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História Lost Minds - Willing accomplice


Escrita por: paynedesire

Notas do Autor


voltei mais rapidinho dessa vez e com um capítulo gigante que vocês podem dividir em várias partes e ler durante vários dias. eu mesma poderia ter feito isso, mas acho que dessa forma as coisas ficaram melhor organizadas.
a próxima semana inteira vai ser bem atarefada pra mim, então talvez eu demore um pouco pra trazer o próximo capítulo.

obrigada pelos comentários no capítulo anterior, vocês são incríveis! espero muito que gostem deste e espero ver vcs ali embaixo de novo.

boa leitura. ♥

→ a música que dá nome a esse capítulo é Favorite Crime, da Olivia Rodrigo! sim, chegou o dia (ou capítulo) dela kkkkk

Capítulo 30 - Willing accomplice


Parte 29

Cúmplice voluntário

 

O frio me desperta. Puxo o edredom para mais perto do meu rosto, tentando cobrir meu corpo por inteiro, e me mexo na cama, me espreguiçando. Quando abro os olhos percebo que ainda não amanheceu completamente, por isso o quarto está escuro, e o outro lado da cama está vazio. Tateio, tentando encontrar meu celular na mesa de cabeceira. Já com o aparelho em mãos, a luz da tela acesa agride os meus olhos mas me ajuda a despertar. Passa um pouco das seis e dez da manhã. Encolho as pernas embaixo dos edredons e desço a barra das notificações no celular. 

A mensagem mais recente foi enviada às quatro horas da madrugada, é de Andrew e nela ele apenas avisa que não passaria a noite em casa. Bloqueio o celular e levanto da cama. A primeira coisa que eu consigo enxergar no chão do quarto escuro é o meu par de meias brancas, no caminho da porta para o banheiro. Calço as meias, mas a calcinha eu não encontro. Abro o armário e pego o primeiro moletom de Zayn que eu encontro, uma peça preta e quentinha. O moletom cobre a camiseta, que também é dele, que eu uso por baixo. Assim que eu entro no banheiro eu acendo a luz e pego a calcinha, vestindo-a. Faço xixi, lavo o rosto e uso a mesma escova de ontem para escovar os meus dentes, depois tento deixar o meu cabelo um pouco menos bagunçado. Quando termino, apago a luz, passo pelo quarto, onde eu pego meu celular, caminho pelo corredor e desço as escadas. 

Encontro Zayn quando chego à cozinha. Ele está sentado em uma das cadeiras da ilha, à sua frente há uma caneca de café e ele segura com o indicador e o polegar um cigarro que o cheiro denuncia que não se trata de tabaco. 

— Bom dia. —eu digo, e é só nesse momento que ele nota que eu estou aqui. 

— Já acordou? —assinto, deixando meu celular na ilha e pegando uma outra caneca para mim. Sirvo um pouco do café que está na cafeteira.

Antes que eu possa me sentar na cadeira ao seu lado, Zayn segura a minha mão e afasta um pouco a sua cadeira da ilha, me puxando para o meio das suas pernas. Eu sento na sua coxa e ele coloca meus cabelos para trás, aproximando seu rosto do meu pescoço, passando o nariz pela minha mandíbula. Eu me arrepio e levanto o ombro, deitando a cabeça para o lado. Zayn ri e deixa um beijo rápido na minha bochecha. 

— Por que você não me acordou? —eu pergunto, depois de um gole do meu café. 

— Porque nós ainda temos algum tempo até a hora de ir. —ele diz, afagando meus cabelos. — Você tem certeza que quer fazer isso? 

— Ah, então você não me chamou porque queria ir sozinho. —concluo, Zayn nega com a cabeça mas eu sei que estou certa. — Eu vou junto. Isso tem mais a ver comigo do que com você. 

 

Depois do café, Zayn me diz para procurar uma calça de Alexa no quarto em que ela passa a noite quando dorme aqui, já que não existe a menor possibilidade de eu sair com o vestido da festa de Halloween, e eu encontro uma legging preta. Eu visto a calça e coloco meus tênis, enquanto Zayn veste uma jaqueta preta e um boné. 

— Você pode procurar por grampos de cabelo ou alguma merda assim no quarto de Alexa? —ele pergunta e só nesse momento eu percebo que eu ainda não havia pensado em como entraremos na casa de Finn 

— É sério? Você quer abrir a porta com um grampo de cabelo, igual nos filmes? 

— São dois grampos, você vai ver como funciona. Procura também algum elástico de cabelo para você prender o seu. —Zayn murmura e eu volto ao quarto de Alexa. 

Mexo em todas as gavetas do quarto, mas é no banheiro principal que eu encontro uma caixinha de grampos de cabelo e um elástico. Quando volto ao quarto, entrego para Zayn a caixinha de grampos e ele a coloca no bolso de trás da sua calça jeans preta. Ele tira de uma das gavetas do seu armário dois pares de luvas pretas.

— Precisa mesmo de tudo isso? 

É uma pergunta genuína. Entrar na casa de Finn e dar um jeito de sumir com os registros de Gracie lá está parecendo uma missão de filme. 

— Invasão domiciliar pode custar alguns anos na cadeia, então precisa de tudo isso, sim. Você tá pronta? 

— Sim. 

Já são quase sete horas da manhã, mas ainda está escuro e com neblina. Zayn destranca uma das gavetas da sua escrivaninha e pega um molho de chaves. Enquanto eu desço as escadas, Zayn tira o quadro da parede e mexe no cofre. Antes que ele desça as escadas, meu celular começa a tocar, e é a palavra “pai” que aparece na tela. 

— Oi. —digo, ao atender. 

Adelaide? Eu acordei agora e não encontrei você e o Andrew. 

— Ele resolveu passar a noite na casa de um dos seus amigos para ninguém precisar dirigir naquela tempestade. 

Ah, melhor assim. Você tá na casa de uma das suas amigas? 

Percebendo que ele presumiu que eu fiz a mesma escolha que o meu irmão, eu apenas confirmo. 

— Sim. Você me acordou, na verdade.

Desculpe, querida. —ele ri, do outro lado da linha. E é um alívio o ouvir me chamando assim. — Volte a dormir, vou fazer isso também. Você vem para o almoço? 

— Acho que sim. —respondo. 

Tudo bem. Até mais. 

— Tchau, pai. 

Eu desligo o celular e coloco o aparelho no modo silencioso. 

— Agora que você já sabe de algumas merdas, —Zayn diz, caminhando até a porta da casa, enquanto eu me pergunto por que não simplesmente vamos logo para a garagem. — acho que isso que você vai ver não vai significar muita coisa, então… Vamos? 

Confusa, eu o sigo. Saímos da casa de Zayn e ele tranca a porta. Quando ele se dirige ao celeiro eu fico ainda mais sem entender. Zayn usa o molho de chaves que pegou na escrivaninha para abrir um cadeado que mantém uma corrente presa às barras da porta, depois usa outra chave para destrancar o grande portão do celeiro e então o abre. 

O que eu vejo são algumas caixas de madeira com nomes de marcas de armas e de munição carimbados. Algumas caixas são maiores do que outras, mas todas estão fechadas. Há outras caixas também, sem nada escrito que identifique o que tem lá dentro. 

Mas o que realmente chama a minha atenção são os carros. Um Nissan Versa cinza, uma Toyota Tacoma preta e um Honda Civic da mesma cor. 

