História Lost Lovers - NamJin - Você o que?

Namjoon P.O.V.

Segunda-feira, aula de química e álgebra. Ótimo. A única coisa boa é que vou ter aula com o Jin, e o melhor, é a aula que fazemos dupla!

Tomei um banho, vesti meu uniforme, e desci para tomar café. Minha mãe já havia saído de casa, mas deixou o café-da-manhã posto pra mim. Ela fez um suco de laranja, torradas e deixou uma caixa de cereal na mesa.

Depois de comer, subi, escovei meus dentes, peguei minha mochila e saí. Hoje eu estava um pouco atrasado, então tive que apertar o passo, mas por sorte cheguei à escola a tempo. Geralmente se chegamos atrasados na aula temos que ficar até mais tarde para limpar a sala - o que não é nada legal.

- E ai, Kook? - o cumprimentei quando o encontrei no corredor.

- Oi, Namjoon! Como foi o fim de semana? - me perguntou animado, mais animado que o normal.

- Muito louco, adivinha quem brotou lá em casa!

- Nayeon?

- Que? Não, o Jackson!

- O Jackson?! Jura? Faz tempo que não o vejo.

- Pois é, mas ele já foi embora ontem à noite. Enfim, como foi seu fim de semana?

- Foi bom... - ficou que nem um pimentão e eu saquei a dele.

- Ah, Kookie... - o olhei com aquela carinha. - Já entendi tudo! - ri.

- N-Namjoon! - falou constrangido. - Eu tenho que ir... Até o intervalo... - disse e saiu rápido.

- Oxe... - falei baixo e dei de ombros.

Continuei andando até minha sala de química e – foi só falar no diabo – que encontrei a última pessoa que eu queria ver no mundo.

- Olá, Namjoon-ah! - sorriu e se aproximou de mim.

- Nayeon. O que quer?

- Sabe, eu sinto a sua falta. - pôs sua mão em meu peito e começou a dedilhar por cima da minha gravata até chegar perto do meu colarinho.

- Sei. - peguei sua mão e afastei de mim. - Me poupe tá, Nayeon? Vai arrumar outro e me esquece.

- Que isso, Nammie... - falou manhosa e segurou meu braço. - Eu sei que também me quer de volta. - sussurrou provocativa.

- Me solta agora. - falei pausadamente enfatizando o "agora" e ela soltou. - Você me traiu, não ache que eu vou voltar rastejando pra você. - ela fez uma cara de bunda e comecei a andar pra longe, mas virei pra trás para encará-la. - Por falar nisso, continue rastejando por ai como a cobra que eu sei que você é. - ela me olhou com raiva e saiu pisando forte.

Andei mais alguns passos e cheguei à minha sala antes do professor. Jin já estava sentado em nossa mesa lendo um livro. Fui em sua direção e me sentei do seu lado, e ele deu um pulo assustado.

- Que susto, Namjoon! - pôs a mão no coração.

- Desculpe, não tive a intenção de te assustar. - ri. - O que está lendo?

- Hm? Ah! - marcou a página que estava, fechou o livro, e o mostrou pra mim. - "Demian".

- Ah, "Demian"! Esse livro é ótimo!

- Eu ainda estou na metade, então sem spoilers!

- Você já chegou na parte que o Demian e o Sinclair se... - falei provocando.

- AH! - me interrompeu com um "grito" que chamou a atenção dos nossos colegas. - Nem ouse terminar a frase, Kim Namjoon! - falou bravo.

- Eita porra...

Antes que Jin pudesse falar alguma coisa o sinal tocou indicando o início do primeiro tempo. O sr Kwon chegou, nos cumprimentou como o de costume e nos mandou fazer silêncio para ele poder começar a aula.

- E então, turma? Como vai o trabalho de vocês? RiAe e Jisoo?

- Estamos quase acabando. - respondeu Jisoo.

- Seungyeon e Jaebum?

- Vamos fazer amanhã. - respondeu Jaebum.

- Yugyeom e Sojung?

- Já acabamos. - respondeu Sojung.

- Seokjin e Namjoon?

- Também já acabamos. - respondi.

O professor fez a pergunta de dupla em dupla e acabou que metade não tinha nem começado ainda, um quarto estava acabando e o outro um quarto já estava com o trabalho feito.

- Eu me esqueci de mencionar uma coisa sobre o trabalho na semana passada: além de fazerem o trabalho escrito também terão que apresentá-lo oralmente.

- Aaaaah.... - a turma disse em uníssono.

- Se reclamarem ainda mando fazer manuscrito. O que acham?

- Não! - dissemos juntos novamente.

