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História Love at second sight - He may not know...


Escrita por: lagerfeld

Notas do Autor


Olá meus amores, tudo bem?
Mais uma quarta, mais um capítulo. Eu sinceramente não sei o que dizer, além de... A história está chegando a um ponto onde eu não consigo deixar de amar cada capítulo. Todos eles são tão meigos, românticos e fofos que algumas vezes eu fico com medo de estar sendo melosa demais, mas então lembro que essa é exatamente a proposta dessa fanfic. Eu sou viciada em romances, e quando pensei em LASS minha ideia foi justamente liberar o todo o romantismo que guardo em meu peito, e agora eu percebo que tenho feito isso exatamente como eu imaginei. Espero que assim como eu, vocês estejam gostando da história e amando todo esse romantismo. Boa leitura :)

Capítulo 20 - He may not know...


Fanfic / Fanfiction Love at second sight - He may not know...

Point Of View — Justin

Encaro o relógio mais uma vez. Os movimentos certeiros feitos pelos três ponteiros são mínimos desde a última vez que os chequei, alguns segundos atrás. Um suspiro longo e completamente frustrado escapa por meus lábios entreabertos e ressecados. Meu pé direito, coberto por um coturno pesado de cor preta, batuca o pneu traseiro da caminhonete de forma completamente descompassada. Esse ato um tanto quanto irritante para algumas pessoas se repete há meia hora, desde o momento em que decidi entrar no aeroporto e perguntar para algum funcionário do balcão de atendimento sobre o voo 740.

A resposta para a minha pergunta foi a mais desagradável possível, e meu primeiro instinto ao descobrir que o voo de minha irmã está duas horas atrasado foi agradecer ao funcionário, dar meia volta e entrar na caminhonete, decidido a voltar para a casa e dormir, afinal, são sete horas da manhã de um sábado. Mas, o instinto materno de Patrícia, o destino, ou qualquer outra força do universo, fez com que meu celular tocasse no exato momento em que liguei o carro. Passei dez minutos com minha mãe ao telefone, discutindo, e até mesmo sendo um pouco infantil. Mas, nem mesmo a minha chantagem emocional, muito usada na época da escola, fez com que Patrícia me deixasse arredar os pés do estacionamento do aeroporto.

Quando a porta eletrônica se abre um grupo de pessoas se aglomera para sair, passando as rodinhas da mala do pé da pessoa ao lado e invadindo o espaço pessoal uns dos outros, em uma luta desesperada pelos táxis que esperam a postos pelos passageiros. Como um adolescente ansioso, inclino minha cabeça para frente e fico na ponta dos pés, procurando atentamente por qualquer sinal de Jazmyn, ou de Ryan, meu melhor amigo. O casal de recém-casados aparece em meu campo de vista, pouco tempo depois de todos os veículos amarelos terem partido, deixando dezenas de pessoas irritadas carregando suas malas pesadas.

Estico minhas mãos para o alto e começo a movimentá-las em forma de aceno, a fim de chamar a atenção dos dois. Devido à distância entre meu carro e a porta do aeroporto, demora um pouco para que eles consigam me ver, mas quando isso acontece Jazmyn corre em minha direção, puxando sua mala de rodinhas e deixando o marido para trás. Seu corpo se choca contra o meu e seus braços finos envolvem meu pescoço em um abraço apertado de tirar o fôlego.

–– Vai com calma, amorinha, está me sufocando. –– sorrio, empurrando-a gentilmente pela cintura, para que o ar chegue aos meus pulmões com mais facilidade.

–– Você é um bobo, mas senti sua falta. –– ao se afastar, vejo-a passar os dedos abaixo dos olhos limpando o acúmulo de lágrimas que havia se formado.

–– Se eu não soubesse que você é o irmão dela, com certeza estaria com ciúme. –– comenta Ryan, se fazendo presente de forma bem humorada, logo em seguida deixando com que as malas pesadas escorreguem por seus dedos e se choquem contra o chão. Ele se aproxima e nos cumprimentamos de maneira típica masculina: abraço com tapinha nas costas.

–– Vamos logo, ou a mamãe terá um ataque de ansiedade.

A estrada é rodeada de árvores incrivelmente grandes, os galhos finos balançam de um lado para o outro graças aos ventos de 80 quilômetros, e as folhas em um tom especialmente alaranjado que colorem o início do outono se soltam e voam livremente, trazendo até minhas narinas o cheiro da natureza.

