História Look At Me - Cuida bem dela

Pov Stiles

 A conversa com Scott tinha me mostrado coisas que eu lutava para não enxergar. Queria que tudo o que ele tinha dito fosse mentira, mas percebi que eu realmente estava mudado e não gostava de quem tinha me tornado. Perturbar a Lydia gastava boa parte da minha energia e influenciava no meu humor diário. Com isso eu acabava atingindo aqueles que não tinha nada a ver com nós dois, e tudo para eu ter um prazer momentâneo, que passava rapidamente quando eu percebia o impacto das minhas ações, fazendo-me sentir um completo imbecil. Talvez a Lydia já tenha sofrido o suficiente e minha vingança tenha chegado ao fim, mas ninguém sabe o dia de amanhã não é mesmo?

~

      Estava de buenas dirigindo o meu jipe, voltando da farmácia quando vejo Lydia na rua carregando várias sacolas de mercado.

- Lydia!- a chamei
- Stiles- respondeu nada feliz ao me ver
- Tá indo para casa?
- Talvez
- Quer uma carona?
-Por que?-perguntou desconfiada
- Não preciso me justificar... principalmente para você
- Não preciso de uma carona... principalmente com voce- respondeu brava e cínica

Percebi que ela está muito mais fechada comigo, talvez eu realmente tenha conseguido a afastar de mim.

Isso é bom Stiles? Era isso que queria? A deixar machucada o suficiente para nunca mais querer olhar na sua cara? – meu subconsciente me perturbava

 Não, não é isso que eu queria! Mas então o que você quer?  Ahhh!!
- OK fui um grosso, mas qual é lyds! Vamos!- tentei me redimir

A vi vacilar quando a chamei pelo apelido, não foi algo proposital.

- Obrigada, mas eu não espero nada que venha de você — retrucou e voltou a andar
No entanto, eu não desisto e comecei a seguir, dirigindo sem pressa, como se não tivesse a ouvido
Ela passou a andar mais rápido. Assim que virou para outra rua, saiu do meu campo de visão. Mas forcei meu carrinho e o som do motor velho retumbou, quando voltei a enxerga-la ela corria. Aproximei rapidamente a alcançando e acompanhando o ritmo de sua corrida.

- Sempre admirei sua capacidade de correr de salto alto, Martin- falei da janela jipe, mostrando-lhe um sorriso divertido- Mas acho que deve estar doendo um bocado não é mesmo?
Ela parou de correr, curvando-se levemente para que respirasse um pouco melhor
— Por que continua... me seguindo?- perguntou esbaforida
— Não estou seguindo você. Estou indo até a minha casa. Este é o único
caminho, não?- ela olhou para mim revirando os olhos
- Se está fazendo isso para que eu entre nesse jipe velho cheirando a gasolina pode esquecendo- disse convicta  
- Ahh não fala assim dele. Né bebe- falei sarcastico passando a mão no volante

Quando olhei novamente para rua vi Lydia curvada vomitando seu almoço

- Ah que nojo- reclamei surpreso e levemente preocupado

Desliguei o carro, indo ao seu auxilio. Ela ia levantar muito provavelmente para revidar, porem sua face ficou mais pálida e suas sacolas foram ao chão

- Você está bem?- perguntei já próximo e agora realmente preocupado

- Eu acho que vou desmaiar

- Não!- eu corro e a pegou no colo

- Estou tonta- dizia enquanto a colocava no banco do carro

- Fica acordada, a gente já está chegando em casa

Fui os quatro quarteirões restantes puxando conversa com ela, que me respondia devagar e arrastado. Eu estacionei o carro na frente de casa e fui abrir a porta para ela, assim que se pôs de pé seu corpo amoleceu e caiu sobre mim

Eu não sabia o que fazer e o desespero misturado com preocupação, tomou conta de mim

- Lydia! Lydia! Acorda!- me senti novamente em Beacon Hills onde eu sempre entrava em choque, morrendo de medo dela morrer

A peguei no colo e subi para sua casa correndo, a deixei na cama.

Eu a observava apagada e tentava dar um jeito na situação. Lembra do seu treinamento Stiles, o que se fazer com uma pessoa desacordada? Eu me esforçava para pensar, mas o medo de a perder tomou conta de mim. Idiota! Por que voce não a levou para um hospital?? Meu subconsciente me castigava. Ahh eu não consigo pensar direito!

Quanto mais eu a observava, mais desesperado eu ficava. Andava de um lado ao outro do quarto, até que de repente ela acordou

- Lydia!

- Ah oi- disse baixinho

Ela se esforçou e sentou na cama. Ainda permanecia pálida e parecia que iria vomitar a qualquer momento

- Como está? Quer que eu te leve para um hospital?

- Não, não eu estou bem, só um pouco enjoada

- Ah que bom- suspirei aliviado, mas ainda extremamente preocupado

- Voce que me trouxe?- perguntou desconfiada

- Foi. Voce desmaiou no meu colo, por pouco eu não desmaiei junto - brinquei e ela deu um risinho- Se quiser eu trouxe agua e esses antiácidos, comprei para a minha ressaca, mas será melhor para voce

Ela se sentou na cama e tomou o remédio de cara feia. Colocou o copo sobre o criado mudo e me deu um sorrisinho

- Então quer dizer que bebeu muito ontem à noite?- vê-la falar me acalmou.