O professor pronunciou um "Ótimo" e retomou a aula, iniciando um conteúdo novo. Jin colocou seu livro debaixo da mesa e continuou a lê-lo disfarçadamente, e eu peguei meu caderno de música e comecei a trabalhar em uma canção nova.

Graças aos céus a aula passou depressa e fomos liberados. Chamei Jin para me acompanhar até meu armário depois que passássemos no dele e ele aceitou. Ficamos conversando sobre as partes que ele leu do livro e toda vez que eu ameaçava dar algum spoiler ele ameaçava me bater e eu ria.

Fomos ao refeitório e notamos que nenhum dos meninos havia chegado ainda, então nos sentamos para guardar a mesa. Jin trazia seu lanche de casa, então ele ficou na mesa enquanto eu ia pra fila comprar o meu lanche.

Quando eu finalmente estava com meu sanduíche de peito de frango e meu achocolatado em mãos retornei à mesa, encontrando lá um Yoongi todo sonolento - como sempre.

- A noite foi boa, Yoongi? - perguntei me sentando.

- Haha, engraçadão você hein, mano. - disse irônico e abaixou a cabeça na mesa como se fosse dormir.

- Credo. - eu disse e olhei para Jin em seguida.

- Aconteceu alguma coisa, Yoongi? - ele perguntou preocupado.

- Minha mãe voltou. - respondeu breve.

Seu pai, seu irmão e Yoongi têm uma relação complicada com sua mãe. Ela vive viajando à trabalho e mal para em casa, ela é quase que uma estranha para os próprios filhos. Yoongi e seu hyung nunca tiveram uma mãe presente, ela nunca estava em seus aniversários, sempre arrumava alguma desculpa no Natal, e sequer foi à uma única apresentação deles no primário. O tio Min sempre cuidou deles sozinho com a ajuda dos pais.

- Voltou? Tipo... Só pra dar um oi? - perguntei.

- Não. Ela voltou pra ficar. - abri a boca em descrença.

- Como assim? E o tio Min simplesmente vai fingir que nada aconteceu e vai deixar ela ficar com vocês de boa?

- Que que eu posso fazer, Namjoon? Falar pro meu pai expulsar ela de casa? Que eu me lembre eles ainda são casados.

- Mas ela mal tem vínculo com vocês! Me diga a última vez que ela ligou pra você.

- No meu aniversário.

- Que foi há seis meses!

- Namjoon, eu sei que o que eu tenho com a minha mãe não passa de uma mera ligação se sangue, não precisa ficar jogando na minha cara! - suspirou. - Você não entende...

- Eu não entendo? Yoongi, se esqueceu do que meu pai fez? E outra, minha mãe mal tem tempo pra mim. Ela está sempre ocupada de mais pra me dar atenção. Quando eu acordo o café já está feito, mas ela não está lá para comer comigo.

Fiz uma pausa breve e retomei minha fala.

- Quando eu chego da escola ela não está lá, então tenho que esquentar a janta do dia anterior para almoçar. Ela só chega em casa no final da tarde, faz a janta e essa é a única refeição que fazemos juntos. Conversamos pouco sobre nossos dias, porque ela sempre está cansada, e ela ou vai pra sala assistir tv ou vai para seu quarto trabalhar mais. Então não diga que eu não entendo o que você passa, porque eu entendo bem.

Quando acabei de falar tanto Jin quanto Yoongi me olhavam surpresos.

- Tem razão, Namjoon. Eu vou ver o que eu posso fazer em casa.

- Se quiser poder ficar na minha casa por um tempo.

- Obrigado, mas não posso aceitar. Vou ver com minha avó se eu e meu hyung podemos ficar com ela.

- Você quem sabe. - dei de ombros.

- Se precisar minha casa também está a disposição. - manifestou Jin, após ouvir tudo em silêncio.

- Obrigado. - Yoongi sorriu sem mostrar os dentes.

Alguns minutos se passaram até que os meninos chegassem à mesa.

- Que climão, putz. - disse Tae chegando de mãos dadas com Kook.

- Tae, não provoca. - disse Kook repreendendo o namorado.

- Mas eu não fiz nada... - disse manhoso. - Ok... - mas se rendeu.

- Você dois viram o Hoseok e o Jimin? - perguntei.

- Vimos. Eles estão sentados debaixo de uma árvore. - disse Kook.

- Acho que eles nem vão vir então. - disse Yoongi.

- Licença, gente. Preciso ir à biblioteca. Até mais tarde. - disse Jin se levantando.

- Até. - dissemos em uníssono.

Assim que Jin saiu do refeitório os meninos me olharam com uma carinha safada.

- Quê foi? - perguntei.

