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História Lorde Sasuke - Namoro oficial e assumido


Escrita por: Pequena-Uchiha

Notas do Autor


Queria ter feto uma playlist pra essa fanfic, mas eu já demorei pra reescrever, iamgina pra montar a playlist.

Capítulo 14 - Namoro oficial e assumido


Eu sempre considerei os domingos dias particulares. Para mim, eles são totalmente o oposto das segundas-feiras. Porque enquanto as segundas te dão o sentimento de renovação e de querer começar algo novo, os domingos são obrigatoriamente preguiçosos, pesados e sem divertimento. Você pode desistir de viver num domingo, nas segundas não. Essa reflexão me faz pensar seriamente em apenas existir dentro de um casulo fofo e quente feito pelo excesso de cobertores da minha cama, mas a vontade de fazer xixi fala mais alto, e só quando a parte racional do meu cérebro praticamente grita para meu corpo acordar e ir ao banheiro é que eu me levanto. 

— Bom dia Sakura, como vai o joelho? — Neji comia um pão com geleia enquanto seu dedo deslizava pela tela do celular.

— Está bem, só dói quando eu ando. — falo meio mancando. O machucado nem foi grave como da vez que eu andei de moto, porém, sempre que eu andava ardia. Era uma dor pequena, mas desconfortável.

— Tá, mas você está mancando desse jeito por causa do machucado ou porque você brincou de médico com o nosso querido Doutor Sasuke? — nem preciso olhar diretamente para ele para saber que ele tinha um grande sorriso sacana no rosto. 

Não posso deixar de imaginar uma ou duas cenas envolvendo Sasuke vestido de jaleco branco, mas prefiro não dar corda a Neji e passo por ele até a lavanderia, focada em apenas sobreviver mais

— Se me der licença, vou estender minhas roupas. — as manhãs sem as piadinhas de Neji não podiam ser consideradas manhãs normais.

— BOM DIA! Bom dia sol, bom dia geladeira, bom dia Testudinha. — Ino tinha acordado de muito bom humor, aquilo era estranho.

— Desde quando você acorda feliz desse jeito? —só apareço de novo na cozinha depois de estender minhas roupas e ignorar o fato delas terem passado a noite inteira na máquina de lavar.

— Desde quando Karin não toma café da manhã com a gente. — a teoria científica de Gaara fazia todo o sentido. 

— Claro que não, isso é uma mera coincidência.

— Uhum, sei. — Gaara continua achando graça do estado de espírito da Porquinha. — Então o excesso de dentes nesse sorriso é apenas “coicidência”? 

— Retiro o que eu disse, as perguntas e acusações estão me deixando de mau humor novamente. 

— Ok, acho que vou tomar banho. — saio da mesa antes que o 5% do “super bom humor” de Ino acabe. 

Planejo o monótono domingo mentalmente: um banho, olhar meus machucados, estudar, dormir, comer...

O dia parecia que ia ser tranquilo.

Parecia...

— Sakura! Eu preciso tomar banho!

— Sasuke?

— Eu tenho que ir pro hospital, estou pesquisando dados para um projeto. — ele se fazia ouvir do outro lado da porta do banheiro.

— Hoje é domingo. — grito de volta, desligando o chuveiro.

— Eu sei que dia é hoje, Sakura, mas obrigado por me lembrar. — mesmo em outro cômodo, eu poderia imaginá-lo facilmente revirando os olhos ou bufando. 

E sim, eu não posso negar que era tentador demorar mais do que onecessário ali dentro e deixá-lo maluco. Imagino ele indo até Ino para lhe pedir permissão para usar seu banheiro particular, ou recorrendo aos nossos vizinhos/moradores, mas por algum motivo, eu resolvo ser “boazinha”, e mal me demoro a colocar a toalha e sair. 

— Obrigado. — o agradecimento, mesmo que cochichado, deixa claro que Sasuke sabia que eu poderia muito bem tirar o dia para ficar ali dentro apenas para importuná-lo. 

Talvez aquele projeto fosse mesmo importante pra ele.

— De nada. — sussurro de volta, mas sem de verdade dar espaço para ele passar. 

Sua cara azeda e seu semblante, deixam claro o quão confuso ele está. Se eu havia aberto a porta, porque ainda não tinha saído do caminho dele? 

Eu não sabia muito bem a resposta para aquela pergunta. Eu só não queria sair de lá. 

Meu dedo desenha algo desconexo na barra da sua blusa folgada que provavelmente ele só usa dentro de casa. Estou nervosa. Tanto que sinto que meus dentes mordiscam o interior da minha bochecha. 

— O que foi? 

— Nada. 

Continuamos a conversar num tom mais baixo que o normal.

Eu queria deixar as coisas mais interessantes. A porta da cozinha era praticamente de frente a do banheiro, então Gaara, Neji e Ino tinham uma visão privilegiada da nossa - tosca - interação. 

— Bom dia. — o cumprimento, sentido meu peso corporal ser transferido para a ponta dos meus pés. Minha extrema aproximação o faz arregalar os olhos E por que não deixar as coisas mais interessantes?

Em seguida dei um selinho rápido nele. Nunca vi aqueles orbes tão arregalados. O que foi gente? Não era pra gente ter um romance?

—TAMBÉM QUERO! — ouvi Neji gritando da cozinha. Revirei meus olhos com o comentário e fui pro quarto trocar de roupa.

#

— E então eu fiz como que fosse beijá-lo, mas me afastei e sai da sala. — nesse domingo eu e as garotas também nos reunimos, mas dessa vez, no quarto da Ino.

Comemos alguns salgadinhos e agora tomávamos vinho enquanto fazíamos as unhas e arrumávamos os cabelos.

— E hoje deu um selinho na frente dos que estavam na cozinha? — Hinata revisava os acontecimentos depois de bebericar um pouco do vinho que tomava.

