História Lost Star's (dark) - NamJin, VKook, Yoonmin, VHope - Discoveries

  P.O.V  Jin

- Du Port? - Ken chegou por trás com uma taça do meu vinho favorito e me serviu. Peguei, e sorri agradecido. - Você está tão tenso, baby - disse apertando meus ombros como um massagista faria.

- A rotina do hospital está puxada, atendi umas 60 pessoas hoje...aí...isso...- gemi sentindo os dedos hábeis de Ken desfazer os nós dos meus ombros. Não era a rotina que incomodava, e sim fingir sentir algo que não sentia; Ken mal percebia já que sua paixão por mim o deixava anestesiado diante de qualquer desvio de atenção que eu lhe dê. Juro que eu me esforçava para sentir nem que fosse um pouco de carinho mas só era suportável estar perto dele quando fechava meus olhos e imaginava que fosse NamJoon. Seus lábios ainda persistiam em meus pensamentos como uma facada dolorosa que eu quisesse esquecer através do vinho em vão. Faziam dias que não conversávamos, uma palavra se quer. Várias vezes pensei em ligar ou mandar uma mensagem perguntando se ele estava bem mas sempre que pensava no verdadeiro motivo de querer fazer isso, um motivo diferente de preocupação; acabava desistindo. E mesmo eu dizendo para mim mesmo todos os dias que teria que me acostumar com a ausência de NamJoon, meu coração não entendia, saltava desesperado quando ouvia o barulho da campainha e logo voltava ao estado vegetativo quando via que era apenas Ken.

- O que acha de tomarmos um banho juntos? Vai te ajudar a relaxar mais...- o loiro sussurrou passando a ponta do nariz no lóbulo da minha orelha. Uma certa ânsia dominou meu corpo, antes de ser de Ken, fui de NamJoon, no beijo, nas palavras, nos olhares...e tive certeza quando beijei Ken pela primeira vez depois de beijar NamJoon. Euni insistiu tanto que concordei em o fazer, o que perderia? Já não era mais resistente a NamJoon, ele havia dominado meus lábios na noite anterior, beijar Ken seria terminar de pular no precipício do que nem eu sabia nomear, mas transar não. Me entregar dessa maneira ainda era muito cedo por mais que ele fosse o escolhido para ser o pai do meu filho, uma hora ou outra isso iria acontecer mas não agora, não nesse momento de luto por NamJoon não querer me ver mais.

- Depois - sorri sem graça - sua massagem é muito boa - tentei o animar um pouco. Os olhos de Ken correram do meu rosto para a mesa de jantar. O casaco de NamJoon. Naquela noite, minhas ações foram automáticas, tirei a droga do casaco com a droga do perfume dele e coloquei na droga da cadeira como ele fazia com as roupas na sua casa. Talvez fosse meu jeito de mantê-lo perto de alguma forma.

- Você comprou esse casaco? - merda. Ele sabia que eu era organizado demais para deixar minhas coisas espalhadas. Ken caminhou até a cadeira, o tirou do encosto e aspirou o perfume - Não sabia que você gostava de uísque barato e cigarro...- o tom debochado da sua voz deixou claro o quanto eu estava encrencado.

- Atendo muitas pessoas, provavelmente alguma delas tinha acabado de beber e foi se consultar comigo - nem eu acreditava em mim mesmo. Peguei o casaco de suas mãos e o abracei como se fosse algo muito precioso. E não era?

- Sei...- apertou os olhos me observando - tudo bem, Jin. O que acha de assistirmos a um Dorama? Soube que lançaram um legal sobre aplicativos... não te lembra nada? - me cutucou arqueando as sobrancelhas. Minhas bochechas queimaram, conheci os dois por causa de um aplicativo e agora estava aqui sem saber o que fazer.

- Sério? - fingi interesse - vai colocando então, vou buscar sorvete para gente - fiz carinho no seu braço. E esse era o máximo que conseguia chegar perto do amor.

- Jin? - ele segurou no meu braço antes que eu saísse andando - eu amo você - me deu um selinho. O que eu podia fazer? Dei um sorrisinho maroto e fui em direção a cozinha.

(...)

                           P.O.V Jimin

Por mais que meus sonhos estivessem sendo maravilhosos não pude terminar minha noite tão bem, um choro forte e persistente vinha do quarto de Taehyung. Calcei as pantufas rosa felpudas e fui até lá.

