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História Louder! (5) - Part 6


Escrita por: Hawliet

Notas do Autor


Heya! Advinha quem tá de aniversário hoje? Isso mesmo, o Dimash (eu também, mas o dele é mais importante).

Ditado do dia: "o aniversário é meu, mas o presente é de vocês". E porque todos precisamos de mais momentos macios para dabihawks. E minhas limonadas são bem fracas, então tá mais pra água com açúcar.


Sobre a bomba das minhas notas finais no capítulo passado, eu diria que foi o capítulo 272. Ser Hawks e Aizawa stan tá sendo doloroso demais pra mim. Mas seguimos da fé.

Obrigada, Kim por me ajudar com o capítulo. Eu te amo, boss bitch <3

Música (principal): Get Free, Lana Del Rey (sério, eu acho essa música bem a cara deles)

Capítulo 7 - Part 6


Fanfic / Fanfiction Louder! (5) - Part 6

 

8 dias antes.


 

Touya tinha acabado de retornar da cozinha com duas taças na mão, quando encontrou Keigo parado na varanda. Ele estava escorado na porta, com os braços cruzados, olhando para o lado de fora. A vista era linda, e Touya sentiu que poderia ficar dias apenas o contemplando daquele jeito. Mas, embora não visse a face do loiro, conseguia notar a tensão no corpo dele, sabia que Keigo estava com um semblante triste no rosto e o moreno não gostou de notar aquilo. Foi quando teve a ideia de ir até o aparelho de som da casa, onde colocou um disco com músicas aleatórias, das quais Keigo gostava. 

 

Finalmente, estou atravessando o limite do mundo comum para a revelação do meu coração

Sem dúvida, isso certamente irá tirar os mortos do mar e a escuridão das artes

 

Quando o som começou a soar pela casa, Keigo instantaneamente sorriu. Ele se virou, encontrando o sorriso sutil de Touya, aquele genuíno que tornava tão encantadora a face do amado. Touya estava parado com a mão estendida para que o outro se aproximasse e pegasse-a.

— É melhor ser rápido, antes que eu desista, passarinho.

E foi nessa hora que Keigo se aproximou, juntando sua mão com a do moreno, na qual este a puxou, os levando para a parte externa, e em seguida, unindo os dois corpos, enlaçando a cintura de Keigo e dando início a uma dança lenta. Novas ondas de sentimentos mergulhavam dentro deles, sobre uma nova perspectiva. Não havia dor, mesmo seus corações queimando por dentro. Somente a névoa congelada de cinzas.

 

Este é o meu compromisso, meu manifesto moderno

Estou fazendo isso por todos nós que nunca tiveram a chance

 

Por mim… e por você…  — Keigo cantou em sussurro, olhando fundo nos olhos turquesa. — Quando estamos dançando, sinto como se meu corpo pudesse voar daqui para qualquer lugar. — Keigo confessou.

Touya prendeu a atenção de Keigo, encarando-o profundamente nos olhos.

— Em alguns dias… nós dois voaremos de verdade.

Keigo sorriu e Touya o girou. Quando voltaram a ficar de frente um para o outro, Keigo encostou-se mais a Touya, roçando o nariz no peito dele e subindo lentamente até a nuca, com a finalidade de provocá-lo. Sorriu ao perceber que estava conseguindo, pois notara a pele do outro esquentando. 

 

E todos os meus pássaros do paraíso que nunca puderam voar à noite

Porque eles foram apanhados em seus esconderijos.

 

Naquele momento, o jardim era o salão de festa dos dois, as plantas, mesmo cobertas de neve, representavam as flores decorativas do evento especial e os animais eram a orquestra, cantando ritmados. E enquanto estavam ali, dançando, rindo e se abraçando, os corpos se provocando, entre olhares e sorrisos; novas memórias dançavam também sobre suas cabeças, em excitamento, lembranças de tantos momentos que compartilharam juntos até chegarem naquele momento. Acima deles, a lua cheia brilhava, tão perfeita em seu céu vibrante de estrelas, onde a noite lhes jurava amor eterno. 

— Eu quero que você saiba que o que eu puder fazer para mantê-lo vivo, eu farei. — Touya confessou seriamente.

Keigo sorriu. Doce e sutil.

— Não faremos os dois? 

