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História Lost Star's (dark) - NamJin, VKook, Yoonmin, VHope - Half-light


Escrita por: SenhoraB_escrit

Notas do Autor


Oiê amores! Desculpem a demora, espero que gostem, boa leitura 💜💜

Capítulo 7 - Half-light


P.O.V Jin


Meu Deus...


Não tinha como as coisas ficarem pior, acabei de atropelar um rapaz!

Calma, SeokJin...ele não teve nenhuma lesão grave. Vai ficar tudo bem.

Meu inconsciente me olhava por cima dos óculos insistindo em me acalmar. Preciso pensar em alguma coisa rápido. Pelo retrovisor vigiava qualquer movimento, por menor que fosse, do garoto desacordado no banco de trás. Que vergonha! O que mamãe pensaria de mim? E Ken? E Euni? E Hoseok? Parabéns SeokJinie! Você conseguiu sujar sua imagem em pouco menos de uma hora! Chung-Ho não pode imaginar que isso aconteceu de forma alguma, só agravaria mais as coisas entre nós. Caramba, o que faço?

Uma placa luminosa indicava uma unidade básica de saúde no final da rua. Ninguém me conhece. Ninguém suspeitaria de nada. É o plano quase perfeito. Por que deixar o garoto aqui soa tão errado? Me sinto um criminoso fugindo da polícia, mas não posso agir como um, isso faria as suspeitas caírem sobre mim. Se ninguém se machucar, vai ficar tudo bem. Vai ser como se isso nunca tivesse acontecido.


Tiro o meu crachá e jogo para debaixo do banco do motorista e junto jogo minha culpa. Não podia chegar chorando e desesperado, precisava parecer desnorteado, alheio a situação. Peguei um lenço dentro da caixinha no porta luvas, sequei minhas lágrimas, dei algumas batidinhas de lip tint nos lábios e respirei fundo. Até eu mesmo estava espantado com minha frieza, bom, é melhor que eu convença os outros tanto quanto convenci a mim mesmo.



- Moça! Por favor, me ajude! - usei todo o desespero contido e chamei por uma enfermeira que passava no pacato corredor. Imediatamente ela se atentou a mim, e muito preocupada perguntou:

- Boa noite, o que aconteceu?

- Eu...eu estava indo para casa...- fiz uma pausa dramática - e encontrei um rapaz atropelado...eu não sabia o que fazer, então o coloquei no banco de trás do meu carro e o trouxe para cá, poderia atender lo? - permiti que algumas lágrimas caíssem para converter lá da minha história. E em um piscar de olhos, uma naca atravessava o estreito corredor, enfermeiros correram até o meu carro e fui atrás para abrir a porta. Foi tudo rápido, logo o garoto estava imobilizado sendo levado para o pronto socorro.

- Preciso de algum documento com foto do senhor - no calor do momento esqueci me desse pequeno detalhe. Não podia fornecer meus dados, eles me achariam com certeza e descobririam tudo. Pense em algo, Jin.

- Vou pegar no carro...estou tão perdido que acabei esquecendo lá...- ela assentiu. Caminhei passos lentos e tortuosos. O suor já escorria pelo meu rosto e a adrenalina dominava meu corpo. Finalmente cheguei ao meu carro e o nervosismo fez com que errasse a coisa mais fácil do mundo: virar as chaves. Três tentativas. Um apito rápido avisou que finalmente tinha conseguido abrir. Como um assassino a sangue frio, me sentei no banco do motorista, me reencostei e ajeitei o retrovisor. Olhei uma última vez pela a janela, respirei fundo e acelerei o carro antes que pudessem me encontrar.



(...)

                               

                         P.O.V NamJoon

As roupas caídas no chão, a meia luz do abajur, lençóis esticados e perfumados, fumaça de cigarro vinda do banheiro, e o começo de nojo que saia do chão imundo e se alastrava pouco a pouco pelo meu corpo. Começava no dedão do pé e parava com a gosma daquele imundo no meu peito nu. Fechei os olhos sentindo os lábios asperosos do trouxa da noite, a repulsa expremia minha saliva me fazendo ter ânsia de vômito. Está tudo bem, ele perguntou. Assentos sem nada dizer, ganhei tempo para engolir o nojo e deixar que ele me tocasse mais uma vez e me beijasse com seus espinhos arranhando minha garganta...como isso é doloroso... só quero que isso acabe logo.