— Eu não sei se eu fico mais abismada com sua coragem de ter negado um beijo, ou ter sobrevivido ao selinho mais cedo. E saiba, por experiência própria, ele vai aprontar uma.

Sinto um arrepio cortar minha minha espinha. Eu não precisava do aviso da Ino, nem eu nem meu cabelo que foi estuprado pela tinta azul que ele tinha colocado no meu shampoo. 

Mas ele não faria nada, pelo menos enquanto nosso trato estivesse valendo. 

Mordo a língua quase usando nosso segredo como argumento. Porém as meninas não parecem perceber o meu desconforto. 

— Falando nisso, você não acha muito esquisito Karin ter sumido? Ela vem aqui todos os dias. — Hinata pergunta ao mesmo tempo que dedica 101% da sua atenção para o esmalte preto que passa na unha do pé. 

— Eu acho que ela está aprontando, preparando terreno. Aquela ali nunca decepciona. — Ino refletia virando sua taça de vinho. — E eu acho que o que esteja por vir, envolve você, senhorita Sakura. 

Encaro o sorriso branco de Ino. Quase maligno, como uma vilã bonita da Disney. 

— Pois que venha. — engulo o medo e falo dando de ombros, tentando parecer valente, ou algo do tipo. 

O sorriso de Ino só se abre mais, como se eu tivesse a desafiado de alguma forma. Mas eu não estava, estava? Eu falava de Karin, não dela.

— Ui. Quase senti firmeza querida, mas ela não vai apenas pintar seu cabelo de azul. — Ino tinha o dom de me deixar mais nervosa.

— E o que ela faria? — enfatizo o pronome “ela”, como se deixasse claro para Ino que estávamos falando de Karin, não dela, que parecia insistir em deixar o clima pesado. 

Era como se a brincadeira de seduzir Sasuke fosse mais do que um jogo para ela. 

Felizmente, ou infelizmente, ela desvia do assunto: — E você e o Naruto?— Ino pergunta diretamente para Hinata. Um sorriso falso contorna seus lábios enquanto ela serve mais bebida para gente. — Ontem eu vi você indo cuidar dele, depois que ele chegou bêbado. 

— Naruto é burro feito uma porta. — ela praticamente grita exasperada, se deitando no chão do quarto da amiga. — Acho que nem se eu fizer uma festa temática com balões escritos: “te quero”, ele entende o tanto que eu gosto dele. 

O que eu calculo como a próxima meia hora se estende com o relacionamento fracassado de Hinata e o fato dela não conseguir se envolver com outras pessoas porque realmente gosta do loiro.

Ino dá a maioria dos conselhos e eu apenas me concentro em passar prancha no meu cabelo, acompanhando toda a história dramática. 

Quando termino meu cabelo, passo os dedos nos fios quentinhos e me sinto orgulhosa de mim mesma. — Opa. Beber sentada é meio perigoso.

Eu havia levantado rápido demais, ficando tonta por alguns segundos. 

— Cuidado Testudinha, daqui a pouco você quebra alguma perna, ou rala a testa. É sempre assim depois que você bebe.

— Exagerada. — murmuro rindo sabendo que ela tinha toda a razão. — Posso ficar? — peguei o resto da garrafa.

— Uhum, mas me prometa que não vai arrumar confusão. — Ino piscava para mim.

Quando saio do quarto, ainda posso ouvir Hinata fofocar sobre Naruto.

Aqueles dois…

A garrafa pesa na minha mão. De repente eu lembro que vinho me dá dor de cabeça e que eu deveria, pelo menos, revisar as tarefas que haviam me mandado fazer naquela semana. 

Desisto de beber os quatro dedos que sobraram na garrafa e quando estou colocando a mesma sobre uma mesinha que ficava no corredor, ouço a porta ser aberta e  as chaves de alguém sendo jogadas na “tigela de chaves”.

— Oi.

Cumprimento Sasuke com um sorriso bobo no rosto. Sei que minhas bochechas estão coradas, mas me convenço que é por causa das duas taças de vinho que eu acabei de tomar. 

E bem, ele me olha, mas não fala nada. Legal, bebi vinho e voltei alguns meses no tempo, quando ele não sabia falar.

Pelo que eu me lembrava, os meninos tinham saído para jogar bola e ele voltara só agora do hospital e seu “projeto importante”.

— O que foi? — aperto meus olhos e cruzo meus braços na frente do corpo. — Ficou com raiva do selinho? — pergunto curiosa depois de fazer uma revisão mental de “coisas que eu poderia ter feito para chatear o chato do Sasuke”. 

Ele tinha alguns papeis em mãos, parecia recortes de jornais. Quando percebe o que estou encarando, ele dobra os mesmos e enfia de qualquer jeito no bolso da calça.

— Bebeu de novo? — simpatissíssimo. 

— Não passei da conta. Não caí nem fui a nenhuma boate de stripetease. — pontuo, vendo ele analisando mais de perto a garrafa verde com conteúdo roxo. 

— Você gosta de vinho? 

— Não. 

— Então por que está bebendo?

— Eu também não gosto de você e te beijei. 

Minha língua afiada não consegue ficar dentro da boca. Assim que o provoco, vejo suas sobrancelhas se juntarem no centro da testa, como se me achasse, no mínimo, atrevida por falar aquelas mentiras todas. 

Será que ele sabia que eu gostava dele? 

— Só quero um gole. — ele alcança a garrafa, virando todo o conteúdo bem ali, na minha frente. Quando abro a boca para protestar, me vejo petrificada pela cena. Seu pomo de dão subindo e descendo a cada golada exagerada.  

Eu poderia facilmente ter inveja daquela garrafa. 

— Vinhos me dão de dor cabeça. — ele completa assim que acaba com a garrafa, bem ali, a menos de trinta centímetros de distância de mim. 

— Tomara que dê mesmo. — é o que eu consigo falar. 

— O que você disse?

— Nada. — dou de ombros, finjo de desentendida e apresso meus passos em direção ao sofá.  

