Quando Antonieta e Narcisa voltaram para Hogwarts ainda naquela noite, a Potter usou um feitiço e alguns chutes para quebrar o armário sumidouro. Se ela podia adiar algum possível reencontro com o Lorde das Trevas, ela o faria. E as duas voltaram para o dormitório, cansadas e chocadas demais com o dia cheio para conversarem.
Nos dias seguintes, Nina sabia que Sirius contaria sobre o que ela havia dito a Dumbledore e esperou ser chamada até a sala do diretor. O que não aconteceu até o último dia do ano letivo antes das férias.
Se Dumbledore estava esperando que a garota fosse até ele contar tudo o que estava acontecendo, se frustrou. Nina se irritava com a preferência do diretor pelos grifinórios e o achava sábio e esperto demais, ele poderia saber que ela era a Rosa.
Um pouco antes de embarcar de volta para Londres, então, Antonieta foi até a sala do diretor acompanhada da professora Minerva e foi deixada a sós com ele. Por via das dúvidas, usou oclumência. Confiava tanto em Dumbledore quanto em Voldemort, a diferença é que o mestiço tinha um senso de humor sarcástico até divertido enquanto o outro era entediante.
— Queria falar comigo, senhor?
— Sim, senhorita. Sente-se, por favor. Como vai? — O diretor indicou-lhe a cadeira frente à sua escrivaninha e sorria bondoso.
— Bem, senhor.
— Imagino que saiba por que a chamei aqui hoje — comentou o diretor e Nina apenas assentiu, mas nada disse. — O que aconteceu exatamente?
— Voldemort me convidou para ser uma Comensal da Morte, já que não conseguiu o meu irmão. Ele tinha um meio de recrutar alunos aqui dentro, Bellatrix Black, formada ano passado, foi uma delas — comentou Nina sem conseguir conter um tom de acusação na voz. — Um armário esquisito na Sala Precisa.
— Ele já foi destruído, testado e retirado da sala precisa, Srta. Potter, agora é só um armário velho — disse Dumbledore com um suspiro de lamento, gostaria de ter descoberto sobre o Armário Sumidouro antes.
— Eu sei. Eu o destruí — disse Antonieta orgulhosa. — Não queria ser uma comensal, diretor. Ele quer que eu seja a espiã dele na Ordem.
— Um destino demasiadamente pesado para uma criança.
— É, mas eu não tenho escolha e não sou criança, professor. Já sou maior de idade, sei um pouco de oclumência. Eu quero ajudar a derrotá-lo. Passarei tudo o que descobrir com os comensais da morte para o senhor.
— Muito bem. Poderá entrar para a Ordem — Os olhos de Antonieta brilharam. — assim que se formar em Hogwarts — ele completou e Antonieta assentiu dando de ombros.
— Tudo bem. Obrigada, senhor. — Antonieta levantou-se com um sorriso convincente, deu as costas para sair da sala sem conseguir conter um revirar de olhos.
— Srta Potter, tem algo que queira me contar? — O professor a chamou uma última vez, Nina, com a mão na maçaneta, virou-se para Dumbledore.
— Não, não senhor, nada. — Sorriu mais uma vez e, despedindo-se com um aceno, deixou a sala.
[...]
Sua mãe a esperava com um ar de cansaço na estação de King’s Cross, o que Nina imaginou ser por causa da doença do pai. Abraçou-a com força e as duas aparataram de volta para casa.
— Deixei James e Sirius fazendo algo para você comer quando chegasse — revelou Dorea enquanto as duas entravam na casa. Nina deixou o malão de lado.
— E a senhora não ficou com medo de eles explodirem tudo? — perguntou fazendo a mãe rir um pouco.
— Vou lá para cima ver seu pai, assim que comer algo, venha vê-lo também.
— Sim, eu já subo. — Nina tirou a capa bruxa e foi para a cozinha encontrar um James com um avental e um pouco de massa de panqueca nos cabelos naturalmente bagunçados e Sirius comendo bacon e arrumando a mesa.
— Olha, ela chegou! — exclamou James, ela cumprimentou cada um deles com um abraço apertado. — Pode dizer, Hogwarts não é a mesma sem nós, não é?
— Estou morta de fome, o que fizeram? Aliás, ficou uma graça de avental, Jamie.
— Eu disse isso pra ele.
— Obrigado, eu sei, eu sei. Têm panquecas e chocolate quente, Sirius acabou com o bacon.
— Mas fiz o melhor chocolate quente pra você, lindinha.
— Vocês são os melhores. — Ela deu um beijo na bochecha de cada e se sentou para comer. — Então, como o papai está?
— Péssimo — disse James desanimado. — Eu espero que ele resista até o casamento.
— Não diz uma coisa dessa, James, ele ainda vai viver por muito tempo. Aliás, quando vai ser esse casamento?
— Depois do natal, Lily e eu não vemos a hora.
— Sei do que vocês não veem a hora... — disse Sirius malicioso, fazendo James rir e revirar os olhos.
— Ainda acho que você devia se casar com uma bruxa de verdade, mas ok — disse Nina erguendo os ombros.
— Antonieta! — censurou-a James aborrecido.
— Você fica linda de boca fechada. — Sirius lhe roubou um selinho.
— Falando nessa coisa toda de casamento, Narcisa vai se casar nessas férias também, eu preciso de um acompanhante — disse como quem não quer nada.
