História Love at second sight - Husband and wife

Point Of View — Justin

Com o corpo encharcado pela água do mar ela corre através das ondas sorridente e nua, fugindo de mim enquanto tento puxá-la para o lugar de onde ela nunca deveria ter saído: os meus braços. Por alguns instantes eu paro, sentindo a água gelada bater em minhas costas, o frio se faz presente arrepiando minha pele, e imagino que Charlie sinta o mesmo. Mas, vê-la tão feliz, saltitante na água como se desfrutasse do oceano pela primeira vez minimiza todo o desconforto.

Fico feliz por Charlie ter perdido o seu medo do mar. Fico feliz por ter presenciado esse momento e fico feliz por ser a pessoa a lhe proporcionar essa satisfação e alegria novamente.

— Eu estou congelando. — ela diz, abraçando o próprio corpo, a fim de se aquecer.

Em passos largos eu me aproximo dela, colando seu corpo ao meu e a guiando para fora da água.

— É melhor nós irmos, antes que você pegue um resfriado. — ela ergue sua cabeça, e fixa seu olhar em mim. Sua risada adentra meus ouvidos e não entendo qual o motivo de tamanha graça.

— Qual é a graça? Eu quero rir também. — ela ajeita o cabelo atrás da orelha.

— Eu não acredito que me fez nadar pelada. — ela baixa o olhar, nitidamente constrangida.

Amo o seu jeito tímido e involuntariamente humilde, mesmo em meio a tantos elogios ela não se torna exibida. Ela é perfeita, extraordinariamente perfeita. Sim, ela tem defeitos, defeitos mínimos que passam completamente despercebidos em meio a tantas qualidades. Ela é a garota com quem todo garoto de quinze anos sonha, linda, divertida, sexy, mas nada vulgar. O tipo de mulher que todo homem quer apresentar para a mãe, porque realmente se orgulha de tê-la ao seu lado.

— Charlie. — chamo-a com avidez, fazendo com que a mesma pare com o short na metade das coxas. — Case-se comigo.

— O quê? — ela pergunta nitidamente confusa.

— Case-se comigo e me faça o homem mais feliz do mundo.

— Justin, eu... — ela tenta continuar, mas eu a interrompo.

— Charlie — seguro a sua mão e observo os nossos dedos se entrelaçarem. Ela me encara com um sorriso bobo e ao mesmo tempo extremamente meigo nos lábios, então sem pensar duas vezes apoio um dos joelhos na areia, e tento me equilibrar ao máximo com o pé. Seus olhos brilham mais que a lua nesse momento. — Charlie, você aceita se casar comigo? Aceita ser minha essa noite e nas próximas noites, por toda a nossa vida?

— E-Eu aceito. — ela gagueja, e uma lágrima solitária escorre por sua bochecha.

Ergo-me do chão rapidamente, tomando-a em meus braços em um abraço apertado que faz seus pés se ausentarem do solo. Giro-o lentamente, vendo seus cabelos dançarem ao vento, até finalmente parar e colar meus lábios aos seus, sentindo o gosto doce de sua boca se misturar com o salgado do mar.

— A minha mãe não vai acreditar quando eu disser a ela que teremos que passar por tudo de novo. — ela diz com humor, mantendo os braços envoltos em minha cintura, assim como os meus estão envoltos na dela.

— Então não passe por isso. — seu cenho se franze. — Eu sei que provavelmente irá soar egoísta, pois você merece o casamento dos seus sonhos, mas esqueça de tudo isso e case-se comigo agora.

— Justin, nós não podemos nos casar agora. — ela debate.

— Por que não? Eu te amo e não quero passar mais nem um dia sem ser seu marido.

— Você está falando sério? — apesar do tom surpreso e um tanto quanto cético, ela sorri tão verdadeiramente que mesmo sem ter dito qualquer coisa ainda, sei que ela está completamente de acordo comigo.

— Como nunca falei em toda a minha vida. — afirmo convicto de minhas palavras. — Vamos nos casar. Vamos no casar agora.

• • •

A chuva cai de forma implacável e o vento a lança de um lado para o outro. As árvores de tronco fino e galhos fracos esforçam-se para manterem-se de pé, enquanto as robustas árvores de tronco grosso não se abalam, apenas têm seus galhos superiores balançados de um lado para o outro, lentamente perdendo sua folhagem.