Espero ouvir o barulho da porta do seu quarto se fechando, porém, para minha surpresa, ele me segue a passos lentos até o mesmo sofá. Se senta, e ajeita minhas pernas esticadas em seu colo.

— O que está fazendo?

— Não estou fazendo nada, Sakura. Estou vendo televisão com minha colega de apartamento. — um sorriso cínico contorna seus lábios, o que faz meus instintos apitarem. Ele estava brincando comigo. Eu só não sabia ainda seu objetivo. 

— Não sabia que você via televisão.

— Hum. — ele resmunga pegando o controle e zapeando entre os canais. 

— Ei. 

— Shi, quieta. — sinto o peso exagerado que ele coloca em minhas pernas com apenas uma mão, o que parece o suficiente para eu parr de me mover querendo pegar o controle remoto de volta. l

— Irritante. — o insulto, recebendo um olhar rápido de três segundos, para depois ser ignorada completamente.  — A gente vai ver filme de terror? Sério?

— Eu vou ver, já você não sei.

— Você é intragável, Sasuke. — falo em alto e bom som, passando os dedos no meu couro cabeludo, penteando meu cabelo para trás, o que não adianta muito já que os fios rapidamente voltam para o lugar. 

Seu lábio repuxa num meio sorriso, seu braço direito se estende relaxado no encosto da poltrona enquanto o outro dá voltas e mais voltas pelas minhas pernas.

Tento prestar atenção no filme, me convencendo que era melhor me concentrar no terror da tela do que na proximidade desmedida de Sasuke.

— Deu tudo certo com o projeto? — pergunto olhando diretamente para Sasuke, que parece verdadeira interessado no contexto de “vamos nos mudar para essa casa mal assombrada, o que pode acontecer demais?”.

— Hum. Que projeto?

— O que você tinha hoje no hospital… Você bateu na porta para eu me apressar no banho porque estava atrasado. 

— Ah. — seu olhar cruza com o meu, como se avaliasse o que ele ia falar para mim. — Digamos que eu não tinha nenhum projeto na faculdade, mas precisava que você acreditasse nisso para me deixar tomar banho. 

— Sasuke! 

— Eu realmente tinha um compromisso, tá legal. E estava mesmo atrasado… 

— E que compromisso era esse? 

— Nada demais. Mas daqui a umas semanas vocês todos vão saber. 

— Para de mistérios, Sasuke.

— Desculpe, não posso contar mesmo. Naruto me mataria. 

— Ele também está envolvido nisso?

— Digamos que sim. 

— O que está acontecendo, Sasuke? 

Tento insistir no assunto, mas a porta da frente se abre, Naruto parecia ter voltado do tal jogo de futebol. 

— Vocês estão vendo filme de terror? — ele nos ignora, olhando diretamente para a televisão. 

— Aham. — Sasuke responde. — Se não for ficar na sala, pode apagar a luz, por favor? 

— Muita coragem sua ver esse tipo de filme com o capeta sentado do seu lado, Sakura. 

— Hilário. — resmungando, Sasuke revira os olhos, apoiando agora as duas mãos em minhas panturrilhas. 

Engulo qualquer comentário que poderia fazer diante das piadas de Naruto. 

— Deu tudo certo lá? 

— Sim, mas você sabe que o ideal era nós dois avaliarmos os lugares, né?

— Eu já pedi desculpa. Tinha me esquecido que era hoje.

— Que seja. Ela deixou você voltar outro dia. 

— Legal. Bom, eu vou tomar banho. 

—Ok. — Naruto então apaga a luz e sai da sala, provavelmente rumando para o banheiro.

— Então você sabe falar “por favor”? — tento incomodar Sasuke, mas ele me ignora completamente. Seus olhos fixos na tela. 

Depois de uns vinte minutos eu estava realmente prestando atenção ao filme. A premissa era a mesma de vinte outros, mas eu estava realmente interessada no enredo. 

Porém, minha concentração não dura muito, de repente sinto alguma coisa subindo pela minha perna. Indo e vindo em pequenas carícias quentes. Só dou uma olhadinha para as mãos se Sasuke, mas sem mexer a cabeça, apenas observei-o pelo canto do olho.

— O que você está fazendo? — pergunto pra ele ainda sem desviar meu olhar da televisão.

Claro que não obtenho resposta. Aquilo me deixou bem nervosa.

Tento entrar em seu joguinho, fingir que nada estava acontecendo, mas era impossível. Eu não era tão fria como ele, nem de longe. 

As mãos dele passavam delicadamente pelas minhas panturrilhas.

Seu toque subindo de maneira lenta e torturante até minha coxa esquerda, fazendo com que minha pele praticamente entre em combustão. 

Aquela mão subindo e descendo vagarosamente… Eu estava sendo tentada pelo diabo, pelo próprio Lorde das trevas. 

Engulo a seco. Tento focar no sangue e coisas nojentas que o filme apresenta, mas nada disso parece ser o bastante para me fazer ignorar as sensações que aquelas malditas mãos estavam me fazendo sentir. 

Então era aquela a vingança dele? Das duas uma, ou eu entrava no jogo, ou o deixava perceber que meus hormônios gritavam com aqueles toques.

Escolho a opção errada.

Roço minha perna nas coxas dele tentando entrar em seu joguinho. Joguinho o qual eu tinha começado com a provocação do beijo no dia anterior, mas ele parecia ser melhor do que eu naquilo.

Muito melhor, devo enfatizar.

Seu toque se torna mais forte. Completamente possessivo. Os dígitos apertam minha pele de uma maneira completamente erótica. 

Sua ousadia me faz entrar em desespero. Não quero me levantar e oficializar assim minha derrota. Então me viro, deitando no sofá de barriga pra baixo. Tentando dificultar as coisas, mas fazendo, ironicamente, acabo fazendo o contrário, já que não demoro muito para eu sentir sua mão alisando minha bunda.