— O que tem naquelas caixas? 

— Cocaína. —ele responde, indiferente. 

Zayn tira do bolso uma chave de carro e eu assumo que ela tenha saído do cofre no corredor. Ele aperta em um botão e o carro que destranca é o Versa. 

— Esse carro é horroroso. —eu digo, caminhando até o carro.

— É, de todas as coisas que eu pensei que você pudesse dizer quando entrasse aqui pela primeira vez, essa não passou pela minha cabeça em nenhum momento. 

É estranho pensar que todas essas coisas estiveram aqui esse tempo inteiro enquanto eu estava na casa ao lado, mas depois de tudo, eu duvido que alguma coisa seja capaz de me deixar surpresa. 

Zayn joga a chave do Versa na minha direção e eu a pego no ar. 

— Tira o caro. —ele diz. — E eu fecho aqui. 

Contorno o carro e entro do outro lado, sentando no banco do motorista. Enfio a chave na ignição e ligo o carro, dando partida e tirando o veículo do celeiro. Espero Zayn trancar o celeiro com o carro ligado. Mudo para o outro banco e Zayn entra, tomando a posição do motorista. Então ele acelera. 

— Eu tô com um pouco de medo do que a gente vai encontrar lá. —confesso. 

— Vai ser bem desagradável, com certeza. Mas você vai ajudar a sua amiga e também não vai mais precisar com nada disso quando ele se mandar de Oaks Field, então vai valer a pena. 

Zayn pisa fundo no acelerador durante o percurso entre a sua casa e a área urbana da cidade, por isso não demoramos para chegar. Já dentro da cidade, ele é mais contido ao acelerar, principalmente quando começamos a chegar cada vez mais perto da casa de Finn. São sete da manhã de um domingo cinza, chuvoso e nebuloso. Não há razão para que tenham pessoas nas ruas para nos ver entrando na casa de Finn. 

— Será que ele vai sair para caminhar hoje? O clima tá horrível. 

— Vai, ele sempre sai. Confia em mim. —Zayn estaciona o carro pelo menos quatro casas antes da casa de Finn. — Prende o cabelo. 

Imagino que isso seja para que não haja perigo de que eu deixe fios o suficiente para trás para que, caso ele perceba que alguém entrou lá —e eventualmente vai perceber, porque as fotos de Gracie terão sumido— e denuncie, ninguém ache rastros nossos. Então eu prendo meu cabelo em um rabo de cavalo com o elástico que peguei no banheiro. 

— Você vai deixar o celular aqui, porque se levar poder se esquecer lá dentro e isso vai foder tudo. 

— Como nós vamos cuidar o horário? 

— Com certeza vai ter algum relógio na casa dele, Adele. Relaxa. —Zayn ri, mas eu tô nervosa demais pra rir junto. 

Antes que qualquer um de nós possa falar alguma coisa, Finn sai de dentro da sua casa. Ele está de tênis de corrida e moletom, com uma garrafa de água na mão. Finn tranca a porta da sua casa e coloca a chave no bolso. Assim que ele dobra a esquina e desaparece da nossa visão, eu coloco a minha mão sobre a maçaneta da porta do carro, mas Zayn segura o meu braço. 

— Espera. —ele diz. — Temos que esperar mais um tempo, ele pode ter esquecido alguma coisa. 

Enquanto esperamos, eu tiro meu celular do bolso do moletom e coloco as luvas que Zayn me entrega. Ele faz o mesmo que eu, protegendo suas mãos. Cerca de cinco minutos depois, Zayn tira a chave da ignição. 

— Agora podemos ir? —pergunto, com a mão na maçaneta mais uma vez, ansiosa.

— Adele, olha para mim. Nós vamos ser muito rápidos nessa porra e vamos mexer em tudo mas nós precisamos deixar tudo no lugar onde estava quando chegamos, ok? Talvez seja um pouco tarde para eu falar isso, mas existe a possibilidade de nós não encontrarmos nada… 

— Não. Nós vamos encontrar, eu não vou sair de lá antes disso. 

— Nós vamos ter meia hora pra procurar, tudo bem? —assinto, mesmo achando que talvez isso seja pouco tempo. — Certo. Vamos lá. 

Eu salto para fora do carro antes mesmo de Zayn. Ele tranca o carro e nós caminhamos, na calçada, até a casa de Finn. Quando chegamos à casa dele, Zayn faz um sinal com a cabeça para que eu o siga até os fundos. 

Assim que chegamos em frente à porta branca de madeira, Zayn tira do bolso a caixinha de grampos. Ele tira dois grampos da caixa, se agacha, e tudo o que vem a seguir é feito tão rápido que eu quase não consigo acompanhar. Zayn abre um dos grampos quase completamente e, com os dentes, tira a proteção da haste reta antes de curvar para cima a ponta desta haste. Já quanto ao segundo grampo, Zayn apenas curva ambas as hastes juntas. Tendo feito isso, Zayn coloca o primeiro grampo na fechadura, bem em cima, e depois coloca o outro. Uma vez que os dois grampos já estão na fechadura, o processo fica mais lento e eu fico mais ansiosa. Quase começo a contar os segundos até que a porta esteja aberta quando, finalmente, Zayn tira o grampo superior, gira o de baixo e então o tira da fechadura, girando a maçaneta. 

— É mais fácil do que eu pensei que fosse ser. —digo, quando Zayn se levanta e coloca a caixa de grampos de volta no bolso.

— Eu sei que parece, mas não é assim tão fácil. —ele aperta os dedos, estalando-os. — Vamos logo. 

Zayn entra na casa antes de mim. É estranho saber que eu estou invadindo a casa de alguém e a cada vez que eu me lembro o que me trouxe aqui o nó no meu estômago se aperta. 

— Vou procurar o quarto dele e mexer nas gavetas e nos armários. —aviso, atravessando a cozinha. — Você procura na sala. 

Não demoro para encontrar o quarto de Finn e então começo a mexer em todas as gavetas. Encontro meias, cuecas, remédios para dor de cabeça e até pílulas para promover ereção, mas nada de fotos, cartões de memória e nem mesmo CDs que possam guardar os conteúdos das filmagens de Gracie. 

Quando desisto das gavetas dos armários, vou direto para o cômodo que se assemelha a um escritório e me arrisco a tentar ligar o computador. Enquanto isso, abro cada uma das gavetas da mesa grande, mas tudo o que eu encontro são coisas da escola. Me sinto mais apreensiva a cada segundo que se passa e até o ranger das tábuas do chão de madeira me assustam, como se Finn estivesse chegando. Depois que o computador finalmente está ligado, me sinto sortuda por não solicitar uma senha para o acesso, mas depois de alguns minutos abrindo pastas eu percebo que havia uma razão para não ter senha: não há nada aqui. 

Eu retorno à sala e encontro Zayn tirando cada um dos livros da estante enorme e os sacudindo. 

— Já procurei atrás de todos os quadros e de todas as fotos na parede, pode me ajudar aqui? —faço o mesmo que Zayn, procurando entre as páginas dos livros. — Procurei por tábuas soltas embaixo dos tapetes também, mas não encontrei. 

Tábuas soltas. Eu nunca pensaria nisso.

— No escritório. —digo. — Uma tábua fez barulho no escritório. 

