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História Loucamente SUA - Peguei você espertinha


Escrita por: AngelSchreave

Notas do Autor


Só teremos mais 3 capítulos até o final da fanfic, meninas. Então, espero que aproveitem bastante.

Um grande beijo e boa leitura!

Capítulo 60 - Peguei você espertinha


Fanfic / Fanfiction Loucamente SUA - Peguei você espertinha

Assim que anoiteceu Jenna levantou-se da cadeira preta estofada onde passara a manhã inteira e caminhou até a janela da sala para fechá-la. A prisão de Toby foi um choque tão grande para ela que mal conseguiu se concentrar para o trabalho. O telefone tocava de cinco em cinco minutos. A notícia se espalhou com rapidez e os fornecedores estavam em cólicas para saber a posição da Construtora sobre o caso, mas ela não tinha uma posição. Ela soltou o ar pesado inflando as narinas e deu uma boa olhada para a paisagem irradiante que dava para o centro de Boise. Do décimo oitavo andar ela conseguia ver do topo a maioria dos arranha-céus seguido por uma via comprida e estreita, abarrotada de veículos, que passava pelo centro como formigas em dia de mudança. Aquele prédio custava uma fortuna, ainda assim, ela e Toby conseguiam arrecadar o suficiente para ter mais dois deles funcionando. Um maior em Las Vegas e outro mais humilde em Rosewood. Jenna fechou as persianas e voltou para arrumar sua bolsa. Todos os funcionários já tinham ido embora, com exceção de Arlette a senhorinha sorridente de cabelos grisalhos que fazia a limpeza durante a noite. Arlette bateu duas vezes na porta do escritório de Toby, que Jenna estava usando, e entrou com seu balde cheio de produtos de limpeza e a vassoura apoiada nos ombros.

 

— Oh! — assustou-se a senhora ao ver a silhueta de Jenna no escuro da sala — Não sabia que a senhora ainda estava por aqui.

 

Ela deu um suspiro batendo a mão direita sobre o peito. Jenna segurou a bolsa entre os dedos e colocou encaixada no ombro.

 

— Andei tendo um pouco mais de trabalho do que imaginava.

 

A mulher pareceu entristecida. Pegou a vassoura e jogou no chão espremendo um produto com cheiro forte de flores de jasmim em grande quantidade no espaço ao lado da cadeira de Toby. Era como se estivesse tentando tirar o rastro da sujeira que estava alastrada entre o silêncio dos funcionários da empreiteira. Os cochichos espalharam com rapidez, mas nenhum parecia ter coragem de encarar Jenna. Cada vez que ela atravessava as salas o silêncio ia acompanhando o ambiente. Ninguém queria dizer em sua cara o quanto estavam espantados com o noticiário recente. Arlette não parecia estar com o mesmo medo que os demais. Um desconforto cruzou o rosto de Jenna quando percebeu a inquietação dos músculos da face da senhora se remexendo. Ela tentou escapar na ponta dos pés antes que começassem os comentários maldosos, mas foi pega com a mão na maçaneta da porta.

 

— Ouvi falar que ele também assaltou a família do rapaz antes de mandar matá-lo. Pobrezinho, nunca pensei que Toby fosse capaz de algo assim. — Arlette suspirou pesarosa apoiando os braços no cabo na vassoura — Parecia ser um homem de bem…

 

Jenna soltou o ar com força pela boca e deixou que os braços pendurassem ao redor do corpo. Então era isso que estavam pensando do irmão dela? Que ele era um ladrão barato e cruel que torturava pessoas até a morte. Que ótimo, pensou. Ela virou para a senhora pensando em dar uma reposta a altura. Esticou a coluna, firmou os lábios, era um absurdo depois de tantos anos de poio a essas pessoas simplesmente esquecerem da índole do seu irmão. Ela deu dois passos em direção à senhora, mas um grande ruído de passos atravessando o corredor chamou sua atenção.

 

— O que está acontecendo? — questionou Arlette. No susto, sua vassoura caiu no chão estalando no ouvido das duas.

 

A manada de passos ecoou para mais perto, passando pelas salas e pela pequena lanchonete. Vozes femininas falavam ao mesmo tempo algo indecifrável por causa do eco provocado pela arquitetura do prédio. Jenna apertou sua bolsa arrumando-a no ombro e correu em direção ao corredor. Por um momento a mente de Jenna se confundiu e precisou até piscar algumas vezes para acreditar que eram mesmo elas. Hanna, Aria, Emily e Spencer corriam em sua direção estarrecidas como se alguém estivesse a beira da morte. Os músculos do corpo de Jenna relaxaram quando perceberam a inexistente ameaça dos barulhos. Emily passou correndo na frente de Hanna e Aria e a abraçou com força. Ela envolveu os braços ao redor dos ombros de Em acolhendo-a. A mesma sensação de tranquilidade e paz invadiu sua mente fazendo-a repensar. Será que estava mesmo tão nervosa ao ponto de assustar-se com o simples barulho de passos? Os funcionários não seriam capazes de machucá-la, seriam? A dúvida gerou uma profunda aflição em seu peito. O ar ficou preso e Emily se afastou do abraço com as feições tensas de preocupação.