O moreno não respondeu mais nada.

 

Às vezes, parece que tenho uma guerra na minha mente

Eu quero sair, mas eu continuo seguindo em frente

Eu nunca percebi realmente que eu tinha que decidir

Entre jogar o jogo de alguém ou viver minha própria vida

E agora eu percebi que vivo, eu quero mudar

Fora da escuridão... 

 

Fora da escuridão! — Keigo gritou junto com a cantora.

 

Em direção ao desconhecido.

 

Em direção ao desconhecido. — Touya murmurou, também cantando com ela. 

 

E então, a música parou. E o tempo havia parado junto. Não existia nada mais no mundo senão os dois, e toda a magia daquele momento. Keigo poderia continuar dançando para sempre nos braços de Touya. Mesmo em silêncio. E ele continuou. Descontraiu-se, abandonou-se inteiramente a ele e, dentro em pouco, sentiu a sua dureza masculina contra as coxas. Abriu os olhos e viu nos olhos de Touya algo que nunca vira antes, uma urgência e uma necessidade que também eram reflexos do que Keigo estava sentindo.

— Quer descansar? — Sussurrou no ouvido do loiro.

Touya  notou que Keigo ficou um pouco rígido, parecendo zangado, e então ele murmurou em seguida:

— O que há, passarinho?

— É só… você não parece que entendeu qual a minha necessidade. Eu não quero descansar. 

Touya sorriu ladino.

— Mas você sabe, eu estava prestes a oferecer um bom lugar pra você se sentar.

Keigo enrubesceu. Porque Touya o atingira no centro do peito. Ou do ventre. Mas não tardou para Keigo trancar seus brilhantes olhos dourados nos cintilantes de Touya. O loiro substituiu a expressão de outrora por um sorriso brincalhão no rosto. Estava frio, mas havia muito calor circundando em torno deles, dentro deles, em suas respirações. Além de paixão e luxúria. 

Touya inclinou o rosto, roçando os lábios nos do outro, depois se moveu em direção ao pescoço de Keigo, beijando a mandíbula, antes de descer até a clavícula. Ele lambeu lentamente de volta para a linha do queixo do loiro, tomando um tempo para mordiscar suavemente a pele macia. Ele amava quando suas marcas ficavam lá. 

— Foda-se! Isso está ficando demais. 

— Não, não, querido. Foda-me. Tudo que eu quero é o seu pau em mim. Está claro o suficiente pra você agora? — Keigo piscou um olho.

O pênis do moreno se contraiu com força em sua calça e uma névoa percorreu em sua mente. Uma névoa de luxúria, em grandes ondas de prazer.

— Desde quando sua boca se tornou tão suja? O que diabos te ensinaram naquela casa?

Keigo gargalhou, antes de puxar o moreno pela nuca. 

— Vem aqui, me dá a sua língua pra limpar minha boca suja então, meu garoto mau. 

— É sério isso? Você nem bebeu o vinho todo. 

— Estes podem ser nossos últimos dias de vida. Você acha mesmo que eu não gostaria de vivê-lo intensamente? 

— Ah! Vivê-lo intensamente, traduz-se, “foder intensamente”?

— Foder intensamente. — Keigo confirmou, sem hesitar.

Os dois já estavam exaustos de segurar a vontade alucinante, precisavam preencher aquele espaço vazio dentro eles, depois de tanta provocação e tempo separados. E então, nem cinco minutos depois, Touya estava pressionando Keigo contra a parede do quarto, os lábios apressados se encontrando em um beijo urgente, as duas línguas brincando uma com a outra. Com a fricção dos dois corpos, ambos gemeram, Keigo passando um braço em volta do pescoço do moreno, Touya descendo as mãos pelas costas do outro, até deslizar para agarrar a bunda dele, fixando-as firmemente ali. Keigo gritou quando o moreno o ergueu do chão, as pernas automaticamente envolvendo a cintura do outro, agarrando-se para se equilibrar.

— Eu não te deixarei cair, passarinho. — Touya falou, e enterrou o rosto no pescoço de Keigo, deslizando a língua pelos pontos sensíveis, pressionando seu corpo cada vez mais contra ele. — Seu corpo é bem leve.