A voz de Jazmyn se mistura com a música agitada tocada na rádio, seu tom de voz animado, os olhos arregalados e a expressão facial, deixa nítida a sua felicidade a cada palavra proferida. Ela me conta tudo, até mesmo os detalhes que julgo serem desnecessários, como a cor da toalha do hotel, mas ainda sim eu ouço tudo com muita atenção, feliz por vê-la radiante. Ela me conta sobre a água azul, tão límpida que dá vontade de beber; me conta sobre a areia branquinha e fina; sobre o mergulho que fez, onde viu variedades de peixes, corais e tartarugas; me conta sobre a aula de surf que Ryan insistiu em fazer, e enfatizou diversas vezes o fato dele nem ao menos ter conseguido subir na prancha. E quando eu penso que ela já me contou tudo, ela me surpreende ao dizer:

–– Essa viagem foi perfeita, mas eu teria gostado se você estivesse lá comigo. –– ela sorri para mim e imediatamente faço o mesmo. Afago seu cabelo, bagunçando os fios loiros que caem sobre sua face.

–– Oh, porque é normal levar o irmão para a lua de mel. –– Ryan finge estar ofendido.

–– Não seja dramático. –– ela o repreende de forma divertida. –– O que eu quis dizer foi que meu irmão teria gostado de conhecer o Havaí. Você só está mordido porque sabe que Justin teria conseguido subir na prancha.

Jaz se cansa e puxa o ar com força, tentando recuperar o fôlego perdido. O silêncio se faz presente dentro do carro, mas o mesmo não dura mais do que cinco minutos, pois logo ela pergunta como foi minha semana, o que eu fiz nesses sete dias, e se fiz algo interessante. Conto a ela sobre Charlie, sobre o tempo que passamos juntos, e sobre ter conhecido os pais dela ontem a noite, mas imediatamente me arrependo.

–– Então vocês estão namorando? –– pergunta, após eu ignorar suas quatro perguntas anteriores, todas com o mesmo fundamento.

–– Não estamos namorando. –– respondo manso, arrependido de ter tocado no assunto.

–– Justin, você passou a semana inteira com ela, conheceu os pais dela, e seus olhos brilham cada vez que diz o nome ‘’Charlie’’... Tem razão, isso não é namoro. Você está completamente apaixonado por ela e nem percebe.

–– Meus olhos não estão brilhando. –– debato rapidamente, encarando meu reflexo no retrovisor a fim de averiguar o que ela disse. Ela ri. –– Qual é a graça?

–– Você! –– diz convicta. Meu olhar vaga entre Jazmyn e Ryan, que se mantém calado no banco de trás, como o telespectador de um empolgante e viciante reality show. –– Eu disse que está apaixonado por ela e você nem ao menos negou. –– comprimo os lábios em linha reta. Seu olhar sobre mim é angustiante. Suspiro, frustrado por não saber o que dizer. –– Se quer saber minha opinião...

–– Eu não quero. –– a interrompo sem grosseria.

–– Mas, eu vou dizer mesmo assim. –– ela apruma o corpo no banco de couro. –– Eu gosto da Charlie, ela é ótima, divertida, pé no chão, simpática e linda.

–– E? –– a encaro de soslaio, esperando por sua palavra final.

–– Se eu fosse você não deixaria ela escapar, não vai encontrar outras garotas como Charlie Dawson nessa cidade, ou em qualquer outro lugar do mundo.

Meu olhar se fixa na estrada deserta, mas minha total concentração se perde em meio às palavras de minha irmã, que se misturam instintivamente com a minha falta de explicação a respeito dos meus sentimentos. Estou confuso, não nego, mas ao mesmo tempo não me julgo, tampouco exijo uma explicação de mim mesmo. Afinal, como poderia? O mais próximo que cheguei de um relacionamento fora Olívia, uma brasileira que se mudou para a cidade no ano passado, e com quem hoje em dia eu apenas digo ‘oi’ quando nos encontramos no mercado. Passamos dois meses juntos, e sim, eu gostava de sua companhia, mas comparar o nosso ‘’relacionamento’’ com o meu envolvimento com Charlie, é o mesmo que dizer que azul e roxo são a mesma coisa. Não tem cabimento. Com Charlie é diferente, sinto coisas que nunca senti antes. Ela me deixa nervoso, ansioso e feliz ao mesmo tempo. Seu sorriso acelera meu coração, assim como a maneira tímida como ela se despe a minha frente.

