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História Look down, fair moon - XIV. nichts weiter blieb


Escrita por: VenusNoir

Notas do Autor


esse é meio que um capítulo especial? agora talvez não, mas mais pra frente vai fazer mais sentido e ajudar vocês a entenderem um pouco mais da história (da sooyoung. e, consequentemente, do jimin tb? eu espero?).
ele é pequeno, mas foi feito com mt carinho!!!! pq hj é aniversário da nyu e ela é a madrinha da fic e me dá mó força desde o começo da história, o que pra mim é vital etc. e enfim!!!!!! parabéns, mana, tudo de bom pra ti!!!!!
esperem que vocês gostem tb.
e dia 15 acho que tô atualizando de novo!!!
ALIÁS, MUITO OBRIGADA A TODO MUNDO QUE TÁ LENDO, ESPECIALMENTE QUEM TÁ COMENTANDO. VOCÊS NÃO TÊM IDEIA DO QTO OS REVIEWS DE VOCÊS ME MOTIVAM E ME AJUDAM. SÉRIÃO, VALEU MSM. VCS SÃO SHOW
pra mostrar como eu curto vcs e valorizo a opinião de todo mundo, eu vou deixar um link nas notas finais. e sim, eu tô levando a sério essa votação. just so ya'll know.

Capítulo 14 - XIV. nichts weiter blieb


Sinto-me terrivelmente indisposta. Cheguei à fazenda cedo pela manhã, depois de passar a noite inteira numa cabine apertada e malcheirosa do trem abarrotado. Não havia vagões de primeira classe, então tive que me contentar com o que pude encontrar; tinha pressa de retornar ao lar. Mesmo eu estando resignada, porém, aquelas foram horas duríssimas. Se saia da cabine para tomar um pouco de ar fresco, era forçada a lidar com a gentalha que zanzava à toa pelos corredores. Se ficava no cômodo minúsculo e abafado, era acometida de enfado e dores, pois mal podia esticar as pernas e o ambiente era de tal forma sufocante e sem graça! Ao chegar a casa, estava exausta e intragável. Até a água que bebi a bordo me tinha deixado um ranço na boca e, para sumir com o gosto ruim, pedi uma dose de conhaque assim que pus meus pés na sala-de-estar. Seulgi prontamente veio me servir. Yoochun-ah ficou apenas observando enquanto a mulher ia e vinha com a bandeja e me mimava; às vezes ele também fazia força para parecer um bom anfitrião – como se a casa também não fosse minha – e me oferecia comida, me perguntava como passara a viagem e tentava puxar toda sorte de conversa monótona e vulgar. Eu o respondia com fastio, bebericando o conhaque enquanto descansava um pouco no divã antes de subir para os meus aposentos e tomar um bom banho quente. Era outono. Eu até me esquecera do quão frio e tedioso fica o lugar durante essa época do ano. Nada que se compare ao inverno, mas é uma boa prévia.

 

Não desci para o almoço, pedi que levassem a comida ao meu quarto. Tinha tirado um longo cochilo e estava com o rosto inchado e sem ânimo para ir ter com a criadagem. Alguns deles me adoravam, outros me desprezavam; de qualquer forma, é justo dizer que nenhum deles era indiferente a mim. Desde a pré-adolescência, eu vinha causando uma forte impressão em todos eles, e essa de certo tinha persistido mesmo depois de anos de ausência. Os que não escolheram a tudo perdoar e relevar – a pobre órfãzinha! –, me consideram a mais intratável das megeras. Ou eu provocava empatia extrema e ilimitada ou uma antipatia feroz. Agora que appa também faleceu, eu devo ter me tornado mais temível para uns e mais digna de dó para outros.

 

Cheguei muito tarde para o sepultamento, mas não para a missa de sétimo dia. Daqui a dois dias, haverá uma cerimônia para a qual somente os familiares e amigos mais íntimos foram convidados. Appa tinha pouquíssimos amigos íntimos, e a cada ano os familiares se tornavam mais escassos. Eles morriam aos borbotões, bando de canalhas. No entanto, se não fosse por eles e suas gordas heranças, meu estúpido irmãozinho já teria nos arrastado à falência. Desde que appa contraiu tuberculose, é esse inútil quem administra os bens da família e canta de galo na fazenda. Se ainda não estamos tomando sopa de pedras é porque a tal Seulgi tem um pouco de bom-senso, e de vez em quando Yoochun acata seus conselhos ou cede a seus apelos. Não fosse por isso, ele já teria liquidado nossa extensa fortuna. Como o fogo devora o papel. Yoochun será a ruína de todos nós. Rezo para que Seulgi o detenha antes que ele se torne de fato um perigo. Sei que ela o odeia – e quem não odeia? Eu ainda pude conquistar a simpatia de um punhado de pessoas; Yoochun, nem isso.