— Beleza. Continua procurando por aqui e eu vou lá ver. 

Zayn caminha rápido em direção ao corredor e eu continuo procurando entre os livros. Meu braço não alcança as três prateleiras mais altas, então eu pego uma das cadeiras das cadeiras da cozinha para que eu possa alcançar. Na prateleira mais alta, em uma das minhas últimas tentativas, eu encontro um exemplar de Crime e Castigo, do Dostoiévski. Quando eu sacudo o livro, algumas folhas caem dele e eu o coloco de volta no lugar. Desço da cadeira e assim que coloco os olhos sobre o conteúdo que caiu do livro, me questiono se foi de propósito que ele guardou as fotos de Gracie nesse livro. 

As fotos que eu encontro totalizam doze imagens e não são as mesmas que ele enviou para ela. São bem piores, mais expositivas. Bem mais íntimas do que qualquer foto que eu havia mandado para Kevin. 

— Eu achei! —exclamo, aliviada, a fim de que Zayn escute, e enfio as fotos entre a legging e a minha barriga, já que eu não tenho bolso. 

— Vem aqui. —Zayn me chama 

— Eu já achei as fotos da Gracie, —explico, caminhando pelo corredor, até chegar no escritório. — já estão todas comigo… Que porra é essa? 

Quando chego ao escritório, Zayn está apoiado na mesa. O tapete está enrolado e uma tábua foi retirada do chão, revelando um buraco —ou esconderijo— onde, dentro, há três pen drives.

— Deve haver algum motivo para Finn deixar esses pen drives escondidos. 

Me agacho no chão só para conseguir pegar os pen drives e os levo até o computador. Conecto um de cada vez e o que já estava ruim —várias pastas com nomes de várias garotas diferentes do ensino médio— piora quando, no segundo pen drive, eu encontro pastas com fotos de meninas bem mais jovens. 

— Não temos mais tempo, Adele. Vamos levar tudo isso e colocar fogo em tudo, sei lá. Só precisamos ir embora agora. 

Zayn tenta me apressar, mas eu ainda não posso ir embora. É só no terceiro pen drive que eu encontro a pasta nomeada “G. Benett” e eu a apago antes mesmo de verificar que tipo de conteúdo havia ali. 

Então eu tenho uma ideia. 

— Adelaide, nós temos que ir embora, porra. —Zayn diz, assim que eu aperto o botão que liga a impressora. — A gente leva tudo isso e queima, ninguém nunca vai ver. 

— E o filho da puta do Finn vai continuar sendo um escroto até perceber que todas as coisas dele desapareceram? Sem chance. Nós vamos fazer uma coisa, mas vamos precisar ser rápidos. 

Encontro, na primeira gaveta da mesa, um pacote de folhas de ofício, então coloco as folhas na impressora. Volto ao computador e coloco para imprimir pelo menos os conteúdos de algumas pastas de cada um dos pen drives —dando preferência àquelas que mostram mais a casa de Finn ou, melhor ainda, aqueles onde ele aparece. 

— Que merda você tá fazendo? 

— Vamos espalhar algumas das fotos pela casa. —explico. 

— Adelaide, você enlouqueceu?

— Porra, ele vai se cagar inteiro. 

Enquanto as fotos impressas nas folhas saem pela impressora, Zayn repete o quanto acha que isso é uma péssima ideia, mas isso não me impede de continuar. Depois que várias delas já foram impressas, coloco algumas dentro das gavetas da mesa do escritório, outras nas gavetas da mesa de cabeceira do seu quarto. Desligo o computador e deixo os três pen drives em cima do teclado antes de espalhar algumas fotos pela sala. 

— Eu acho que você não tem noção da merda que tá fazendo. Ele vai foder a sua amiga, porra.

— Não, Zayn, ele vai morrer de medo, porque você já ameaçou ele e agora ele vai saber que alguém conseguiu entrar aqui. 

— Que se foda, vamos embora logo, Adele. 

Dessa vez eu concordo e, com as fotos de Gracie que eu achei em mãos, eu e Zayn saímos pela mesma porta que entramos. Voltamos para o carro e quando eu entro no veículo percebo minhas pernas tremendo, assim como as minhas mãos. Zayn bate a porta depois que entra no carro, tira as luvas, liga o veículo e dá partida com pressa. Eu solto meu cabelo logo depois de tirar as luvas e então encaro as fotos no meu colo. 

— Há quanto tempo você acha que ele vem fazendo isso? 

— Abusando de menores de idade? —Zayn pergunta. — Com certeza faz um bom tempo. 

— E como ninguém nunca desconfiou? 

— Ninguém nunca desconfia desses caras, Adele. Ele anda por aí usando gravata, acha mesmo que alguém pensaria alguma coisa ruim a respeito dele? Claro que não. 

O caminho de volta à casa de Zayn é silencioso. Zayn guarda o carro de volta no celeiro antes de entrarmos na casa dele e Dev nos recebe animado, como se conseguisse perceber o quanto eu me sinto para baixo agora. 

Eu e Zayn subimos as escadas e a primeira coisa que eu faço é pegar o isqueiro que encontro na mesa de cabeceira da sua cama. Levo o objeto junto com as fotos para o banheiro comigo e é em cima da pia que eu coloco fogo nas fotos.

— Vem cá, Adele. —Zayn me chama. — Ainda tá muito cedo, vamos dormir mais um pouco. 

Enquanto as fotos queimam, se transformando em poeira cinza na pia, eu só consigo pensar no quanto Gracie deve estar se sentindo ansiosa agora, então volto ao quarto. 

— Você se lembra onde eu deixei meu celular? —eu pergunto, enquanto Zayn se livra dos sapatos ao mesmo tempo que tira a jaqueta. — Acho que esqueci no Versa. 

— Eu peguei para você. —ele tira o meu celular do bolso da sua calça jeans e me entrega, então tira o boné e a camiseta, e se senta na cama.

Eu digito uma mensagem para Gracie e envio, mesmo sabendo que ela só vai ver daqui a algumas horas quando acordar. 

Adelaide Young: Tudo resolvido. 

Tiro os tênis e a calça legging. Ainda estou usando seu moletom quando Zayn segura o meu braço e me puxa para si. Eu sento no seu colo, com uma perna de cada lado do seu corpo, e ele sobe a barra do moletom que eu tô vestindo, tirando a peça de roupa. Os pelos dos meus braços se arrepiam com o frio e Zayn nos ajeita na cama, cobrindo nossos corpos. 

— Relaxa, Adele. Não há mais o que Finn possa fazer para prejudicar ou ameaçar a sua amiga. Nós já fizemos a nossa parte. 

— Não parece o suficiente. —resmungo, saindo do seu colo e me sentando na cama. Abraço meus joelhos perto do peito. — Eu não consigo entender como ele pode ser tão ruim. E nada do que a gente faça vai parar Finn porque mesmo que ele faça o que você disse para ele fazer, Finn vai continuar caçando menores em outras cidades. 

— Mesmo que você pudesse fazer alguma coisa efetiva para que ele parasse, esse tipo de coisa continuaria acontecendo, ele não é o único pervertido do mundo. Agora esquece isso e dorme mais um pouco. Ele é um doente de merda. 

Deixo que o meu corpo caia no colchão e resmungo, ajeitando o travesseiro embaixo da minha cabeça.