— Tudo bem, chega. Por que você está fazendo isso? — desengonçada, chuto suas mãos para longe, me sentando sobre meus joelhos, seus olhos a menos de um palmo de distância do meu rosto. Nem se ele quisesse ele conseguiria continuar me ignorando fingindo que estava vendo aquele filme idiota. 

— Por quê, estou fazendo o quê, Sakura? — ele fez uma cara inocente que, obviamente, não combina nada com ele.

Eu fico sem palavras. Quero deixar claro que estou furiosa pelas carícias, mas não consigo. Na verdade, já sinto falta delas, mesmo que eu negue em admitir. 

— Fica quieta. Estou tentando ver o filme. Me entreter, não sei do quê você está falando. — sua voz tinha um tom baixo, suave. Não era mandona, mas não chegava a ser agradável, ainda mais se tratando de uma ordem. 

— O quê?

— Tsc. — ele estala a língua, obviamente insatisfeito com minhas perguntas e súbita aproximação. 

— Sasuke, eu lhe fiz uma pergunta! — ignoro seu mau humor. 

— Irritante, Sakura. Você é irritante. Eu vou para o meu quarto. — assim que termina de falar permanece sentado no mesmo lugar, sem intenção alguma de se levantar. 

Continuamos assim então: um olhando para o rosto do outro, ignorando completamente o enredo de dor e sofrimento que os personagens do filme estão passando. 

— Você é muito mais irritante do que eu, sabia? 

— Temos opiniões diferentes sobre isso. — ele tem um sorriso felino no rosto, que me atrai como uma mariposa em direção a lâmpada. 

Ajo instintivamente, ignorando qualquer lado racional ou sóbrio do meu cérebro, colocando uma perna de cada lado do seu corpo. 

— Sakura, esse jogo é perigoso. —  ele não me afasta. 

— Que jogo? — me faço de inocente.

— Esse jogo. — ele deixa claro do que está falando, assim que suas mãos me apertam as coxas, não deixando nenhuma sombra de dúvida do que se referia. — É só pra fingirmos ser namorados na frente dos outros.  — suas mãos ainda me alisavam da maneira mais imprópria possível. — Então, não me provoque nem nada, sim? — seu hálito contorna meu pescoço me deixando tonta por alguns segundos. Ele estava perto demais do meu ouvido e aquela era uma região perigosa, talvez até mais do que as minhas pernas, receber qualquer tipo de carinho ali seria meu fim. — Agora, se me der licença. — seu tom de voz de repente deixa de ser sedutor para “oi, eu sou Sasuke e tenho pinto pequeno, por isso ajo como um filho da puta mal humorado”. — Vou para meu quarto.

Seus braços quase não fazem esforço para me tirar de cima dele, o que me deixa derrotada em cima do sofá. Derrotada e envergonhada. 

Observo - triste - sua silhueta indo direto pro quarto. Alguma coisa dentro de mim pensava que ele não teria coragem de me deixar do jeito que ele havia acabado de me deixar. 

Sinceramente, no jogo da sedução ele era bem melhor do que eu. Com aquilo tudo ele conseguiu me deixar bem... Me deixar excitada.

Vadio.

#

— E por que eu te beijaria? — Neji me importunava enquanto eu fazia um sanduíche com todos os ingredientes possíveis de se fazer um sanduíche - truque que eu havia aprendido com Naruto -. Poxa, era segunda feira, eu tenho um limite de paciência nas segundas-feiras e ele não estava respeitando.

Tinha acabado de chegar da faculdade, eram quase seis da tarde e Neji estava me amolando a uns 13 min já, o que era um recorde.

— Porque eu beijo bem. Além disso, você deve ser a deusa do beijo pro Sasuke está ficando com você. — ele não acreditava que um ser humano normal pudesse dar um selinho no Sasuke. A única pessoa que ele já viu pegando era a Ino, e mesmo assim, ele disse que o Lorde não mantinha contato humano na frente das pessoas.

— É mesmo? — falo sem muita empolgação. Minha cabeça estava cheia com as coisas da faculdade, e ainda tinha o episódio de ontem. A provocação do Sasuke deixou minha mente cheia de pensamentos pervertidos... A maneira que ele passou a mão nas minhas pernas.

— Ei. Terra para Sakura. Vocês estão namorando? — o que eu respondia agora? Que sim? Que não? Qual seria a consequência de cada resposta?

— Neji. Hoje não. Quem sabe outro dia. Mas você está tão carente assim, deveria ligar para a tal Tenten…

— Até você vai jogar isso na minha cara agora?

— Sasuke não é tão mal assim depois que você conhece. — minto. Ele era mais perverso ainda. — E eu mesma não sei muito bem o que temos. — meu subconsciente me parabeniza por dizer uma meia verdade válida e que parece convencer o moreno de cabelos lisos enormes. 

— Vocês não me enganam, Sakura!

— Neji…

— Só um beijinho. Uma bitoquinha, poxa. 

— Você está sendo ridículo. 

— Se não me beijar, é porque vocês dois tem alguma coisa a sério. — ele se acha inteligentíssimo quando chega naquela conclusão. O sorriso devasso quase me consegue tirar do sério. Mas me mantenho firme, e mordo meu sanduíche deixando claro que preferia manter minha boca ocupada com comida do que beijando ele. 

— Pense o que quiser. — tento deixar claro o quão não afetada estou com tudo aquilo, o que ele acaba achando engraçado. 

— Ei. O que vocês estão conversando? — Ino parecia animada. Às segundas ela sempre fingia que tudo ia dar certo, que ela começaria uma dieta e a manteria até o final de semana, e também não faltaria a nenhuma aula na academia… Mesmo que ela soubesse que nada disso vingaria, ela tentava se manter animada. 

— Nada demais. Sakura só estava me rejeitando. 

— Ah, não. Sinceramente, o que dissemos sobre dar em cima das minhas amigas, Neji? —  Ino finge preocupação, mas Neji parece levar sua fala à serio. 