 

— Você está bem? — disse Em passando a mão delicadamente por suas bochechas. Jenna podia jurar que estava branca como um papel.

 

— Sim — murmurou sem jeito.

 

Hanna, Aria e Spencer pararam em volta aguardando chance para falar. Emily deu espaço e as quatro se entreolharam apreensivas. Spencer tomou a frente.

 

— Será que tem um tempo para conversarmos agora? — Ela olhou ao redor de si e mais uma vez Jenna sentiu como se seu peito estivesse sendo apertado por mãos grandes e impiedosas.

 

Sua cara de medo deve ter sido mais evidente do que gostaria, já que Emily pulou para seu lado e segurou sua mão com força. Aria parecia dispersa. Do jeito que costumava ficar quando tinha algo desagradável para falar e Hanna beliscava os doces que estavam sobre a mesinha da sala de visitas ao lado.

 

— Tudo bem, me falem logo o que está acontecendo. Eu não tenho mais coração para desastres.

 

— Sabe onde está a Sophie? — indagou Emily sem rodeios.

 

Jenna empalideceu de repente. Por que cada vez que alguém perguntava de Sophie o coração dela pulava pela garganta? Aquele caderno com as mensagens de ódio “Eu te odeio”, tinha certeza que eram para Spencer. Sophie estava se contorcendo de ciúmes cada vez que Toby se aproximava da antiga namorada e por mais que ela tentasse mostrar a filha que isso não afetaria o relacionamento dele com sua família, não adiantava. Seu sangue correu tão forte pelas veias que parecia queimar contra a pele. Jenna as encaminhou para uma sala pequena à direita do corredor em que estavam paradas e elas começaram a explicação. Spencer estava tão trêmula que mais conseguia manter a perna parada. Ficava tamborilando os pés escondidos abaixo da cadeira.

 

— Por favor fale de uma vez Spencer. O que minha filha fez? Você está me deixando nervosa. — implorou mediante o silêncio inquietante que tomou o lugar. Spencer apertou os dedos das mãos até ficarem esbranquiçados. Ela tomou fôlego buscando as palavras certas para falar, mas depois desistiu quando encontrou o olhar atordoado de Jenna. Ela conseguia enxergar o mesmo desespero que estava sentindo nos olhos da amiga. Era até estranho pensar em Jenna como amiga, mas não era isso que tinham se tornado? Apoiaram uma a outra, deram risadas, ela apoiou Spencer na mudança quando ninguém mais quis ajudar. O remorso apertou suas entranhas como se estivesse prestes a dar uma notícia trágica sobre a própria filha.

 

— Spencer, fala você ou falo eu… — pressionou Hanna já inquieta com a demora.

 

— Do que vocês estão falando, afinal?

 

Jenna levantou da cadeira apoiando as mãos na mesa de madeira a sua frente. O móvel rangeu quando foi afastado para trás. Emily notou as lágrimas se formando nos cantos dos olhos azuis de Jenna Marshall e agarrou sua mão apertando com força.

 

— Fique calma Jen, vamos dar um jeito. Não importa como está bem? Eu te prometo!

 

— Parem de me enrolar, o que a Sophie está aprontando? — gritou Jenna.

 

Spencer sentiu o nervosismo tomar conta de seu corpo inteiro. Ela tremia e as mãos suavam, ela definitivamente NÃO PODIA falar uma coisa tão ruim sobre a filha de uma amiga sua. Jenna conhecia a índole de Sophie, estava estampado nos olhos dela esse pavor. Quando se deu conta já estava levantando da cadeira e correndo em direção a porta que dava saída aquela situação constrangedora. O corredor pareceu um milhão de vezes mais ventilado agora. Parou no meio do mesmo puxando a maior quantidade de ar que conseguia. Hanna a chamou, depois Hanna e então Aria. Spencer seguiu correndo pelo corredor e se escondeu no primeiro banheiro que achou. Suas mãos estavam tão gélidas e suadas que precisou lavá-las. Esfregou com sabonete líquido três vezes consecutivas passando com mais atenção entre os dedos e de baixo das unhas. Sua pressão pulsava nas têmporas. Quando terminou secou as mãos e deu uma boa olhada no espelho, o ar saiu pesado pela boca. A voz de Jenna a chamou no corredor e então a porta do banheiro foi aberta. Era ela, pode ver através do reflexo, parecia assustada e apavorada. Sua respiração estava falha como a de um atleta que corria maratonas. Ela estava com a mão apoiada no peito como quem sente uma dor intensa e caminhava em sua direção. Spencer fechou os olhos desejando sumir dali o mais rápido possível. Quando reabriu os olhos, infelizmente, ainda estava no mesmo lugar que antes. Os braços finos de Jenna curvaram-se em torno dos ombros de Spencer.

