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História Loucuras de Agosto - Dor


Escrita por: LaraBarbosa

Notas do Autor


Oii Cupcakes <3! Antes de mais nada, quero agradecer demais a todo o amor que recebi no capítulo passado. Eu fiquei muito feliz por saber que gostaram tanto do enredo. Esse capítulo ele está mais triste, mas prometo que no próximo teremos um pouco mais de animação. Muito, muito, muito obrigada a anna__laura, Emy_Lyah, dudamsilvaa e AInconsequente pelos comentários no capítulo passado. Espero que gostem desse. Boa leitura...

Capítulo 2 - Dor


ROMANCES MENSAIS

LIVRO VIII – LOUCURAS DE AGOSTO

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CAPÍTULO I - DOR

 

Dias atuais.

Meu peito doía. Era uma dor dilacerante que cortava a minha alma e me deixava completamente sem chão. Ainda que eu soubesse que esse é o destino de todos os seres humanos, eu não conseguia aceitar que Kyle Puckett, o homem mais saudável e cheio de vida que eu conhecia, estava dentro de um caixão, prestes a ser enterrado.

Beth chorava compulsivamente agarrada ao corpo de nosso pai. Ao seu lado, eu permanecia em silêncio, em choque demais para conseguir expressar qualquer sentimento. Tudo o que eu conseguia fazer era encarar o rosto sereno do homem, que parecia estar apenas em um sono profundo.

Eu não conseguia acreditar em nada do que me diziam. Nada parecia fazer sentido. Não fazia sentido algum meu pai estar morto e menos ainda a causa de sua morte ter sido suicídio. Ele nunca faria algo assim. Por que as pessoas não entendiam isso? Por que a polícia continuava a insistir em algo tão absurdo? Por que não investigaram mais a fundo?

Overdose de remédio? Meu pai nunca faria algo assim. Ele nem mesmo gostava de tomar remédios. Assim como eu, Kyle Puckett não suportava comprimidos. Sofríamos pela dificuldade de engolir pílulas e outros medicamentos via oral. Então por que as pessoas insistiam em dizer que ele escolheu tirar a própria vida consumindo uma quantidade absurda de medicamentos? Não fazia sentido algum.

- Sammy? – Damon me chama, mas sou incapaz de responder. Ele me abraça com carinho. – Eu sinto muito, Sammy.

- Obrigada. – Sussurro em um fio de voz. Meu primo se afasta e me encara com preocupação, enquanto acaricia meu rosto com delicadeza. Ouço o choro de Beth se intensificar ao receber o abraço apertado de Elena.

- Eu vou buscar um pouco de água para elas. – Responde o rapaz, vendo o quão nervosas elas estavam.

- Por favor. – Digo, cansada e destroçada demais para conseguir dar o apoio que minha irmã mais velha precisava.

Felizmente, os outros membros da família Barton aparecem para dar um pouco de conforto a Beth. Recebo abraços apertados e palavras de consolo, que ainda que eu soubesse que eram verdadeiros, não eram o bastante para diminuir aquele sentimento terrível dentro de mim. Nenhuma daquelas palavras trariam meu amado pai de volta. Nenhum abraço substituiria o aquele calor acolhedor que somente Kyle Puckett sabia dar. Ainda assim, eu era grata pela presença da minha família.

Apesar de não carregarmos laços sanguíneos, Damon Salvatore, Elena Gilbert, Austin Moon, Barry Allen, Ben Florian, Nancy Wheeler, Oliver e Thea Queen eram a melhor família que eu poderia ter. Tendo Clint Barton como o responsável por nos unir, Beth e eu encontramos nesse grupo de pessoas estranhas e com um dom questionável para se meter em problemas, um verdadeiro lar. Por isso, mesmo sentindo intensamente pela perda de meu pai, minha irmã e eu jamais teríamos conseguido cuidar de todas as questões do velório se não fosse por eles.

Suspiro, voltando minha atenção para meu pai. Sussurros maldosos disfarçados de lamentos chegam aos meus ouvidos. Discretamente, observo as pessoas presentes na capela, que supostamente eram amigos de meu pai. Por trás de todas as máscaras de tristeza e as falsas lágrimas, eu sabia que a maior parte das pessoas naquele lugar não se importavam de verdade com o que aconteceu. Eles só queriam uma desculpa para falar mal do homem que conseguiu superar a pobreza e se tornar uma das pessoas mais influentes do país.

- Oliver, eu vou tomar um pouco de ar. Poderia cuidar das coisas por aqui? – Murmuro para meu primo, que parecia tão incomodado quanto eu ao observar o grupo de mulheres que sussurravam quase como silvos de serpentes traiçoeiras.

