História Losing Your Memory - Somebody That I Used to Know

Às vezes penso em quando nós estávamos juntos

Como quando você disse que se sentiu tão feliz que poderia morrer

Disse a mim mesmo que você foi certa para mim

Mas me sentia tão sozinho em sua companhia

Mas aquilo era amor e isso é uma dor que eu ainda me lembro

[...]

Mas você não tem que me excluir

Fazer como se isso nunca tivesse acontecido e que não éramos nada

Somebody That I Used to Know - Gotye ft. Kimbra 

Justin on.

Aqui estou eu, sentado na arquibancada da quadra, mais uma aula de Educação Física sentado. 

Eu sou péssimo em esportes e sempre evito praticar. Eu passo nessa matéria fazendo trabalhos extras e eu acredito que é por isso que o professor parece me odiar.

Lexie odeia que eu não pratique esportes, ela me obrigaria a participar mas eu não fiquei na sala dela esse ano. Ainda bem.

Eu fico apenas sentado observando tudo. A desculpa que eu dou é que eu tenho asma e não posso correr ou sentiria falta de ar ou coisa assim, mas a verdade é que eu nem sei como asma funciona.

Diferente de Alyssa que parece uma pulga pulando pra lá e pra cá. Ela pode ser pequena mas é a prova que o tamanho não muda nada. Ela é melhor que muito homem nessa quadra, incluindo eu. 

Ela me lembra Alice que sempre me arrastava pro meio da quadra e fazia eu jogar, o que era uma decepção sempre, em qualquer jogo que tinha bola e você corria eu era péssimo. As pessoas até achavam que eu era gay, porque na lógica deles pra ser homem hétero tem que gostar e praticar esportes.

O engraçado é que sempre que eu paro pra pensar eu acabo me lembrando de Alice, isso é até bom, pelo menos eu não quebrei a promessa de nunca esquecer de nós dois. Pelo menos eu.

Ela nunca mais mandou mensagem, carta, foto, tweets, direct no Instagram, nada. O triste era saber que ela pediu pra que eu nunca esquecesse de nós dois, mas quem nos esqueceu foi ela mesma. O único contato que tínhamos era eu curtindo suas fotos no Instagram.

Duas garotas começaram a discutir no meio da quadra fazendo o professor ir até elas. Saíram na porradaria mesmo, alguns tentavam separar, outros apenas assistiam e riam.

Aproveitei a distração do professor e peguei meu celular pra mexer mesmo. Abri o Instagram e fui direto pro perfil de Alice, eu não sei exatamente porque fiz isso mas fiz.

Assim que o perfil dela carregou eu fui na primeira foto que eu vi. Era uma foto com um garoto, eles estavam numa praia, ele levantava-a no colo e os dois estavam se beijando, bem clichê mesmo. A legenda dizia "Meu melhor amigo é o meu amor. Meu primeiro amor. Amo você, valeu a pena esperar até você entrar na minha vida. Melhor pessoa que eu pude conhecer na vida inteira! #1ano de muita felicidade".

Como havia doído. Ela tinha esquecido de tudo que passamos juntos, esquecido que eu era o primeiro amor, esquecido de tudo. Eu senti dor, senti raiva, eu queria demonstrar que eu tinha visto, que eu estava ali. Mas como eu mostraria? Eu não mandaria mais uma mensagem pra ela me ignorar. Então eu curti a foto só pra ela entender como um "eu vi". Mas só curtir​ não adiantaria, eu queria que ela tivesse certeza que mesmo de tão longe teria me machucado. Entao eu resolvi comentar também, comecei a digitar "Felicidades ao casal, espero que ele seja um ótimo melhor amigo pra você e que se um dia algo separar vocês, nunca se esqueçam de suas lembranças, promessas ou de vocês juntos. Parabéns!" 

Ao terminar de escrever eu fiquei olhando pro texto, pensando se era uma boa ideia postar ou não. Até o professor chegar do meu lado e arrancar meu celular dá minha mão de uma vez, me assustando e fazendo todos ficarem em volta e olhando.

- Não faz aula e ainda mexe no celular, Collins?

- É... Desculpe senhor...

- Vai se desculpar na diretoria, vem - Começou a andar

- Diretoria? - Olhei assutado pra ele

- Sim senhor, por que? - Olhou pra mim - Não faz aula e fica no celular e ainda não quer ir para a diretoria?

- Pega leve com o garoto, professor - Alyssa falou fazendo com que um garoto a encarasse e balançasse seu braço, ela o encarou estranho e ignorou - Ele é novato e tímido - Pegou meu celular do professor e me entregou - Não conhece as regras ainda.

- Dessa vez passa, na próxima... - Apontou o dedo pra mim - Vamos pra sala - Saiu dá quadra com o resto do pessoal

O tal garoto esbarrou em Alyssa enquanto saía, ela o encarou de novo e ficou parada na minha frente.

- Por que fez isso? - Olhei para o celular que ainda estava no comentário, resolvi enviar logo, apertei no botão e voltei a olhar pra Alyssa

- Porque quero ser legal com você, mas é sempre tão frio e distante - Sua feição ficou confusa - Porque não faz aula?

- Não posso correr, tenho asma.