Enquanto esforço-me para enxergar a estrada em meio aos grossos pingos de chuva, me pergunto em que momento exatamente a noite agradável ao lado de minha recente noiva, tornou-se o que julgo ser a pior noite de outono que já presenciei. Ao meu lado, no banco do carona, Charlie abraça o próprio corpo tentando esquentá-lo, pois aparentemente o aquecedor do carro não cumpre o seu papel corretamente.

— Nós podemos voltar se você quiser. — digo, mantendo meu olhar fixo a estrada.

— Nem pense nisso. — ela me repreende de forma bem humorada. — Se você está arrependido eu não posso fazer nada. Só volto para casa quando estiver casada com você. — de soslaio eu a encaro, vendo-a alisar o vestido branco em seu corpo.

Sorrio, balançando a cabeça em negativo. Tudo aconteceu tão rapidamente, em um momento nós estávamos nus na praia, e agora partimos rumo ao centro, implorando mentalmente para que o padre Marcel nos case esta coisa noite. Enquanto nós nos arrumávamos às pressas em nossas respectivas casas me permiti sentir o nervosismo pré-casamento que tanto ouvi falar.

Tenho medo, não nego. Medo de não ser bom o suficiente. Medo de não fazê-la feliz. Medo de não amá-la tão intensamente como ela merece.

Estaciono o carro no estacionamento da igreja. Olhando ao redor noto as luzes apagadas e as portas fechadas, não êxito ao soltar um suspiro frustrado.

— Nós tentamos. — ela suspira, baixando a cabeça.

— Ei, eu não vou desistir. — toco seu queixo com o dedo indicador, erguendo sua cabeça até que seu olhar se encontre com o meu. — Você confia em mim? — ela não responde, apenas sorri e eu sei exatamente qual é a resposta. — Então corra, Charlie Dawson.

Saímos do carro ao mesmo tempo e no meio do caminho eu seguro sua mão, entrelaçando nossos dedos e puxando-a rapidamente, tentando escapar da chuva. Completamente ensopado, sinto o peso do blazer molhado. Charlie por sua vez, para rapidamente e livra seus pés do desconforto do sapato alto, podendo assim correr com mais facilidade, sem ao menos se importar por estar pisando em inúmeras poças d’água.

— Padre Marcel. — grito, tentando fazer com que minha voz se sobressaia em meio ao som das gotas grossas chocando-se contra o concreto. Ergo minha mão, batendo-a contra a porta de madeira. — Padre Marcel.

— Se o Padre soubesse que loucos iriam aparecer em sua casa a essa hora da noite, eu tenho certeza de que ele pensaria duas vezes antes de morar a meio metro da igreja. — rio de sua fala, puxando-a para perto a fim de protegê-la do frio. Seu corpo pequeno está gelado e seus lábios ganham uma tonalidade levemente roxa.

— Eu sinto muito Charlie, mas não posso mantê-la aqui, você vai acabar pegando uma pneumonia. — suspiro novamente. Ao notar o meu desapontamento ela toca minha face com suas mãos geladas e apesar do arrepio inicial, aprecio o toque se sua pele contra a minha. Charlie aproxima-se de mim e beija meus lábios rapidamente.

— Não se preocupe, eu ainda vou querer me casar com você amanhã. — ela sorri.

Desapontado eu me viro, ficando de costas para a pequena casa do padre Marcel. E, assim que sinto os primeiros pingos de chuvas molharem minha testa novamente, sou surpreendido pelo som da porta de abrindo.

— Justin, o que faz aqui uma hora dessas? Está tudo bem com sua mãe? — ele pergunta preocupado. Noto o pijama em seu corpo.

— Ela está bem Padre. Eu vim lhe pedir um favor. — aproximo-me da porta onde ele se encontra. — Padre, eu sei que o senhor provavelmente estava dormindo, mas eu não posso esperar nem mais um segundo. Preciso que o senhor nos case, agora.

— O quê? — o padre intercala o seu olhar entre mim e Charlie, sem acreditar em minhas palavras. — Justin, eu não posso casar vocês sem uma data marcada.

