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História Lost in Time - Um Pouco Sentimental


Escrita por: Violetkkj7

Capítulo 6 - Um Pouco Sentimental


                 ~ | Violeta | ~

- ...Meu nome é Katsue Yuki, e a partir de agora serei a Guardiã da família real de Lowell. Levá-los de volta para seu mundo se torna agora uma de minhas prioridades!

Yuki já havia dito que me ajudaria com a busca da minha família, mas parecia ser um pouco da boca pra fora. A forma como falou dessa vez me deixou realmente muito feliz! Foi ela quem me encontrou no meio de uma floresta perigosa. Foi também ela quem me perdoou mesmo eu sendo ignorante e dizendo palavras que a machucaram. Minha condição de princesa não a fez me mimar ou dizer elogios da boca pra fora, ela simplesmente continuou sendo ela mesma, sincera em todos os aspectos. Por isso me deixa muito feliz ela ser quem me acompanhará em minha jornada.

- Muito bem. Então, o que faremos? - perguntei.

- De acordo com que ouvi, seus pais estão no primeiro Latifúndio. As pessoas estranhas com quem sua irmã se deparou... Eu tenho uma ideia de quem sejam e como chegar até eles. - Yuki fez uma breve pausa parecendo organizar seus pensamentos. - Normalmente, não podemos transitar de um Latifúndio a outro sem uma permissão importante.

- Somos da família real, não há necessidade de permissão - disse Ísis.

- Ninguém conhece vocês aqui. Vocês não são nada nesse mundo. Pessoas como nós, de Latifúndios inferiores, são tratadas como lixo, mas vocês tem bem cara de riquinhas então se fosse só por aparência vocês passariam normalmente. A questão é que a permissão tem que vir de cima, das pessoas importantes DESSE mundo.

- Então como fazemos? Se não conseguimos nem chegar no primeiro Latifúndio como vou poder resgatar meu pai e minha mãe?

Yuki cruza os braços e começa a olhar para cima.

Fiquei um pouco desesperada, confesso, mas a calma no rosto de Yuki enquanto pensava em várias alternativas para nos ajudar me acalmava bastante.

De repente ela fecha os olhos. Depois de uma fração de segundos ela volta a olhar para nós.

- Vamos invadir.

Eu, Ísis, Satsuki-chan e a tia de Yuki. Todas nós se entre olharam com uma cara de surpresa. Aparentemente Yuki não costumava ser tão irracional a ponto de ter ideias como essa. Eu nunca estive aqui, então não conheço nada sobre este lugar, mas da forma como ouvi da senhora Kaguya e agora, o primeiro Latifúndio não parece ser o tipo de lugar que dê para invadir assim.

- Você tá maluca Yuki?! O que tem na cabeça? Você já não sabe que tem carta branca pra poder ir e vir de qualquer Latifúndio, especialmente o primeiro? Pra que isso?! - se exaltou um pouco a tia de Yuki.

Yuki voltou o olhar para o centro da mesa, mas não olhava exatamente para ela. Era mais como se olhasse para o nada, em busca de tudo. Qualquer resposta parecia válida naquele momento, mas a verdadeira não parecia ser a melhor delas. Seu rosto ficou sério e frio, não apenas raiva, mas medo também transbordavam em seus olhos vermelhos. Tive vontade de abraçá-la e consolá-la. Queria tirar este peso que sequer conheço de suas costas assim como faz comigo, mas não sou capaz disso.

-... - Yuki murmurou algumas palavras. - esqueçam o invadir. Eu penso em outra coisa depois, tá ficando tarde, por isso vamos descansar. Não dá pra pensar de cabeça quente.

- Você tem razão! - me apressei em dizer. Essa era minha chance de ajudar a Yuki e mudar de assunto. - É só que... Vocês costumam estar só entre vocês, então onde eu e a Ísis vamos dormir?

Todos pareceram morder a isca. Fiquei feliz por conseguir ajudar pelo menos um pouco a Yuki. Ela pareceu aliviada também. Começamos então a discutir sobre quem dorme onde.

- Eu fico com a Satsuki na beliche vocês ficam com a tia. - disse Yuki.