- Tae, você está bem? Aconteceu alguma coisa? - o abracei sentando na cama. Taehyung não conseguia falar em meio as lágrimas e eu não sabia o que fazer para acalmar lo.

- O que está acontecendo aqui? - Suga apareceu na porta mau humorado. - Taehyung está me atrapalhando dormir!

- Aí Suga, se você não vai ajudar, não atrapalhe! - esbravejei - volte a dormir, eu cuido dele.

- Você da conta? - disse bocejando. Assenti e ele deu de ombros. Arrastou se de volta para o quarto. Me voltei novamente para Taehyung fazendo carinho nos seus cabelos.

- Jimin, eu não aguento mais conviver com isso! - chorou mais forte. Do que ele estava falando?

- Calma Tae, me explica com calma por favor - fui doce.

- Você sabe por que tive que vir para Seoul? - neguei com a cabeça prestando atenção em seus olhos inchados e vermelhos. - a pior coisa que me aconteceu foi ter conhecido Haru, ele destruiu minha vida por completo...- seu choro se descontrolou novamente.

- Por que Taehyung? Quem é Haru? - perguntei urgente.

- Quem é ele? - repetiu rindo entre as lágrimas - Haru era o garoto mais popular do colégio, estávamos no último ano quando ele decidiu que eu seria a vítima dele...- as lágrimas desciam de acordo com o que ele se lembrava - estava indo tudo tão bem, passamos todo o verão nos encontrando e ele me ajudou a passar pela fase de descoberta, nem minha mãe sabia que eu tinha me tornado um concebidor mas ele sabia e foi por isso que ficou comigo, me iludiu e me usou! - o tom de tristeza se tornou raiva contida - eu tinha só dezoito anos, era só um garoto apaixonado e... feliz. Vou voltar a me sentir assim um dia? - seus olhos pararam presos na lembrança dolorosa - estava tudo indo bem, nós dois tínhamos planos de nos casar depois que terminassemos o colégio, iríamos viajar o mundo juntos, construir nossa vida...pelo menos era o que ele me prometia nas nossas conversas depois de fazer amor...

- O que aconteceu Tae? - murmurei.

- Eu não tinha percebido mas minha cintura estava ficando larga, meus rosto inchando, os enjôos cada vez mais frequentes, chorava praticamente de dez em dez minutos por qualquer coisa... Jimin...- foi minha vez de chorar. Não. Isso é demais para mim - eu fiz o teste e confirmei minhas suspeitas; eu estava grávido...fodidamente grávido de Haru! - chorou forte - tentei esconder o máximo que podia, me senti destruído, sem chão...mas com o tempo me acostumei com a ideia, eu amava demais aquele desgraçado então amava também aquele serzinho que estava crescendo aqui - colocou as mãos na barriga - comprei algumas coisinhas e estava pronto para contar para Haru, achei que ele iria aceitar - Taehyung abaixou a cabeça - engano meu...me lembro com nitidez do pequeno cômodo que nos encontrávamos e onde tudo tinha começado, mal eu sabia que ali também seria o fim, eu contei a ele que estava grávido de mais ou menos quatro meses, Haru se transformou, ficou possesso e desferiu todo o ódio que tinha em cima de nós dois, mas eu ainda acreditava que iria passar, afinal quem quer receber uma notícia dessas tão inesperadamente? Só que... Haru me deixou sozinho e voltou algum tempo depois me obrigando a abortar... Jimin, você não imagina a dor que eu senti! - ele me abraçou desesperado - eu amava meu filho mesmo sendo tão pequeninho, olha isso...- ele se soltou foi até a escrivaninha ao lado da cama, abriu a terceira gaveta e tirou um par de sapatinhos brancos bordados a mão - foi a primeira coisinha que eu comprei para ele - Taehyung chorou olhando os sapatinhos com amor - eu morri junto com meu filho, Jimin...ele não tinha o direito de fazer isso com nós dois! E sabe o que é pior? Ele me deixou naquele cômodo entre a vida e a morte; tive uma hemorragia muito séria e se não fosse por uma mulher que viu Haru fugindo, eu teria morrido Jimin...ela me levou para o hospital, e me prometeu que não contaria nada para minha família, mas eu estava com medo, assustado, desolado, então eu fugi com o dinheiro que aquele merda que se diz meu pai deixou em uma conta para mim, fui para vários lugares até vir aqui para Seoul... Jimin, você e Suga são a única família que tenho aqui - chorei junto com ele e dei lhe um abraço apertado.