- Pode ir, Sammy. Acho melhor mesmo você respirar um ar mais agradável. – Responde o Queen, deixando um beijo em minha testa. – Qualquer coisa me ligue. Eu estou com o celular.

- Tudo bem. Eu não vou muito longe. – Digo, olhando pesadamente para minha irmã, que continuava abraçada a Elena, provavelmente a única pessoa ali que realmente entendia como nos sentíamos. – Beth pode precisar de mim.

- Não deixaremos que ela fique sozinha. Não se preocupe. – Afirma Oliver, dado um fraco sorriso. – E quando tio Clint chegar, eu te chamo.

- Obrigada. – Agradeço e dou uma última olhada em meu pai e em Beth antes de seguir para fora da capela.

Suspiro aliviada quando finalmente consigo sair da capela, depois de ter sido parada diversas vezes pelos conhecido que vinha prestar suas condolências. Sigo para o estacionamento próximo da capela, querendo um pouco de paz. Observo o céu nublado e fecho os olhos ao sentir uma brisa suave atingir meu rosto.

- Princess Bacon? – Abro meus olhos ao ouvir o apelido que apenas uma pessoa me chamava. Viro-me e arfo ao ver Natasha Romanoff atrás de mim com um sorriso amoroso em seus lábios e os olhos esverdeados brilhando com preocupação.

- Tia Tasha! – Corro até a ruiva, abraçando-a com intensidade.

Natasha Romanoff é uma agente da CIA e ex-namorada de tio Clint. Apesar de ter convivido pouco tempo com ela, a mulher se tornou uma figura feminina importante para todos os membros da família Barton. Quando ela foi embora há dez anos, logo após o término repentino com tio Clint e a morte precoce de Sara Hopper - uma de nossas primas que lutou durante anos contra a leucemia -, foi como se tivéssemos perdido o chão. Não foi fácil enfrentar a perda de duas pessoas importantes para nós.

- Oi meu amor. – Ela sussurra, apertando mais os braços em volta de meu corpo. – Eu lamento tanto, Sammy.

- Eu também. – Sussurro, sentindo aquele nó aumentar em minha garganta.

A agente suspira com tristeza e passa a me conduzir pelo estacionamento em silêncio. Completamente perdida em lembranças que traziam tanta dor, nem mesmo percebo quando encontramos um banco para nos sentar. Volto a encarar o céu de Hawkins, tentando lidar com aquela dor e o vazio que eu sentia. Era como se tivessem arrancado uma parte importante de meu coração. Meu herói havia ido para longe e não voltaria mais.

Desvio o olhar para encarar a ruiva ao meu lado, que me observava compadecida. Ela entrelaça seus dedos aos meus e vejo toda aquela segurança materna que somente ela era capaz de transmitir. Eu realmente sentia falta da mulher que eu tinha como uma mãe.

- Por que permaneceu dez anos longe? – Indago, sem conseguir esconder a mágoa em meu tom de voz. Natasha suspira e me encara com a culpa presente em seus olhos. – Por que foi embora?

- Por mais clichê que possa parecer, eu precisei ir para proteger vocês. – Responde e eu bufo, inconformada. – Se eu permanecesse, vocês ficariam em perigo. Sinto muito por ter partido, Sammy. Mas acredite em mim, eu nunca estive realmente longe. Da minha maneira, eu estava presente na sua vida e na de seus primos. Kyle sempre me contava sobre os acontecimentos de suas vidas. Eu assisti a sua formatura do ensino médio e da faculdade. Vi você transitar da fase rebelde e se tornar essa adulta responsável e trabalhadora que você é. Eu tenho muito orgulho da mulher que você é e Kyle também tinha. Ele te amava muito e sei que não importa onde ele esteja, nunca deixará de cuidar e proteger a gulosinha dele.

Suas palavras atingem um ponto delicado em mim e quando dou por mim, as lágrimas que eu tanto prendiam, molham o meu rosto sem qualquer controle. Retiro os óculos de sol que usava e me encolho, sentindo a dor se intensificar em meu peito ao relembrar todas as vezes que meu pai me chamava de gulosinha com aquele sorriso divertido e os olhos azuis brilhando em amor. Eu nunca mais o veria e isso é tão... injusto.

- Por que isso aconteceu, tia Tasha? Por que ele se foi? – Indago, sentindo toda a revolta me consumir. A raiva se misturava a tristeza e me choro se intensifica ainda mais. – Isso não deveria ter acontecido! Ele... ele...

