História Lost Alone - Perdido e sozinho. - Você é o meu lar. (Parte 2)

Carl on: 

Minhas mãos tremiam, eu estava preparado pra atirar, mesmo que eu não queira ter que fazer isso, não mesmo. Eles ficaram em silêncio por um instante, me aproximei pra ouvir a conversa.

- Quem é você, garoto??

Perguntava a Rob que estava sentado no chão olhando pros caras.

- Eu... Eu... moro aqui.

- Morava... -um deles falou. 

- Quem mais? 

- Só eu, os outros, morreram. 

Eu observava tremendo.

- Ele é um garoto... -o líder dizia. E o que você ta fazendo aqui? O Doug é um idiota que tá dormindo. 

Um dos capangas o acordou.

- Eu entrei aqui agora, quando eu percebi que tinha aquele cara dormindo, eu fiquei aqui sem reação, esperando ele acordar.

Rob dizia num tom assustado, inocente, como uma criança.

- Quantos anos você tem? -o líder se aproximou.

- Fiz 13... 

Não era verdade, ele já tinha quase 16. O que ele tava tramando?

- Você não parece nada perigoso... 

Um dos caras cochichou pro líder perguntando o que fariam. Eu espera esperava a resposta já pronto pra fazer algo.

- Você, garoto... -olhava pra ele. Está no grupo agora. 

Os outros caras ficaram surpresos e inconformados.

- Sério? 

- Qual teu nome?

- É Rob. 

- Levanta! 

Eles foram se acomodando, deixando suas coisas pelo chalé. Fiquei com medo deles perceberam algo de errado. Agora eu não tinha ideia do que fazer...

☆

De tanto esperar atrás dos arbustos, tentando ouvir cada palavra, acabei vendo que por lá parecia estar tudo bem. Eu estava caindo de sono, mesmo com toda preocupação. Precisava ajudar Rob.

Saí pro meio da floresta, bebi um pouco d'água e fiquei atrás de umas arvores sentado. Só pensava no que podia acontecer e o quão enfurecido eu estava, e pensando e pensando, adormeci.

23:21 - noite:

Acordei assustado, havia dormido demais. Levantei as pressas, pensando nas mil possibilidades de algo ruim ter acontecido. Corri pra perto do chalé. 

Quando cheguei ouvi umas conversas. As janelas estavam fechadas, olhei pela greta o que estava acontecendo. Estavam sentados, inclusive Rob. Isso me acalmou. Pareciam estar comendo. 

- Você sabe matar? Usar uma arma?

O líder era um cara que nem era tão alto, cabelo raspado, com uma tatuagem no pescoço. Não parecia nada perigoso.

- Nunca atirei, e nunca matei um morto vivo, meus pais faziam isso. -dizia cabisbaixo.

Rob estava atuando bem...

- Vamos treinar você... vai matar bem depois de uns dias... -se levantou. 

O líder estava mais distante dos outros, outro cara se aproximou dele.

- Vamos mesmo ficar com esse garoto?

- Relaxa Will, vamos deixá-lo com a gente até quando precisarmos pra alguma coisa... Vamos usar ele. 

- Se um dia faltar comida... Não vamos passar fome... 

- Canibalismo, isso não desejo mesmo. Mas é uma possibilidade. Aliás, o Lou, ele é viado, se ele quiser dar uma dentro, não ia nem ligar se ele agarrase esse menino aí. 

Não acredito que ele falou isso, eu tava tão puto. Não queria deixar o Robbie nem mais um segundo com esses caras, eu só quero protegê-lo de tudo, abraça-lo, beija-lo e dizer que está tudo bem.

...

Fiquei de vigia até eles dormirem. Um dos caras estava de vigia. Colocaram o Rob dormindo num cantinho perto da cozinha. Fiquei atento em cada um deles. 

Eram cinco, o líder, o dorminhoco, a cadelinha do líder, o gay pervertido e o Wolverine (ele realmente parece). Apelidei eles pra me lembrar mais fácil. 

A madrugada inteira fiquei observando-o. Eu estava quase dormindo ali na greta da janela. Percebi que o pervertido estava acordado e andando lá dentro. Destravei a arma caso ele deitasse ao lado do meu namorado. 

Ele passou, olhou pra ele dormindo e voltou pro seu canto. Rob se mexeu, parecia que acordou. Peguei uma pedrinha e bati de leve na janela. Ele não percebeu nada. Bati de novo e ele havia escutado. Continuei até ele entender. 

Ele se levantou e foi até a janela. Observou a greta e abriu um pouco.

- GRAÇAS A DEUS! PULA! -gritava por sinal.

Ele olhou pra trás e o vigia estava acordado.

- Não da!

- Você não pode ficar aí. Esse grupo não é legal... E eu também não posso ficar mais aqui fora. Temos que ir!

- Agora não da... -olhava pra eles dormindo. Vou dar um jeito.

Fiquei inseguro.

- Ei, Carl... Me encontre no poço, hoje mais tarde, quando for noite.

- É tempo demais... 

- Escuta, escuta. -ele passou os dedos no meu rosto. Vamos conseguir. 

Abri a bolsa e te dei uma arma.

- Deixa na sua calça, so use se precisar.

Ele fechou a janela pra ninguém desconfiar.

☆☆☆

Dormi na floresta de novo, o dia parecia não acabar nunca. As horas mal iam passando.

Voltei pra ver como as coisas estavam. Já estava escurecendo... Tudo normal, os babacas conversando... 

Me aproximei mais da janela pois pareciam falar com Rob.

- Você tem coisas demais aqui... Parecem pra mais de uma pessoa.

- Mas eu falei, ue. O meu grupo foi morrendo, o que deu pra pegar, eu peguei. Por isso tem muitas coisas aqui... 

Me aproximei mais até que estava perto demais da janela. Troquei olhares com um dos caras, era o "cadelinha do líder". Ele percebeu e avisou os outros.

Saí correndo dali. Saíram quatro caras atrás de mim. Enquanto corria e disfarçava, vi que eram o Wolverine, o cadelinha, o líder e o dorminhoco. Mudei a rota da corrida pra não me acharem. 

No chalé:

- Aquele também parece um garoto. Coincidência? 

O pervertido olhava pro Rob.

... - Roupas em dobro, sapatos em dobro... Certeza que não conhece aquele cara? -acrescentava.

Rob segurou na arma em sua cintura e o pervertido pulou em cima dele, fazendo-o cair no chão. Rob resistia.

- Não resiste, não resiste. 

Rob estava furioso.

- Quer saber? Mexe assim que eu gosto mesmo. -ficava beijando a orelha dele. Você também, né?

Ele abaixava a calça de Rob enquanto segurava sua arma, Rob estava tentando pegar a sua mas estava impossível.

...

Corri tão rápido que cheguei no poço, havia distraído os outros quatro. 

Até que ouvi um tiro. Não era dos caras porque estavam no leste, e o som veio do Norte, onde fica o chalé. 

Meu coração disparou. Por um momento, foi como se todas as minhas lembranças com o Rob viessem a mim. Corri pra ver o que aconteceu, ainda estava na metade do caminho. Tropecei no chão e vi alguém na minha frente...

☆☆☆

Eu estava errado, não é sobre o lugar, o lar não é tudo que importa, na verdade não devemos se importar primeiramente com nosso território, e sim com o que realmente é o nosso lar, ou melhor, quem. Robert Jones é o meu lar.