 

— Eu não acredito que ela fez mesmo isso… — disse com a voz embargada.

 

Spencer sentiu uma pontada forte no peito.

 

— Como ela pode fazer isso com uma criança? Uma menina que cresceu ao lado dela? Eu sabia que uma hora ela faria alguma besteira. Mas sequestro? Isso é muito pior do que eu imaginava. Ela é tão jovem, Spencer. — Jenna falava mais para si do que para Spencer, mas ainda assim ela decidiu virar-se para Jenna e responder.

 

— Éramos jovens também quando te cegamos, lembra?

 

Jenna revirou os olhos e abriu um pequeno sorriso em meio a tristeza estampada em sua face.

 

— Você e as meninas não fizeram nada, a Alison fez, e sozinha para ser mais exata.

 

— Não importa — interferiu sentindo-se culpada — Foi nós apoiamos essa ideia, não fizemos nada para impedir. É um milagre que tenha retomado a visão. Hoje consigo enxergar isso, mas antes éramos más contigo.

 

Jenna apertou os lábios sentindo a agonia fechar sua garganta acompanhada e uma dor fina e incômoda.

— Spencer, eu sei que jovens podem fazer maldades. — as palavras pareciam doer para sair — Acho que minha filha pode ter essa mesma capacidade. Ela foi sempre tão nervosa e cheia de personalidade. Apegada demais aos outros, quer tudo do seu jeito. Já peguei tantos comportamentos revoltantes da Sophy, eu só achei que podia ser exagero meu. Que uma mãe não podia pensar algo tão ruim da própria filha. Me senti a pior mãe do mundo.

 

— Eu sinto tanto…

 

Foi a única frase que conseguiu escapar antes de ouvirem a voz fina e alta de Sophie se alastrar através do corredor até ecoar dentro do banheiro. Spencer sentiu o corpo inteiro tremer. Ela gritou mais uma vez. Parecia estar chorando.

 

— Mamãe!!! Mamãe!!!

 

O corredor estalava com os passos da menina. Spencer seguiu Jenna quando a viu sair desesperada do banheiro em direção à porta. Sophie abraçava forte a mãe enterrando a face em seu estômago.

 

— O que está acontecendo, minha filha? — disse Jenna passando a mão pelos cabelos da menina. Ela estava mesmo chorando, parecia apavorada. Jenna olhou para os lados buscando quem a tinha levado até a empresa. — Como chegou até aqui? Quem a trouxe, Sophie?

 

Sophie queria poder dizer que estava se sentindo péssima, que estava assustada com o que estavam fazendo com Angelique, que ela não era mais uma menina boazinha e talvez nunca tenha sido. O problema é que agora parecia tarde demais para tentar escapar da furada em que havia se metido. Na hora em que Alex entrou no quarto e torturou Angel ela sentiu vontade de chorar, de correr, de tirar a menina de lá. A culpa era tão grande sobre suas costas e pesava tanto que mal conseguia levantar o rosto para olhar diretamente para sua mãe. Spencer parou de supetão quando viu a cena. Sophie chorava e começava a contar algo para a mãe.

— Mãe, eu não queria que isso acontecesse.

Sophie olhou para trás amedrontada. Não havia ninguém ao longo do corredor que dava para duas portas de madeira fechadas. Jenna segurou o rosto da filha entre as mãos trazendo de volta para frente.

 

— Do que está falando, querida? — Jenna sabia muito bem do que se tratava, mas queria que ela mesma lhe dissesse. Por um momento esqueceu que as meninas e Spencer estavam na construtora. Sophie queria falar, ela estava com medo, estava… Arrependida. Se ela queria uma chance para salvar sua menina e ainda tirar a sobrinha das garras de -A esse era o momento exato. Porém, quando Sophie viu de soslaio o corpo de Spencer parado olhando para as duas ela se afastou dos  braços da mãe. Seus olhos azuis arregalados encararam Spencer surpresa.

 

— Oi — disse sem jeito.

— Calma, filha. Ela só veio conversar comigo.

 

Sophie continuava se afastando de costas sua mente gritando de pavor por toda a culpa que sentia. Latejando. As paredes laterais do corredor pareciam imprenssá-la, seu coração estalava dentro do peito de medo. Jenna estava chamando-a, mas não conseguia se concentrar na voz dela. Queria ficar o mais longe possível de Spencer. Não queria ver em seu rosto o desespero e a tristeza porque isso tornava mais real seus pecados recentes. Tornava real o sequestro, o medo de matarem Angel, o pavor de perder Thomas caso ele descobrisse o que ela estava fazendo. Sophie sentiu-se tonta mediante tantos pensamentos e se escorou na parede depois da segunda porta de madeira.

— Sophie! — gritou Jenna preocupada — Filha!!!

 

Da sala, Hanna, Aria e Emily viraram uma para a outra quando escutaram o grito o nome da pessoa que tirara seu sono e rondava sua mente. Foram para a construtora esperando que Jenna soubesse onde a filha estava, mas nunca imaginaram que ela iria ao encontro da mãe. “Filha!” veio  em seguida  fazendo Aria levantar de supetão e cruzar o espaço que lhes separava da porta.