- Seu celular está tocando...

Fiquei tão concentrado em não vomitar em cima do cliente que nem percebi quando meu celular começou a tocar. Não hesitei e larguei o homem nu a deriva do meu pescoço.

- Alô? - indaguei curioso já que o número na tela era desconhecido.

- Boa noite, senhor Kim NamJoon? - uma mulher de voz adocicada parecia preocupada do outro lado da linha.

- Sim, ele mesmo...- me sentei no meio da cama prestando atenção na mulher. - Quem está falando?

- Aqui é da unidade básica de saúde da zona norte. Um rapaz chamado Jeon Jungkook deu entrada na nossa unidade a pouco mais de meia hora, vítima de um atropelamento. Encontramos seu número em um papel na carteira dele, o senhor o conhece? 

Enquanto a mulher falava fiquei totalmente alheio a realidade. Como assim Jungkook foi atropelado? Até duas horas atrás ele estava comigo no Morning Star. Isso não pode ser verdade!

- Sim, ele é meu vizinho de corredor. Como ele está? Ah, quer saber, estou indo para aí - desliguei sem dar a chance da mulher me responder e do mesmo jeito, vesti as roupas de qualquer jeito e sai do apartamento daquele velho asqueroso sem dar explicações. Sem tirar os olhos do celular, pedi um carro por aplicativo. O mais estranho é que uma leve felicidade percorreu meu corpo depois que sai daquele apartamento mesmo que fosse para ver meu amigo no hospital. Preferia passar a noite dormindo em uma cadeira dura no corredor frio do hospital do que me deitar com outro homem a troco de tão pouco.

Naquela noite, retribui a Jungkook parte do que ele fez por mim quando precisei; pedi que o transferissem o mais rápido possível para o HNS apesar do médico me esclarecer que meu amigo não corria risco de morte, já que fraturou uma das costelas e quebrou o braço. Queria garantir que Jungkook passassem os maus dias que estavam por vir confortável e recebendo toda atenção médica de que precisava. Quando se coloca dinheiro na jogada, suas vontades são atendidas quase que instantaneamente. Não demorou muito para que uma ambulância de última geração se dispusesse para levar meu amigo, e eu claro fui junto, era a única família de Jungkook em Seoul e não podia lavar sozinho. 

Vá para casa, os médicos insistiam em dizer, vocês dois precisam descansar. Que diferença faria eu ir embora? Não demoraria o sol dar as caras anunciando o fim da penumbra daquela madrugada conturbada. Qualquer novidade entraremos em contato. Mas que encheção de saco do caralho, quero ficar! A sorte deles é que eram dois seguranças, se não teria ficado com Jungkook até que ele recobrasse a consciência. Acho que tenho um resto de whisky jogado em algum canto desse apartamento, se eu não dormir pelo excesso de álcool, uso a garrafa para bater em mim mesmo e apagar. Talvez pra sempre. Talvez como desejei desde que entrei nessa vida fudida.


(...)


                            P.O.V Hoseok


Sentado no corredor do hospital tentava lutar contra o sono enquanto assistia ao primeiro jornal do dia que na prática passa quando ainda o céu está escuro. Depois de uma longa e densa pescada, penso que é a hora certa para tirar a Hope coffe da bolsa para ver se acordo. Nos corredores encontro com Lumya andando apressada:

- É você mesmo quem eu estava procurando! Trouxe sua garrafinha com café? - agarrou no meu braço como se estivesse desesperada por algo que a fizesse acordar.

- Sim, eu também ia tomar um gole para aguentar esse plantão, hoje está tudo tão... parado.

- Só aqui então, no meu plantão acabou de chegar um garoto vítima de atropelamento e você não sabe o pior, tivemos que chamar os seguranças para tirar o acompanhante dele daqui do hospital - enquanto ele me contava, andávamos milimetricamente até meu consultório.

- Eu perdi tudo isso? - ri da cara que ela fez.

- Foi tenso - soltou uma risadinha - é realmente uma pena que tenha acontecido isso com o garoto, ele é tão bonito, forte, e...- ela parou de falar quando encarei debochado.

- Se controle, ele é seu paciente! - rimos.

- Se você o visse me entenderia! - entramos no consultório e fui logo vasculhar minha bolsa atrás da garrafinha, Lumya pegou dois copos descartáveis e colocou em cima da mesa. - agora me conte tudo sobre Jinie e aquele rapaz do congresso! Todos querem saber quem é ele...- ponderei internamente se deveria ou não falar algo a respeito, isso é algo íntimo e expor seria errado.