Sem saber o que dizer a Jazmyn eu me mantenho calado, e mentalmente me pergunto:

Será que estou apaixonado por Charlie Dawson?

 

Point Of View — Charlie

Aproximo-me da porta com as mãos ocupadas, dando o melhor de mim para conseguir equilibrar as duas travessas cheias sem derramar o arroz ou a salada no chão. Meus dois braços tremem devido ao peso das travessas. Temo que a qualquer instante o complemento de nosso almoço se espalhe pelo chão e as duas coisas juntas, minha surpreendente fraqueza muscular e o medo de arruinar o que parece ser o dia perfeito, tornam impossível com que eu consiga me mover sem fazer caras e bocas. Empurro a porta de casa com o bumbum e ao descer os degraus da varanda sem ao menos cambalear eu solto um suspiro vitorioso.

–– Eu te ajudo com isso. –– Ryan se aproxima de mim em passos rápidos, livrando meu braço direito do grande esforço.

–– Obrigada! –– agradeço, realmente aliviada.

Arrumo a travessa de arroz, desta vez segurando-a com as duas mãos e caminho sem pressa ao lado de Ryan em direção ao quintal de Justin, onde a churrasqueira elétrica está acessa e o mesmo parece entretido com os bifes, enquanto o restante de nossas famílias conversa animadamente ao redor da mesa de madeira cumprida e com uma toalha xadrez em cima, como as de piqueniques.

Molly, grávida de uma semana e meia, se movimenta até Justin, balançando seu quadril alargado naturalmente de um lado para o outro até sentar perto da churrasqueira e implorar por um pedaço de carne. O cãozinho ferido, ainda sem nome e recentemente adotado por Justin se mantém distante, deitado na varanda do próprio com as orelhas erguidas, completamente receoso.

É o primeiro dia fora das ruas. O primeiro dia com uma casa, comida de três em três horas e pessoas lhe distribuindo carinho. Não o julgo por estranhar toda a situação. Ele está bem cuidado e isso é o que importa, o tempo cuidará do resto, fará com quem o cãozinho sem nome se integre e se sinta parte da família.

–– Parece que eles sentiram saudade um do outro. –– comento ao ver Jazmyn se aproximar do irmão e abraçar sua cintura. Justin por sua vez beija a testa da irmã e sorri. Uma cena realmente bonita de se ver.

–– Se perguntar ao Justin quem é o seu melhor amigo, ele dirá que sou eu. Talvez, diga o nome de Chris e Chaz também, mas na verdade, sua melhor amiga é a Jaz. –– Ryan sorri. –– Você e sua irmã são próximas?

Meu olhar vaga até Haley, que parece estar se divertindo jogando a bolinha para Mike que corre para pegá-la e volta rapidamente com o objeto na boca, ansioso para dar continuidade à brincadeira.

–– Apesar de sermos totalmente diferentes, sim. Nós duas somos próximas e acho que ela também é minha melhor amiga.

–– Eu queria ter tido um irmão ou irmã, mas infelizmente meus pais pararam no primeiro filho. –– ele dá de ombros e rio ao ver sua careta de desaprovação.

Os bifes ficam prontos, mamãe tempera a salada e Justin busca as bebidas. A conversa flui naturalmente, ninguém força um diálogo, a risada se faz presente a todo instante e parecemos uma grande família feliz. Mamãe e Pattie trocam receitas gastronômicas, dicas de cuidado com a casa e compartilham histórias sobre a infância e adolescência de seus respectivos filhos. Papai por sua vez conversa animadamente com os garotos sobre o jogo de futebol da semana que vem, cada um defendendo o seu time de forma fanática e tentando convencer aos outros o porquê dele ser o melhor. Haley e Jazmyn parecem duas amigas de longa data, o que não me surpreende nenhum pouco, ambas são simpáticas, divertidas e bem humoradas, a amizade entre elas é tão previsível quanto a junção de queijo e presunto. Previsível, mas maravilhosa.