 

— Ela está aqui — anunciou Aria surpresa.
 

Hanna soltou o pote de balas sobre a cadeira em que estava sentada e disparou atrás de Aria e Emily. As três pararam de frente ao corredor e deram de cara com Jenna e Spencer paradas olhando em direção a elas. Aria notou, então, que o foco estava atrás delas e se virou vendo Sophie escorada na parede do corredor. A menina pareceu estremecer quando notou a presença delas e bateu em retirada correndo pelo corredor em direção a saída. Hanna, Aria e Emily correram atrás dela de perto. Sophie passou derrubando as cadeiras e os móveis próximos para atrapalhá-las. Jenna gritava o nome da filha implorando para que parasse. Spencer a ajudava chamando Sophie. Mas a menina estava apavorada e corria muito. Ela passou pela sala de espera e chutou a mesa de centro e meio as perdas de Emily derrubando-a no chão. A pancada gerou um barulho oco que fez Spencer notar que podia ter machucado. Sophie pisou no sofá e saltou sobre o mesmo para perto da porta de vidro. Jenna e Hanna deram a volta cortando caminho enquanto Aria saltou sobre o mesmo sofá que Sophie junto a Spencer. A menina sentiu os dedos de Spencer roçando suas costas e enganchando no pano da regata branca que usava. Tentou apressar o passo e avistou não muito longe a porta do elevador aberta ninguém estava dentro. Ela suspeitou e encontrou com a visão periférica a porta vermelha escrita “Corta fogo” em letras grandes em branco à frente. Um puxão levou sua cabeça para trás seus cabelos sendo puxados a imagem inversa do teto da empresa se formando em seu campo de visão. Ela resmungou de dor. A imagem desceu até o ângulo acentuado da curvatura fazer com que parasse de correr. A cabeça de Spencer apareceu, depois o pescoço e os ombros.
 

— AHHHHH ME SOLTA! — gritou a menina.

 

Ela jogou as mãos ao redor tentando pegar qualquer coisa que servisse para soltá-la. NADA. Forçou a cabeça em sentido contrário e arrastou Spencer mais a frente. Hanna puxou seu braço direito. Sophie ouvia os passos de Emily e Jenna se aproximando. A adrenalina pulsava intensamente em suas veias ela viu a mesa do mini bar e jogou todo o peso do corpo para a esquerda. A ponta de seus dedos agarraram alguma coisa. Uma garrafa. Sophie a jogou para trás sem olhar e um barulho de vidro se quebrando foi acompanhado pelo afrouxamento da força em sua cabeça. Ela não virou para olhar como Spencer havia ficado, mas os passos de Jenna e Emily cessaram e Hanna soltou seu braço. A porta do elevador continuava aberta. Sophie ficou em dúvida entre ir de elevador ou de escada. Na dúvida, pegou a saída da escada de incêndio. Sophie desceu os degraus com o coração latejando em sua garganta. Ofegante e tinha certeza que suas mãos e pernas tremiam. Quando chegou ao térreo já conseguia respirar melhor. Parou segundos para recuperar a compostura e ajeitar os cabelos bagunçados com os dedos. Cruzou a porta da frente da empresa com tranquilidade e firmeza. Vivian disse que era para Sophie subir sozinha que ela tinha algo importante a fazer. Agora que estava com o couro cabeludo doendo e os braços vermelhos pelo puxão de Hanna achava que sua avó sabia que elas estariam lá em cima e ela serviu de “rato da laboratório”. Não havia sinal de sua avó. A rua estava deserta até que como num piscar de olhos abarrotou de pessoas gritando e correndo. Elas saíam da esquina e iam em direção a Sophie. Ela tentou abrir passagem para ver o que estava acontecendo e duas mulheres até lhe deram cotoveladas quando forçaram o caminho.

 

— Ai! — gritou em meio a multidão.

 

Mães corriam com seus filhos nos braços e idosos se abrigavam nos comércios abertos ao redor. A sirene do carro de bombeiros tocou ao longe fazendo os carros na pista abrirem passagem. Seis homens pularam do veículo antes de estacionar caindo com perfeição em pé no chão e dispararam em direção ao  fim da rua. Sophie foi atrás. A visão turva das pessoas correndo em sentido contrário em conjunto ao barulho da sirene e o choro das crianças assustadas. Sophie parou quando teve uma boa visão da esquina. Seu coração pulou para a garganta na mesma hora lágrimas escorreram de seus olhos. Um carro estava se incendiando tomado já pela metade da fogo. O motorista estava desacordado e acabava de ser retirado pelos bombeiros e colocado sobre a calçada. Uma mulher estava no banco do  carona e estava com a o pescoço e os braços cheios de sangue. Ela estava sendo retirada do carro. As pontas dos cabelos loiros chamuscados pelo fogo. Ela ainda estava consciente e virava a cabeça para os lados freneticamente.