- Não sei muita coisa...- Lumya me olhou decepcionada - acho que são amigos apenas - acrescentei. O líquido preto e forte foi derramado com classe no plástico do copo.

- Será que Jin finalmente vai conseguir ter o bebê? Fiquei sabendo que ele está desesperado por esse filho...- senti um certo amargor em suas palavras e não era o café. Seus olhos não saiam dos meus prestando atenção em cada palavra que eu dissesse.

- Só Jin poderia responder isso, eu realmente não sei de nada sobre a vida pessoal dele - bebi um pouco do café.

- Sabe Hoseok, posso estar falando uma besteira...- a jovem hesitou como quem repensa o que vai ser dito - mas não entendo, vocês são amigos a tanto tempo, você sabe como Jinie se sente em relação a filhos, por que não realizou o sonho dele? Acredito que não deva ser um sacrifício para um amigo provedor fazer isso por outro amigo! 

Engasguei com líquido, pela primeira vez na vida. Meu cérebro tentava processar o que ela disse, isso nunca tinha passado pelos meus pensamentos, nem se quer em um flash. Esse era o sonho de Jin e eu poderia realizar mas como ofereceria isso? Não poderia chegar e dizer "ei, se quiser posso ser o pai do seu filho." Bem, pai não seria a palavra certa já que provavelmente não teria vínculo afetivo com a criança ou...teria? Não sei se resistiria ao ver Jin com a barriga crescendo mês a mês e saber que lá dentro tinha metade de mim. Com certeza, ficaria curioso para ver aquele serzinho e descobrir o que seria meu e o que seria do Jin. Alguma coisa seria minha? Jin o carregaria e dividiriam o mesmo corpo, sentiria as dores e passaria todos os maus presságios, e depois cuidaria exaustivamente. E eu? Só o ajudaria a realizar seu sonho. Parabéns para você, eu cantaria no primeiro aniversário do bebê porque Jin insistiria para mim participar. Ele é assim. Sentiria necessidade de me agradecer sempre que tivesse a oportunidade, e eu não sei se conseguiria lidar com uma criança que é tão minha e ao mesmo tempo não é. Veria roupinhas e lápis de cores e gostaria de levar tudo. É presente? É sim. E mais uma vez chegaria em casa me sentindo solitário por não ter meu filho não planejado lá dentro. E se ele estivesse me sentiria mal por Jin não estar conosco, e então Jin viria após minha ligação e nós três morariamos juntos e voltavamos ao ponto inicial de não ser uma família mas acabar se tornando.

- Nunca discutimos essa possibilidade. - não menti. Se Jin ouvisse isso passaria uma semana sem olhar na minha cara por causa da vergonha. 

Não quero te imaginar nu.

Eu também não.

Então vamos fingir que isso não foi dito.

Ótimo.

- É só uma coisa mesmo que reparei, não me leve a mal. Bem, obrigada pelo café, vou voltar para o plantão, boa noite. - ela sorriu e saiu sutilmente me deixando reflexivo. Vários momentos de cumplicidade entre Jin e eu vieram me visitar com força. Hobi, volte com meu capelo! É impossível não rir ao me lembrar de como Jin correu atrás de mim naquele dia, e quando finalmente conseguiu me apanhar, eu ameacei jogar nas águas plácidas do rio que banha a cidade. Você não seria doido. Sim Jin, eu ia jogar na água mas desisti depois que vi seus olhos brilharem ao olhar para o capelo com tanto amor. E aquela noite fria de setembro que você dormiu depois de tanto chorar nos meus braços? Jin, nunca tive pena de ninguém, mas naquela noite tive de você e queria bater muito no merda que fez você chorar. Eu até rezei para que você dormisse logo porquê não suportava te ver chorar e foi por isso que quando você acordou tinha pão quentinho do seu lado na cama, tinha esperanças de que aquele pão te fizesse ficar bem. Então analisando tudo o que apareceu no meio das recordações, percebi que faria qualquer coisa pelo Jin. Qualquer coisa só para não vê lo chorar, qualquer coisa que fizesse suas noites dolorosas passarem logo, qualquer coisa que o deixasse sorrindo feito um bobo. Porque talvez eu nunca tivesse admitido isso para mim mesmo mas eu me importo com ele, bem mais do que gostaria. Me importo o suficiente para pensar no sonho dele e me afastar se isso se fizesse necessário. Me importo o suficiente para estar pensando nele a essas horas do início da manhã.