— Eu não consigo dormir depois de ter visto tudo aquilo. Todas aquelas adolescentes… Ele é um pedófilo nojento, ele não é doente.

Zayn respira fundo. 

— A preferência dele por adolescentes não é pedofilia, é efebofilia. Mas considerando que também tinham conteúdos com meninas do ensino fundamental naqueles pen drives, então, sim, ele é um pedófilo e, por consequência, ele é doente. 

— Pedofilia é crime, ele é um criminoso.

— Pedofilia não é um crime, Adele, é um termo médico. —Zayn resmunga, já de olhos fechados, para dormir. 

— O que? 

— Possuir pornografia infantil é crime, sim. Estupro de vulnerável também, assim como ameaçar vazar fotos íntimas de outra pessoa e gravar outra pessoa sem a autorização. Só que pedofilia é atração por crianças e se isso se manter só como atração, sem nenhum movimento para efetivar esse desejo, não é crime. —ele despeja as palavras e eu fico de boa aberta. — Agora a gente pode dormir? 

— Zayn… O que foi isso? 

— Conhecimento. 

— Você é estranho às vezes.

— Se eu soubesse que você não ia me deixar dormir eu teria te deixado em casa. —eu empurro seu ombro assim que ele acaba de falar e Zayn ri, abrindo os olhos. — Adele, eu sei que você tá assustada com toda aquela merda, mas já acabou, tudo bem? Tá acabado. Então fecha os olhos e dorme, por favor. Vai ficar tudo bem, eu prometo.

Zayn está certo. Eu fiz o que eu poderia fazer e o resto não está nas minhas mãos. 

Fecho os olhos, assim como ele pediu, e não demoro para pegar no sono.

 

Desço do Maverick depois de estacioná-lo na mesma vaga de sempre no estacionamento da escola. A cada passo que eu dou em direção ao portão, debaixo do céu cheio de nuvens e de toda aquela neblina que só Oaks Field parece conseguir oferecer, eu ouço mais e mais conversas sobre a festa de Halloween. Uma vez dentro da escola, tiro o capuz do moletom que cobria meus cabelos e tiro meu celular do bolso, só para checar o horário. Assim que chego até o meu armário, abro o pequeno cadeado e pego meu livro de matemática.

— Adele! 

Eu quase derrubo o livro, devido ao susto.

— Puta merda, Gracie. —resmungo, fechando o armário. — Que susto. 

— Eu estava esperando você. —ela diz. — E aí? 

— Já disse, tá tudo resolvido. —respondo, caminhando ao lado de Gracie até a sala da aula de matemática. 

— E onde estão as minhas fotos? 

— Queimei todas elas. —Gracie franze o cenho, puxando os longos cabelos loiros para trás para prendê-los em um rabo de cavalo. — É sério. E se você quer saber, o Finn é um porco imundo mil vezes pior do que a gente pensava. Eu não quero nem dizer para você as coisas que eu vi porque eu não quero te traumatizar. 

— Fala baixo. —ela pede, assim que chegamos à porta da sala, e muda de assunto. — Como estava a festa de Halloween? 

— Legal. 

— Só legal? —confirmo, mexendo a cabeça. — Então por que todo mundo está falando como se algo muito incrível tivesse acontecido? 

— Porque quando você bebe o suficiente, qualquer coisa parece incrível. —dou de ombros, entrando na sala. 

A mesa do professor ainda está vazia e Emma está, como sempre, sentada na carteira logo atrás da minha. Ela está usando fones de ouvido e tem um livro aberto em cima da sua classe. Cassandra está sentada em uma das mesas ao fundo da sala, no meio dos garotos do time de futebol. Eu caminho até a minha carteira e coloco a mochila em cima da mesa antes de me sentar na cadeira. 

— Bom dia, Emma. —Gracie a cumprimenta, sentando-se ao seu lado e tirando da mochila o livro de matemática e um caderno. 

— Bom dia. —ela diz, falando baixo. Eu não consigo dizer nada. Emma sobe o olhar, abandonando o livro e olhando para mim. — Adele, você quer ir ao banheiro comigo? 

— Posso ir. —resmungo, sabendo que ela não quer ir ao banheiro, mas sim conversar sobre a discussão que tivemos no parque. 

Emma tira os fones de ouvido e deixa o objeto em cima do livro fechado. Assim que deixamos a sala de aula, ela começa a falar. 

— Adele, eu sinto muito pelo que eu falei. —Emma diz. — Eu não tive a intenção de falar aquelas merdas, eu juro que não. Eu sei que eu não tenho direito algum de falar…

— Eu sei que você não teve a intenção. —a interrompo. — Bom, finalmente você disse o que realmente pensa sobre aquele assunto. 

— Mas o que eu penso não tem importância. É a sua vida, eu não tenho nada a ver com isso e eu não deveria ter falado daquele jeito com você. Eu sinto muito, de verdade. Eu não vou mais ficar dando opinião sobre a sua relação com aquele cara, eu prometo. Não tô na posição de julgar ninguém, na verdade, muito menos se esse alguém for você. 

Não consigo entender se Emma se referiu a Zayn como “aquele cara” porque não quer nem mesmo citar o nome dele ou se isso tem a ver com estarmos no corredor da escola, mas também não pergunto sobre isso, até porque tem outra coisa que me deixa mais intrigada. 

— Eu conheço você o suficiente para saber que você não tá falando tudo isso da boca pra fora, então eu posso saber por que você mudou de ideia sobre isso? 

Emma aperta os lábios.

— Eu vou falar antes que você saiba por outra pessoa. —começa. — Você não ouviu o que estão falando por aí sobre a festa? 

— Eu sei que esse é o maior assunto pelos corredores, mas não sei o que aconteceu. 

— Bom… Muitas coisas aconteceram. Domick deu o maior pt de todos, vomitou na pia da cozinha da casa do Mike, foi realmente muito nojento. Aquela garota ruiva que é líder de torcida fez um strip-tease, também existem alguns boatos de que Kevin e mais duas meninas do terceiro ano fizeram um ménage no quarto dos pais de Mike, e eu fiquei com a Alexa. 

Eu levanto as sobrancelhas e quase tenho certeza de que o meu queixo caiu no chão. 

— Você e a Alexa? —pergunto, só para conferir se eu não entendi errado. Emma confirma, balançando a cabeça. — Alexa Allen? 

— Exatamente. —a palavra sai como um murmuro. — Então eu realmente não tô na posição de julgar você. 

— Espera… O quê? Como assim vocês ficaram? As pessoas sabem sobre isso? 

— Sim, foi na festa, no meio de todo mundo, para quem quisesse ver. 

Realmente não consigo imaginar isso acontecendo. Desde a primeira vez que nós vimos Alexa Allen, aquela figura alta, tatuada, de cabelos platinados, maquiagem escura e muitas joias, Emma já havia demonstrado que Alexa havia chamado a sua atenção, mas ainda assim a ideia de que algo poderia acontecer entre as duas parecia cada vez mais distante, principalmente considerando a repulsa total que Emma tem por Zayn. 

— Eu tentei esquecer toda aquela merda sobre Jessie e nosso relacionamento por um bom tempo, —Emma volta a falar. — e parecia que eu nunca ia conseguir, mas ontem eu percebi que eu já não sinto mais nada por Jessie e que eu finalmente posso seguir em frente. 