 

— Não... — sussurrou Sophie — Thomas…

 

Uma mão agarrou seu braço e então Sophie começou a se debater com toda a força que possuía. Uma mão segurando uma arma, um beco escuro de tijolos pretos dos lodo, um capuz preto, ela se debateu mais e gritou. Tentou gritar mais alto, porém, o barulho do incêndio era mais alto.

 

— Solta. Você machucou ele! Por que machucou ele? Sua maluca.

 

— Fica quieta! — relutou Megan medindo forças com Sophie. A menina puxou os pulsos e mordeu os braços da ex-amiga. Um corte fundo e então o sangue começou a surgir.

 

Megan se enfureceu. Seus olhos escureceram de repente e o ódio tomou conta da sua face. Sophie se rebateu para desfazer-se das mãos de Megan e na virada cuspiu na cara dela. O líquido escorreu pelo nariz até a parte de cima da boca. Megan fechou os olhos furiosa e limpou com violência sem tirar a atenção de Sophie.

 

— Você vai se arrepender de ter feito isso sua puta! — ameaçou.

 

Sophie virou-se para correr, mas antes oque pudesse notar sentiu uma grande pancada na nuca. O som do ferro entrado em choque com seus ossos e então tudo ficou escuro. O barulho da rua foi desvanecendo no infinito, a dor crescendo, e seus movimentos cessando. O chão se aproximar foi a última imagem a se formar a sua frente, depois dos saltos de Megan pulando sua cabeça jogada em meio a lama.


 

***
 

 

Emily abriu os olhos ainda sentindo muita dor de cabeça. Observou ao seu redor dando conta de que não estava em casa, muito menos na construtora. Era um quarto branco cheio de aparelhos por todos os lados. Ela tentou se levantar, mas uma dor aguda na cabeça a fez ficar tonta de repente. Puxou os braços e os sentiu pesados. Foi quando abriu os olhos e viu os fios presos a veia do pulso. Ela estava em um hospital?

 

— Oh, graças a Deus! — a voz de Jenna soou triste e chorosa do lado esquerdo da cama e ela correu em direção a Emily. Ela olhava para os pulsos perplexa ainda. Jenna sorria incrédula para Em e lhe deu um beijo nos lábios antes de correr porta afora e chamar o médico.

 

— Doutor a Emily acordou! Ela acordou! — berrou.

 

Um médico entrou no quarto Emily ainda tentava se lembrar do que havia acontecido. O médico colocou uma luz em seus olhos, um de cada vez, ouviu as batidas de seu coração e mediu a pressão sanguínea. Jenna apertava as mãos angustiada observando o exame.

 

— Ela vai ficar bem, Doutor? — suplicou aflita.

 

Emily reclamou de dor quando sentiu o homem atirar a faixa presa a sua cabeça e passar um líquido no lugar do machucado. Uma dor aguda e profunda. Depois que passou a pomada ele a voltou a enfaixar e depois respondeu:

 

— Ela ficará ótima, senhora. — O médico pegou a prancheta que estava presa a cama, analisou e depois voltou-se para Jenna — preciso ressaltar que foi um milagre o corte não ter alcançado uma veia.

Veia?

CORTE?

Jenna abaixou os olhos e segurou a respiração angustiada. Emily viu um flash passar por sua mente. Spencer segurando os cabelos de Sophie, num segundo instante Hanna agarra o braço da menina. Ela vê Jenna se aproximando através do canto esquerdo do salão e a dor na expressão dela parece cortar Emily ao meio. Ela pula uma cadeira que estava no caminho e então volta sua atenção para frente e vê uma garrafa voando na direção de Spencer. Sem pensar nas consequências Emily se joga para a direção da amiga e a empurra com o peso de seu corpo. Spencer cai no chão e um barulho forte de vidro se espedaçando ecoa dentro de sua cabeça. Algo parece ter se quebrado. A dor forte na cabeça volta a tirar a atenção de Emily e as lembranças se vão. Ao abrir os olhos Jenna está a sua frente encarando-a com preocupação.

 

— Você está bem Em? — a mão tocou dela tocou os fios em seu pulso e seguiu até a palma de sua mão. O coração de Emily pulsou forte o calor alcançou seus braços e parou no coração. Ela tentou puxar o ar para organizar os pensamentos.

 

— Sim — respondeu sinalizando com a cabeça. Jenna pareceu aliviar-se com a informação e sentou na ponta da cama. Emily ainda sentia-se perdida em meio a tanta confusão mental — Onde está todo mundo? E as meninas?

 

— Elas foram atrás da Alison, parece que ela descobriu onde a Sophie está escondida.

Emily estava animada e ao mesmo tempo indignada, lembrar que Sophie teve a coragem de tentar atingir Spencer na cabeça para escapar da enrascada em que havia se metido. Não era assim que ela lembrava da menina. Sophie era doce e cheia de energia, uma menina esperta e inteligente. Por quais razões se meteria nisso? Tinha que ter uma boa razão. Ela não era assim. Não era assim que se lembrava da menina. Jenna passou os dedos pelos cabelos de Emily jogando para trás da orelha com delicadeza.