- Ah pelo amor de Deus - Riu ironica - Só o professor pra acreditar que você tem asma, Justin - Revirou os olhos rindo - Me poupe

- Ta duvidando de mim então?

- Ta na cara que você não tem asma, eu conheço asmáticos - Nós rimos 

- Mas eu sou!

- Duvido - Estranhei ela que sorria

Alyssa agarrou meu celular e correu pela quadra, só consegui gritar por ela e correr atrás. Nós corremos a quadra toda, até ela parar e começar a olhar meu celular, cheguei nela e tirei o celular de sua mão.

- Não pegue minhas coisas! - Falei sério 

- Ta vendo? Não tem asma - Ela riu e eu continuei sério - Quem é Alice?

Gelei com a pergunta, minha feição seria mudou para preocupada - Não é ninguém.

[...]

Ariana on.

Era 16:30 da tarde e eu estava caminhando até em casa, com minha mochila nas costas e uma música tranquila nos fones.

Cheguei em casa e me deparei com meus pais sentados no sofá, me esperando. Entrei em casa, fechei a porta, tirei os fones, joguei a mochila no canto e olhei para os dois.

- Oi gente, o que houve?

- Alyssa, sua mãe está grávida - Meu pai falou sério, nem parecia que ela estava realmente grávida

- O que? - Um sorriso abriu no meu rosto - Vou ter um irmãozinho...

- Grávida de outro homem - Meu sorriso sumiu

- Espera, o-o que? - Fiquei chocada e preocupada 

- Sua mãe me traiu Alyssa, nós conversamos e chegamos a conclusão que vamos nos separar - Minha mãe abaixou a cabeça e olhou para o chão

- Como assim? Ontem foi o aniversário de casamento de vocês dois, vocês se amam...

- Não Alyssa, eu amo, sua mãe não. - Essas palavras me acertaram de uma forma absurda

- Mamãe... - Uma lágrima solitária escorreu de um dos meus olhos

- Você vai morar comigo Alyssa, pois eu me recuso a pagar pensão para minha filha, enquanto sua mãe vai pra casa do dito cujo.

- Quando vocês vão assinar os papéis do divórcio?

- Assinamos ontem - Ela finalmente disse algo

- No dia do aniversário? - Olhei assustada

- Basicamente já não havia casamento há três meses atrás. - Meu pai estava muito sério falando

- Quando a mamãe vai embora?

- Eu estava apenas esperando você chegar para me despedir - Levantou do sofá e me abraçou, mais lágrimas solitárias foram escorrendo pelo meu rosto - Desculpa por isso filha, eu te amo muito, não deixe de falar comigo e se precisar de mim pra qualquer coisa que seja, eu vou te ajudar. Assim que chegar lá eu te mando o endereço.

- Te amo mãe - Nos apertamos mais e ela logo findou o abraço me dando um beijinho na testa

Pegou sua bolsa e sua última mala, abriu a porta e nos olhou novamente, meu pai me abraçava de lado. 

- Tchau querida! - Acenou - Adeus Edward.

- Adeus Christine - Ela saiu e fechou a porta

Pude ouvir o porta-malas de carro se fechando e logo após uma porta e uma arrancada de leve. Era sinal que ela tinha ido.

- Você ta bem? - Olhou pra mim

- É só... - Sentei no sofá - Muita informação pra processar - Me abraçou de lado

- Relaxa, nós vamos conseguir.

- Quem era o homem? - Olhei pro meu pai secando as lágrimas e fungando o nariz

- O patrão dela - Me olhou e sorriu irônico

- Não acredito que o filho de uma traição vai ser mais rico e mimado do que a verdadeira filha - Olhei pra ele que soltou uma gargalhada

- Quer comer pizza?

- Claro - Sorri 

- Vá se trocar que eu vou pedir - Levantou-se e pegou o telefone - Pepperoni com mussarela?

- Claro - Levantei e subi as escadas

Entrei em meu quarto e fechei a porta. Fui ao banheiro, me despi e entrei embaixo do chuveiro, tomando um banho de água quente para relaxar minhas ideias.

Saí do banheiro colocando minhas roupas íntimas, uma calça preta e um suéter comprido e branco. Arrumei o cabelo e calcei minhas pantufas.

Peguei o celular e liguei pra Lexie.

- Hey?

- Lexie, é a Al.

- Oi Al, tudo bem?

- Na verdade não.

- Aí meu Deus, aconteceu alguma coisa? - Sua voz ficou preocupada

- É, aconteceu...

- É muito sério?

- Eu posso ir na sua casa? Daqui a pouco?

- Claro que pode, sempre pode.

- Aí, ta bom. Eu apareço aí daqui a pouco. 

- Ta bom 

- Até já - Desliguei o telefone

Ouvi uma buzina de moto e desci as escadas, vendo meu pai na porta pegando a pizza e pagando o moço.

- Pega os pratos, querida.

Fui até a cozinha e peguei dois pratos, talheres e coloquei refrigerante em dois copos.

Ele colocou a pizza na mesa e colocou um pedaço em cada prato. Sentamos na cadeira e comemos enquanto conversávamos.

[...]

Desci as escadas calçando tênis agora, meu pai estava vendo TV deitado no sofá.

- Vou na casa de Lexie - Passei por ele falando, ele apenas concordou e eu saí.

CONTINUA