Inclino meu corpo para frente, apanhando o copo de vidro cheio de refrigerante. O líquido desce maravilhosamente por minha garganta, borbulhando em minha boca e atiçando minhas papilas gustativas exaltadas pelo sabor excelente dos bifes, do arroz e da salada.

De relance eu encaro Justin e me surpreendo completamente por vê-lo me encarando de forma intensa, porém discreta. O tipo de olhar capaz de passar despercebido por todos, exceto pela pessoa admirada. É exatamente assim que me sinto:admirada por ele. Suas íris exibem uma nova coloração, uma cor única entre o caramelado brilhante e a escuridão excitante. Eu adoro o fato de seus olhos serem uma metamorfose ambulante, cheia de segredos, sem que os mesmos abalem a sinceridade de seu olhar.

Os raios de sol atravessam a folhagem alaranjada das árvores, iluminando a face de Justin. A luz solar trás a tona o caramelado brilhante, tão tentador quanto o caramelo mais doce. Bonito de se admirar como as folhas secas do outono e o por do sol na primavera. Em uma tentativa de proteger os olhos, ele os espreme, no mesmo instante em que papai conta uma de suas piadas, o que faz Justin sorrir exibindo seus dentes perfeitamente brancos e sorriso galanteador.

Ele encara-me novamente, tornando-me o único foco de sua atenção. Em meio a conversa alta e as risadas, ele diz, não exatamente com palavras, mas sim apenas movendo seus lábios de forma lenta para que eu possa entendê-lo com perfeição:

Eu quero você.

Constrangida, com medo de alguém tenho nos pegado em flagra, eu abaixo meu olhar. Sorrio bobamente, tapando a boca com a mão, como uma garota de dezesseis anos e sinto minhas bochechas esquentarem. Não é preciso um espelho para eu saber que estou vermelha.  Ao levantar meu olhar e encará-lo novamente, vejo sua sobrancelha erguida, como se ele esperasse por uma resposta.

Eu também quero você.

Digo da mesma forma que ele e como resposta eu recebo um sorriso levemente assanhado. E então acontece... A escuridão excitante se faz presente, a mesma escuridão que me arrepia em segundos e faz com que eu sinta formigamento por todo o corpo. Arfo bem baixinho para que ninguém ouça e cruzo as pernas em baixo da mesa, contento a onda de calor que se instala entre minhas pernas.

Você sabe exatamente como deixar uma garota maluca, Justin Bieber.

Penso e rio de meu próprio pensamento.

–– Filha, está tudo bem? –– mamãe pergunta, tocando meu ombro com gentileza.

–– Sim, mãe. Está tudo ótimo.

• • •

No exato momento em que o sol se põe no horizonte dando adeus ao dia, para que a lua crescente possa nos abençoar com sua magnitude, Justin atraca a lancha no pequeno cais de madeira e assim o nosso passeio de lancha é encerrado. Perdi a noção de quanto tempo nós passamos no mar, apenas sei que saímos com o clima abafado, típico desta época do ano, e agora voltamos com a brisa leve da noite.

Nós contornamos três ilhas antes de chegarmos à praia, onde passamos a maior parte do tempo. Mas, como se passar horas aproveitando a água salgada não fosse o suficiente, Justin e Ryan decidiram que mergulhar em mar aberto era o que faltava para tornar o dia perfeito. Medrosa como sou, agarrei-me aos braços de minha mãe enquanto o louro tentava me convencer a pular na água, pois segundo ele, era muito divertido. E apesar de assistir aos saltos fantásticos de Jazmyn e Haley, isso não foi o suficiente para me convencer.

Um por um nós saímos da lancha, e ainda no pequeno cais, nós começamos a nos despedir. Ryan e Jazmyn são os primeiros a partirem, alegando estarem muito cansados após o longo voo e o dia cansativo. Mamãe é a próxima, dizendo em alto e bom som que não aguenta ficar nem mais um segundo com a água salgada no corpo. E, não demora muito para que Pattie faça o mesmo, entrando em seu carro e seguindo seu caminho. Haley por sua vez se afasta de nós, alegando precisar de privacidade para falar com o ex-namorado motoqueiro que a perturbou com ligações insistentes durante toda à tarde.

–– Senhor Dawson, aceita outra cerveja? –– pergunta Justin, passando as mãos no cabelo em uma tentativa falha de ajeitar o emaranhado de fios loiros.