 

Às duas horas, Seulgi veio buscar a bandeja e a louça. Ela me avisou que Yerim viria me visitar à noite e eu suprimi o impulso de revirar os olhos. Yerim é alguns anos mais nova que eu, mas desde a mais tenra idade me tem como um ídolo e quer me imitar em todos os gostos, modos e até manias. Eu a tolerava quando criança, desde que virei moça, todavia, não posso com ela. Ela é boba e fraca. Não tenho tempo a gastar com gente de sua laia. E, para o meu profundo desgosto, ainda à noite, seria obrigada a isso. Buscando arejar um pouco a cabeça, desci as escadas e rumei para a minha estufa. Queria verificar se Joohyun-unnie tinha cuidado de tudo durante os dois anos que passei fora, como ela mesma tão entusiasticamente me prometera. Tirando o maço que eu havia escondido na pala de minha saia, acendi o cigarro com o isqueiro que era joia de família, e caminhei enquanto tentava não me deixar levar pela paisagem pretensamente bucólica e idílica. Desde que omma sucumbira à peste, eu passei a não mais acreditar que os bosques eram sagrados, como o Padre dizia; que a vida no campo era mais pura e virtuosa. Ao ir embora, aos dezessete anos, eu já tinha um currículo extenso de pecados e transgressões. O que posso dizer? Está na índole do indivíduo. Não será jamais o ambiente a mudá-lo. Quando muito, pode conter a ruindade inerente, ou disfarçá-la, mas jamais matá-la. Se matam a perversão que queima dentro de mim, me matam toda. Deixa que eu decido quando devo extinguir meus incêndios e morrer.

 

Tive muita satisfação ao constatar que Joohyun cumprira sua promessa. Estava tudo como antes, talvez até mais bonito. Ela tinha o dedo verde, eu era apenas esforçada. Colhi uma perpétua cujas pétalas eram de um lilás tão intenso que me doía a vista. Eu só queria tirá-la do caminho. Por algum motivo, me incomodava. Tudo ali me incomodava. Eu tinha voltada pra isso? Por um instante, senti vontade de destruir tudo. Meus rompantes de fúria, nunca pude justificar. Agora, entretanto, eu tinha sim uma explicação. Meu appa havia morrido. Eu estava só no mundo. Não queria a companhia daquelas flores e não havia vivalma sobre a terra que me servisse. Que me tolerasse. Eu sou difícil demais, geniosa demais, caprichosa e mesquinha. Já faz tempo que me convenceram de que amar alguém como eu é coisa impossível de fazer. Isso já me doeu, mas não mais. Apenas aceito as coisas como elas são e tento tirar proveito delas. É o que há para mim.

 

Por isso, quando Joohyun forçou uma aproximação entre nós, eu não pude rechaçá-la. Me fiz meiga e doce e a conquistei. Eu precisava de uma amiga. Yerim era uma aparvalhada, Seulgi nunca me serviria, e num raios de seis léguas ou mais, elas duas eram as únicas mulheres com quem eu poderia contar de verdade e transformar em confidente. Por sorte, Joohyun me surgiu, como trazida pela providência divina. Se eu a invejo e detesto, é só porque ela é muito boa e perfeita. Em outra vida, espero nascer como ela. Mas, se eu realmente tiver sorte, não haverá outra vida pra mim. Uma já basta.

 

Então, continuo a escrever essas frases garranchadas logo depois de ter subido. Despachei Yerim e me sentei aqui, à escrivaninha de meu quarto, esse diário que não usava desde os treze anos me encarando como se enxergasse dentro de mim. Algo muito inoportuno e inesperado para um objeto inanimado. 

 

Creio que eu ficarei. Até o fim dos meus dias. Não faz mais sentido ganhar o mundo em busca de aventuras ou seja lá do que for. Já descobri que, além da porteira dessa maldita fazenda, não há nada que possa me maravilhar ou me entreter. E é irônico como aqui, apesar de tudo, o tempo parece passar mais rápido. Eu conheço o andar dos ponteiros dos relógios dessa parte do mundo. Sei como tudo funciona por essas bandas, já revirei as pessoas pelo avesso, tenho uma excelente e quase infalível noção do que esperar. Quase posso entrever o futuro que me aguarda. Eu o acho torpe, mas irresistível. Mais cedo, na estufa, quando pensei em destruir as flores que Joohyun cultivara por todos os meses em que estive distante, o que realmente queria era destruir as predições que fiz pra mim mesma, anos atrás, ao dar adeus ao meu lar e a tudo o que me era familiar. Mesmo então eu já sabia.

 

Agora que voltei, não posso mais resistir ou adiar o meu destino. Joohyun está noiva do capataz. Ainda não o conheço, mas todos o chamam de Jeon-ssi, demonstrando excessivo respeito, admiração e formalidade. Imagino como ele não deva ser para inspirar tantos sentimentos positivos nessa gentinha. Ele é bom? Certamente, já que irá casar-se com Joohyun. Ouvi também cochicharem que Seulgi está sempre enjoada, seus humores têm se mostrado instáveis e imprevisíveis. Talvez ela esteja grávida. Se for o caso, a criança será minha. Sempre quis parir um filho. O primogênito de Yoochun nascerá com o meu sinal e reconhecerá sua tia como sua verdadeira mãe. Se for menina, seu nome será Sojung. Se for menino, se chamará Jimin. Gosto desses dois nomes, eles possuem uma sonoridade que me hipnotiza. Acho que não só a mim.

 

Ainda não encontrei Joohyun. Amanhã, iriei procurá-la. Será a primeira coisa que farei no dia e a mais importante. Irei de estômago vazio, assim corro menos risco de vomitar ou passar mal depois que nós nos falarmos. Eu voltei sabendo que não poderia evitar esse confronto. Eu voltei só para tê-lo.


Notas Finais




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