— Eu não posso e seu ex pode? Sua linha de raciocínio é bastante deturpada, não acha? 

A afirmação de Neji nos pega de surpresa. Ino fica sem palavras. O humor muda da água pro vinho e parece que ela pensa seriamente sobre gastar o réu primário fazendo com que Neji engula seu cabelo liso perfeito até morrer engasgado com o mesmo. 

— O que acabou de acontecer, aqui? 

— Nada, é só o primeiro episódio que você presencia sobre “como não é nada normal você ainda morar debaixo do mesmo teto que seu ex”. 

— Pensei que você e Sasuke não namoraram. 

— Não namoramos, mas né… Tivemos alguma coisa. — ela balança a mão no ar, como se estivesse de saco cheio do assunto. — Falando nisso, ontem eu vi você em cima dele na sala. — seus olhos azuis me observam de maneira dura, e não sei ao certo se eles estão insatisfeitos por causa da conversa que ela acabou de ter com Neji ou por causa da cena que ela mesmo disse que viu. 

— Você viu? 

— Calma, não fiquei observando nem nada. Não sou voyer… Mas nossa, tenho que te parabenizar, está dando duro mesmo em sua missão, ein. 

— Não aconteceu nada demais. A gente nem se beijou. —  por algum motivo me justifico, explicando melhor a situação. 

— E como você tá com tudo isso? 

— Como assim? 

— Como você está sendo rejeitada por ele? 

Afiada. A língua da Ino era afiada demais. Seu comentário é tão ácido que preciso me sentar de novo para respondê-la. Fico feliz que Neji tenha nos deixado a sós na cozinha, pois não sei como agiria se tivéssemos uma plateia. 

— Não sei. — minha voz soa fraca. Não estou triste com Ino, mas não sei onde ela quer chegar exatamente me fazendo aquele tipo de pergunta. 

— Hum. Olha, se você quiser pode parar com essa coisa de tentar conquistá-lo e depois rejeitá-lo. Sério mesmo. Acho que me empolguei com a ideia e acabei envolvendo você em uma coisa que era pessoal minha.

Ela me mordia e depois assoprava. Eu estava realmente perdida em suas intenções. Ela era tão inconstante que fazia minha cabeça doer. 

Então resolvo virar o jogo a meu favor: — Não, eu não quero. Mas eu estou me sentindo perdida. Ele agora deu pra me provocar também e eu não sei lidar com isso.

Quando digo que Sasuke também está me provocando seus olhos se arregalam em dois pires azuis gigantes. 

— Ai, que ótimo. — sua voz soa falsa. — O que vou te falar vai te ajudar então, amiga!

Permaneço calada, deixo que ela termine de me contar as novidades. 

— Eu tentei dar uma de amiga boazinha que compreende suas dores, mas que bom que você não vai desistir!

 — Tentou? 

— É. Se você quiser parar tudo bem, mas eu estou doida para você acabar com o coração do Sasuke.

Claro que está. 

— Enfim, eu e o Lee vamos dar uma festa de aniversário, uma coisa bombante mesmo, sabe? Aí eu já decidi que vai ser na casa dele porque lá o espaço é maravilhoso! — ela falava e falava e meu cérebro mal acompanhava. — Vai ser de tarde, na piscina. Preciso ir às compras, quero um biquíni novo, algo que esteja na moda… — eu nem sabia que biquínis acompanhavam a moda. — Hinata já tem outros planos, então seria eu e você no shopping. Além disso, a gente compra uma coisa pra você ficar bem gostosa.

Abro minha boca para responder o turbilhão de informações que Ino simplesmente joga na minha cara, quando Sasuke entra na cozinha, provavelmente ouvindo especialmente a última frase: “a gente compra uma coisa pra você ficar bem gostosa”. 

Pelos Deuses…

— Hum, conversa agradável, eu diria. — seu comentário sarcástico é curto, mas o suficiente para me deixar vermelha como um pimentão. Ao contrário de mim, Ino não parece se abalar, e explica para ele sobre o esquema de aniversário que ela faria junto com Lee na casa do mesmo. 

Ele não parece muito empolgado com a ideia, talvez porque toda ínfima ideia de interação social parecia lhe causar náuseas. O resto do pessoal chega na cozinha. Gaara e Hinata perguntam sobre que festa Ino estava falando e ela se empolga ao falar novamente sobre, enfatizando a piscina e os trajes de banho, vestimenta oficial da festa. 

— Eu queria fazer uma pergunta.

— Diga, Narutinho. — Ino tinha ativado o modo: fofa. A ideia de festas sempre a animava.

— De quem é esse sanduíche? — ele apontou para minha obra de arte feita de comida.

— Meu, mas pode comer. — em algum momento eu tinha perdido a fome e o sanduíche mordido descansava triste na mesa. 

— Por isso que eu te amo, Sakura! — Ino revira os olhos com a pergunta impertinente do loiro. 

— Bom, voltando ao assunto principal. Minha festa será mês que vem e eu quero todos vocês lá. Faço questão até da sua presença Sasuke.

Me pergunto se ela realmente fazia questão da presença dele, ou apenas queria mostrar para si mesma que era uma adulta evoluída, não alguém que pedisse para amiga para destroçar o coração do “ex”.  

Mas não tenho muito tempo para refletir sobre o que Ino fala. Uma voz conhecida por todos ali invade a cozinha, me fazendo ter um arrepio involuntário, Naruto engasgar com a comida e Gaara quase derrubar o copo de suco que bebia. 

— Festa? Quero!

Karin.

Festa, biquínis, bebidas e Karin. Não parecia uma mistura muito segura ou saudável. Algo que poderia manter meu joguinho com Sasuke de repente tinha se tornado numa espécie de pesadelo. 

Parecia que eu estava montando um castelo de cartas e que ele estava prestes a desmoronar.

— Oi, querida. — Ino cumprimenta simpática a ruiva. — Como você entrou aqui?