Keigo não conseguiu responder, porque antes disso, Touya o jogou na cama e em seguida, estava arrancando suas roupas. Havia um desespero terrível na forma como ele retirava completamente as peças.  O moreno abriu as pernas de Keigo, deixando rastros de chupões por toda extensão das pernas dele, depois subiu, passando a ponta do nariz ao longo das coxas, a língua quente deslizando pela pele, marcando-a, aumentando a ansiedade de Keigo.

Quando a ponta da língua de Touya tocou em seu pênis,  absorvendo tanto a saliva quanto o pré-gozo, Keigo sentiu como se sua alma tivesse saído do corpo direto para outro universo.

— Touya, por favor... — o loiro implorou.

E sem mais delongas, o moreno começou a chupá-lo, sua língua movendo-se com avidez, deslizando na umidade entre o membro duro do outro. Keigo sentiu seus músculos ficarem tensos e arriou, num gemido alto, cravando suas unhas nos lençóis brancos de seda. Ansiando em mais contato, ele puxou ainda mais a cabeça de Touya com as pernas, pressionando-a entre suas coxas. Não acredito que vou gozar tão depressa. Pensou. E logo depois sentiu os espasmos, conforme ondas de prazer tomavam conta de seu ser, e Touya engoliu tudo, parecendo um animal desesperadamente faminto. Havia um reconhecimento muito familiar em tudo que vinham fazendo juntos, mas naquele momento, a sensação era ainda mais forte. Touya queria possuir cada ponto de Keigo que pudesse alcançar. O queria todo e completamente para si, suprindo todo o desejo que sentia por ele.

No instante em que o orgasmo de Keigo acabou, o moreno arrancou a própria calça e ajustou-se na cama de forma que pudesse encarar o outro. E na luz que entrava pela janela, Touya o absorveu, os cabelos dourados espalhados pela cama, os belos olhos, agora dilatados e todo o rubor da face tão delicada. Keigo era estonteante e tirava-lhe o fôlego. E o loiro olhou de volta dentro dos olhos turquesa de Touya, encontrando excitação, tesão, luxúria e algo quase animalesco e selvagem. Aquela aura perigosa que o fascinava.

Touya pegou o corpo menor e virou-o rápido,  fazendo o loiro rir da pressa. O moreno o beijou na nuca. Então, logo depois começou a prepará-lo com os dedos.

— Você sabe que pode pular as preliminares. — Keigo falou.

Com um sorriso lascivo na face, e sem mais conversas, Touya começou a penetrá-lo, percebendo as feições de Keigo, as quais revelavam o quão doloroso estava sendo, mesmo que o moreno estivesse indo devagar. Touya levou a boca ao rosto do loiro e o beijou novamente, carinhoso e lento, enquanto forçava seu membro cada vez mais fundo para dentro do outro. Até seu pênis faminto satisfazê-lo total e finalmente.

— Não era isso que você tanto queria? — Keigo gemeu em resposta, o que fez Touya rir ainda mais, satisfeito com a reação do loiro. — Vamos ver até onde você aguenta.

Touya lutou contra a necessidade absurda de foder Keigo com força, como tanto seu corpo exigia. E a dor inicial para o loiro foi absurda, principalmente pelo fato dos dois não fazerem sexo há bastante tempo. Mas para Touya, vê-lo se esforçando tanto para suportar a dor, ainda mais após tê-lo provocado tanto, só o deixava mais excitado e desejando mais e mais possuí-lo. O moreno despejou alguns beijos molhados nas costas do outro, onde antes havia asas. Era a primeira vez que o tocava sem elas. Quando notou que Keigo ficara tenso, passou a estimular o membro novamente desperto do loiro, o que acabou de fato aliviando o momento e substituindo a dor terrível que  Keigo sentira, por um prazer absurdo.

Keigo grunhiu, sentindo as estocadas que o moreno investia dentro dele, os quais eram recebidos como uma injeção de impulso por Touya. Os gemidos foram se tornando mais altos, a medida em que o mais novo era dominado pelo prazer, movendo-se sensualmente, movimentando seu corpo para cima e para baixo, como sinal para que Touya o estocasse com mais força. 

— Acho que você me subestima, querido. — Keigo disse, surpreendendo o moreno que diminuiu o ritmo apenas para entendê-lo. — Eu quero que você venha com tudo.