— Por favor, Padre. Eu preciso me casar com essa mulher agora, tenho certeza de que ela é a mulher da minha vida. — aperto o corpo de Charlie contra o meu e sorrio ao encará-la.

— Meu filho, eu nem ao menos estou vestido. — ele desliza as mãos pela barriga.

— O senhor está ótimo. Por favor, Padre Marcel, se eu não me casar agora vou cometer o maior erro da minha vida, que seria fazê-la esperar. — peço desesperadamente.

— Tudo bem. — ele suspira. — Será que posso me trocar?

— Claro! — rio.

Depois que padre Marcel troca o pijama listrado pela sua bata, ele abre a porta dos fundos da igreja e nos guia até o altar. Paro na frente de Charlie. Ela joga o cabelo molhado para trás e vejo as pequenas gotas de água da chuva descer pelo seu pescoço. O padre abre a bíblia e nos olha soltando um longo suspiro em seguida.

— Uma vez que é vosso propósito contrair o santo Matrimonio, uni as mãos direitas e manifesta o vosso consentimento na presença de Deus e da sua Igreja. — então Charlie segura as minhas mãos e sorri para mim. Fico apenas olhando os seus lindos olhos castanhos e os seus lábios rosados, então me pergunto como ela consegue ser tão perfeita assim, mesmo toda molhada. — Justin, diga os seus votos. — diz o Padre.

Minha visão intercala entre os dois e fico sem saber o que dizer. Eu nunca me casei antes, não faço a mínima ideia de quais seriam os meus votos. Eu devia ter pensado em algo rápido no caminho para a igreja.

— Eu não sei o que dizer. — sussurro e engulo a seco. Charlie ri baixinho e o padre sussurra o que deveria dizer. — Eu Justin, te recebo por minha mulher e a ti Charlie prometo ser fiel, te amar e te respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias de nossa vida. — repito nervoso.

— Eu Charlie, te recebo por meu marido e a ti Justin prometo ser fiel, te amar e te respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias de nossa vida. — ela diz sorrindo.

— Pode colocar a aliança na noiva. — diz o Padre.

Outra coisa importante que me esqueci de colocar na minha lista. Nunca pensei que casar fosse algo tão complicado. Olho para os dois novamente e mordo o lábio inferior.

— Espera, eu devo ter algo por aqui. — digo soltando as mãos de Charlie.

Enfio as mãos nos bolsos desesperadamente procurando qualquer coisa que sirva como um anel, então em meio ao desespero acabo tirando algo do bolso e sorrio ao ver o anel de ouro de meu pai, que eu mesmo guardei no bolso da calça enquanto me arrumava, assim ele estaria comigo como esteve com Jazmyn.

— Tudo bem, Justin? — pergunta Charlie, inclinando a cabeça para o lado.

— Melhor impossível. — sorrio, e deslizo o anel por seu dedo enquanto repito as palavras do padre. — Charlie, recebe esta aliança como sinal do meu amor e da minha fidelidade.

— Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo eu os declaro marido e mulher. — disse o padre por fim. — Já pode beijar a noiva.

Meus olhos fixam-se em seus olhos escuros, porém brilhantes, completamente lindos. Aproximo meu corpo do seu, puxando-a pela cintura. Minha mão delicadamente toca sua face, afastando alguns fios molhados de seu cabelo e limpando a lágrima solitária que escorre por sua bochecha. Beijo sua testa e depois o seu nariz fazendo-a sorrir, o que consequentemente me faz sorrir também.

Seus lábios macios encaixam-se perfeitamente aos meus. Desço minhas mãos por sua cintura intensificando o beijo e apertando-a contra o meu corpo igualmente molhado. Minha língua adentra sua boca, a mesma explora cada canto de maneira lenta. Seu beijo é sem sombra de dúvidas o melhor de todos.

— Huhum. — pigarreia o Padre, chamando nossa atenção e nos fazendo rir.

— Me desculpe Padre. — o encaro ainda rindo, e estendo minha mão para um aperto de mão. — Obrigado.

— Apesar do inconveniente, está claro que vocês dois se amam e eu espero que sejam muito felizes. — ele sorri.

Encaro Charlie.

— Eu tenho certeza de que serei o homem mais feliz do mundo.