— Emma, e sobre todo mundo ter visto você beijando outra garota? —finalmente pergunto. 

— Bom, sinceramente não foi tão ruim quanto eu imaginei. A grande maioria das pessoas nem ligou, acho que todo mundo interpretou como um lance entre duas garotas bêbadas, ou sei lá. De qualquer forma, eu só espero que todo mundo estivesse bêbado o suficiente para não fazer disso um assunto e eu espero que isso não chegue nos meus pais. 

Apesar da discussão que tivemos, Emma ainda é uma das minhas melhores amigas e eu ainda a amo e, por causa disso, não consigo —e nem tento— evitar de ficar feliz por ela. Ao mesmo tempo em que eu me questiono se ela queria tanto Alexa ao ponto de não ligar para o fato de que elas estavam em uma festa, rodeadas por pessoas da escola, ou se isso realmente só aconteceu por causa da bebida, mas não pergunto Emma sobre isso. 

— Eu tô feliz por você. —digo, por fim. — Um passo de cada vez, não é? Já é um começo. 

— Um passo de cada vez. —ela repete as minhas palavras e depois volta a repetir as suas. — Eu sinto muito, Adele. Queria poder retirar tudo o que eu disse, mas é impossível. Eu só quero que você seja feliz. 

— Eu quero o mesmo para você, Ems. —suspiro. — No fundo, eu até pensei que você estivesse certa, sabe? Eu já tinha pensado sobre isso antes, na verdade, mas às vezes as coisas só são o que são. Eu sei e você também sabe que Zayn não é um príncipe encantado, mas ele é ótimo. Eu juro, não é como se eu estivesse me contentando com pouco ou algo assim, ele é o máximo.

— Caramba… Você tá mesmo apaixonada. —ela ri.

— Cala a boca. —dou risada junto com ela e retorno para a sala de aula assim que a professora passa pos nós duas no corredor, indo em direção à sala. 

 

O copo térmico descartável em cima da mesa de Gracie tem café apenas o suficiente para manchar o seu fundo. Mesmo que ela deteste o café extraforte que a cantina da escola disponibiliza, Gracie se viu obrigada a beber um quando precisou se segurar no meu braço depois que a sua pressão foi parar no fundo do poço enquanto caminhávamos para a sala de aula de História dos Estados Unidos. 

— Você tem certeza que não quer ir até a enfermaria? —Cassie pergunta, e essa é provavelmente a quarta vez que ela repete essa frase.

— Foi só uma queda de pressão, eu estou ótima. —Gracie responde. 

Mas ela tá pálida. As bochechas e os lábios que são sempre naturalmente rosados perderam quase totalmente a tonalidade. Até eu, que sei que ela tá assim por causa do professor Finn que esteve a ameaçando, tô começando a ficar realmente preocupada. 

— Uma queda de pressão assim, completamente do nada? —Cassandra insiste. — Você tomou café da manhã antes de vir pra escola? 

— Não tomei. —a loira responde. — Você acertou em cheio, eu me esqueci do café. 

Cassie dá uma risadinha e só então se senta na sua carteira. 

— Nossa, eu fiquei parecendo a Adele depois que eu tive a… Bom, depois daquilo. —eu mostro a língua para Cassie em resposta e ela faz o mesmo. 

Antes mesmo do atraso de Finn completar cinco minutos, a porta da sala de aula é aberta, mas é a Sra. Daniels quem entra na sala. Ela lecionou História das Guerras quando nós estávamos no segundo ano e eu e Emma fomos suas alunas, mas desde então eu nunca havia estado em uma sala de aula com ela novamente. 

— Boa tarde a todos. —ela diz, largando três livros em cima da mesa, ao lado da sua bolsa. — Eu sou a Sra. Daniels, como muitos já me conhecem. O Sr. Finn não pôde comparecer hoje e por isso eu vou ministrar essa aula. 

Depois que todos ocupam os seus devidos lugares na sala de aula, eu puxo o celular do bolso da jaqueta e envio uma mensagem de texto para Gracie, mesmo que ela esteja só a 2 carteiras de distância de mim. 

Adelaide Young: Finn foi embora da cidade. 

A rapidez com que Gracie me responde de volta é quase impressionante. 

Gracie Benett: Oi?? Como você pode saber disso? 

Adelaide Young: Confia em mim, eu sei. 

Gracie não responde à essa mensagem e então eu guardo meu celular de volta no bolso e finalmente abro o livro de história.

 

Abro a janela do meu quarto mais uma vez e coloco o braço para fora, porque só ver o 7ºC no aplicativo do clima não é o suficiente para me convencer de que eu preciso realmente vestir uma roupa quente. Aguento só alguns segundos com a mão lá fora e volto a fechar a janela, bufando e caminhando em direção ao armário. 

Visto minhas botas de pelinho, um suéter de lã e uma jaqueta preta com capuz. Coloco um cinto na cintura para apertar um pouco a calça jeans e caminho com pressa para o banheiro. Tiro de dentro da minha necessaire o meu corretivo e tento cobrir um pouco as olheiras. Também dou algumas penteadas nos meus cílios superiores com a máscara de cílios e borrifo um pouco de perfume no pescoço. Volto para o meu quarto e começo a enfiar algumas coisas na bolsa que eu costumava usar para levar as roupas da ginástica para o treino. 

— É melhor você se apressar. —meu pai diz, aparecendo na porta do meu quarto. — São nove horas. Já está muito frio e a tendência é piorar. Essa madrugada vai ser gelada. 

— Já vou descer, pode me esperar no carro.. 

Meu pai concorda com a cabeça e sai do quarto. 

Os pais de Emma vão passar o final de semana na casa de campo deles, mas como amanhã Emma tem uma prova de Comunicação e política —uma das cadeiras não obrigatórias que ela cursa desde que a matéria foi disponibilizada para nós—, ela vai para a casa de campo só na sexta-feira depois da aula. Meu pai acha que eu vou passar a noite com ela, mas na verdade o que me espera hoje é mais uma noite de poker na casa de Zayn. 

Depois de arrumar as coisas na bolsa, eu pego a minha mochila e deixo o quarto. Me despeço de Andrew, que está fazendo um shake com uma daquelas proteínas horríveis que ele toma por causa da dieta das lutas, e então me dirijo para a garagem, onde meu pai me espera já dentro do carro. 

Durante o caminho até a casa de Emma, meu pai fala sem parar sobre a próxima luta de Andrew, que só acontecerá no meio da semana que vem. Eu ouço com atenção, porque sei que não tenho perguntado para Andy sobre os seus treinos ultimamente, então memorizo o horário da sua luta e também a informação que o meu pai solta sutilmente dizendo que, caso Andy ganhar essa luta, ele terá que ir até Grand Forks lutar e que, se isso acontecer, meu pai e Mary gostariam de aproveitar a viagem para se hospedarem pelo final de semana em um resort por lá. 

— Por mim tudo bem. —confirmo, quando ele para o carro em frente à casa de Emma. — Vou ficar bem por aqui. Tenho as meninas para me fazerem companhia. 

Meu pai dá um sorriso e eu abro a porta do carro. 

— Ainda é só uma ideia. —ele diz. — Mas se Andrew…

— Andy vai ganhar a luta, pai. —digo, confiante. — Bom, vejo você amanhã. Boa noite, valeu pela carona.

— Boa noite, querida. 