(...)



A mesma mesa, no mesmo lugar da lanchonete. O jornal exposto sobre a mesa me atualizava das notícias mais recentes, mal percebi quando Jin puxou a cadeira, se sentou e em silêncio tomou o café amargo adoçado com açúcar. Era sempre isso. Será que mudaria se eu fosse seu provedor? Não consigo o encarar. É como se o pensamento estivesse estampado na minha testa e qualquer um pudesse ler. Quando me atrevo a erguer os olhos um pouco, percebo que Jin está diferente, seus olhos estão mais inchados que o normal, está tão pálido que a base mal consegue disfarçar, sinais de uma noite mal dormida. Estou curioso mas prefiro o silêncio, tenho medo de que meus pensamentos saiam antes que eu os analise. Dobro o jornal e coloco de lado, o capuccino em cima do jornal, meus olhos em sua camisa de linho azul clara. Ele também não me encara, apenas bebe o café distante de tudo, em um lugar onde só ele conhece e que por mais que eu pergunte, nunca consiguirei atingir esse lugar.

- Bom dia Hobi, como foi o plantão? - ele interrompeu o silêncio. Fui obrigado a encontrar seus olhos azuis turquesa.

- Parado como sempre - dei de ombros - dormiu mal? - não aguentei a curiosidade.

- Um pouco...- seus olhos arregalados como um suspeito de um crime - tomara que hoje seja um pouco mais tranquilo, minha cabeça está me matando...- massageou a testa tentando se livrar da dor.

- Mandou a mensagem para o RM? - então torci mentalmente para que sim, e que eles dessem certo e eu não precisasse mais olhar para a barriga do Jin e imaginar um filho nosso.

- Ainda não, não tive tempo...na verdade. - Jin não estava diferente apenas na aparência, suas palavras pareciam previamente calculadas, pensadas e repensadas como um capítulo de um livro no qual o leitor gostou tanto que queria lê, relê e guardar vírgula por vírgula.

- Bom dia meninos - Lumya bocejou antes de prosseguir. De onde ela tinha saído? - SeokJin estou entregando meu plantão, assim que puder dê uma olhada no paciente do quarto 405, os outros estão estáveis - Jin assentiu contrariado - vou lá, bom expediente garotos, até mais - ela deu um leve tapinha no ombro do meu amigo, e assim que ela saiu tive que rir. Jin odiava que tocassem no seu corpo sem ter intimidade, ele considerava uma falta de respeito, por isso o primeiro contato sempre partia dele.

- Meu dia já começou animado - outro fato sobre Jin: ele não é de fazer ironias, joga limpo em suas palavras mas dessa vez ele debochou, não sei porque ou o que, Jin estava estranho. Como se fosse um personagem. - Tem paciente agora? - conferi no celular a última mensagem de Taehyung.

Estou compondo um solo.

Meu paciente iria demorar, pensei.

- Não, vamos lá - sorri pegando minhas coisas. Jin foi a frente com a bolsa marfim.


(...)



- Quando você e Taehyung vão sair novamente? - Jin perguntou enquanto empurrava a porta do quarto 405.

- Talvez na...- meu Deus! Essa foi a única reação que consegui ter ao ver a cena a minha frente. Apesar dos hematomas e do inchaço, reconheceria aquele rosto em qualquer lugar. Ele é o garoto que me serviu os bolinhos de soja na lanchonete do subúrbio! Meu Deus, então ele era o paciente atropelado de que Lumya falava! Encarei Jin totalmente penalizado, Jin deixou algumas lágrimas escaparem, será que ele também sentiu a mesma pena que eu? - coitado! Esse é o garoto que me atendeu na lanchonete, aquele que disse a você que era bonito...que coincidência! - me aproximei da cama e com delicadeza passei meu indicador pela sua testa, encostei uma mecha do seu cabelo negro junta das outras, um corte foi revelado. A poupa da digital, desceu um pouco mais e parou no arco do cúpido da sua boca, outro corte, mesmo assim ele continuava bonito, intacto e enaltecido, poderia facilmente dizer se que seus machucados são herdados de uma queda do próprio céu, porque seus traços continuavam celestiais como da primeira vez que o vi. Agora como três dedos corri seu pescoço e encontrei seu tronco totalmente nu, a pele branca e lisa moldada em músculos bem esculpidos e fortes, o braço direito repousado em cima do tórax apoiado por uma tipóia, com cuidado deslizei meus dedos até um corte na cintura, e não podia ver mais...o lençol branco encerrava o caminho da perdição me fazendo ficar frustrado. SeokJin permaneceu imóvel, sem reação igualmente surpreso, mas essa não era a questão. Jin já viu pacientes muito piores e isso não o fez ficar como está agora. Ele também o conhece? 