E Touya obedeceu, porque ele estava ali de bom grado para seu passarinho faminto pelo seu pau. Touya estocou-o forte, escutando o loiro gemendo seu nome várias vezes. Porque nada melhor para Keigo do que o corpo quente de Touya por cima do seu. Ou como ele preferisse. Não havia de fato tempo para preliminares. Keigo só queria senti-lo.

— Porra! Você ainda é tão apertado, passarinho. 

Keigo estava completamente entregue ao moreno. É assim que o sexo deve ser. E o amor também. O ex-herói pensou, enquanto seu corpo era dominado pelas melhores sensações. Keigo também sentiu que daquela vez era diferente. Eles não apenas faziam sexo. Aquele momento estava regado a muito desejo, tesão, necessidade de sentir o amor, por mais que não dissessem abertamente. O aperto no peito foi involuntário. O aperto que tornava tudo ainda mais real, muito mais perigoso e lascivo. 

E no fundo, Keigo sabia que Touya compartilhava daquele mesmo sentimento. Além da dor ao pensar que em alguns dias, tudo estaria acabado. Mas nada disso importa agora. Nada mais terá importância. Pois acima de tudo, havia o desejo mais forte de estarem juntos, de expurgar aquela dor com uma outra. Aquela que proporcionava o prazer absurdo que ambos compartilhavam quando quase podiam sentir que se tornavam um só. Uma dor luxuriante que os deixava inebriados no torpor de seus corpos e respirações, unidos, reafirmando o amor proibido. O “eu te amo” não dito em palavras pôde ser compreendido nos olhos dos dois. Dentre o brilho intenso, todo o sentimento avassalador que não poderia jamais ser traduzido de outra forma que não fosse amor. 

E ali, Keigo não tinha mais noção de nada, entregue as incríveis sensações que se espalharam por todo o seu corpo. Touya também se perdeu no movimento. Tentou se segurar, mas foi impossível. O cheiro do perfume adocicado que emanava da pele de Keigo e o suor escorrendo das  costas dele o deixava mais excitado, os cabelos loiros volumosos e adoravelmente caídos no rosto dele, o deixava excitado, os gemidos altos e abafados de Keigo o estava deixando excitado. 

Apertando a cintura do ex-herói com uma força que com certeza deixaria marcas na pele alva, Touya o penetrou novamente, mais forte e fundo, repetindo sucessivas vezes os movimentos, odor de sexo se espalhando por todo o quarto. Na troca de alguns beijos, os lábios de Keigo formigavam e os olhos voluptuosos estavam tomados pelo desejo. Touya sugou os lábio com fome. E Keigo gemeu em sua boca, quadris disparando para trás, sentando no colo dele, em busca de mais. Ele queria mais de Touya.

Ele queria destruição de ambos.

Touya veio com um urro, derramando entre eles. Sentiu o corpo de Keigo amolecer e logo o loiro também derramou-se em sua mão. O moreno retirou-se de dentro de Keigo, um pouco zonzo e arfando. Cada um caiu para um lado com as respirações falhas, tentando normalizá-las.

Nem dois minutos depois, Touya estava abraçado a todo o corpo de Keigo, apertando-o com tanta força como se aquele abraço fosse salvar suas vidas. 

 

Keigo acordou no dia seguinte escutando os pássaros cantando do lado de fora e sentindo todo o corpo dolorido, embora incrivelmente relaxado. Ele estava em êxtase. Cobrindo-se com um dos lençóis, o loiro saltou da cama, seguindo em direção ao chuveiro, onde podia ouvir o barulho da água escorrendo, molhando a pele.

— Ei, passarinho! Bom dia. — Touya desejou, após o loiro invadir seu banho.

Mas o loiro não respondeu. Com um sorrisinho maroto, deixou o lençol cair no chão e arremessou-se nos braços do outro.

— Caralho! Você é alguma espécie de ninfomaníaco? Nós passamos a noite toda…

— Se você está cansado, posso fazer todo o trabalho pra você. — Keigo sussurrou, provocando o moreno

Touya o olhou abismado, os olhos piscando rápido.

— Meu passarinho bonito ainda não teve o suficiente? Então podemos fazer isso.

Os olhos do loiro iluminaram-se e ele ajoelhou em seguida, abocanhando todo o pênis do moreno, sem qualquer cerimônia. 