Eu fecho a porta do carro e corro até a porta da casa de Emma. Toco a campainha e ela não demora para me atender. 

— É quinta à noite. Aonde você vai? —é a primeira coisa que eu pergunto, assim que abro a porta e percebo que Emma está consideravelmente arrumada. 

Ela está usando um vestido de lá com meia-calça por baixo e coturnos, além de um casaco comprido. 

— Vou ficar em casa. —ela responde, fechando a porta. — Você já chamou Zayn? Tenho que entregar algo a você antes que ele chegue. 

É estranho saber que agora Emma é minha álibi nisso tudo com Zayn. Ao mesmo tempo em que me faz feliz saber que eu posso contar com ela, uma parte de mim continua a se questionar até que ponto eu realmente posso me abrir sobre as coisas, já que, em partes, eu ainda acho possível que ela não tenha aceitado tudo isso quanto quer que eu pense que aceitou. 

O fato é que Emma tá se esforçando para ser a amiga que me apoia e fica ao meu lado e eu realmente aprecio o seu esforço. Ao final das aulas de segunda-feira, enquanto caminhávamos até o Maverick e a sua picape no estacionamento da escola, Emma pediu desculpas mais uma vez pelo modo com que falou comigo no evento de Halloween e disse que tinha tanta repulsa de Zayn porque, nas suas palavras, sabia que ele tinha potencial para colocar em risco todas as coisas que eu planejei para mim. Mas depois disso, o nome de Zayn só voltou a aparecer nas nossas conversas quando eu contei que ele havia me convidado para uma noite de poker com os seus amigos e ela me disse que seria na mesma noite que estaria em casa e que eu poderia dizer para o meu pai que eu passaria a noite com ela.

— Entregar alguma coisa para mim? —pergunto, depois de soltar minha bolsa e a minha mochila perto da porta, enquanto subo as escadas logo atrás de Emma, até o seu quarto. 

— Exatamente. 

Envio uma mensagem para Zayn avisando que ele pode vir quando quiser e ele diz que já está na cidade e que em alguns minutos estará aqui. 

— O que é? 

— Como você bem sabe, os meus pais não sabem que eu não me relaciono com homem nenhum desde que eu e Dominick terminamos o nosso namoro. —confirmo com a cabeça, para que ela prossiga. — Por causa disso, minha mãe continua me dando dinheiro para comprar anticoncepcionais, e eu sempre isso esse dinheiro em outras coisas, óbvio. Mas às vezes ela mesma compra e é por isso que eu tenho isso aqui. —minha amiga abre a sua gaveta de meias e tira de lá duas cartelas cor-de-rosa. — Eu sei que você não toma e deve ser meio estranho falar com o seu pai sobre ir em uma ginecologista, e você precisa disso bem mais do que eu, então… 

Eu caio na gargalhada antes mesmo que Emma termine de falar. A situação toda é absurda demais para que eu não dê risada. Eu nunca consegui imaginar isso acontecendo. 

— Você tá brincando, não é? 

— Claro que não. Faz dois meses que eu não coloco os comprimidos fora para poder guardar para você.

— Dois meses? Sério? —ela me pega de surpresa mais uma vez. 

— Bom, eu não sou idiota. —Emma dá de ombros. — Assim que as coisas começaram a se estreitar entre você e Zayn eu percebi que mais cedo ou mais tarde ia acabar rolando e por mais que eu desaprove… Desaprovasse, eu quis dizer. —ela corrige e repete. — Por mais que eu desaprovasse a relação de vocês, eu ainda acho que nós duas somos muito novas para aprender a trocar fraldas. Confesso que eu pensei em jogar esses aqui direito na privada como eu fazia com o resto, mas depois daquele susto que Cassie nos deu eu até voltei atrás. 

Meu celular emite o som da notificação de uma nova mensagem de texto e tanto eu quanto Emma sabemos que é Zayn antes mesmo que eu tire o celular do bolso e confirme ao olhar para a tela do celular. 

— Zayn já chegou. 

Eu e Emma descemos as escadas de novo e antes de abrir a porta, Ems abre a minha bolsa e encontra a minha necessaire, onde ela enfia as duas cartelas de anticoncepcionais. Só depois de guardar a necessaire na bolsa e fechá-la que Emma abre a porta da sua casa para que eu possa sair. 

— Você tem certeza que não quer que eu fique aqui com você? —eu pergunto, mesmo que tenha sido ela quem me deu a ideia de passar a noite na casa de Zayn mas dizer para o meu pai que estaria com ela. 

— Certeza absoluta. —ela confirma. — Eu já até coloquei uma pizza vegetariana no forno, vou ficar bem. 

— Se você precisar de alguma coisa, liga para mim. 

— Certo. Boa noite, Adele. 

— Boa noite, Ems. Vejo você amanhã. —Emma sorri antes de fechar a porta depois que eu saio e Zayn desce do carro assim que eu ouço a porta sendo trancada. 

Ele está usando calça jeans e um moletom preto. Zayn caminha na minha direção e estica o braço, eu entrego a bolsa para ele e Zayn a coloca no banco de trás do carro e deixa a porta aberta para que eu possa entrar. Assim que nós dois estamos no carro, Zayn dá partida.

— Temos que buscar Alexa e Violet. —ele diz. — Eu disse que daria carona para elas. 

— Por que elas não vão com Louis? 

— Eles já estão lá em casa.

— Eles? Quem? 

— Tomlinson, Payne, Tobias e Sebastian.

— Todos nós vamos jogar poker?

— Acho que vai ser um pouco mais do que só uma noite de poker, na verdade. —Zayn responde e explica logo em seguida. — Recebemos algum dinheiro ontem. Vamos comemorar. 

Não digo nada sobre isso, mas é simplesmente porque não consigo pensar em nada para dizer. Não consigo imaginar o quão estranho vai ser estar no meio de um grupo de amigos que comanda um esquema criminoso e que está comemorando o dinheiro que receberam. 

Quando chegamos em frente à casa de Alexa, Zayn para o carro, mas não o estaciona. Alexa e Violet saem de casa e caminham com pressa para o carro, provavelmente por causa do frio, entrando e sentando no banco de trás. Essa é a primeira vez que eu as vejo, desde o evento de Halloween. 

— Oi, Adele! —Alexa sorri, assim que fecha a porta do carro. 

— Oi! —respondo, tentando parecer animada também. 

— Essa cidade é fria pra caralho. —é a única coisa que Violet diz, antes que Alexa comece a cantar junto com a música que toca. 

Zayn aumenta o volume e pisa fundo no acelerador. Graças à velocidade com que ele dirige, não demoramos para chegar na sua casa. Como eu já esperava, alguns carros estão estacionados na frente da residência, incluindo a moto de Liam. Nós descemos do carro e Zayn pega a minha bolsa no banco de trás. 

— Olá, garotos! —exclama Alexa, assim que chegamos à sala da casa de Zayn. 

Tobias e Louis estão jogando sinuca, enquanto Sebastian e Liam estão sentados ao redor da mesa de jantar —que parece nunca ser usada para a sua real função— jogando poker. Um remix de California Love toca no home theater e isso, de certa forma, combina com os copos de bebida e as garrafas abertas na mesa de centro na sala. 