–– A última. –– responde papai encarando-me fixamente, como se esperasse o meu sermão ou alguma fala repreensiva, o que não acontece, pois decido não pegar em seu pé.   

Justin dá alguns passos a frente e se aproxima de mim, envolvendo minha cintura com seus braços fortes e me puxando para perto, até que seus lábios se choquem contra minha bochecha direita de forma carinhosa. Sorrio, tocando seus bíceps. O cheiro salgado do mar impregna sua pele, seu corpo está levemente bronzeado, as bochechas um tanto vermelhas, e ele briga com o cabelo que insiste em não obedecê-lo. Mas, ainda sim está lindo. Terrivelmente lindo, ouso dizer.

–– Quer alguma coisa? –– ele me encara fixamente, ajeitando uma mecha de meu cabelo atrás da orelha.

–– Não, obrigada.

Justin se afasta lentamente e eu acompanho o movimento de suas costas e pernas, até perdê-lo completamente de vista. Papai me encara e eu sorrio tímida, me acomodando na mesa de madeira, o mesmo lugar onde almoçamos. Ele se senta a minha frente, e mantém seu olhar fixo ao meu, encarando-me com um leve sorriso nos lábios, como se tivesse descoberto algum terrível segredo.

–– Pai, por que está me olhando assim? –– quebro o silêncio entre nós.

–– Você gosta deste rapaz. –– ele afirma. –– E quer saber? Eu também gosto dele.

–– Acha que estou indo rápido demais? –– mordo o lábio inferior. –– Quero dizer, faz apenas uma semana e nós já estamos tendo almoços em família. Isso não deveria estar acontecendo. –– ele desvia seu olhar do meu e fixa o nada, provavelmente pensando no que dizer.

O breve silêncio, preenchido unicamente pelo som das ondas se quebrando na costa, me deixa ansiosa.

–– Uma semana é pouco tempo, certo? –– assinto. –– Então sim, você provavelmente está indo rápido demais. Mas, essa é você filha. Você é a garota que se entrega a uma relação de corpo e alma, e sempre acredita no melhor das pessoas. Se não der uma verdadeira chance a esta relação, não estará sendo a minha Charlie.

–– Talvez seja por isso que eu sempre acabo quebrando a cara. –– suspiro. Papai balança a cabeça negativamente e segura minha mão, deslizando o polegar lentamente sobre ela.

–– Você é uma romântica, não a nada de errado nisso.

–– Eu não quero me machucar outra vez. Eu estou com medo. –– confesso tão baixo, que em seguida me pergunto se ele conseguiu me entender. Mas, quando ele aperta minha mão, eu sei que me entendeu perfeitamente.

–– Se a opinião do seu velho pai vale de alguma coisa, não acho que vá se machucar.

–– Por quê? –– insisto, almejando desesperada por uma resposta sensata que me liberte de tal dúvida, e me faça seguir em paz com Justin e nosso possível relacionamento.

–– Porque eu percebi a forma como o rapaz te olha. Ele pode ainda não saber, mas ele te ama. –– papai diz com muita naturalidade, como se estivesse me dizendo o que comprar no mercado.

Dito isso ele desvia seu olhar, encarando o mar como se nunca o tivesse visto antes, deixando-me a deriva, completamente ‘’sozinha’’ enquanto suas palavras se repetem consecutivamente em minha cabeça. Suspiro lentamente. Apesar de não satisfeita com sua atitude, não posso dizer que estou surpresa; entre a família, papai é conhecido como o homem que fala e nos deixa pensar a respeito. Adoro sua sabedoria vasta e conselhos impressionantes, mas nesse exato, preferia que ele não tivesse bancado o guru do amor sabichão.

–– Desculpa a demora, senhor Dawson, aproveitei para alimentar os cães. –– a voz rouca se faz presente, me despertando de meus devaneios.

Ao olhar para o lado vejo Justin entregando a cerveja para meu pai, que a recebe de bom grado. O loiro sorri para mim e eu me esforço para retribuir o ato, mas tal coisa não acontece com muita naturalidade, como se as palavras de papai tivessem travado todo o meu corpo.

–– Sem problema rapaz. –– Justin se senta ao meu lado, envolvendo minha cintura com o braço livre, e me puxando para perto de forma sutil, enquanto beberica sua cerveja aparentemente muito gelada. –– Eu vou deixar vocês dois sozinhos. Passaram o dia cercado de gente, devem estar doidos por um tempo sozinho. –– ao se levantar, Justin o acompanha, desvencilhando seu braço de mim para poder cumprimentá-lo com um aperto de mão amigável.