E porra! Touya pensou, enquanto a luxúria invadia suas veias mais umas vez, despertando e acendendo todo seu corpo.


 

Os próximos dias passou-se em um borrão, mas eles aproveitaram cada momento. A rotina seguiu com os dois fazendo buscas nos arquivos do governo, descobrindo novas pistas que poderiam ser anexadas aos relatórios que preparavam, dormiam, praticavam suas refeições e faziam sexo. Eles escutavam música, riam, contavam histórias sobre suas vidas enquanto esvaziavam garrafas de vinho, e faziam sexo. Outro dia, Keigo quase queimara a cozinha da casa também ao tentar preparar um café para Touya, mas após uma longa discussão e várias tentativas de amenizar o cheiro de queimado que empestara todo o ambiente, eles fizeram sexo no tapete da cozinha. 

Em alguns momentos, quando saíam da casa para treinar, Touya descobriu que Keigo era muito ágil e eficiente quando aplicava instruções profissionais. Além de torná-lo mais sexy. Ao final de um dos dias, os dois fizeram sexo próximo a um rio, mas como estavam na borda e totalmente desligados da realidade, tropeçaram e caíram dentro da água gelada, rindo da situação depois. Mesmo que estivessem encharcados e Keigo congelando. Touya o esquentou mais tarde, enquanto faziam sexo.

 

Eles estavam no quarto, mexendo cada um em um computador, concluindo os últimos arquivos raqueados do governo:

— Como assim ocorreu casos de crianças que não aguentaram o treinamento? — Touya olhou para Keigo chocado com a descoberta. —  Que porra é essa? 

Keigo estava com o olhar fixado no que lia. Os relatos eram horríveis.

— Eles costumavam dizer que seus pais desistiram do treinamento com um tempo e as reivindicavam de volta. — o loiro levou uma mão a boca. — Mas isso… aqui mostra que eles são muito piores do que pensávamos. As crianças não voltavam pra casa, elas… elas… essas fichas… 

Keigo levantou da cadeira, atordoado. Touya acompanhou o loiro com o olhar, seu corpo enchendo-se de raiva.

— Podia ter sido você. 

O ex-herói fitou-o com o rosto pálido.

— Minha nossa, Touya. Ainda tem crianças em treinamento naquele lugar. E elas nem tem noção da gravidade do que está acontecendo. 

— Como você não tinha. Isso só prova o quão forte você é.

— Como eu não tinha. — repetiu. — Precisamos tomar cuidado antes de atacar.

— Não era o que estava nos planos.

— Mas não dá mais pra simplesmente chegar queimando tudo, nós precisamos resgatá-las. Mesmo que espalhemos a verdade para as pessoas, até decidirem agir, até alguma providência ser realmente tomada pelas autoridades responsáveis, a Comissão de Heróis pode agir mais rápido pra conseguir se defender. Sem falar que não sabemos quantos sistemas corruptos atuam junto dela. É uma rede imensa de corrupção e seria idiotice demais achar que vamos simplesmente destruir tudo.

— Você disse que o professor da UA concordou em abrir o processo.

— Ainda assim, por mais que Shouta se envolva diretamente com o que acontecer, ele não poderá dar passos muito largos, tendo em vista que a preocupação com os filhos deverá prevalecer nas decisões. Ele não faria nada para colocá-los em risco. 

Touya sentiu a determinação calculista do outro. 

— Ainda tem essa dele e do Shigaraki fazerem a mesma exigência.

— Foi uma bosta fazer essa promessa mesmo.

— Que bom que você sabe, já que tomou as duas decisões sozinho. 

— Foi no calor do momento. Sem falar que eu não tinha pensado muito nas consequências, sendo que na minha cabeça a gente morreria e nada mais importaria após. Mas o problema é que se nós morrermos, de um lado teremos a ameaça as pessoas que gostamos e do outro, Shouta. 

— Nós não vamos trair o professor. — Touya decidiu, sério.

E Keigo sabia porque. Sabia porque o moreno de repente passara a tolerar o outro. Era pelo que Shouta lhe dera.

— E se trairmos Shigaraki, tenho medo do que ele possa fazer ao Fumikage e a família dele.

Touya olhou-o, intrigado.