— Eu vim de carona com o Naruto, mas você não deve ter me visto porque eu estava apertada para ir ao banheiro. — ela disse parecendo uma garota fofa, enquanto se posicionava estrategicamente no espaço mais perto de Sasuke. 

Como se demarcasse território, Karin fazia questão de parecer um casal aos olhos de qualquer leigo que chegasse na cozinha. Se alguém que nunca tivesse nos reunidos, provavelmente julgaria que eles fossem um casal. 

— Claro. — sem se importar com os sentimentos de Karin, Ino dá um olhar significativo para Naruto, que dá de ombros. — Enfim. Vai ter uma banda, DJ, drinks, uma máquina de espuma, bolo… Quero todos os meus amigos lá.

— Vamos estar. — Karin responde com um sorriso no rosto, o que me faz pensar se ela achava mesmo que todos nós tínhamos ela com grande estima. 

— Tudo bem então. — Ino parece querer encerrar o assunto. Uma sobrancelha levantada sutilmente como se não acreditasse na cara de pau de Karin. 

Assim como a turma se juntou, ela se dirpersa rapidamente, sobrando apenas eu e Naruto na mesa. Eu por causa da preguiça de seguir com minha vida e ele por querer terminar seu/meu fantástico sanduíche. 

— Está tudo bem? — Naruto me pergunta solístico, a cara suja de maionese, os olhos azuis realmente parecendo preocupados. 

Eu queria fazer tantas perguntas. Sobre porque ele não afastava Karin da turma, ou sobre a coisa que ele combinou de fazer com Sasuke mas acabou indo no jogo de futebol com o resto dos meninos… Até sobre sua relação com Hinata eu queria perguntar, mas engulo todas as minhas dúvidas, inventando uma desculpa genérica que não gerasse mais polêmica.

— Eu estou cansada. — suspiro, encostando minha bochecha na mesa fria da cozinha. 

— Calma, garota. Vai ficar tudo bem. — Naruto é uma pessoa maravilhosa. Entendo porque Hinata é apaixonada por ele; bonito, simpático, carinhoso. Talvez eu tivesse algum problema de cabeça por ter me interessado por um vampiro sem coração. 

Quando ele me faz um cafuné amigável, quase sinto meu coração derreter. Eu poderia levar Naruto numa garrafinha comigo para todo o resto da minha vida.

— Ai, olha que bonitinho, eles não fazem um belo casal, Sasuke? — posso jurar que a voz de Karin é capaz de arranhar meus tímpanos. Quando penso em ignorá-la, ou simplesmente tentar entendê-la, ela vem e me lembra o porquê de eu não ir com a cara dela, e de Sasuke recorrer a minha ajuda para fingir que tem uma namorada. 

— Nós somos amigos, Karin. — ouço Naruto explicando e, por causa da reação da prima, parando de fazer carinho na minha cabeça. — Assim como você e Sasuke. Apenas amigos. — Naruto tinha um grande sorriso no rosto. — Bom, eu tenho que estudar. Sabe como é né? Quebrar a rotina. — ele se levanta e fico apenas inerte, observando a cena que se desenvolve bem na minha frente. 

— Boa noite, Narutinho.

Ela tinha que diminuir urgentemente o número de palavras que usava no diminutivo.

— Sasuke, que tal a gente ver um filme? —  pisco duas vezes tentando entender o significado daquelas palavras. Rapidamente minha mente traiçoeira projeta a lembrança de mim no colo do Lorde, quando eu tentei - fracassei - seduzi-lo. Meu coração aperta, não sei se tenho ciúmes ou pena de Karin. 

Será que ela teria uma sorte diferente de mim? Ela poderia ser chata, mas era bonita, muito bonita. 

— Eu vou… Eu vou para meu quarto. Preciso estudar. 

— Claro. — Karin me responde contente, como se todas as engrenagens do seu plano (óbvio) estivessem se encaixando. 

A questão é que o plano de Sasuke estava indo de mal a pior. Estava tudo desestruturado… Neji tinha acabado de me pedir um beijo e concluído que minha negação era prova suficiente para provar que eu e Sasuke tínhamos alguma coisa. E mesmo que esse fosse o objetivo principal, ontem mesmo ele me dispensou, e aquilo tinha acabado com minha auto estima. Eu não sabia como agir perto dele, sei que na frente dos outros tínhamos que fazer um teatrinho, mas seu excesso de “Sakura, você é irritante” e “Sakura, não tenho tesão por você sentada em meu colo”, estava me tirando do sério. 

Quando entro no meu quarto e faço a menção de fechar a porta, Sasuke consegue, apenas com uma mão, parar a mesma, me obrigando a olhar diretamente para si. 

— Precisamos conversar. — sua voz embargada num tom mais sério do que o normal é o suficiente para me fazer acreditar que a conversa que Sasuke quer ter comigo não é nada divertida. 

— Que susto! Achei que você ia ver um filme. — sou irônica de propósito.

— Precisamos conversar sobre esse nosso namoro.

— Sério? Agora? Estou com dor de cabeça. — e eu realmente estava.

— Agora. — ele enfatiza. 

— Tá. Tudo bem. — sem paciência, pego o maço de cigarros já me sentando perto da janela…Como naquela noite. Droga! 

Olho para o tubinho braco descansando entre meus dedos e desisto de acendê-lo. Sasuke estragava até meus vícios.

— Não vai acender? — seu olhar era curioso, como se me desafiasse: acenda-o, passe a fumaça para mim, vamos. 

— Não. Agora não.

— Hum.

— Fala logo. Você veio “romper”, não é? — estava impaciente, muito impaciente.

— Desistir? Não. Pretendo colocar em prática. — seu tom de voz é calmo, como um professor nerd de trigonometria que te tenta explicar uma conta complexa com a maior tranquilidade do mundo. 

— Colocar em prática? — repito suas palavras, meus olhos atentos aos seus movimentos, quase que filmando-o.

