não por Jongdae estar “fora” da missão e sim por estar mais acostumado às missões surpresas. 

— Finalmente percebeu que andar feito barata tonta não resolve nada? — O ômega grávido questionou um tantinho divertido, vendo o Byun revirar os olhos. 

— Ficar parado também não é uma opção melhor — Foi Kyungsoo quem respondeu, seu humor não estava um dos melhores e sua irritação era palpável. 

— Soo, não seja assim, sabe que eles não tem muita escolha. 

— Eles tem sim, ainda mais sabendo que pode ser uma armadilha — O Do disse cruzando os braços e Baekhyun suspirou. 

— Eu também estou irritado, só que não adianta nada agora — Baekhyun disse se levantando novamente — O que está me deixando pior é não poder fazer nada… ficar sentado aqui esperando uma notícia. 

— Bom, podemos fazer uma tarde dos garotos… — Minseok sorriu — Chamamos o Luhan e o Tao se ele não estiver ocupado. 

— Ou podemos sair de casa e gastar o dinheiro dos nossos alfas — Kyungsoo disse e o Kim revirou os olhos. Logo um sorriso estranho se abriu no rosto do ômega, sorriso esse que o grávido não gostou nadinha — Podemos realmente fazer isso! Eles não levam as carteiras pra missão, podemos ir ao shopping! — Se levantou animado encarando os amigos. 

— Isso é uma péssima ideia! 

— Na verdade, é uma ótima ideia… — Baekhyun disse baixinho e sorriu levantando-se — O Chanyeol diz o tempo todo que eu preciso sair não é? Não posso ter medo… pois bem, eu apoio a ideia! 

— É disso que eu to falando! — Kyungsoo disse animado saindo do quarto e sendo seguido por Baekhyun, que parecia animado demais para uma ideia tão idiota.  

— Vocês só podem ser loucos — Minseok dizia desesperado seguindo os dois amigos — Sabe que nos dias de missões não podemos sair do casarão! Isso é idiotice.

— Claro que não, estamos sendo apenas pessoas livres que vão gastar dinheiro no shopping — Kyungsoo disse descendo as escadas, indo em direção ao pequeno estacionamento, onde as chaves dos carros e os carros ficavam — Eles nem vão saber! Vamos, passeamos um pouco e voltamos. O que tem de mais nisso?

— O que tem demais? O Baekhyun está fugindo! Estamos no meio de uma quase guerra entre gangues e vocês querem se colocar em perigo por causa de orgulho? — Minseok questionou e vendo que nenhum dos dois estava lhe dando atenção se desesperou. Segurou o braço de Baekhyun que já estava entrando em um dos carros — Seja coerente Baek… não é assim que funciona. Estamos sem seguranças e lá fora, sem os meninos, somos alvos fáceis. 

— Nós vamos Min e você pode muito bem ir com a gente ou então ficar… 

— Eu vou ligar pro Chanyeol!

— Liga — Kyungsoo disse dando de ombros e ligando o carro — Não tenho medo dele e outra, sabe melhor que ninguém que eles não vão atender estando em missão. 

— O Jongdae pode atender e-

— Minseok, eu só preciso me distrair… nós precisamos! — Baekhyun disse encarando o amigo — Não precisamos entrar no shopping se isso vai te fazer melhor, podemos ir só ao drive thru — O ômega deu de ombros e Kyungsoo revirou os olhos — Por favor, Min, só não vamos ficar presos de mãos atadas… 

O grávido olhava os dois amigos e ponderava toda a situação. Aquilo era devidamente uma péssima ideia, porém discutir com os dois também não adiantaria nada, uma vez que estavam decididos em fazer aquilo. No fundo também estava preocupado e talvez com um pouquinho de vontade de se inconsequente, já que no fundo compartilhava dos mesmos pensamento dos dois. 

— Tá! — Disse suspirando e abrindo a porta de trás do carro — Mas eu vou junto, vocês são dois malucos e eu a consciência… — Reclamava enquanto entrava no carro, ignorando a comemoração dos dois amigos — Céus… eu devo estar tão maluco quanto vocês em simplesmente concordar com isso. 

— Você é o melhor Min! 

— Vou até te pagar uma casquinha — Kyungsoo disse dando partida no carro. 

— De doce de leite, a mais cara que tiver e isso não é discutível. 

— Você que manda, é o cartão black do Jongin mesmo — O Do riu alto fazendo o amigo revirar os olhos. Baekhyun apenas sorria olhando para o lado de fora, sentindo-se um pouco estranho e ao mesmo tempo livre. 