— Por que é que você só mencionou seu corvo?

— Ué, você disse que não se importa com ninguém, que não sente nada pela sua família e essas coisas… 

O moreno estreitou os olhos.

— Algo me diz que você fez isso só pra me provocar. 

Keigo fingiu sua melhor cara de ofendido.

— Como ousa?

— Seu fingido de merda.

— Mas falando sério agora, se sugere que eu estou te provocando usando sua família para atingir seus sentimentos, então devo considerar que é porque de fato existe sentimentos? 

— Vai pra casa do caralho passarinho! 

Keigo gargalhou.

— Não precisa se irritar, esquentadinho. Nós improvisaremos na hora sobre o que fazer.

— Mas também, o Kurogiri tinha que ser a porra do ex namorado desse professor. Que rolo imenso do caralho. — Ele bufou e balançou a cabeça. — Mas tirando isso, se você também pensa em salvar as crianças, tudo bem. Podemos inclusive enviar os relatórios para aqueles que foram levados pelo governo na época em que você estava lá.

Keigo sacudiu a cabeça.

— Eles me odeiam.

Touya o olhou, abismado.

— Por quê?

— Fiz raiva a todos eles. Todos guardam rancor de mim.

— Não posso julgá-los por isso. Você sabe ser uma peste quando quer. 

— Ei! E não é bem assim. Eu só tinha que arrumar um meio de me manter afastado, porque não podia estreitar laços. — Hawks explicou. — Era como a Comissão me instruiu. Então, por mais que eu esbanjasse simpatia, acabava tendo que agir como um arrogante, esnobe que se achava melhor que as outras crianças. 

— Enviaremos mesmo assim. Não é como se você tivesse tido escolha. 

— Quando a imagem de uma pessoa está suja, principalmente se ela for pública, por mais que ela prove a verdade, ainda existirá manchas em tudo que fizer. Ainda haverá críticas e julgamentos daqueles que não se manifestaram para ir atrás do que de fato aconteceu. 

— Mesmo assim, não temos como saber a reação deles, até agirmos. Segundo os jornais, a Comissão de Heróis fará um pronunciamento público amanhã sobre as perguntas que as pessoas têm feito sobre você. Estarão muitos desses heróis de merda reunidos. 

— Nós fizemos a lista de todos os heróis corruptos ligados a eles e bate com os que estarão presentes nessa reunião.

A mandíbula de Touya se apertou e ele disse: 

— Então amanhã será o dia de agirmos.

Keigo ficou em silêncio por um longo tempo, obviamente dilacerado pelo fim de suas fantasias. Mesmo assim, ele conseguiu assentir, o coração batendo forte.

A discussão ainda se prolongou pelo resto da tarde e ao final, Touya preparou o jantar para os dois.

— Onde aprendeu a cozinhar tão bem assim? — Keigo perguntou com a boca cheia. — Eu morreria pela sua comida. Se eu soubesse, já teria te pedido em casamento. 

O moreno sorriu, quando uma memória passou por sua cabeça.

— Você já me pediu, seu idiota. 

— Mas você não aceitou, então… 

— Eu e Yumi costumávamos frequentar a casa da nossa avó e a velha fazia uns tofus fritos de outro mundo. — Respondeu, desconversando da pergunta.

Velha? Onde estão seus modos?

— No mesmo lugar onde você deixou os seus. — Respondeu, fazendo o outro rir.

— E qual o lance contra peixes?

— Nada demais, apenas que aquele imbecil costumava nos levar pra pescar quando queria nos manipular sobre alguma coisa. Eu odiava.

— Eu sinto muito.

Touya deu de ombros, como se aquilo não tivesse mais qualquer significância em sua vida. 

— Mas e quanto a você, costumava ter alguma diversão, contra a sua vontade? 

— Eu acho que no geral, tudo que fazia com eles era. Eu lia muito e geralmente sempre aprendia muito rápido, era como minha mente funcionava, então passei a estudar outras línguas.

—  Francês é legal.

— É mesmo? — O loiro engatinhou para mais perto do outro. — Bem… então, tu es ma came… — Touya sorriu. — Mon toxique, ma volupté suprême… 

Tu fleuris au plus doux de mon âme. 