 

— No que está pensando? — questionou.

 

Emily demorou em responder pensando se seria mesmo bom falar a verdade. Ela olhou para a janela atrás de Jenna e um pássaro amarelo com asas amarronzadas pousou na beira do peitoral. Sua cor favorita era amarela, isso era um sinal. Ela contaria a verdade.

 

— Acho que Sophie pode estar sendo manipulada — disparou. A face da mulher a sua frente se esbranquiçou, a boca abriu pronta para criar um discurso contrário aquela opinião. Ela desistiu, porém, em seguida voltou a puxar o ar para contestar.

 

— Emily, não vamos entrar nesse mérito. A Sophie já mostrou do que é capaz, para nós duas quando jogou aquela garrafa na direção da Spencer. Você poderia ter morrido! Ela nem ao menos se importou em voltar para perguntar como estava. Você cuidou dela, apoiou, passou noites ouvindo suas lamúrias de puberdade e é assim que ela agradece.

 

O fio que passava pela frente da garganta pareceu querer sufocá-la e Em remexeu-se sobre a cama inclinando o corpo para frente.

 

— Não acredito que pense isso dela, Jenna. Ela é nossa filha! Como pode pensar algo tão ruim dela sem nem ao menos questionar as razões por trás.

 

— Como não pensar? — retrucou indignada. — Minha filha pode ter sequestrado uma criança e quase matado a mulher que mais amo neste mundo. O que espera que eu faça? Passe a mão na cabeça dela?

 

— Que tipo de mãe abandona um filho assim tão rápido? — Emily se excede levantando a voz para Jenna. O aparelho de medição da pressão apita alto e estridente fazendo as duas se assustarem ao mesmo tempo.

 

— Ah meu Deus! Está vendo? Eu disse para não falarmos sobre esse assunto.

 

Emily fecha a expressão imediatamente e vira-se de frente para a parede, sentindo a irritação tomar conta de seu corpo. O bip da pressão pareceu ficar mais alto do que antes. Jenna levantou e correu para fora do quarto chamando atendimento médico. Porém, Emily não queria atendimento. Ela estava se sentindo bem, estava apenas irritada, ou melhor, indignada com a forma como Jenna pode se desfazer de Sophie tão rápido. Suas narinas inflavam a medida que sentia-se mais chateada. O barulho da porta do quarto abrindo fez com que Em olhasse no reflexo, mas não foi com Jenna que ela se deparou. Era Vivian. A mãe de Jenna.

 

— Como está a nossa doentinha? — disse enquanto se aproximava com o mesmo sorriso falso de quando invadia o café da manhã para insistir em Sophie faltar a escola. A menina estava apenas no primeiro ano. Vivian fazia isso mesmo sabendo o quanto Jenna desaprovava esse comportamento e como Emily lutava para fazer de Sophie uma criança aplicada.

 

A mulher parou a beira da cama e deliciou-se com a visão de Em entubada e cheia de restrições. Dava para perceber na forma como os olhos dela brilhavam de empolgação. Emily forçou um simpatia desagradável.

 

— Vivian.

 

“Que saco!”, ela pensou enquanto se deitava na cama tentando ignorar ao máximo a presença desagradável.

 

— Pensei que estaria em coma, diante do desespero da minha filha quando me ligou. — debochou — Jenna é tão exagerada!

 

Emily deu uma riso forçado, empurrando o ar para fora das narinas.

 

— Para sua infelicidade eu ainda estou bem, sogrinha.

 

Vivian se aproximou mais de Emily sem desfazer a expressão falsa-amiga de sua face.

— Emily, eu fiquei preocupada. Por que não acredita em mim? Não sou a fã número um de minha Jenna se tornar sapatão, mas também já tive que engolir você como parte da minha família.

 

“Que mulher mais ignorante”, ela deu de ombros. A aprovação de Vivian nunca significou muita coisa, afinal. Um médico entrou na sala e Jenna veio em seguida. Vivian abraçou a filha e lamentou veemente pelo ocorrido. Era lamentável como uma mãe era capaz de ser a pior das bruxas e ainda assim se fingir de sonsa para a filha. Em tentou não notar as duas conversando, porém, era impossível ignorá-las quando estavam gritando em seus ouvidos. O assunto pareceu mais interessante quando começaram a citar Sophie. Havia um brilho no olhar de Vivian ao acusar a neta.

 

Emily se remexeu desconfortável com a vontade de contrariá-las.

 

— É inaceitável que a Sophie se porte dessa maneira. Que tipo de educação deu a ela, afinal, Jenna? — acusou.