Era estranho estar fora do casarão, ainda mais sem Chanyeol. Algo dentro de si se remexia, não sabia se era empolgação de fazer algo escondido ou o medo, afinal, quem iria enganar? Estava mesmo fazendo uma maluquice e céus, que seu alfa não soubesse sobre aquilo. Kyungsoo e Minseok conversavam alto, hora se alfinetando hora rindo, no entanto, não conseguia acompanhar a conversa. Observava tudo e qualquer carro que passava por eles. Sem perceber estava apertando com certa força o cinto de segurança, começando a achar que Minseok tinha toda a razão. 

Respirou fundo algumas vezes, repetindo para si mesmo que estava tudo bem e que seriam rápidos. Não podia viver com medo para sempre e estar com os amigos no carro era um grande passo. Repetia que estava orgulhoso de si mesmo e que Chanyeol também ficaria, mesmo depois de uma longa reclamação. Seu coração estava acelerado e sua cabeça voava longe, seu peito até mesmo doía e céus, xingava-se por dar ouvidos a Kyungsoo e seus planos impensados. O ômega deu um leve pulo em seu lugar ao sentir uma mão em seu ombro e o Do riu do susto do amigo, menos Minseok que não estava gostando nada da forma que Baekhyun estava.

— Eu tava te chamando. Vai querer comer o que? — Perguntou o Do, na fila do drive thru. 

— E-eu não s-sei…

— Baek, respira ok? — Minseok disse se colocando um pouco para frente para segurar na mão do amigo, que o encarava nervoso — Lembra do exercício de respiração que te ensinei? Então, vamos lá… 

— Pra que isso, ele-

— Resultado dessa sua ideia de girino! — Minseok disse alto vendo o Do arregalar os olhos — Ele não está acostumado a sair assim, ele já teve uma crise de pânico com o Chanyeol e aparentemente ta quase tendo uma agora — Falou sem deixar de olhar Baekhyun e ajudá-lo com a respiração — Se sente melhor? 

— Mas o-ou menos… — Respondeu com os olhos fechados.

— Vamos logo embora Soo, pode entrar ali e-

— Não… eu p-preciso enfrentar isso, ok? — Olhou para os dois amigos — Só vamos comprar e então vamos… 

— Tem certeza? — Kyungsoo perguntou ao ver que já seria a vez deles. Baekhyun forçou um sorriso e o Do concordou — Certo.

— Estou orgulhoso de você, ok? Mesmo que a situação seja toda errada — O ômega grávido disse e Baekhyun riu baixinho concordando — Não esquece meu sorvete Do.

— Já até pedi — Respondeu rindo e Baekhyun aos poucos ia se acalmando. 

Pagaram pelos lanches e logo estavam seguindo a fila para pegar as sacolas. O episódio de minutos atrás parcialmente esquecido, uma vez que Minseok não desgrudava os olhos do Byun, preocupado com uma possível crise. Não demoraram nada em detonar a comida no estacionamento mesmo, rindo e conversando coisas banais a fim de relaxarem. Estavam felizes de certa forma e Minseok já não achava que a ideia fora de fato algo ruim, ainda mais vendo o castanho confortável e sorrindo fora do casarão. 

Foram pouquíssimas às vezes em que Baekhyun tivera coragem de sair de casa. As únicas vezes foram ao lado de Chanyeol e a primeira tentativa gerou uma crise de pânico no baixinho, deixando o alfa maluco e sem saber o que fazer. Foi graças a Minseok e sua calma para momentos de tensão que Baekhyun foi relaxando e desde então era uma luta constante para o pequeno ômega, que se sentia orgulhoso das vezes em que conseguia sair com o Park sem maiores problemas. 

Nem era preciso dizer que havia mais coisas na lista de Chanyeol para acertar com Michan quando a hora chegasse. Seu menino tinha cicatrizes profundas graças a toda aquela merda e ele teria um prazer imenso em pagar cada centavo de volta ao homem mais velho. Sempre existiram assuntos inacabados entre os dois alfas, agora então, Park Chanyeol faria questão de fazer o outro mafioso sofrer três vezes mais. 

— Estou cheio… não quero voltar dirigindo — O Do disse colocando a mão sobre a barriga. 

— Você que fez esse show pra trazer a gente… se vira — Minseok respondeu tomando sua casquinha — Baek você vai comer essas batatas? 

— Não — Riu entregando o pequeno pote com a comida — Pode ficar a vontade. 

— Que paladar estranho… — Kyungsoo comentou fazendo uma cara de nojo. 

— Pelo amor que você tem a sua vida, concentre-se aí e não no que eu como. 

— Eca — Disse voltando a atenção a Baekhyun — Quer dirigir? 