- O que que tá rolando entre vocês dois? - perguntou Yoongi.

- N-a-d-a. - disse pausadamente.

- Até parece. - retrucou Tae. - Não somos trouxas, Namjoon.

- É... Nós vemos o jeito que você olha pra ele. - pronunciou Jungkook.

- Desembucha. - mandou Yoongi.

- Aigo... O que eu faço com vocês..?

Olhei para cara de cada um rapidamente e suspirei.

- Olha, nós não temos nada. E além do mais nos conhecemos há apenas uma semana! Por favor, né?

- E desde quando tempo é problema? Eu hein... - disse Taehyung.

- Namjoon, preta atenção aqui. - Yoongi me chamou. - Você gosta do Jin e isso tá na cara, nem adianta negar.

- ... Tudo bem! - me rendi. - Estão certos, eu gosto dele.

Eles sorriram e começaram a meio que comemorar.

- Mas nem sabemos se ele é gay ou pelo menos bi. Prefiro aprisionar esse sentimento até ele se extinguir, assim como o fogo se extingue quando fica sem oxigênio.

- Larga de ser bobo! - disse Taehyung. - Tá mais do que na cara que ele é gay!

- Como, hein? Me explica como?

- Cara, a marmita de comida dele é rosa, a capa do celular dele é rosa, ele é todo tímido, e, principalmente, ele fica te encarando quando você está distraído. Como ele não vai ser gay?

- Não tire conclusões precipitadas, Taehyung. Só porquê ele gosta de rosa isso não significa de ele seja gay. E outra, não quero me iludir pra depois quebrar a cara no final.

- Ai, gente, vamos parar com essa discussão boba. Se o Namjoon quiser algo com o Jin ele vai tentar. Não precisamos botar pressão nele.

- Obrigado, Kook.

Yoongi e Tae passaram mais uns minutos dizendo para eu não perder tempo e chamar logo ele pra sair. Mas o sinal tocou, me salvando daqueles dois doidos que querem me enfiar num relacionamento.

Eu gosto do Jin, sei que gosto. Mas não sei se ele gosta ou não de mim, e eu não posso fazer nada em relação à isso. Vou esperar mais um tempo antes de tentar algo com ele, só pra ver se ele me dá alguns sinais de gosta de mim. Quero ter certeza antes de me meter numa roubada.

Peguei meu material de álgebra no armário e encontrei Jaebum conversando com Jin nos corredores. Senti uma coisa ruim no peito, tipo uma vontade de afastá-lo de Jin. Cerrei os punhos e estava pronto para avançar em cima do pescoço de Jaebum, mas ele foi salvo pelo gongo - vulgo Hoseok.

- Namjoon! - chegou por trás e pôs a mão no meu ombro. - Vamos, a aula já vai começar. Se demorarmos muito a Min Ha vai ficar brava.

Hoje é seu dia de sorte, Jaebum.

- Namjoon? Você está bem?

- Tô. - sorri forçado. - Vamos.

Mas o que foi isso? Será que foi... Ciúmes? Não é possível. Nem quando eu namorava a Nayeon eu sentia ciúmes, então por que senti agora?

A aula passou voando, afinal quando se boia pensando em alguém o tempo passa muito - muito - rápido. Me despedi de Hoseok na saída da sala e foi pegar minhas coisas no escaninho. Não encontrei nenhum dos meninos então segui direto para minha casa tentando tirar Seokjin da cabeça por pelo menos cinco minutos.

~

O sábado chegou depressa, mais depressa do que eu esperava. Yoongi se resolveu com seu pai, que concordou em mandar ele e seu irmão para a casa da avó por um tempo.

Jungkook e Taehyung continuaram grudados como sempre. Hoseok ajudava cada vez mais Jimin à superar tanto a morte de sua mãe quanto a sua depressão. E eu e Jin nos tornamos ainda mais próximos.

Segunda à noite Jin havia me perguntado por mensagem aquele lance do meu pai que mencionei no intervalo, mas também disse que eu não deveria me sentir obrigado a contar só porque ele perguntou. Contei à ele mesmo assim.

O que aconteceu - pelo que minha mãe me contou - é que meu pai a abandonou quando estava grávida de mim. É, Kim é o sobrenome da minha mãe, visto que eu não tenho um pai registrado.

Minha mãe deu duro pra me criar, ela se desdobrava e fazia o que dava pra por comida na mesa e pra me dar uma educação boa. Até os meu seis/sete anos meus avós nunca haviam aceitado o fato de minha mãe ser mãe solteira.