Suspirei aliviado novamente e sentei na ponta de sua cama muito mais relaxado

- Tequila- balancei minha cabeça em negação lembrando dos vômitos as seis da manha

- Ahh não acredito que não vi isso!- ela ria, empolgada- Voce fica hilário quando toma tequila, fala tudo que lhe vem na cabeça

- Também não é assim né!- tentei me defender

- É assim sim! Lembra daquele dia que estávamos voltando da balada e você quase foi preso porque ficava chamando o policial de balofão? Stiles, você usou o termo balofão!

Eu mal consegui respirar de tanto rir, as nossas gargalhadas preencheram o quarto. Nós ficamos muito mais tempo conversando, rindo e relembrando nossas histórias. Parecia que tudo o que tinha entre nós deixará de existir e voltamos a ser os melhores amigos novamente. Ainda assim, eu estava preocupada com ela, Lydia não se sentia muito bem e vomitou mais três vezes nas horas seguintes.

- Vamos assistir alguma coisa- falei deitado em sua cama quando ela voltava do banheiro

- Tudo bem- disse meio pálida deitando ao meu lado, mas mantendo certa distancia

- Voce não está melhorando- preocupado, toquei em seu rosto frio

Foi algo automático, mas assim que minha mão alcançou sua pele a senti paralisar e meu coração passou a bater mais rápido. Ela abaixou os olhos, enquanto eu não conseguia desviar os meus de seu rosto perfeito. O calor da sua pele irradiava aos meus dedos, causando uma confortável zona de afeto. Aquilo era bom demais.  

-Ehhh- falei saindo do meu transi e a soltando, indo contra os meus desejos mais profundos

Ficou um grande silencio constrangedor durante o tempo em que voltávamos a respirar

- Bem...- ela começou a falar- Eu estou ficando melhor, pode relaxar, isso é só meu corpo avisando para eu não comer mais cachorro quente da rua- falou descontraída

- Tá, mas se não melhorar eu te levo no medico nem que seja arrastada- tentei entrar na sua onda

- Ok doutor- disse brincalhona- Agora vamos que eu quero assistir Diário de uma paixão

- Eu não vou assistir esse filme de novo de jeito nenhum!- pronto o clima estranho já passou

-  Stiles eu estou doente- disse manhosa

- Não!- peguei o controle e segurei firme, balançando minha cabeça em negativa

- Ah é assim?- me desafiou

- Nem vem Lydia- sentei na cama

 Eu levantava o controle com uma mão e com a outra a afastava. Nós iniciamos uma mini lutinha, até que o controle estivesse no outro lado do quarto, eu jogado no chão e ela gargalhado loucamente

- Ahh que dor!!- fingi, deitado no chão

- Stiles você está bem?- ela veio toda preocupada para a ponta da cama

- Ah Lydia acho que me machuquei, me ajuda a levantar- pedi estendendo a mão

E como eu desejava ela segurou com força e no instante seguinte a puxei para o chão também

- Ahh seu idiota!- me deu um tapinha no braço enquanto riamos

Ficamos deitados no chão rindo feito duas crianças

- Vamos, levanta!- já de pé eu estiquei minha mão e a puxei para cima

Não medi minha força e logo Lydia veio para cima de mim, deixando nossos corpos grudados e rostos a centímetros de distância um do outro. Ninguém ousou se mexer. Nossas respirações cruzaram-se e involuntariamente meus olhos recaíram aos seus lábios entre abertos, minha mente viajou a duas semanas atrás quando eu a possuía por completo. Suas írises esmeralda me encararam com tanta intensidade que quase me partiu ao meio. O ar ao nosso redor se tornou mais denso e como imãs nossos lábios foram atraídos um pelo outro.

 Beija-la continua sendo uma das melhores coisas do mundo, o modo como nos encaixamos e nos conectamos é algo que nunca terei com mais ninguém. A beijei com calma e dedicação, como o fogo lento que queima dentro de mim e que nunca irá se apagar. Nos separamos quando o ar se fez falta e eu só sentia a paz, o carinho e a serenidade que me faltava.

Ainda com os olhos fechados ouso sua voz baixinho

- Será que um dia você vai conseguir me perdoar?

A olhei e logo me deparei com seus vibrantes e intensos olhos. Aquela era uma pergunta muito boa. Será que eu já não tinha a perdoado? Ou eu ainda guardava tudo aquilo dentro de mim? 

- Se você continuar a me olhar desse jeito eu até me caso com você- brinquei

Mas nada foi levado na brincadeira, sentia tanta intensidade no seu olhar quanto nas minhas palavras. Bem lá no fundo eu sabia a resposta de sua pergunta e também sabia que não tinha mais como fugir dos sentimentos que ela me proporcionava. Eu a perdoo, como também eu amo Lydia Martin e sempre vou amar, essa é a minha constante.

Nos separamos com calma, num silencio confortável, cada um na sua mente e coração. Me deitei na cama, coloquei um filme que nem fiz questão de saber qual era e a puxei para perto de mim. Ela apoiou a cabeça no meu peito e abraçou minha cintura, passei a afagar seus cabelos vermelhos e respirar bem calmamente.

- Senti falta do meu melhor amigo- falou baixinho quase dormindo

- Eh eu também senti- sorrindo depositei um beijo terno em sua cabeça

Nós estávamos em paz e eu tinha feito minha escolha. Não queria mais ser um dos caras idiotas na vida dela e muito menos continuar com essas atitudes infantis que era só eu, lutando para novamente fazer parte do seu mundo. Eu queria ela e tudo que vinha junto, todos os erros, defeitos, problemas e angústias; todas as alegrias, felicidades e amores. E apesar de tudo o que ela fez comigo eu continuo a escolher, porque é impossível deixar de ama-la. Agora é a vez de eu vou ouvir meu coração e ele sempre diz Lydia!