— Hm… eu não tenho carteira lembra?  

— Mas a Jina e eu te ensinamos — O ômega sorriu saindo do carro e rindo dos olhos arregalados de Baekhyun — Vai vamos, estamos perto de casa, não vai fazer mal — O Byun olhou para Minseok que passava a batata no sorvete e levava a boca.

— Não olha pra mim, vocês já estão fazendo merda desde o começo — Deu de ombros — Ser preso não é nada comparado ao que poderia acontecer hoje. 

Baekhyun riu baixinho saindo do carro e indo assumir o volante. Lembrava-se quando Kyungsoo e Jina perdiam algumas horas do dia para ensiná-lo, com a intenção de que ele já soubesse alguma coisa quando começasse as aulas de direção. No entanto, desde então nunca teve a oportunidade de pegar em um carro novamente. Não podia mentir e dizer que não estava nervoso, pois estava, contudo, sentia-se bem para fazer aquilo, queria fazer. 

Eram só algumas ruas, o caminho não era longo e bem, sempre era muito elogiado pelos mais velhos durante as aulas. Ligou o carro um pouco animado e riu baixinho de Minseok que reclamava de algo enquanto colocava o cinto. Era uma sensação boa dirigir, ia devagar para se adaptar e isso gerava algumas piadas do Do, que revirava os olhos e dizia que estava tudo bem chegar em casa no ano 3.000. Eles faziam brincadeiras que deixavam o ômega mais confortável e até mesmo lhe dava uma segurança a mais no que estava fazendo, acelerando um pouco mais a velocidade. 

Estava distraído e sorrindo o tempo todo, no entanto, o silêncio abrupto de Minseok o deixou um pouquinho preocupado. O ômega estava sério e olhava o tempo todo para trás e para o retrovisor. 

— Ei Min, o que foi? — Perguntou preocupado e Kyungsoo logo estava virando-se para encarar o ômega. 

— Baek, acho que estamos sendo seguidos… 

— O que? — Arregalou os olhos. 

— Merda — O Do disse ao ver que o amigo estava certo — Baek, você precisa acelerar um pouco. 

— N-não, eu não consigo, e-eu-

— Baekhyun! Não podemos simplesmente parar o carro e trocar de lugar, você precisa se controlar, ok? — Minseok praticamente gritou — Soo liga pro Jongdae pelo alto falante. 

— Mas eles não vão atender.

— Liga! — Baekhyun quase gritou, tremendo enquanto aumentava a velocidade do carro e sem desviar os olhos da estrada. Sentia o suor correr por seu rosto e o coração acelerar cada vez mais ao perceber o carro preto que também aumentava a velocidade — Merda. 

O barulho da ligação preenchia todo o carro e Baekhyun sentia-se cada vez mais apreensivo, o caminho de casa que deveria ser rápido parecia ter ficado longo até demais. Ele olhava para o carro que os seguia e a garganta parecia fechar, junto aos seus olhos que estavam marejados. Tirou uma das mãos do volante rapidamente para limpa uma lágrima teimosa e voltou a segurar a direção com força. Sua respiração estava falhando e ao ouvir a voz de Chanyeol na linha e não de Jongdae, seu nervosismo pareceu piorar. 

— O que está acontecendo? Cadê o Baekhyun? — Minseok engoliu em seco e olhou para Baekhyun que não desviava o olhar da estrada — Minseok eu sinto o desespero do Baek pela marca! Que merda ta acontecendo? — Sua voz era um rosnado e os ômegas se encolheram no lugar.

— E-eu to bem, eu-

— Chanyeol estamos sendo seguidos… — O ômega interrompeu o Byun que parecia tentar controlar o choro — Saímos de casa e agora estamos sendo seguidos. Cerca de três carros.

— Puta que pariu! — Baekhyun fechou os olhos com força e os abriu rapidamente, alguns carros buzinavam pela velocidade que o Byun estava — Minseok eu preciso que você pise fundo e acelere o máximo que puder.

— Não! N-ão, e-eu não — O ômega negava com a cabeça e o Kim olhou para Kyungsoo que levou as mãos a perna do amigo. 

— Calma, Baek!

— Chanyeol não sou eu que estou dirigindo — Minseok sussurrou e podiam ouvir os xingamentos do alfa do outro lado da linha. Ele estava irritado o que piorava a situação de Baekhyun que guiava o carro em meio às lágrimas.

— Baek… preciso que preste atenção em mim — O Byun concordava freneticamente, como se Chanyeol fosse capaz de vê-lo — Vai ficar tudo bem, ok? Mas eu preciso que você seja corajoso, assim como foi mais cedo, tudo bem? 