— A Karin, ela me perseguiu pela faculdade hoje e me obrigou a dar carona pra ela.

— Coitado. — sim, eu ria internamente.

— É sério.

— Tem gente com problemas maiores do que os seus Sasuke.

— Eu sei, mas você disse que ia me ajudar aqui, ok? Agora, se a gente for continuar com esse plano, acho que vamos ter que aprender a suportar um ao outro e agir com mais naturalidade.

— Naturalidade?

— Sim, naturalidade. Do jeito que a gente tá logo eles irão perceber que tem alguma coisa estranha, — ele tinha razão, minha única tentativa foi o bastante para fazer Neji me cercar na cozinha depois das aulas. —  e ai vai ser pior pra mim e consequentemente para você. — ele esfrega as têmporas, como se tivesse pensado sobre isso o dia inteiro. — Aquele selinho ontem foi simplesmente ridículo. O que você estava pensando?

Minhas bochechas coram. Eu não estava preparada para uma crítica tão direta assim. 

— Não sei. No que você estava pensando quando passou a mão nas minhas pernas ontem? — falo sem pensar, sentindo as borboletas dentro do meu estômago voarem com o sorriso sacana que surge nos lábios finos de Sasuke. — Não tinha ninguém olhando. Eu pelo menos posso usar as pessoas na cozinha como desculpa.

— Você sabe muito bem porque eu fiz aquilo lá. Não se faça desentendida.

— Sei? — eu sabia que era pessoal, que era vingança. Mas preferi fazer justamente o que ele me manda não fazer: fingir demência. 

— Sabe. Você pode ser irritante, Sakura, mas não é burra. 

— E como seria agir com naturalidade para você? — desviei meus pensamentos.

— Você poderia começar a ir e voltar comigo, na moto, de carona. 

— Isso é “natural” para você?

— Namorados gostam de andar juntos, Sakura. 

— Você já sabe minha opinião sobre sua moto…

— Então o que você sugere? 

Pondero sobre a proposta de Sasuke por um segundo. Eu poderia ir de moto. Economizaria minhas pernas, preço de passagem e ele ocuparia sua garupa podendo negar futuros pedidos de carona. 

Eu poderia pedir algo em troca, não? Seria razoável considerando as circunstâncias que estávamos inseridos. 

— Você poderia ser meu par.

— Como é? 

— Na festa da Ino. — explico calmamente. — Eu vou com você sempre de moto para impedir que Karin te peça carona, e você vai como meu par na festa da Ino e se comporta como um ser humano cativante e encantador.

— Cativante e encantador? 

— Você entendeu. É só você ser menos Sasuke. 

— Acho uma troca justa. — ele pondera, sua mão massageando o próprio pescoço, como se fizesse um esforço surreal para continuar aquela conversa. 

— Acho que agora deveríamos conversar sobre os beijos.

Não falo nada. Deixo que ele continue, não sei minha opinião sobre tal assunto. O único beijinho inocente que tentei dar nele já tinha causado confusão o suficiente, então preferi deixar aquele tópico em suas mãos. 

Com os nervos à flor da pele, finalmente acendo o cigarro. Sasuke faz uma careta que acho adorável demais.

— Eu não vou ser o namorado mais carinhoso do mundo. Mas eu acho que a gente poderia se beijar de vez em quando.

— E porque reclamou do meu selinho? — faço cara de paisagem enquanto sopro a fumaça em direção a janela para não incomodá-lo.

— Porque você me pegou desprevenido! 

— Foi só um selinho. — dou de ombros. — Estava querendo fazer com que nossa relação parecesse natural.

— Pois pareceu tudo, menos natural. 

Não consigo não revirar os olhos. Conversar com Sasuke é desgastante. Ele nunca baixava a guarda e por causa disso, 90% do tempo parecia que a gente estava brigando.

—  Você passou a mão na minha bunda!

— Sakura... — mesmo distante, posso notar suas bochechas vermelhas. Chega a ser fofo. 

— Passou a mão na minha bunda enquanto ninguém estava vendo. Pelo menos eu tenho a desculpa de tentar fazer nosso namoro fake real na frente dos nossos amigos em comum.

— Me desculpa por isso. — ele fala a contragosto, visivelmente irritado. 

— Não foi nada demais. — limpo os lábios antes de continuar. Sua atenção é completamente minha e isso me deixa entusiasmada. 

— Não foi nada demais? 

Dou um trago longo como desculpa para pensar. — Confesso que fiquei mais frustrada por você não ter continuado do que pelo o que você fez. 

Sasuke fica claramente afetado pelo que eu digo, não sei se positivamente ou negativamente. 

É um flerte aberto. Eu acabei de dizer que eu gostei dele ter pego na minha bunda. 

Ultrapasso um limite perigoso, mas não me arrependo nem um pouco. 

— Até a festa de Ino acho que já vai dar pra todos acreditarem que estamos juntos. Vamos a essa festa como um casal e se as atitudes da Karin não mudarem eu vejo o que faço.

Seco. 

Objetivo. 

Sorrio com a frieza que ele trata todo nosso acordo e minha - nada sutil - tentativa de conquistá-lo. 

Sasuke era difícil. Começo a achar que nossa cena envolvendo cigarros, fumaça e beijos fora apenas uma ilusão da minha cabeça.

—Tudo bem, caronas matinais, beijos ocasionais, um relacionamento falso até a festa, mais alguma coisa? Eu deveria te chamar de Sasukezinho? Ou ursinho? Que tal amor? — minha voz soa irônica. Minha língua brinca com a palavra amor, como se fosse possível chamá-lo daquele jeito e sei que ele tem plena consciência de que estou, no mínimo, incomodada com tudo. 

— Muito engraçado. — ele fala com uma cara de poucos amigos. — Sasuke está bom já.

— Faz sentido, já que é fácil deduzir que você não gosta de apelidos, mas e qual será o meu? Amor? Sakurinha? Flor?