 

Jenna encolheu os ombros envergonhada. O médico pigarreou indicando que o tom da conversa estava atrapalhando seu trabalho, mas nenhuma delas deu atenção. Em podia sentir seu rosto corar de vergonha. O médico chamou a atenção, desta vez dela, pedindo que estendesse o pulso para a medição. Ele tentou fazer a contagem, mas sua concentração era desviada para a conversa das mulheres presentes. Emily queria dizer que ele não era o único curioso. Ela também queria saber onde esse assunto ia dar e estava quase caindo da cama de tanto esticar o pescoço para o lado na tentativa de ouvir melhor os sussurros quando captou uma pequena parte do assunto:

 

— Mãe, como eu poderia saber? Ela sempre foi uma criança tão doce… — Sussurrou Jenna olhando para a mãe.

 

— Com certeza você deve ter notado algo, foi falta de atenção deixar chegar a esse ponto.

 

— Está insinuando que eu não tomo conta da minha filha direito? — indignou-se.

 

— Claro que sim! Agora o que mais pode acontecer? Ela vai virar alcoólatra e sequestrar  alguém? — o deboche fez a voz soar mais aguda que o normal — Sophie deveria ser mandada para um internato. Só assim vai aprender.

 

— Internato? — gritou Emily.

 

Vivian a enforcou-a com o olhar.

 

— As senhoras poderiam aguardar do lado de fora do quarto, POR GENTILEZA? — falou o médico já irritado.

 

Jenna foi delicadamente empurrada para fora da sala ignorando os chamados desesperados de Em para que permanecesse. Isso não podia estar acontecendo, Emily e agitou na cama quando viu Jenna cruzando a porta, o olhar entristecido da mulher mostrava a tristeza de cogitar a possibilidade de acatar ao conselho da mãe. Emily tentou chamar pela namorada em vão. A agonia crescendo em suas entranhas. A pressão estalava em suas veias tão forte que podia sentí-la sem a ajuda do médico. O coração disparado. Ela olhou para a janela do quarto trancada embaçada pela chuva que acabara de começar a cair, depois para o médico a sua frente. Ele mexia os lábios, mas o som não saía. Tinha algo errado. Ela tinha ficado surda? tentou concentra-se nos movimentos da boca do homem a sua frente. Tinha ficado mais quente ou era o nervosismo fazendo-a suar litros na testa e na parte de trás da nuca? Um movimento atrás do homem chamou a atenção de Emily e ela notou o médico se afastar até uma prateleira com tubos de ensaio e materiais de higiene descartáveis e então o corpo robusto e decidido de Vivian esgueirar-se até onde ela estava. Queria gritar, um pavor corria seu corpo clamando por socorro só que não conseguia. As mãos e as pernas não se mexiam. Pelo olhar periférico viu o médico ainda de costas preparando uma seringa. Vivian foi até Emily rodeando a cama do hospital e aproximou os lábios do ouvido dela para sussurrar. Seu corpo petrificou-se quando ouviu as palavras da mulher:

 

— Emily — os lábios roçaram a orelha dela desenhando as letras — Não terá a mesma sorte da próxima vez.

 

Ela não teve chance de entender o sentido da frase, pois, de repente, um estalo ecoou o ambiente e a máquina presa em seu pulso foi desligada. Uma dor aguda estalava no peito, o ar faltava, os pulmões desesperados em busca de ar e a dor só aumentava. A pressão, lembrou Emily. Aquela máquina estava injetando um remédio para controlar a pressão alta dela. O quarto começou a ficar turvo, a figura de Vivian foi desvanecendo a sua frente a medida que o mal estar ia se intensificando. Emily piscou para tentar enxergar melhor, mas era tarde demais. Quando abriu os olhos Vivian não estava mais no quarto. Os sons a sua volta começaram a sumir também até perder os sentidos. Assim que Doutor Reimond terminou a preparação para a injeção virou para a cama e se deparou com Emily desmaiada. Ele correu até a porta do quarto olhou para o corredor vazio e gritou Melanie, a enfermeira, para preparar uma vaga no CTI. Voltou depressa para a cama e religou a máquina. Pegou o pulso de Em e apertou sobre as veias. Estavam fracas, mas ainda dava para sentir o leve tamborilar na ponta dos dedos.

 

— Vamos Emily! Vamos! Você consegue garota.
 

O silêncio da sala de espera foi brutalmente cortado pelo grito do médico que cuidava de Emily fazendo Jenna saltar da cadeira. Vivian saiu para pegar um café no corredor de onde ficavam os quartos e ainda não tinha regressado. Uma enfermeira correu em direção aos elevadores e logo um amontoado se formou ao redor dela. Um faxineiro, uma técnica de enfermagem subiram pelo elevador e a mulher voltou até a recepção. Jenna sentiu o nó em sua garganta ficar cada vez maior. Ela viu a recepcionista digitar algo no computador então dizer:

 

— Mudança de quarto para Emily Fields confirmada.

 

Não podia ser. Emily estava ótima ha poucos minutos como podia ter piorado de uma hora para a outra? Ela foi até a enfermeira e a cercou no balcão.

 

— Hey, o que houve com a Emily? — perguntou atropelando as palavras.

 

A enfermeira tentou se esquivar e sair, mas foi interceptada novamente.