- Você está bem? - Jin assentiu deixando o prontuário cair no chão. Suas mãos trêmulas tentaram pegar novamente. - você também o conhece?

- Na.. não...claro que não! Não diga bobagens! De onde eu o conheceria? - Jin falou nervoso e ríspido.

- É que você ficou tão... nervoso. Achei que o conhecia!

- Hobi, você não tem nenhum paciente agora não? - e com essa pergunta ele queria dizer "vá embora". Dei de ombros, deve ser culpa da dor de cabeça dele, quando melhorar ele vem até mim se desculpar e tudo se resolve.


                              P.O.V Jin

 

Quando você acha que a vida não pode piorar, ela te mostra o contrário. Então o nome dele é Jungkook. Ele é mesmo bonito como Hobi falou, tão bonito que nem as marcas do acidente foram o suficiente para lhe tirar isso. Talvez se cuidar dele, as coisas fiquem menos pior do que depois do que fiz. Obrigado Deus. Essa é minha chance de me redimir com o garoto. Chequei seus sinais vitais, estavam todos em perfeita harmonia. Agora só tinha que esperar lo acordar para ver o tamanho do meu estrago, então me sentaria no sofá ao lado da sua cama, pegaria meu livro e encontraria Amélia. Aqui dentro estou protegido do olhar acusador de Hoseok, de Chung-Ho e qualquer outra pessoa que possa me fazer ficar pior do que já estou.


(...)


- Aí! - um grito agudo me despertou do breve cochilo. O mais estranho de tudo é só conseguir dormir ao encontrar Jungkook novamente. O garoto tinha despertado, e pelo seu rosto contraído, os sinais do acidente começaram a dar as caras.

- Bom dia, como se sente? - perguntei preocupado.

- Onde eu estou? Quem é você? Aí...- o garoto tentou levantar mas falhou miseravelmente.

- Você foi atropelado, e o trouxeram para cá, não se lembra? - aguardei sua resposta ansiosamente.

- Não...acho que não...minha cabeça está doendo muito. - ele tentou levar a mão direita a cabeça mas não conseguiu. Foi então que percebeu que seu braço estava engessado. - meu...meu braço...eu não vou conseguir usar ele agora? - sua voz doce ficou chorosa.

- Por enquanto não, leva um tempinho até você se recuperar completamente - apoiei minha mão no seu ombro, tentando ser um pouco mais íntimo, talvez íntimo o suficiente para dizer "me desculpe, atropelei você."

- Tenho um campeonato em duas semanas...preciso do meu braço...- ele não foi agressivo ou invasivo. Apenas compartilhou sua dor comigo. As lágrimas dele tinham se tornado minhas. Queria me desculpar, a culpa foi minha, e agora ele iria perder a competição por minha causa.

- Sinto muito - abaixei a cabeça compassivo.

- Tudo bem, é só um campeonato...o que importa é que estou vivo e bem...- seu sorriso realizou em meio as lágrimas. Meu Deus, o que eu fiz? Já vi pacientes em diversos estados mas ele era diferente, apesar de estar todo machucado continuava sorrindo, doce e manso aceitando a vida como o presente que é. Jungkook ultrapassava qualquer beleza física porque seu coração era sábio o suficiente para o elevar a uma categoria não humana.

- Sente dor em outros lugares? - me aproximei.

- Um pouco na cintura e na testa, mas nada insuportável...- respirou fundo.

- vou pedir a enfermeira para aumentar as doses de analgésico, você tem alguém da sua família aqui, Jungkook? - meu lado pessoal quem pergunto.

- Não, só tenho um amigo que posso contar - seu sorriso conformado me fez ficar ainda mais interessado em saber sobre ele.

- Bom, agora você tem dois, pode contar comigo, me chamo Jin - sorri.