— Eu não consigo, Chanyeol, eu não-

— Consegue sim, você é meu ômega Baekhyun, você é capaz de tudo — A voz do alfa era calma, claro que ele estava nervoso, no entanto, ele precisava fazer com que Baekhyun se acalmasse — Você vai acelerar o carro.

— Yeol...

— Você consegue, Baek. Acelera o carro e desvia de tudo, leve-os para perto do porto — Baekhyun concordava e apertava ainda mais o volante com força, acelerando o carro e desviando dos carros a frente. Para quem não tinha uma carteira, o ômega estava se saindo bem e conseguindo ter o total controle do carro, mesmo em meio às lágrimas. 

Minseok continuava olhando para trás, irritado por ver os automóveis acelerando sem nem ao menos se confundirem. Deu um leve rosnadinho e voltou a encarar Baekhyun, que respirava fundo pisando o pé com mais força no acelerador. O ômega olhava para o velocímetro que marcava 140km, sua respiração estava acelerada, estava tomado pela adrenalina. O Byun nem ao menos piscava enquanto ouvia a voz do alfa no alto falante do carro. Kyungsoo se segurava com força assim como Minseok. 

— Vai por aquela rua! — Minseok gritou e Baekhyun fez o que foi mandado — Pegamos o atalho da Principal, Chanyeol.

— Ótimo! Qual a velocidade? 

— Estamos chegando a 150km — O Kim respondeu.

— Baekhyun você está bem? — O mafioso perguntou e Baekhyun nem ao menos piscou.

— Não… eu-

— Tá tudo bem, você está se saindo bem amor… continua assim.

— 10 minutos e chegamos ao porto — Minseok falou nervoso, olhando para trás — Só tem um carro atrás da gente Chanyeol!

— Despistamos os outros? — Kyungsoo perguntou, porém ninguém respondeu. 

Baekhyun repetia internamente que faltavam poucos minutos, que tudo ficaria bem. Seu olhar era sério e de vez enquanto olhava pelo retrovisor para ver o único carro que estava em sua cola. Pisou novamente no acelerador, as vozes em volta se tornando apenas um zumbido que o deixava ainda mais nervoso. Escutou Minseok dizer algo, mas não conseguia ouvir, sua respiração falhando ao ver dois carros vindo na contra mão e nem ao menos soube o que sentiu quando viu que eram Jongin e Chanyeol. 

Os carros dos alfas passaram direto por eles, parando de forma abrupta e interceptando o carro do perseguidor. O Byun parou o carro bem mais a frente, de forma brusca e fez com que os corpos pudessem ser jogados para fora do automóvel se não fosse pelo cinto de segurança. Logo os tiros podiam ser ouvidos e por estarem próximos demais, era ainda pior. Baekhyun tirou as mãos do volante levando-as ao ouvido com força. As cenas de quando havia sido perseguido na floricultura de Jina estavam vivas em sua memória. 

Seu corpo tremia, a adrenalina indo embora junto com sua falsa calma, as lágrimas caíam em cascata em um choro copioso e doloroso. Sentiu mãos ao redor de seu corpo, mas se afastou como podia. As portas do carro se abriram e os três ômegas pularam nos bancos, Baekhyun com os olhos vermelhos e arregalados ao ver as orbes castanhas de Chanyeol, que o olhavam preocupados. O Park bem que queria brigar com o menor, contudo, ver a forma vulnerável que seu pequeno estava o destruiu por dentro.

— Me desculpa… por favor, me desculpa — O ômega começou a dizer voltando a chorar forte, Chanyeol apenas o pegou no colo, vendo como ele tremia e se agarrava a si. Viu Jongdae ajudar Minseok a sair do carro, igualmente com Jongin e Kyungsoo. O alfa encarando o Do com certa mágoa no olhar, o que fez com que baixasse sua cabeça. 

Todos estavam errados e iriam levar um esporro daqueles. 

— Está tudo bem, shiu... tá tudo bem — Chanyeol disse passando uma das mãos pelos cabelos castanhos do ômega. Afastou um pouco, para olhá-lo nos olhos — Só… não faça mais isso… por favor!

Baekhyun concordou e voltou a abraçar o alfa, que fechou os olhos com força. O ômega olhava por trás do mafioso, os corpos dos homens que o perseguiam estavam ao chão. Escondeu o rosto no peitoral do maior, sentindo-se aliviado. Havia sido idiota o suficiente para se colocar em apuros e mesmo assim Chanyeol havia o salvado de novo. 

Mesmo que dessa vez tivesse certeza que não merecia.