Eu também dou um oi coletivo, porém não tão alto quanto Alexa, e todos eles respondem nos cumprimentando de volta. Subo as escadas com Zayn até chegarmos no seu quarto, onde deixamos minha bolsa e minha mochila. 

— Por que você tá com essa cara? —Zayn pergunta, falando baixinho, e me puxando pela mão assim que eu coloco o pé para fora do seu quarto. — Você não gostou que os caras estão aqui? 

— Não é isso. É que isso é meio estranho, você não acha? —aperto os lábios. — Vocês estão… Sei lá, comemorando alguma venda de alguma merda e eu tô aqui no meio disso. 

— É um problema pra você? —levando os ombros, sem saber o que responder. Zayn contorna minha cintura com os seus braços e deixa um selinho nos meus lábios. 

— Você poderia ter me avisado antes que todos eles estariam aqui também. 

— Eu não sabia, babe. Eles chegaram pouco antes de você me avisar que já estava na casa de Emma. Além disso, seria burrice desperdiçar a boa vontade repentina da sua amiga, não é? 

— Você tem razão. 

— Eu sempre tenho. —ele se gaba. — Agora a gente pode descer e aproveitar um pouco?

Concordo, movimentando a cabeça, e então retornamos para o primeiro andar. 

Louis me entrega um dos tacos de sinuca antes que eu possa fazer qualquer outra coisa e Toby organiza as bolas coloridas na mesa para que possamos jogar. Para fechar as duplas, Alexa vem jogar conosco. 

— Garotas contra garotos. —ela diz, piscando para mim. 

Nós duas não conversamos sobre o fato de ela ter beijado Emma, mas esse assunto não é da minha conta, então a não ser que ela fale sobre isso primeiro, não falaremos sobre o assunto. 

— Eu gostaria muito de ganhar do Tobias de novo, mas acho que vou ter que deixar para uma próxima partida, então. —Louis se gaba, posicionando a bola branca no seu devido lugar. Tobias, que bebe apenas energético, só revira os olhos. — Eu jogo melhor que você, Toby. Eu bêbado sou melhor do que você sóbrio. 

— Tudo bem, você pode se gabar a vontade sobre a sinuca, até porque sabe que no poker não há ninguém melhor do que eu. 

— Isso é o que nós vamos ver! —Violet exclama. 

Eu olho por cima do ombro, em direção à mesa onde está começando um novo jogo de poker. Violet está sentada entre Sebastian e Zayn e, graças ao modo como eles estão sentados ao redor da mesa, Liam está de costas para mim. —o que é muito bom, porque é estranho saber que ele está envolvido nessa merda toda quando ele é o melhor amigo do meu irmão. 

Louis mostra o dedo do meio para Violet, que responde mandando um beijo no ar. Quando chega a minha vez de jogar, eu dou a tacada que encaçapa uma das bolas vermelhas. Alexa comemora e me entrega um copo de whisky.

— A cada bola encaçapada, uma dose de whisky. —Louis explica. — São as regras. 

Meu olhar atravessa a sala mais uma vez e se perde na mesa de sinuca. Eu não gosto do modo como Violet olha para Zayn e gosto menos ainda da quantidade de vezes que ela toca no seu braço enquanto eles conversam. Poker deveria ser um jogo silencioso, mas esse é o oposto disso. 

Acabo com o whisky do copo em um gole e espero que os pensamentos que vêm à minha cabeça tenham fim também. Eu provavelmente tô pirando sobre isso e é só por causa das coisas que Ben disse naquela vez. Sei que se ele não tivesse dito nada daquilo eu não ligaria para o fato de Violet estar aqui e não ligaria para a amizade que ela e Zayn têm, mas o problema é que eu ligo. Mas como eu sei que as coisas poderiam estar bem piores, se Ben estivesse aqui, por exemplo, eu só volto a me concentrar na sinuca e tento ignorar o poker.

 

No geral, eu adoro ganhar. Mas hoje foi diferente. Ganhar as partidas de sinuca foi o que me deixou quase bêbada —na verdade foi o whisky, obviamente. 

— Vamos, Alexa! —Tobias, o único sóbrio entre nós, exclama. 

Ele está sentado ao meu lado nos últimos degraus da escada. Alexa está no andar de cima, fazendo sei lá o quê. Liam está quase dormindo, no sofá, e Violet está sentada no colo de Sebastian, seus cabelos ruivos e lisos entrelaçados entre os dedos dele. Zayn está fumando um baseado perto da janela e Louis faz o mesmo ao seu lado.

— Como você vai levar todo mundo para casa? 

— Não vou levar todo mundo. Sebastian veio de carro, assim como Louis, e Liam veio de moto. 

A música está mais baixa agora, provavelmente porque já são duas horas da madrugada e tudo isso aqui começou perto das nove horas da noite, e graças ao volume baixo da voz do 50 Cent na música que está tocando, eu consigo ouvir a conversa que eles estão tendo. E o assunto é Franco. 

— A solução é muito simples. —Violet diz, dobrando o seu dedo mínimo e o anelar, mantendo os outros três dedos esticados, fazendo uma arma com a mão. Ela aproxima o dedo médio e o indicador da testa de Sebastian e dobra o polegar. — Apagar ele. 

Sebastian segura a sua mão e ela gargalha, se levantando do colo dele. 

— Matar o filho da puta significa matar todo o resto que anda atrás dele. Você quer fazer isso? —Liam resmunga, ainda deitado no sofá maior. 

— Faria sem nenhum problema. —ela dá de ombros, pegando um cigarro do maço na mesa de centro e o acendendo. — Eu sei que vocês me acham completamente inconsequente, mas…

— Inconsequência deveria ser o seu sobrenome. —Louis a interrompe. — Você acabou de sair da cadeia, Violet.

Com a última frase, Louis esclarece que eu nunca tinha a visto antes porque ela estava presa. 

— Continuando… —Violet diz. — Alexa concorda comigo e Malik também. 

Zayn não fala nada e continua fumando, sem expressar nenhum tipo de reação, até que, ao soprar a fumaça, levanta os ombros, dando a entender que ela está certa.

— Que merda. —resmungo, sem nem perceber. Tobias levanta uma das sobrancelhas para mim. — Eu detesto essa merda, essa é a verdade. —falo baixo ao admitir. — Isso que vocês fazem. 

— Eu imaginei. —ele ri fraco. — Tá na sua cara. 

— Não acho certo que vocês sejam ambiciosos o suficiente pra… Quer saber? Deixa pra lá. 

Tobias gira a chave do carro no dedo indicador.

— Não é só ambição. Não sei o quanto você sabe sobre cada um de nós, mas nós temos uma história que vai além de sermos criminosos. —ele pigarrea, limpando a garganta antes de continuar. — Meu pai era alcoólatra e toda vez que ele chegava bêbado em casa eu e a minha mãe levamos uma surra. Foi assim até eu estar grande o suficiente para revidar e aí ele me colocou para fora de casa. Eu não tinha muita opção além de cometer um furtos e roubos com outros caras, até que um dia, no meio de um roubo, um desses caras tentou estuprar uma garota e eu estourei a cabeça dele. É claro que eu fui preso. Eu saí pouco tempo depois mas quando você é negro e tem a ficha suja por roubo e homicídio é difícil pra caralho conseguir um emprego, ninguém quer saber a sua história, só querem que você suma da frente deles.