- Oh, meu amor... – E ela me abraça apertado, tentando transmitir todo o apoio que eu precisava naquele momento. Eu me agarrava a seu corpo, esperando que toda aquela angústia saísse de meu peito. – Coloque tudo para fora. Vai te fazer bem.

- As pessoas estão mentindo, tia Tasha. Meu pai jamais cometeria suicídio. – Digo, afastando-me da agente, que me encara com atenção. – Ele estava fazendo inúmeros planos para expandir a empresa. Como ele poderia ter simplesmente tirado a própria vida? Não faz sentido! Alguém deve ter feito alguma coisa com ele, porque.... porque... ele era um homem bom! As pessoas sempre tiveram raiva da bondade e o senso de justiça dele. Eu tenho certeza de que armaram a morte dele! Essa é a única explicação! Eu preciso encontrar quem fez isso com ele, tia Tasha!

- Sammy, fica calma. – Pede tia Tasha, vendo que eu estava tendo dificuldades para respirar com toda aquela carga de sentimentos negativos assumindo o controle do meu coração. Respiro fundo alguma vezes, mas ainda sentia meu corpo tremer e aquele aperto no peito. – Eu vou pegar um pouco de água para você. Espere um pouco.

A agente da CIA segue para a capela de maneira apressada. Passo a mão pelo rosto, tentando parar as lágrimas, que caiam sem controle. Eu odiava chorar. Eu odiava mais ainda demonstrar o quão fraca e vulnerável eu era. Eu queria meu pai de volta. Queria ouvir suas piadas sem graça que de alguma forma nos fazia rir. Queria ouvir novamente suas broncas pelo meu temperamento explosivo e seu olhar orgulhoso todas as vezes em que eu mostrava uma nova conquista para a nossa empresa.

Inspiro fundo e solto o ar lentamente algumas vezes. Eu não podia fraquejar agora. Beth precisava de mim. Eu tinha que ser forte. Principalmente agora que somos somente eu e ela. E lembrar disso me faz levar a mão ao pequeno relicário de coração que tinha em meu pescoço. A única lembrança que tenho da minha mãe.

Eu não cheguei realmente a conhecê-la. Ela passou por uma gestação complicada e morreu durante o meu parto. Foi uma perda e tanto para Beth e meu pai, que precisou superar a dor e criar duas garotas sozinho. Mesmo Beth não sendo sua filha biológica, ele não pensou duas vezes antes de adotá-la e garantir que nada faltasse a nós.

Com muita dedicação, ele construiu um império no setor alimentício, enquanto fazia de tudo para que Beth e eu nunca nos sentíssemos sozinhas. E era exatamente por isso que eu o admirava tanto. Ele era forte, determinado, amoroso e honesto. E eu esperava um dia ter um terço da sabedoria e gentileza dele.

Observo as fotos em meu relicário. Uma de minha mãe grávida com Beth ao seu lado e meu pai a abraçando. Ela era linda e sorridente. Na outra foto, meu pai estava comigo em seus ombros, enquanto segurava a mão de Beth quando ainda éramos crianças. Nós sorríamos e mostrávamos o quanto éramos felizes.

Escondo o relicário mais uma vez e suspiro, assistindo mais pessoas aparecerem para o velório de meu pai. No entanto, uma cena estranha chama a minha atenção. Ao longe, vejo tio Hugh puxar um homem de estatura baixa pelo braço em direção a floresta que rodeava a capela, parecendo furioso, enquanto olhava para os lados, provavelmente preocupado que alguém os notasse.

Tio Hugh sempre foi um homem misterioso para mim. Mesmo sendo vice-presidente das Corporações Puckett e meu tio materno, eu não conseguia confiar nele. Ele emanava uma aura meio maligna e a forma como ele encarava meu pai sempre me dava arrepios. Talvez fosse por isso que não perdi tempo em os seguir, tomando cuidado para não ser pega. Meus instintos me diziam que ele estava aprontando alguma coisa.

Por estar afastada, não conseguia entender o que eles conversavam, mas era nítido que discutiam de forma nada amigável. Aproximo-me com cautela, olhando em volta para ter certeza de que não chamava atenção. Não seria bom se alguém acabasse revelando a minha localização. Escondo-me atrás do tronco de uma árvore que estava perto dos dois homens e passo a ouvir a conversa.

- Eu não quero saber, Jeremy! Eu te disse que depois de cumprir com o trabalho, você deveria desaparecer da cidade! – Meu tio agarra a gola do homem e o encara de forma ameaçadora.