 

— O que houve com a minha namorada? — aumentou o tom de voz.

 

Melanie endireitou a postura e uniu as mãos a frente do corpo.

 

— Ela será transferida para o CTI, senhora. — houve um momento de silêncio — Sinto muito...

 

Mais uma contagem, Dr. Reimond olhou para a máquina que acabara de inicializar gerando a medição exata da paciente.

 

— Nove por um — falou para si mesmo dando tapas leves no pulso dela — Vamos ter que apelar um pouco, menina.

 

Ele voltou a pegar seringa que havia finalizado, colocou as luvas e jogou esterilizante nas mesmas esfregando uma mão na outra. Uma fita de borracha foi amarrada no braço da paciente então a seringa despejou o remédio na veia de Emily. O Doutor aguardou ao lado da cama até que ela reagisse.

 

Jenna sentiu o seu mundo estremecer uma vez mais quando viu a movimentação no corredor que dava para o quarto de Emily. Uma maca vazia atravessou a recepção indo em direção ao quarto e retornou com uma Emily esmaecida e pálida. Havia tubos em seus braços e a técnica de enfermagem que viu descer pelo elevador segurava o suporte que alimentava os tubos acompanhando a movimentação. Marshall levou as mãos á cabeça em desespero. Uma pergunta martelava em sua mente como um presságio ruim.

“Como isso tinha acontecido tão rápido?”

 

Ela tentou concentrar seu raciocínio e não chorar. Lágrimas não a ajudariam a restabelecer sua vida inteira. Precisava pensar e não se entregar de uma vez. Noel não queria mais saber dela e não estava preocupado com o que acontecia com a filha. Ele tinha uma outra criança com a qual se preocupar agora, a de Alison. Sophie era responsabilidade dela, assim como Emily também. Emily. Em poderia morrer, não poderia? Afinal, o que ela tinha? O Doutor havia dito que a pressão dela estava alta e não era de hoje. Depois do incidente com Sophie na empreiteira os indicadores tinham disparado e provavelmente ela iria ter que tomar remédio controlado por toda a vida de agora em diante, mas aparentemente estava bem. A pressão estava sendo controlada através do remédio injetado direto na veia para fazer efeito mais rápido e já tinha a abaixado bastante. Era só não se expor a fortes emoções que ela ficaria bem. Ela caminhou de volta para a sala de espera sem olhar para o caminho e escorou-se na parede ao lado dos sofás e das revistas sobre saúde e bem-estar. O que seria capaz de afetar Emily dessa forma? Não foi, com certeza, a pequena briguinha delas. Era algo maior. Sua mãe foi a última a entrar no quarto de Emily. Poderia ter sido algo que ela disse sem que pudesse escutar? Algo sobre Sophie? Apenas o amor de Em por Sophie seria capaz de estressá-la dessa forma. Jenna olhou para as próprias mãos unidas sobre os joelhos. Seus dedos tamborilavam uns nos outros. Onde estava Vivian? O café ficou longe demais para ser verdade. Jenna levantou percebendo algo estalar em sua cabeça.

— Isso não é possível! — exclamou alto.

 

Enquanto caminhava em direção ao balcão de informações uma série de peças foram se encaixando em seu cérebro. O súbito grude de Sophie com a avó, as reclamações de Toby sobre as opiniões de Sophie se parecerem com as de Vivian, o “pouco caso” de sua mãe para os excessos de raiva da neta.

— Não, não, não! — falou para si mesma ao cruzar a sala. A recepcionista conversava com uma senhora de idade com cara de poucos amigos.

Ela lembrou das palavras de Emily quando estava no quarto:

 

“Acho que Sophie pode estar sendo manipulada”

 

“Que tipo de mãe abandona um filho tão rápido?”

 

Suas têmporas latejaram diante da percepção do que estava acontecendo. Ela chegou ao balcão, apoiou as mãos sobre o mármore gelado e interrompeu de forma grosseira o assunto sobre alergia a gatos da idosa. Uma única pergunta seria suficiente para confirmar suas especulações.

— Onde fica mesmo a máquina de café?

 

Podia se lembrar claramente de Vivian dizendo que pegaria café no fim do corredor minutos antes de Emily piorar seu quadro. A recepcionista girou o banco em direção a Jenna sorridente e a senhora torceu o bico em sinal de desgosto. Ela amassou os cabelos curtos avermelhados com a ponta dos dedos e inclinou-se em direção a Jenna.

 

— Está quebrada há mais de cinco meses, senhora. Tem um Starbucks muito bom na próxima quadra se preferir.


Jenna jogou a cabeça para trás e se afastou em direção a saída do hospital sem pronunciar uma só palavra. Agora o mundo parecia fazer mais sentido. Ela atravessou as portas automáticas e pegou o celular assim que conseguiu manter um mínimo de distância. Discou o número de Spencer.

 

— Alô? Spencer? — Ela estava ofegante — Eu sei quem sequestrou a Angel, nós precisamos nos reunir AGORA!



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