- Eu sinto muito - fiz carinho na sua nuca. - a partir de agora você não está sozinho mais, posso até falhar mas prometo cuidar e proteger  você o máximo que eu puder Tae Tae - dei um beijo na sua bochecha.

- Jiminie, me desculpa te atrapalhar a dormir com minhas bobeiras! - sequei com as digitais algumas lágrimas de seus olhos.

- Não se preocupa, você fez bem em me contar, não deve ser fácil passar por tudo isso sozinho - paguei em suas mãos com carinho - Esses pesadelos são frequentes? - perguntei receoso. Taehyung assentiu envergonhado. - Bem, se quiser posso dormir aqui com você essa noite e sempre que você não se sentir bem durante a noite pode ir para minha cama, o que acha? - naquele momento vi Taehyung como um irmão mais novo, uma criança machucada que precisava de muito carinho.

- Você faria isso por mim? - indagou inseguro.

- Você é importante demais para mim não fazer - sorri doce.

- Obrigado - sorriu e me deu um beijo na bochecha - Vamos dormir então? - concordei sentindo meus olhos pesarem. Taehyung deitou se virado para a parede, abraçou os sapatinhos e fechou os olhos, não questionei. Também me deitei e nos cobri sentindo seu perfume doce me invadir. Nunca pensei que ele tivesse passado por isso, agora tudo faz sentido; é por isso que Taehyung eram tão fechado comigo, mal trocavamos um oi nos primeiros dias, e eu o julguei da pior forma. Taehyung só estava machucado, sem confiança e solitário e eu o estava ajudando a se curar, não é atoa que escolhi ser enfermeiro.

(...)

"Eu sabia que a sua salvação

Sexta-feira, 07:30 AM.

                              P.O.V Jin

Nem depois de várias taças de vinho consegui dormir direito. Acordei na manhã seguinte com o corpo dolorido e pesado como se estivesse carregando trezentos quilos a noite toda, nada tirava da minha cabeça a ideia de ir devolver o casaco de NamJoon. Estaria disposto a ir até o outro lado da cidade, de ônibus vestindo o casaco dele que ficou na cadeira noite passada como uma entidade intocável porque esse era meu jeito de amenizar a falta que NamJoon fazia, refazer tudo o que ele faria, já não sabia se era eu ou se era NamJoon que habitava meu corpo, só não podia ficar ficar sem fazer nada, deixar ele ir embora sem lutar mas lutar pelo o que? Era para mim estar feliz com Ken...era.

- Onde você vai SeokJin? Não vai tomar café? - Euni me olhou triste com o bule de chá em mãos.

- Vou tomar no hospital, preciso ir nuna - dei um beijinho na sua bochecha.

- Você está estranho...nem acordou às cinco para ler! - para que lê o inferno de Amélia, se eu já estava preso a um na vida real?

- Eu estava um pouco cansado...- admiti - Ken ainda está na cama, daqui a pouco ele vem tomar café com você e por favor não faça perguntas constrangedoras, nós não transamos e não teve nada demais, tudo bem? Agora preciso ir mesmo, até o jantar Euni! - dei mais um beijo e sai apressado. Cinco minutos fariam muita diferença na saudade que estava sentindo de NamJoon, por isso acelerei o carro e fui até a Morning Star.

(...)

O sininho tocou quando atravessei a porta. O café estava calmo, alguns clientes ao fundo conversavam deliberadamente sobre qualquer assunto se entupindo de café e bolinhos. Não poderia os julgar, iria fazer o mesmo em poucos minutos. Olhei para os arredores procurando por NamJoon, não o vi em lugar algum. Confesso que a decepção tomou conta de mim mas a esperança...aquela que estava me mantendo vivo na última semana, me dizia que talvez ele estivesse lá dentro onde meus olhos não pudessem alcançar. Jungkook me viu do balcão e veio correndo até mim.

- Jin! Que surpresa boa! - disse sorridente me dando um abraço. - esse casaco não é de NamJoon? - observou o sobretudo marrom nos meus braços.

- Sim - respondi sem graça - ele está aí? - tentei não soar aflito demais.

- Não, NamJoon pegou um resfriado, está de atestado - caramba, ele ficou doente por minha causa! O bendito casaco! Ele não deveria ter me dado!