Ou seja, meus avós não me aceitavam de uma forma o de outra. Por isso que ela se matava de trabalhar, afinal ela não podia contar nem com os próprios pais para ajudar a me criar. Até hoje ela trabalha que nem uma camela, mas é porque ela foi promovida e exerce um cargo alto na empresa que ela trabalha.

Apesar dela ser uma mãe meio ausente eu sei que ela se importa comigo e me ama muito, se não ela teria me largado num orfanato assim que nasci. Eu a admiro muito por tudo que ela fez por mim, e é justamente por isso que eu estudo muito. Quero entrar na S.K.Y. para poder me tornar um excelente profissional, e poder proporcionar à minha mãe tudo o que ela merece.

Perguntei à Jin se ele também tinha uma relação zoada na família e ele disse que sim, mas que me contaria um outro dia. Óbvio que eu foquei curioso, mas não insisti. Se ele prefere me contar apenas futuramente eu entendo. Apenas lhe respondi que ele não precisava ter pressa pra me contar nada.

Na quarta-feira, eu e Jin nos encontramos debaixo de uma árvore no pátio da escola durante o intervalo para podermos ensaiar nossa apresentação de química. Digamos que o ensaio foi um sucesso, dividimos o que cada um iria falar e demos uma treinada básica.

Anteontem - vulgo quinta-feira - combinamos o local e a hora do role de hoje à noite, que já estava marcado desde a semana passada. Como previ, iríamos à uma balada no centro da cidade perto da casa do Jimin.

Como já eram sete e meia da noite resolvi me arrumar, à começar por um banho. Cheguei a demorar um bocado no chuveiro, mas foi porque eu passei alguns óleos hidratantes e aromáticos pelo meu corpo.

Escolhi uma roupa no estilo casual chic, se é que isso existe. Na minha cabeça imagino ser algo não tão formal, mas também não tão relaxado. Um meio termo entre conforto e elegância, digamos assim. Vesti uma calça preta de alfaiataria, uma camisa social branca desabotoada na gola, e um blazer acinzentado com uns detalhes em relevo no tecido.

Coloquei um cinto preto, um sapato social confortável, e um óculos preto quadrado sem lentes só pra dar um estilo. Fiz um topete levemente bagunçado, passei um perfume maroto, escovei meus dentes e chequei as horas no celular. Fiquei pasmo em seguida, já eram nove e meia!

Como eu demorei duas horas me arrumando? Boa pergunta.

Chamei um táxi para me levar até nosso ponto de encontro - vulgo prédio do Jimin. Em questão de vinte minutos eu já estava lá, e encontrei Jimin, Hoseok, Jin e Yoongi. Uns minutos depois tanto Taehyung quanto Jungkook chegaram juntos (eles vieram de carona com o pai do Tae).

Como a boate era perto, fomos conversando e andando. Yoongi era o único que conhecia a boate, então ele foi na frente nos guiando. Tae e Kook foram atrás dele, seguido por Hoseok e Jimin, e finalmente por mim e Jin.

Confesso que sequei completamente o Jin, acho que até quase babei - literalmente. Ele estava magnifico. Trajava um uma blusa preta de mangas compridas e de gola alta, um blazer vermelho e uma calça igualmente preta. Me aproximei dele discretamente para elogiá-lo.

- Está lindo, Jin. - sussurrei em seu ouvido e juro que ele se arrepiou.

- O-Obrigado. - disse corado e tímido. - Você também está lindo.

Por fora estava calmo, mas por dentro eu pulava que nem um cabrito. Era como se o famoso carnaval brasileiro me possuísse. Eu fiquei feliz, feliz pra caralho.

- Chegamos. - anunciou Yoongi.

- Wow! - exclamei ao ver a grandiosidade do local. Provavelmente não deixariam alguém mal vestido entrar aqui, por sorte eu e os meninos viemos mais ou menos arrumados.

Havia uma fila gigante para entrar no local, mas Yoongi simplesmente foi até a porta e cumprimentou animadamente o segurança. Como Yoongi vive indo para as noitadas ele tem muitos contatos e amigos, e, pelo que parecia, aquele segurança era um deles.

O homem não demorou para nos dar passagem para entrar. Lá dentro estava bastante escuro, entretanto o ambiente era iluminado por uns feixes de luz coloridos. A música estava alta, estrondosa na verdade.

Não deram nem cinco minutos e logo Taehyung puxou Jungkook pro canto e começaram a se pegar forte, nem parece que se viam todo dia. Jimin puxou Hoseok para a pista de dança, visto que sua música favorita havia começado a tocar, e deram a louca no meio da galera.