— Não. — Sasuke soa categórico.

— Ah, vamos Sasuke. Fala vai, me chama de Saky, ou flor. — apago o cigarro no beiral, dedicando toda minha atenção a ele. 

— Olha, é só isso que eu queria conversar com você. — ele tenta por um fim naquela besteira de apelido. Não sei também porque insisto nisso, talvez para ter um pouco mais de atenção do Lorde. 

— Deixa de ser turrão. — Vamos, fale: S-A-K-Y.

— Deixe de ser ridícula, Sakura. Esse apelido é péssimo. — ele desvia seu olhar do meu, se distraindo com uma pilha de anotações em cima da minha escrivaninha. Não perco tempo e ando até onde está sentado e aperto delicadamente suas bochechas magras entre meus dedos finos

— Vamos lá, Sasukezinho, agora eu sou sua namorada. Diga: Saky. 

— Para. — ele sibila com os lábios apertados.

— Chato. — desisto, rapidamente, me sentando com ele, na beirada da escrivaninha. 

— Você está cheirando a cigarro.

— Jura? — eu não podia ser mais irônica. Esfrego meus dedos, imaginando o cheiro que ele deve ter sentido assim, tão perto do seu nariz. 

— Cigarro de menta ainda. Igual aos que eu fumava. — sua voz tem um tom nostálgico.

Sem pedir licença, ele se aproxima de mim, seu rosto ficando na altura do meu, perto o suficiente pra eu mergulhar dentro de seus olhos absurdamente escuros. 

Eu não conseguia ver onde começava e onde terminava o limite de suas pupilas. — O que você está fazendo?

— Eu já disse pra você parar de fumar. — seu nariz, devagar, chega perto do meu pescoço. Inspira e expira. Posso sentir o ar deixar suas narinas.

— Um dia, quem sabe. 

— Hum. 

Sua boca encosta de leve na base do meu pescoço. Seu toque sobe de maneira torturante até chegar ao lóbulo da minha orelha. Me vejo paralisada, completamente sufocada pelo excesso de sua presença. Quando ele me morde, quando ele chupa delicadamente o lóbulo da minha orelha, fecho os olhos, reprimindo toda e qualquer reação que mostrasse para ele o quão afetada pela sua presença ali, tão perto de mim.  

— Por que essas coisas acontecem quando eu fumo? — pergunto sem pensar no quanto estava sendo estúpida.

— Que coisas? — sua voz soa baixa, rouca, fudidamente sedutora. Ele sabia do que eu estava falando, e mesmo assim continua com aquele joguinho idiota. Sasuke continua seu caminho, seus lábios roçam levemente na minha bochecha e clamo ao universo que ele continue assim até minha boca. 

— Beijos? — seu rosto desgruda do meu, mas mantém uma distância deveras próxima. Perigoso. Minha respiração estava pesada, meus olhos se distraem com sua boca. Ele me tinha em suas mãos e isso era surreal. 

— Eu não estou te beijando. — ele esfrega esse fato na minha cara, o que me deixa maluca. 

Vadio.

— Eu sei. — me aproximo dele como se um cordeiro se aproxima do lobo. Meus olhos se prendem aos dele com medo de algum movimento brusco de negação. Devagar minha boca alcança seu queixo. Áspero. Deixo uma mordida ali, e não, não sei porque faço isso, me afasto sutilmente só para ver sua reação.  

Sasuke tinha fechado os olhos.

— Não faz isso. — ele pede, a voz falha, excessivamente baixa, como se não tivesse certeza de que eu o ouvisse. 

— Isso o quê? — cínica. Eu sou uma filha da puta cínica. Só confirmo isso quando me aproximo novamente, beijando seu lábio inferior com excessiva delicadeza.

— Isso. — seus olhos se abrem.

— Por quê?

Ele não me responde. Seus olhos me analisam e quase me desequilibro da mesa tamanha expectativa. Estávamos tão perto, custava ele acabar com aquela distância irritante entre a gente? 

— Você vai me beijar?

— Só na frente dos outros.

—Tem certeza?

— Não.

— O que isso significa?

— Que você é irritante. Muito irritante. — sua boca sussurra ao pé do meu ouvido me fazendo ficar arrepiada. Deuses, que homem era aquele? — Você vai dormir no meu quarto hoje. Preciso rever  uns exercícios, e eu gosto de estudar lá.

— Uhum. — foi a única coisa que consigo sibilar. Estava inebriada com sua presença, se ele me pedisse para pular de um penhasco eu pularia. — Espera aí. Eu vou dormir no seu quarto? — me ajeito de pé, derrubo alguns lápis no chão por causa da minha pressa e quando Sasuke sai do quarto, tem um sorriso irônico no rosto.  

#

Acabamos por nos juntarmos todos na sala para ver um filme.

Eu e Sasuke chegamos por último. Então, ele acabou se sentando no chão apoiando as costas no sofá e eu tomei a liberdade de me acomodar no meio de suas pernas. Ele estranhou de início, mas acabou me ajeitando ali como um namorado carinhoso.

Um falso namorado carinhoso.

— Meu Deus! Isso é sério? — Neji comentou em voz alta.

— Quieto, deixe os pombinhos em paz. — Ino me defende, se empanturrando de pipocas light.

Ela tinha que se decidir, um dia estava de dieta, o outro não. Um dia querendo Sasuke, no outro me empurrando para cima dele com seus planos.

— Que coisa... — ouço alguém reclamando, provavelmente Karin, mas ignoro.

Sinto que todas as nossas defesas baixam de repente. Como se estivéssemos em trégua. Me acomodo em seu peitoral e ele simplesmente deixa.

Perigoso eu sei, mas foi bom confesso. Muito bom.

Então é isso, estamos oficialmente namorando. Claro, isso tudo é um plano pra tirar Karin das nossas vidas, mas isso não quer dizer que eu não possa aproveitar os momentos em que Sasuke parecia fingir que tem coração.


Notas Finais




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