- Minha cama foi feita para duas pessoas, não três. Que tal Satsuki e Icchan ficarem na beliche, Yuki e...

- Ah, desculpa!! Eu não me apresentei!! Meu nome é Violeta.

- Então, Violeta-san, se importaria de dormir com a Yuki? Afinal, vocês parecem já ser bem amigas.

Corei um pouco. Na verdade corei muito!! Dormir com ela?! Hoje? Agora? Sem nenhum preparo nem nada? E-eu só a encontrei ontem... É verdade que eu a beijei, mas foi só pelo feitiço, só pela magia!

- Por favor, seja gentil...

Todos ficaram em silêncio durante um breve momento, me encarando como se eu tivesse dito alguma coisa muito estranha. Mas foram eles que começaram!! As pessoas desse lugar são muito assanhadas!

- Eeeeeehhhhhh?!!! - Yuki da um berro ao se levantar da cadeira e olhar para mim, que me sentava ao seu lado. Ela quase caiu - Quando minha tia disse dormir, ela quis dizer só dormir!! O que diabos você pensou?!

- H-hã? Que? É-é só isso, é?

- É óbvio!!! E eu não vou dormir com você, Satsuki ia ficar solitária, não é Sat--

Yuki se virou para a irmã enquanto falava.

- Icchan vou te mostrar o meu quarto!

- Queee?!! Você já está me trocando por essa fedelha? Eiii Satsuki volta aqui!! Esse quarto também é meu!!

Satsuki já estava subindo as escadas em direção ao quarto junto com Ísis enquanto Yuki falava. Todos começamos a rir e muito, exceto a Yuki, mas acho que isso não quer dizer que ela também não estava se divertindo, é só o jeito dela... Jeito este que começo a me acostumar e a gostar também.

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No fim, minha irmãzinha e Satsuki dormiram na tal beliche, a tia da Yuki ficou no sofá e eu... Bem... Estou dormindo na mesma cama que ela. É meio embaraçoso, pois ambas nos deitamos e não falamos sequer uma palavra, apenas um boa noite. Sei que precisamos descansar, mas é estranho de qualquer forma. Eu nunca dormi fora de casa, mesmo com minhas eventuais fugas para explorar os arredores do castelo, então essa situação é bem diferente para mim.

Yuki... Eu consigo ouvir um pouco o som de sua respiração calma, fraca, porém profunda. Estamos viradas a lados opostos, dividindo o mesmo lençol. Eu quero virar, quero ver seu rosto e seus olhos avermelhados, mas talvez se o fizer posso a deixar desconfortável... Me sinto um pouco confusa. Não consigo entender porque me sinto assim.

Tomei coragem e tentei iniciar uma conversa:

- Yuki, você está dormindo?

- Sim - ela respondeu.

- ???! - fiquei sem entender.

- Eu tô brincando. O que você quer?

- Ah, nada. Só queria conversar um pouco.

- Sobre?

- Qualquer coisa... Ah, por exemplo, como você percebeu que tinha algum animal por perto quando estávamos descendo da casa da senhora Kaguya?

- Aff, eu queria dormir mas ok. Eu ouvi, ou melhor, eu senti.

- Como assim? - fiquei um pouco surpresa.

- Sei lá. Eu consigo sentir quando tem alguma coisa perto, principalmente quando eu acho que estou em perigo. É uma sensação estranha, como se eu ouvisse, mas não é um som...

- Como uma vibração, talvez?

- Sim, exatamente. Como sabe?

- Eu também sou assim, a maioria dos Lowellyanos são, mas se trata de perceber o poder mágico de alguém. Quanto maior o nível de poder mais forte se torna essa sensação. Lowell é especialista em treinar guerreiros, por isso é comum entre nós.

- Então como você também não percebeu que aquele bichano estava perto também?

- Esse mundo não possui magia como no meu. Por isso também, acho que essa sua sensação deve ser algum tipo de instinto.

- Ah, isso explica muito bem você não ter me ajudado a lidar com aquele bicho e só fugiu comigo. De que adianta você saber de magia se não pode usar? Isso complica mais ainda sua situação, vai ser mais difícil te ajudar a voltar pra casa sem a tal magia.