–– Boa noite, senhor Dawson. –– diz o loiro, extremamente educado. Papai sorri, e dá alguns tapinhas em seu ombro.

–– Charlie...

–– Não se preocupe, não vou demorar muito. –– o interrompo, deduzindo o que ele falaria.

–– Na verdade, eu ia dizer para dar uma caminhada na praia com o seu namorado. A noite está linda. –– ele sorri, completamente descarado e debochado, como uma criança arteira. Tudo o que faço é agradecer mentalmente por Justin não encará-lo neste momento, evitando assim um grande constrangimento. –– Não posso ser super protetor para sempre, você já é uma mulher. Além do mais, eu confio em Justin. –– completa, fazendo com a surpresa substitua a vergonha.

Não que papai seja um louco controlador, não. Ele sempre me deu liberdade suficiente para eu nunca me sentir prisioneira em minha própria casa, e nunca houve a necessidade de discussões desnecessárias. Mas, ele faz seu papel de pai controladamente super protetor, querendo sempre saber aonde vou, com quem vou, e quando vou voltar.

Lentamente ele se afasta de nós, bebericando sua cerveja. Antes de entrar em minha casa, ele se vira e acena.

Em silêncio Justin e eu seguimos para praia, tal coisa não me incomoda e também não parece incomodá-lo, mas não posso dizer que estou completamente confortável, a conversa com papai ainda está fresca em minha memória, e talvez, nunca seja esquecida. Inclino meu corpo para frente, pegando com a mão direita os chinelos que acabo de tirar. Meus dedos se perdem em meio a areia gelada, dou alguns passos a frente, e imediatamente sinto a água do mar bater em minhas canelas, cobrindo meus pés, e depois os libertando.

Sinto saudade do mar, saudade de me jogar contra uma onda sem medo do que possa acontecer e saudade de mergulhar na imensidão salgada. Apesar de ter passado o dia na praia, mal entrei na água e quando o fiz me certifiquei de estar na mesma zona de que as crianças pequenas.

–– Você não precisa ter medo. –– ele quebra o silêncio, se aproximando de mim até parar ao meu lado. –– Sabe disso, não sabe?

–– Eu sei, mas isso não diminui o meu medo.

Pergunto-me como ele percebeu. Como Justin, o homem que mal conheço percebeu o meu receio, enquanto o mesmo passou despercebido por minha família. Então me lembro daquele dia, o dia em que ele me salvou. Lembro-me de seu semblante preocupado, e sorrio.

–– Eu já disse a eles que nós não somos namorados, mas você sabe como são os pais. –– meu tom de voz sai forçadamente descontraído e sinto que Justin percebe. Desvio meu olhar e mexo em meu cabelo, como se organizar meus fios embolados fosse a coisa mais importante nesse momento.

–– Então, o que nós somos? –– gentilmente ele segura meu queixo e ergue minha cabeça até que meu olhar se cruze com o seu.

–– Eu não sei. –– respondo sinceramente e ele sorri, exibindo suas bochechas que tanto adoro.

–– Charlie, eu não sou nenhum Romeu e não tenho nenhum discurso escrito por Shakespeare ou Nicholas Sparks, então eu espero que minhas palavras sinceras sejam o suficiente pra você. –– engulo a seco. Justin segura minhas duas mãos firmemente e dá um passo a frente, diminuindo a distância entre nós. –– Você é diferente das outras garotas e não estou dizendo isso apenas para te seduzir. Você é esperta, meiga, bondosa, e linda demais. Mas, você também me desafia a ser a melhor versão de mim mesmo. Eu gosto de você, Charlie Dawson. Gosto mesmo de você. Então, namorados ou não, eu não quero que isso termine. Eu quero ficar com você e espero que também queira ficar comigo porque... Eu realmente gosto muito de você.


Notas Finais


Caso tenham gostado do capítulo não deixem de comentar, pois isso me incentiva muito. Críticas são sempre bem-vidas, desde que as mesmas sejam construtivas. Beijão e até o próximo capítulo <3

TRAILER: https://www.youtube.com/watch?v=DoQ3VBlhrok


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