Sobraram apenas Yoongi, Jin e eu. Ou melhor, somente Jin e eu, já que Yoongi viu um cara que achou interessante e foi tentar dar uns pega nele. Jin parecia nervoso, como se ele não estivesse habituado a vir nesse tipo de lugar.

- Quer beber alguma coisa? - falei um tanto quanto alto em seu ouvido para que pudesse escutar.

- Quero! - respondeu igualmente alto em meu ouvido.

Procurei rapidamente o bar com olhar, e, assim que achei, puxei Jin pela mão. Somos menores de vinte e um anos, logo nenhum de nós pode beber, mas não custa tentar, não é?

- Vai querer o que? - perguntei em seu ouvido. - Vou pedir vodca.

- Refrigerante. - respondeu. - Não podemos beber, Namjoon. - me repreendeu.

- Vou apenas tentar a sorte, Jin. Se ele negar eu peço refri também. - sorri ao terminar de falar.

- Se é assim eu também quero.

Sorri com sua atitude e chamei o bar man.

- Duas vodcas, por favor.

- Um momento.

Ele se afastou para buscar as bebidas e Jin me olhou surpreso.

- Não acredito que ele sequer perguntou nossas idades! - ficou boquiaberto.

- Nunca perguntam, por isso que é de boas. - ri.

- Aqui está. - disse o homem retornando com dois copos de shot e nos entregando.

- Obrigado. - dissemos em uníssono.

- Quer dançar? - perguntei.

- Vamos beber primeiro.

- Ok.

Como eu já estava acostumado com o álcool, eu virei o copinho de uma vez e apenas senti uma ardência na garganta e nada mais. Jin, ao me ver, deu uma bebericada na vódka e fez uma careta de reprovação.

- Como consegue beber isso?!

- Costume. É sua primeira vez bebendo?

- Na verdade é.

- Então beba... - antes que eu terminasse de falar ele virou o copinho. - Com calma...

- Credo! Que troço ruim! Vamos logo lá dançar, Namjoon!

Ele me puxou pelo braço para a pista de dança, e começamos a dançar. Confesso que pareço um pato dançando, mas ninguém sabe dançar numa balada, certo? Errado. Hoseok e Jimin estava arrebentando! Me senti humilhado.

Umas duas músicas depois a bebida começou a fazer efeito em Jin e ele ficou muito animado. Eu achava que era ruim na dança, mas Jin é insuperável! Ele parece um pato com a pata quebrada dançando. Chegava a ser engraçado e fofo ao mesmo tempo.

Ele dançava tentando sensualizar e conseguia. Ele até mesmo dançava super perto de mim como se estivesse me provocado. Quando a música parou ele saiu da pista e foi em direção ao banheiro. Pelo estado em que se encontrava, achei que ele provavelmente passaria mal e vomitaria, então fui atrás dele. Assim que cheguei perto da área dos banheiros - que é mais afastada da pista e do bar - encontrei Jin meio desorientado e perdido.

- Jin? - falei ao me aproximar.

- Namjoon-ah! Por que me deixou sozinho? - perguntou se aproximando ainda mais de mim.

- Não te deixei sozinho, Jin.

- Deixou sim... - disse manhoso.

Ele estava pegajoso, e muito perto.

- Jin, o que está fazendo? - perguntei quando ele simplesmente colocou a cara no meu pescoço.

- Seu perfume é bom.

Eu não aguentei. Aquela altura do campeonato eu já sabia muito bem o que eu sentia pelo Jin, então resolvi arriscar.

- Jin. - segurei seus ombros e o afastei devagar. - Eu gosto de você.

Ele me olhou confuso antes de responder.

- Eu também gosto de você, Namjoon. Você é meu amigo!

- Não esse tipo de gostar... Eu gosto de você, mesmo.

- Não entendi.

Simplesmente achei melhor agir do que falar, então calmamente aproximei meu rosto ao dele e senti sua respiração em minha face. Ao fechar os olhos senti seus lábios finalmente.

Aqueles lábios recheados e rosados eram como um convite à minha insanidade. Quando senti sua textura, seu gosto, tudo valeu a pena. Movimentei meus lábios calmamente e vi que ele correspondia ao beijo, então pedi passagem com a língua e ele negou, separando nossos corpos com suas mãos.

Não entendi muito bem do por que dele ter feito aquilo, eu realmente achei que ele estivesse gostando do beijo. De repente lágrimas rolavam pela sua face imóvel, e ele começou a chorar muito.

- Jin? O que houve? - falei preocupado.

- N-Namjoon... Eu sou uma pessoa horrível... Eu não devia... Eu não podia... - passou a mão no cabelo e encarou o chão.

- Do que está falando?

- Namjoon... - me encarou novamente. - Eu... Eu tenho namorado.