— Toby… —eu digo, quando ele dá uma pausa no que está me contando. — Eu não quis dizer que todos vocês são assim. 

— Eu sei que não, mas você provavelmente pensa isso às vezes. Bom, a história não acabou ali. Depois que eu saí da cadeia eu comecei a beber pra caralho, assim como o meu pai, e voltei a roubar. Com uns 23 anos eu conheci Yaser e Yousef e os dois me tiraram daquela merda. Me fizeram parar de beber e eu comecei a vender drogas para eles e eu tô nessa até hoje. Eu tentei arranjar um emprego, mas eu sou um assassino, ninguém contrata assassinos. Com 25 eu conheci a mulher da minha vida, a mãe das minhas duas filhas, a mulher por quem eu sou apaixonado e sempre vou ser. Menos de dois anos atrás ela me deixou. Ela não queria mais viver com medo de que eu fosse pego ou que alguém fizesse algo com as nossas filhas por causa do tráfico. Bom, eu não tenho escolha, eu vou continuar fazendo isso até eu morrer ou até eu juntar dinheiro o suficiente para poder parar para sempre. 

— Onde elas estão? Sua mulher e suas filhas, eu quero dizer.

— No Canadá. —ele responde. 

— Desculpa, Toby, eu realmente não quis ofender você, ser grosseira ou sei lá. Eu sinto muito, de verdade. 

— Eu não falei isso para você ficar com pena, Adele. Eu só acho que talvez seja importante para você perceber que não é tudo só sobre conseguir dinheiro e poder. —Toby se levanta do degrau ao meu lado e desce até o chão, ficando em pé na minha frente. — Quando eu comecei a vender drogas para o pai e o tio de Zayn, ele estava na universidade. Eu só conheci ele um ano depois, eu vi toda aquela merda com Florence e aquilo derrubou ele, mas ele não é um mau homem. Por mais fodido que tudo isso seja, atualmente, com Yousef morto, Zayn e o seu pai são os caras que mandam nessa porra toda. Eles são responsáveis por colocar comida no prato de muitas famílias. Minha mulher não quer saber de mim, mas é com o dinheiro dessa porra que eu comprei a casa que ela mora com as minhas filhas. 

— Eu sei disso. —murmuro. — Mas acho que, assim como foi para a sua mulher, isso vai ser demais para mim em pouco tempo. 

— Quer saber o que foi que eu disse para Susie depois que ela me deixou? —ele pergunta, revelando o nome da sua mulher. Ou ex-mulher. Eu confirmo. — Eu disse que em algum momento ela perceberia que não é revolucionário da parte dela não ficar comigo só porque eu sou um traficante. Quero dizer, ela faz o que ela quiser, ela tem todo o direito de querer ficar longe de mim, mas ela não vai mudar a situação toda por causa disso. Mesmo que os Estados Unidos inteiro optasse por não usar mais cocaína ou comprar armas, a situação não mudaria. A cocaína daqui seria exportada para outros lugares e senão por mim, por outros traficantes, e o mesmo aconteceria com as armas. Mas se ficar longe de mim a faz dormir mais tranquila, então tudo bem. 

Não tenho tempo para pensar em uma resposta. Assim que ele acaba de falar, Alexa surge no topo das escadas. Seus cabelos estão mais arrumados e ela tem um traço grosso de delineador azul nas pálpebras. 

— Vamos? —ela os convida, descendo as escadas. 

Toby estende o braço para mim e eu seguro a sua mão para me levantar. 

— Pense no que eu falei. 

— Vou pensar. —digo, sinceramente. Na verdade, nem se eu quisesse me esquecer do que ele disse, não seria possível. Pelo menos não tão brevemente. — Espero que você e Susie consigam se acertar. 

— Eu também, Adele. —ele força um sorriso e dá um passo para trás. 

Alexa se despede de mim com um beijo na bochecha e então vai embora com Tobias. Violet fica. 

Zayn faz um movimento com a mão na minha direção, me chamando. Eu desço os poucos degraus que me distanciavam do solo e caminho na sua direção. Zayn estica o braço para segurar a minha cintura e contorna meu corpo com ele ao me puxar para perto de si. O frio que entre pela janela aberta me faz arrepiar, mas o vento que deixa a sensação do frio mais intensa é o mesmo que leva para longe a fumaça dos baseados e dos cigarros, então eu não reclamo. 

— O que você e Toby estavam conversando? —Zayn pergunta, com a voz arrastada, perto do meu ouvido. 

— Nada demais. —eu respondo. Zayn enfia o rosto no meu pescoço, respirando fundo ali. 

Então eu imagino a história de cada uma das pessoas que está aqui. Me esforço para acreditar que eles não tiveram uma vida tão difícil quanto a de Tobias e de Alexa, porque ninguém merece passar por coisas assim. Me questiono onde eles estariam e quem eles seriam, se não fossem pelas tragédias que os trouxeram até aqui, e concluo que suas vidas provavelmente estariam muito melhor estruturadas. O mesmo vale para Zayn. Talvez ele estivesse, nesse momento, em algum lugar da Inglaterra, onde ele nasceu ou até em Londres, vivendo algo que ele realmente queria e não uma vida que lhe foi empurrada, sem precisar se preocupar com vingança alguma. 

— Se você pudesse escolher um outro lugar para estar, onde seria? —eu pergunto. — Numa realidade onde esses problemas não existem, eu quero dizer. Como se você fosse outra pessoa. 

— Eu não quero ser outra pessoa. Não quero estar em outro lugar. —Zayn demora para me responder e depois que finalmente o faz, eu entendo que o conheço o suficiente para perceber a mentira na sua voz. 

Apesar ou por causa disso, eu me permito imaginar uma realidade onde Zayn Malik é um homem como qualquer outro, com um emprego normal, relacionamentos normais, uma vida normal. De repente, percebo que, no fundo, tudo o que eu quero é poder ajudá-lo, exatamente como eu fazia com Emma, a cada vez que a deixei dizer para os seus pais que estava na minha casa quando, na verdade, estava com Jessie, ou como quando ajudei Cassie depois da overdose, e Gracie com toda essa merda das fotos.

Eu queria poder salvá-lo. 

Só que isso é impossível.

 

❝Eu te defendi para todos os meus amigos e agora toda vez que uma sirene toca eu me pergunto se você está por perto. Porque você sabe que eu faria tudo de novo, todas as coisas que eu fiz só para eu poder te chamar de meu. As coisas que você fez, bem, espero que eu tenha sido seu crime favorito

É agridoce pensar sobre os danos que causamos, porque eu estava me afundando, mas eu estava fazendo isso com você. Sim, tudo que quebramos e todos os problemas que criamos, mas eu digo que te odeio com um sorriso no rosto.❞

 

Olivia Rodrigo — Favorite Crime


Notas Finais


não esqueçam de dizer o que acharam!
sei que tem bastante informação nesse capítulo, mas espero que não tenha ficado muito confuso e que tenha compensado os anteriores.

queria falar mais uma coisinha aqui. os capítulos têm estado bem grandes porque eu não pretendo ultrapassar o capítulo 40. é claro que pode vir a acontecer, mas eu não pretendo que aconteça. de qualquer forma, à medida que nos aproximarmos mais dos capítulos finais, eu aviso por aqui.

espero muito que tenham gostado e espero ver vcs nos comentários.

até o próximo.
xoxo ♥


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