- Você poderia entregar para ele? - entreguei o casaco - e isso...- tirei da minha bolsa uma caixinha com um composto vitamínico que sempre tomava quando ficava resfriado - se puder, diga que desejei melhoras - sorri bobo pensando em NamJoon. Jungkook sorriu também.

- Você gosta dele, não é?

O que eu poderia dizer já que estava tão na cara assim?

- Gosto sim... NamJoon é um bom amigo. - Jungkook sorriu.

- Você não é bom com mentiras, Jin...está praticamente escrito na sua cara que você gosta dele e...ele também gosta de você mas não conta para ninguém - disse rindo.

- Ele te disse? - fiquei curioso.

- Dizer não, mas ele está muito chateado com esse lance do seu namoro. Conheço NamJoon a dois anos e, nunca o vi assim...por cliente nenhum - meu coração se aqueceu pensando na possibilidade de ser especial, diferente dos outros e logo murchou de volta por deixar lo assim por um motivo tão ruim.

- Eu sei...ele não me responde mais, acho que esse é o nosso fim - suspirei pesadamente.

- Jin, eu gosto de vocês dois, mas NamJoon é muito importante para mim, ele já se machucou de mais, peço que não se aproxime dele se não for para deixar lo um pouco feliz, não entenda como grosseria, só que ele passa por coisas horríveis que talvez um dia ele sinta se a vontade para te contar - Jungkook murmurou pacificamente. Minhas bochechas começaram a queimar, Jungkook estava um pouco chateado também. Merda!

- Jungkook, eu não posso prometer não machucar lo mas vou tentar me manter longe... só posso te pedir um favor? - Jungkook assentiu. - Cuida dele por mim? E se ele precisar de qualquer coisa promete que vai me dizer?

- Você gosta mesmo dele, não é? Dá para ver pelos seus olhos...ficam até mais azuis - ele riu.

- Gosto sim - amo. Ri tímido - mas e você? Vai me dizer que também não sente nada por alguém? 

- Bom...eu acho que estou gostando de alguém mas...mas não vai passar disso! - Jungkook riu ajeitando o boné. Sua expressão leve como se não ligasse para o que estava sentindo.

- E por que não? Imagino que não deva ter impedimentos!

- Tenho medo de não me controlar e acabar o machucando demais... - suspirou.

- Te entendo perfeitamente - isso era o que sentia por NamJoon; perder o freio e atropelar tudo, inclusive ele que considerava a coisa mais importante do mundo. - Jungkook, preciso ir para o hospital, depois nos falamos.

- Ué, achei que iria arrumar suas coisas...- coçou a cabeça desconcertado.

- Arrumar minhas coisas? Por que?

- Você não vai conosco para Ilsan?

- Meu Deus, é verdade! Tinha me esquecido completamente que sairíamos essa madrugada! - não podia ser culpado por esquecer a viagem, minha cabeça estava em outro mundo, no mundo NamJoon, meu universo desde então e lá não poderia ser incomodado ou tocado... só tinha eu, meus pensamentos e NamJoon...nenhum espaço para viagens, amigos, pacientes, e quaisquer outros assuntos que não fosse nós dois - Obrigado por me lembrar! Vou para casa então arrumar minhas coisas, até mais Jungkook - dei lhe um abraço rompendo quaisquer dificuldades do toque pele com pele. Ele também era alguém íntimo a mim.

(...)

- SeokJin, você voltou querido! Aconteceu alguma coisa? - Euni foi até o quarto. Peguei minhas coisas e comecei a arrumar a mala.

- Lembrei que tenho uma viagem para Ilsan amanhã de madrugada. - coloquei três camisas dobradas juntas.

- Ken vai junto? - novamente Euni estava preocupada se iríamos transar ou não.

- Ken nem sabe dessa viagem - suspirei pegando um casaco.

- Não deveria contar a ele? É seu namorado - ela martelava tentando me fazer entender.

- Acho melhor não, só iria causar brigas desnecessárias...

- Então você vai passar o final de semana fora de casa? 

- Sim, tire esses dias para descansar e ver seus filhos Euni.

- Obrigado SeokJin...quer que eu prepare um lanche para você levar querido?

- Se puder - sorri gentil - Euni, não diga nada a mamãe por favor, vou ligar para ela mais tarde e conto tudo - respirei profundamente pensando que mais uma vez estava deixando mamãe me dominar.

- Tudo bem Jin, ainda acho que deveria contar a Ken também...

- Vou pensar - sorri de canto.

- Jin, você gosta mesmo dele?...