- Isso foi antes de descobrir que Kyle Puckett é amigo de Clint Barton. Eu preciso de mais dinheiro! – Explica o tal Jeremy, empurrando meu tio. Prendo minha respiração ao ouvir o nome de meu pai ser dito pelo homem. – Clint é um homem perigoso, Hugh.

- Isso não é problema meu. Você deu o seu preço e eu paguei. Agora se vira. Desapareça do mapa e esqueça que eu existo. – Retruca tio Hugh, dando de ombros. Ele se afasta do outro homem e abre um sorriso satisfeito. – Finalmente terei o controle da empresa.

- Você foi o mandante da morte de Kyle. Acha mesmo que Clint vai deixar isso barato quando descobrir? – Afirma Jeremy, soando de forma ameaçadora. Tio Hugh se vira para o homem e o encara com ironia.

Aquela informação me atinge como um furioso golpe em minha face. Eu sempre senti que meu tio nunca foi verdadeiro com meu pai, mas mandar matar uma pessoa era crueldade demais, ainda mais alguém que o ajudou tanto. E assim, tomada pela fúria, saio de meu esconderijo, fazendo os dois homens me encararem surpresos.

- Você matou o meu pai? Como você teve coragem? Desgraçado! Você vai pagar caro por isso! - Avanço contra meu tio, desferindo socos intensos contra ele.

- Pare-a! – Ordena meu tio ao homem, enquanto tenta fugir de mim.

Sinto os braços de Jeremy me rodearem, mas ele não é forte o bastante para me conter. Por isso, empurro-o com todas as minhas forças e volto a bater no maldito que tinha tirado meu pai de mim. Em meios as lágrimas, eu golpeio o rosto de meu tio diversas vezes. Ele gritava e tentava me afastar, pedindo ajuda.

- Jeremy! Faça alguma coisa! – Grita Hugh mais uma vez, segurando meus braços para tentar me parar. Puxo meus braços e levo minhas mãos ao pescoço dele, completamente tomada pelo ódio. Eu queria matá-lo e provavelmente teria o feito se não tivesse sido golpeada na cabeça.

Atordoada, caio no chão, sentindo minha cabeça latejar e minha visão ficar turva. Levo minha mão ao local atingido e vejo o sangue sair do ferimento. Ao olhar para lado, encontro um pedaço de madeira que imaginei ter sido usada para me bater. Jeremy e tio Hugh conversam, mas suas vozes ecoam de forma estranha de forma que eu não conseguia entender nada do que diziam.

- Samantha Puckett. – Meu tio agarra meu queixo e me obriga a encará-lo. Seu rosto estava completamente machucado pelos meus ataques e com isso acabo sorrindo satisfeita. Irritado, ele dá um forte tapa em meu rosto, fazendo com que eu caísse novamente. – Você é irritantemente parecida com a idiota da sua mãe.

- Você... vai... pagar... – Sussurro, tentando me levantar, mas recebo um chute em minha barriga, que me faz ficar sem ar. O mundo ao meu redor ainda girava e eu sentia minhas forças se esvaírem aos poucos.

- O que fazemos com essa maluca, Hugh? – Questiona Jeremy e eu tento me levantar mais uma vez, mas acabo caindo ao sentir meus braços perderem as forças. – Nós a matamos?

- Não. Ainda não. – Responde Hugh, puxando-me pelo cabelo. Mordo meus lábios para não permitir que nenhum som de dor saia de minha boca. Eu não daria esse gostinho ao perverso homem. Ele então esboça um sorriso maldoso e aproxima o rosto do meu. – A morte seria muito fácil para ela. Além disso, eu ainda preciso dela para conseguir o controle completo das Corporações Puckett.

- Desgraçado. – Cuspo no rosto de Hugh, sentindo toda a raiva me consumir. Ele limpa o cuspe e dá um falso sorriso amável. – A empresa... nunca... será sua.

- Isso é só uma questão de tempo, minha querida sobrinha. A única coisa que me impede é a droga do testamento do idiota do seu pai. Mas eu darei um jeito nisso. – Responde Hugh, puxando cada vez mais o meu cabelo. – Até lá, acho eu vou te deixar em um lugar que combina perfeitamente com você. Eu tenho certeza de que você vai amar. Enquanto isso, tenha uma boa noite de sono, minha querida.

E no momento em que eu responderia a sua provocação, recebo um forte soco em meu rosto, caindo no chão logo em seguida. Tento me manter acordada, mas aos poucos, entrego-me a inconsciência. E a última coisa que consigo pensar é que não importava para onde Hugh me levaria, eu retornaria para Hawkins e definitivamente me vingaria ou eu não me chamo Samantha Joy Puckett.


Notas Finais




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