— Ei Prongs, me passa o mel — pediu Sirius e Antonieta revirou os olhos.
— Estou pedindo pra você ir comigo, Totó. — Antonieta se virou na cadeira para ficar de frente com o noivo e fez ar de manhosa. — Por favor, ela é minha melhor amiga.
James do outro lado da mesa, quase se engasgou com a panqueca tentando segurar uma risada. Ali estava uma coisa que nunca deixaria de ter graça, sua irmã chamando Sirius de Totó.
— Sonserina, com um noivo comensal da morte, todas as pessoas que eu odeio vão estar lá. — Sirius listou os motivos para não ir. — É, acho que eu não vou não.
— Eu sei que você os odeia, mas… Narcisa não faz parte disso e eu não queria ir sozinha, por isso te chamei, mas ok, eu vou sozinha então — disse Nina e se virou de frente para a mesa novamente, prestando atenção em sua panqueca e acrescentou como quem não quer nada. — Michael provavelmente vai estar lá mesmo — mentiu. Nina não fazia ideia se Michael estaria lá, provavelmente não, considerando que a última coisa que Michael gostaria de ver seria Narcisa se casando.
— Quem é Michael? — Black rosnou.
— Um amigo, você o viu na Travessa do Tranco. — Nina disfarçou um sorriso ao ver Black emburrado, mas ainda não tinha conseguido o que queria.
Sirius resmungou algo sobre ela ser uma maldita sonserina.
— Eu queria ir com você, mas parece que eu não sou tão importante quanto eu pensava. — E fingiu limpar uma lágrima.
— Ela está chorando? — Sirius perguntou indignado para James que deu de ombros e se virou para a garota. — Você está chorando?
— Fingindo — sussurrou James que já estava acostumado com os dramas da irmã.
— Ok, guarde essas lágrimas de crocodilo, eu vou com você. — Tão rápido quanto seus olhos se encheram de lágrimas, elas sumiram e deram lugar ao sorriso largo e característico dos Potter e abraçou o Black.
— Obrigada, Totó. — E acrescentou no ouvido do noivo. — Te compenso quando voltarmos. — Levantou-se. — As panquecas estavam deliciosas, rapazes, eu vou ver como está o papai.
— Pfff, ela consegue tudo de você mesmo hein Padfoot. — caçoou James.
— Cala a boca, Prongs.
Os dias que se seguiram foram uma correria por causa do casamento de James e Lily. Nina e Sirius tinham sido escolhidos como padrinhos do noivo e Marlene e Remus eram os da noiva. Durante a cerimônia, Antonieta usou um vestido azul idêntico ao de Marlene, o vestido das madrinhas, mas durante a festa trocou por um preto simples e curto, escolhido por luto e protesto contra o casamento do irmão com uma sangue ruim, não que ela tivesse dito para alguém, não adiantaria de nada mesmo.
A festa era na nova casa dos Potter, a família de James, em Godric’s Hollow. Nina foi conhecer a casa enquanto o irmão e a cunhada recebiam os parabéns de todos os amigos e eles tinham muitos. A casa estava decorada, aperitivos em bandejas flutuantes passavam pelos convidados. Por fim, quando viu que James estava sozinho comendo algumas tortinhas na cozinha, ela foi até ele.
— Meus parabéns! — James quase deu um pulo e ficou aliviado que fosse a irmã. — Você está se escondendo?
— Eu estou morrendo de fome. — Ele encolheu os ombros e voltou a se concentrar nas tortinhas. — Não tive muito tempo para comer ainda, Lily e eu estamos nos revezando.
— Nem acredito que você está casado... E com a Evans.
— A Potter. — corrigiu-a James com um enorme sorriso no rosto. A irmã sorriu de volta e o abraçou.
— Que bom que você está feliz.
— Muito — disse James e eles ficaram quietos por um instante antes de James continuar. — Você é a próxima, logo vai estar casada com o Pad.
Antonieta sentiu um frio no estomago, um misto de medo e ansiedade, iria acordar todo dia e a primeira coisa que veria seriam os olhos acinzentados de Black, iria dividir uma casa com ele, teria que ter mais paciência para não estrangulá-lo às vezes, mas bem... poderia ser divertido.
— Vai ser a Sra. Black, ter vários Siriusinhos e Ninazinhas correndo pela casa, eu sempre quis ser o tio James. — caçoou James vendo a cor na cara da irmã desaparecer e os olhos se arregalarem.
— Cala a boca, James, você está me deixando nervosa. — Nina bateu no irmão e ambos riram.
— Ah, vocês estão aí! — Sirius entrou na cozinha com Lily, segurava Lily em uma mão e na outra uma taça com whisky de fogo. — Vem, vamos dançar, Fox.
— Ah! Ok, vamos.
— Nina. — chamou James, e a irmã que já estava de mãos dadas com o noivo indo dançar olhou por cima do ombro. — Lembre-se Siriusinhos e Ninazinhas, eu quero sobrinhos.
Antonieta fez um gesto feio para o irmão e se permitiu dançar até o fim da noite com o noivo, até os pés ficarem cansados. Acabaram ficando na casa de James e Lily mesmo quando todos já tinham ido embora, Black sem colete, os botões de cima da camisa abertos e sem gravata, Nina segurando os saltos na mão, com o penteado desmanchado e a gravata do noivo amarrada na testa e exaustos capotaram no quarto do futuro bebê Potter.
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