As palavras dela me causaram pânico. Se eu não puder resgatar meus pais, se eu não puder voltar, Lowell será destruída e outro reino tomará posse dele. Meu povo será forçado a seguir outras culturas. Leis e políticas serão mudadas sem o consentimento dos cidadãos. Um confronto interno pode se formar e todos sofrerão com isso, não apenas Lowellyanos! Eu não preciso, eu DEVO voltar antes que seja tarde demais!...

Estava imersa em meus pensamentos quando me assustei ao ouvir uma voz.

- Desculpa. Eu não quis te colocar pra baixo. Não foi minha intenção. Eu sei que é difícil pra você toda essa situação com seus pais, mas eu também não posso mentir dizendo que vai ficar tudo bem já que eu não posso prever o futuro.

Ah, esse jeito dela... Me faz sentir segura, confortável e bem. Eu me pergunto porque me sinto assim. Ainda que ela às vezes diga coisas de forma arrogante, ela definitivamente não é uma má pessoa, na verdade ela é muito gentil.

Eu não consegui me segurar e me virei, queria ver o rosto da Yuki, a sua expressão. Ela estava de costas e por um momento pareceu incomodada.

- Howard-san... Por que confia tanto em mim? Isso é perigoso, e eu não fiz nada pra merecer isso.

- Eu não sei. Talvez porque você me ajudou, mas sinto que se fosse outra pessoa eu não me sentiria assim.

Assim que falei, ela virou também. Nossos rostos ficaram frente a frente. Eu podia sentir sua respiração com a minha, podia ver seu olhar duvidoso e avermelhado. Eu queria conhecer mais sobre esta pessoa, queria saber sobre ela. Eu sei que só a conheci ontem, mas sinto que já passei anos com ela.

- E você? Por que é gentil comigo mesmo sem confiar em mim? 

Acabei me aproximando dela sem perceber enquanto eu pergutava. Nossos rostos estavam bem próximos. A situação foi ficando cada vez mais embaraçosa, já que faltava pouco para sair um beijo. Yuki se assustou quando percebeu o que estava prestes a fazer e se levantou rapidamente.

- E-eu estou com sede e-então vou lá na cozinha pegar um copo de água. Vê se dorme, amanhã a gente vai ter que acordar cedo.

Aaaaaaah meu Deus!!! O que deu em mim?!! O que eu estou fazendo? O que eu estou pensando? Eu não consigo entender mais nada! Quase que eu cometo assédio a outra garota! Nunca que eu pensei que fosse ficar tão desesperada a ponto de fazer tamanha loucura. Tudo culpa do maldito mago! A primeira coisa que vou fazer assim que voltar é fazer da cabeça dele um espantalho!


                      ~| Yuki |~

"O que raios eu to fazendo?" pensei enquanto descia as escadas para cozinha.

O copo parecia estar fugindo de mim, ou isso provavelmente era apenas o fato de estar um pouco nervosa fazer eu perder a noção das coisas.

Finalmente encontrei o copo, que enchi até a boca. Não menti quando falei que estava com sede, mas essa foi a melhor desculpa que achei pra poder sair daquela situação embaraçosa. Histórias e fatos que fiz questão de enterrar podem vir a tona a qualquer momento e eu começar a envolver aquela garota nisso não vai ser nada bom, por isso não posso e nem quero criar nenhum vínculo com ela, ainda que ela pareça agora ser talvez mesmo uma pessoa boa.

Lembrei que estava com o camafeu que recebi da minha avó. Eu o havia colocado no pescoço, porque pensei que assim seria mais difícil de perder ele. O peguei e comecei a analisar de novo.

- KR, hein.

Tentei abrir, mas não consegui de forma alguma. Fiquei surpresa, já que não havia nenhum lacre e não parecia estar selado. Me pergunto o que de importante pode ter aqui dentro e o porquê da vó Kaguya só o ter me dado agora.

Bem, eu não estou com o menor clima pra poder voltar pro quarto. Tia Harumi já está no sofá, a Satsuki e a irmã da Howard-san estão na beliche do meu quarto. Aff, porque a tia Harumi teve que ser casada tempo suficiente pra ter uma cama de casal?

   E assim, eu tive que caçar outro lugar pra dormir.



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