O moreno cantarolou e Keigo ficou chocado. Era uma música, mas a forma como as palavras soaram na boca do moreno, a pronúncia perfeita levou Keigo a considerar que não era o único a falar outras línguas. 

— Desde quando fala francês também? 

— Acha que é o único com bons conhecimentos, mein liebe?

O coração do loiro disparou dentro do peito. “Mein liebe” significava “meu amor” em alemão. Será que Touya falara deliberadamente ou sem total noção do quanto suas palavras deixariam o loiro atordoado? 

— Você fala quantas línguas?

— Algumas, além da sua.

Keigo deu um tapa nele.

— Idiota! Estou falando sério. Onde aprendeu a falar francês e alemão? 

— Eu namorei algumas pessoas ao longo dos anos, foi assim que aconteceu.

Keigo se arrependeu de ter perguntado. Mas Touya riu debochado, beliscando a bochecha do loiro.

— Estou brincando com você, passarinho. 

— Não vi graça alguma.

— Devia, já que ficou todo engraçadinho pra cima daquele bastardo do Natsuo.

— Você nunca vai esquecer isso, não é?

— O fato de meu próprio irmão ter dado em cima do meu namorado na minha frente ou que ele vinha fazendo isso nas minhas costas? 

Keigo revirou os olhos.

— Você parece uma criança teimosa. Seu irmão foi muito respeitoso comigo quando descobriu a verdade. Aliás, você deveria…

— Foda-se! — Touya o interrompeu. — Vamos mudar de assunto. Sobre a sua pergunta de antes, eu falo mais línguas do que poderia contar. 

— Wow! Você é um caixinha de surpresas.

— E qual língua você não sabe e gostaria de aprender, passarinho?

O loiro pensou por alguns instantes.

— Eu acho bacana o galês. 

— Hm… entendi. — Touya murmurou, enquanto levava a mão do outro até a sua boca. Ele o olhou fundo nos olhos, antes de dizer: — Rwy'n derbyn i briodi gyda chi.

Keigo ficou chocado mais uma vez. 

— Caramba! Você é o google tradutor? É Greg M. Cox, ou algo assim?

Touya riu.

— Não, sua hipérbole humana. Antes de se aposentar e abrir um restaurante, meu avô trabalhou durante muitos anos como vice-cônsul do Império do Japão na Lituânia. Ele era muito bom com essas coisas, então acabou nos influenciando a aprender também. Quando éramos crianças e o visitávamos, ele nos reunia e fazia perguntas para que respondessemos em outro idioma. Toda vez  ele escolhia um aleatório e precisávamos estar afiados. 

— Estou impressionado e lisonjeado por estar apaixonado por um homem tão inteligente.

Touya bufou.

— Besteira.

Céus! Poderíamos ter sido o que quiséssemos. O loiro pensou, lamentando tristemente os rumos que suas vidas tomaram.

 

Quando estavam deitando, Keigo aproximou mais o rosto no do moreno, encostando seus narizes.

— Mas, ei! — Inclinou o olhar. — Ainda não me disse o que significa a sua frase em galês.

Touya contemplou-o em silêncio por um longo tempo e depois respondeu, suavemente:

—  Eu gosto da sua bunda. 

Keigo fez uma careta.

— Coincidência, porque… J'aime ta bite. — Ele falou, deixando o outro um pouco vermelho.

E Keigo riu da reação do moreno. Eles aproveitaram aqueles momentos como se fossem os últimos que teriam juntos. Apenas deitados na cama, um de frente para o outro, sentindo as respirações e o palpitar de seus corações agitados, porque aquela era a comprovação de que havia vida ali. Havia pulsação e calor. Porque amanhã... Ambos pensaram. Poderá ser o último.

Durante toda aquela noite, nenhum dos dois conseguiu dormir. E a frase que Touya dissera mais cedo em galês para Keigo, na verdade significava: “eu aceito casar com você”.

 

 

 

 


Notas Finais


Quem gostou bate palma, quem não gostou bate palma do mesmo jeito porque é aniversário do meu filho cazaque.

E agora um poema: Acabou o amor, a sentada rolou, daqui pra frente é só mártir e dor.

Ok, parei!

Link da música: https://www.youtube.com/watch?v=yzP4kQhlPBY

A parte 7 será dividida em duas também, mas ambas publicadas na mesma semana (domingo/quarta)


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