- Obrigado Jin, você é muito gentil. - seu sorriso de coelho me fez sorrir junto. Ele continuava bonito até com os olhos cheios de lágrimas.

- Te devo essa - e só depois da expressão confusa que ele fez me toquei que revelei demais em minha frase. Precisava inventar uma desculpa - você atendeu meu amigo Hoseok a alguns dias atrás e ele me disse que você foi muito gentil com ele - me expliquei atrapalhado nas próprias palavras.

- Você e Hoseok são amigos? - perguntou cético e surpreso.

- Sim, inclusive ele trabalha aqui. Ficou muito mal quando viu você assim - finalmente tinha arranjado um assunto que não tangenciava nós dois.

- Sério? Gostaria de vê lo novamente, fiquei de ensinar alguns golpes a ele mas acabou que não nos vimos mais...até que esse acidente não foi tão ruim - dei um sorriso largo com as palavras doces do garoto. Enviei uma mensagem para Hoseok.

- Daqui a pouco ele vai estar aqui, bem preciso passar nos outros quartos, mais tarde volto para ver como você está, se precisar de alguma coisa é só apertar aqui - mostrei o número um do pequeno controle do lado da cama dele. 

- Vou ficar bem - sorriu mais uma vez. Meu coração se aqueceu ao vê lo bem dentro do possível, pelo menos o estrago não tinha sido tão grande como pensei. Dei uma última olhada em Jungkook e sai do quarto um pouco mais leve.


(...)

Se tinha uma coisa capaz de limpar a alma e o corpo é um bom banho morno depois de um dia exaustivo. Aproveitei que Euni já tinha ido embora e me permiti ficar embaixo do chuveiro aconchegante por mais de meia hora. Pensamentos me tocava e em seguida escorregavam pelo ralo indo embora, a água carregava um a um com rapidez. Quando finalmente tomei coragem para sair do banho, me sentei na cama onde podia ver me no espelho com clareza, sem maquiagem, sem roupas e sem disfarces. Poderia ser apenas eu, nu das minhas preocupações e incertezas, só gotículas de água me cobrindo. Me levantei no impulso, e fiquei em frente ao reflexo me encarando por longos minutos. Aquele corpo muitas vezes deixado de lado, pouco percebido e pouco amado...o mesmo corpo que merecia toda atenção, que aguentou as piores coisas e agora tão cansado. Marquinha por marquinha desenhei a trilha do meu sonho, e quantas vezes as tinhas encarado assim? Imaginei meu bebê em meus braços e as mesmas marcas ali tão distantes no passado mas ainda sim tão atuais. Meus olhos rapidamente correram para o notebook em cima da escrivania. RM. Em um momento tão íntimo, nunca foi tão conveniente pensar em alguém como agora. Talvez um vinho acompanhado não faria mal a ninguém, precisava mesmo terminar de lavar os resquícios dos últimos dias mas não assim...a camisa de botões preta cairia bem em minha pele empalidecida, e uma calça talvez. Gostaria de ficar confortável, despretensioso, e despreocupado como alguém que não espera por uma carta extraviada dos correios, por isso não penteiei meus fios, só retoquei um pouco da maquiagem e peguei o Notebook.

A mensagem.

A mensagem da morte.

Boa noite, gostaria de contratar seus serviços.

Formal demais?

Boa noite, preciso urgentemente transar.

Oferecido demais?

Gostaria de uma noite com você.

Romântico demais?

Eai, vamos transar.

Agressivo demais?

Boa noite, gostaria de contratar seus serviços.

Voltei a primeira frase, foi a menos pior das que pensei. Era melhor ser formal do que um tarado desesperado por sexo, além do mais nem sabia se esse RM realmente é o mesmo garoto que vi no congresso, melhor não criar expectativas. Fechei o notebook impedindo de receber qualquer notificação de resposta, não quero estar esperando quando ele chegar e não se ele não chegar não vou me decepcionar porque não o esperei. Um perfume talvez? Um leve e refrescante. Quero que saiba que tomei banho a pouco tempo e isso o faça ficar, porque eu gosto de pessoas cheirosas. A luz da sala apagada ou acesa? Meia luz. Foi assim que Amélia encontrou Klaus a primeira vez e desde então ela ficou totalmente no escuro porque Klaus tinha levado toda a sua luz. É isso que você fará comigo RM?


                        


Notas Finais


Espero que tenham gostado, até o próximo 💜💜💜


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